trinta e oito | n o i t e
— Isso é real?
— Você quer que seja?
Olho para o céu estrelado, deitada no colo de Tyler, sobre o banco de trás do carro.
— Quero.
— Então é, incrivelmente real.
Um sorriso brota em meus lábios.
Seguro seu rosto e beijo sua boca. Ele me aninha em seus braços.
— Fazia muito tempo que eu não me sentia assim, Elisa.
— Assim, como?
— Feliz. Genuinamente feliz.
— Nosso show te fez bem, então?
— Muito bem. Acho que foi a primeira vez que fiz isso sóbrio.
Dou uma pequena risada e depois inalo seu delicioso perfume e lhe beijo o pescoço.
— Se eu soubesse que você era romântico assim, eu não teria dificultado tanto.
— Ah, então você assume que estava dificultando as coisas para mim?
— É claro. Você foi um canalha comigo, por várias e várias vezes. Como eu poderia saber que não era apenas mais um joguinho seu?
Tyler suspira.
— Tem razão. Eu mereci isso. Mas é como dizem: "Tudo tem seu tempo".
— E talvez agora seja o nosso.
— Talvez?
Abro um sorriso ao ver o semblante ofendido de Tyler.
— É o nosso tempo.
— E eu quero que seja épico, Elisa.
— Só de estarmos aqui, abraçados e trocando palavras de afeto, já é épico.
Tyler ri.
— É. Mas eu quero mais.
— Mais?
— Quero você por inteira. E não no sentido sexual. — Ele completa, ao notar meu espanto. — Bem, isso seria incrível também, — ele ri, enquanto eu o estapeio no braço — mas estou me referindo a você. Eu quero você, Elisa Hattaway, por inteiro. Quero suas qualidades, seus defeitos, suas manias. Eu quero você.
Consinto com um sorriso quase emocionado.
— Tudo bem.
— Tudo bem?
— Ah, droga. Eu nunca sei o que dizer nessas horas. Estraguei tudo?
Ele meneia a cabeça.
— Boa parte.
Dou uma risada e me aninho em seu peito.
— Qual a chance de eu me arrepender disso, Tyler Abrams?
— Hum... Setenta por cento.
Me levanto e o encaro nos olhos.
— Ou menos.
Abaixo a cabeça e dou uma risada.
— Você é extremamente ridículo.
— Talvez seja por isso que você goste tanto assim de mim.
Ergo uma sobrancelha.
— Touché. O feitiço virou contra a feiticeira.
— Engraçadinho.
— Vem cá.
Tyler me puxa para um beijo intenso.
Suas mãos passeiam por minhas costas, enquanto a minha toca sua barriga por baixo da blusa. Enrosco meus dedos em seu cabelo e beijo o lóbulo de sua orelha. Tyler segura com mais força minha cintura, até eu pegar suas mãos e as descer até minha bunda.
Ele me olha, surpreso.
— Qual é? Também não sou nenhuma freira, né?
— Elisa, você é sensacional.
Invertemos as posições em um movimento rápido, onde fico deitada no banco de couro e Tyler se posiciona por cima de mim.
Tiro sua blusa e analiso seu físico perfeito. A fina cicatriz, resultado daquela facada, é a única marca em sua pele branca. Desafivelo seu cinto e sorrio, sugestivamente.
Tyler retribui com um sorriso torto e vem erguendo minha blusa e beijando cada pedaço de minha pele desprotegida.
— Ei, — chamo, enquanto ele beija meu pescoço — se vamos fazer o que acho que vamos, precisamos de preservativo.
Tyler se levanta e me olha profundamente por alguns segundos. Depois, vai até o porta luvas e, após procurar por alguns instantes, ergue uma embalagem preta.
— Mais alguma coisa?
— Bem... Você.
Ele sorri e volta a me beijar.
Em questão de segundos, nos desfazemos de nossas roupas e ali, sob a luz das estrelas, temos nossa primeira noite. De amor, talvez.
"Você não devia ter feito isso, Lisa. Não devia."
— No que você tanto pensa aí?
Desperto de meu transe quando ouço a voz de Tyler.
— Em... Nada, especificamente.
Ele sorri, me fazendo cafuné.
— Você quer ir embora?
— Será que eles ainda estão na lanchonete?
— A essa hora? Eu duvido muito.
— Droga. Era para termos ficado com a Kim, dando apoio à ela.
— Kim compreenderá. Além disso, você pode passar o dia todo com ela amanhã.
— Já passou da meia noite. Já é amanhã.
— Tanto faz. Você me entendeu.
Sorrio e me ajeito em seu peito.
— Você está arrependida?
Volto meu olhar para ele.
— Por que eu estaria?
— Não sei. Você... Você é uma incógnita, às vezes. Quero dizer, eu nunca sei o que esperar de você.
Abro um sorriso.
— Eu penso exatamente o mesmo de você, sabia?
É a vez de Tyler sorrir.
— Somos duas incógnitas tentando se decifrar. Qual a chance disso dar certo?
— Cinquenta por cento, eu acho.
Ele meneia a cabeça.
— Aceito o desafio.
Aperto sua mão estendida.
— Acho melhor a gente ir embora agora. A vista é linda, mas pode aparecer um louco aqui a qualquer minuto.
— Será que somos tão azarados assim?
— Eu prefiro não ficar para tirar a prova.
— Ok. — Tyler ri. — Vamos embora.
Pulamos para os bancos da frente e tocamos para a mansão.
Durante o trajeto, trocamos beijos rápidos, sorrisos e mãos nas mãos.
Disfarçadamente, me belisco, para ter certeza de que não estou sonhando. O belisco dói, provando que é real.
Tudo é real.
— Onde é que você se meteu? — Mike pergunta, sonolento, logo que entro em casa.
— Estava com Tyler.
Ele se senta no sofá e me encara.
— Vocês estão, sabe, saindo?
Encolho os ombros.
— Acho que sim.
— Uau. Quero dizer, parabéns. Sei lá... O que eu digo?
— Boa sorte acho que seria o mais adequado.
Mike ri, fazendo um gesto negativo com a cabeça.
— Vou tomar um banho e dormir. Hoje foi um dia de muitas emoções. — Dou uma risada de minha própria piada. — Boa noite, Mike.
— Boa noite, Lisa. Durma bem. — Fazemos um toque com as mãos.
Pego meu pijama no guarda roupas e vou para o banheiro.
Enquanto a água cai sobre meu corpo, fico me lembrando de tudo o que Tyler e eu fizemos.
— Será que meti os pés pelas mãos?
"Você está arrependida?" — Lembro de sua indagação.
— Droga.
Termino o banho, visto meu pijama e me deito na cama. Mas não durmo, como esperado. Ao invés disso, fico imaginando mil situações onde Tyler me expõe para Manhattan inteira, pela segunda vez.
— Ele não pode ser tão cretino assim. Desencane, Lisa. Ele gosta de você, gosta de verdade.
— Elisa! — Ouço a voz de Tyler me chamar. — Elisa!
Levanto da cama e vou até a porta, abrindo-a.
— Bom dia. Ei, o que houve?
Seu rosto está pálido e seu olhar completamente perdido.
— Minha mãe. Ela está morrendo. De verdade, dessa vez.
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