dezessete | e r r o
Continuamos dançando até o último acorde.
Quando a música termina, me afasto dos braços de Tyler.
— O que houve? — Ele pergunta, sem entender meu repentino afastamento.
— Isso está errado. Você, eu... Tudo isso. Está errado, Tyler.
Ele me encara, ainda sem entender.
— Elisa, o que...?
— Eu fui dopada! Meu nome está em destaque na sua maldita lista! Eu deveria estar com raiva. Magoada. Com repulsa de você!
Tyler baixa a cabeça.
— Mas não estou.
Ele volta a me olhar nos olhos.
— E isso é o que mais me assusta. A forma com que você mexe com minhas emoções. — Suspiro. — Eu não sei lidar com isso, Tyler.
— O que isso quer dizer?
— Que eu preciso ir.
Deixo o cômodo sem olhar para trás.
Já na cozinha, me apoio no balcão e suspiro.
— Qual é o meu problema?
— O seu eu não sei, — Victoria adentra o cômodo, nitidamente preocupada — mas o meu é dos grandes. Você viu o que fizeram com o gramado?
— O gramado, é... — Encaro-a, confusa. — Há quanto tempo você chegou?
— Quase agora. — Ela responde, olhando para fora.
— E... Como foi o concerto?
— Maravilhoso. — Victoria sorri rápido e volta a analisar os estragos que a festa causou. — Quem passou por ali? Uma manada de elefantes?
Encolho os ombros.
— Preciso de uma equipe de jardinagem para ontem. Imagina se David chega e se depara com isso? — Ela anda de um lado para o outro, dialogando unilateralmente. — Tyler só me arranja problemas! Ele apronta e quem paga o pato sou eu. Agora tenho que ficar feito louca resolvendo tudo. — Ela finalmente para, com as mãos na cintura. — Você viu o que aconteceu aqui, Elisa?
— Eu?
— É, você.
— Não. Não vi.
Cerro meus lábios e finjo organizar a bancada.
— Sabia que esse dia de folga me sairia caro. — Victoria suspira e deixa o cômodo.
Observo o gramado pela janela e me lembro da noite anterior.
Imagino quando Isabelle descobrir que fui parar na lista de Tyler.
"Eu te avisei para ficar longe do meu irmão, Elisa. Tyler só causa problemas."
— Se soubesse como me arrependo de não ter seguido seu conselho, Isabelle.
— Elisa.
Paro de limpar as janelas do lado de fora da mansão e me viro.
Dan está parado no gramado com as mãos para trás.
— Você está bem?
— É, eu...
Desço da escada e acabo escorregando no último degrau, mas sou amparada por seus braços.
— Obrigada. — Ruborizo. — E sim, eu estou bem.
— Que bom. Fiquei preocupado.
Sorrio fraco. Ele retribui.
— Eu estava mesmo querendo falar com você.
— O que houve?
— Quero te pedir desculpas.
— Pelo o quê?
— Por não acreditar em você.
— Está tudo bem, Elisa.
— Não está, não. Eu fui muito rude com você.
— Bom, isso é verdade.
Sorrio, baixando meus olhos.
— Mas eu entendo. Você não estava em um bom momento.
— Nem me fale. — Suspiro. — Bom, então... Estou perdoada?
Dan reflete por alguns segundos, antes de responder:
— Sim, você está perdoada.
— Valeu.
Ficamos em silêncio.
Dan sorri.
— O que foi?
— Você é linda.
Ruborizo.
— E mais ainda quando está envergonhada.
Faço um gesto negativo com a cabeça.
— Ei, cara! — Theo aponta no gramado. — Ty está te procurando!
— Já estou indo!
Theo faz um gesto afirmativo e some de vista.
Dan abre a boca para se justificar, mas acabo sendo mais rápida.
— Tudo bem, vai lá. Eu vou voltar à minha rotina de gata borralheira. — Subo a escada novamente.
Dan sorri.
— Até logo, Elisa.
— Até.
Ele se afasta a passos lentos, até que, em um impulso, resolvo chamá-lo.
— Ei, Dan.
Ele se volta para mim.
— O que você vai fazer sábado à noite?
— Eu... Não sei. Por quê?
— Quer ir comigo ao Brooklyn?
Dan sorri, erguendo uma sobrancelha.
— Você está mesmo me convidando para sair do alto de uma escada?
Encolho os ombros.
— Mas que fique claro. Não é um encontro.
Ele sorri.
— Te pego às nove.
Dan volta para dentro da mansão. E eu fico no alto da escada, me perguntando se fiz a escolha certa.
É sábado à noite.
Acabo de deixar a mansão dos Abrams.
Desço as escadas que dão acesso à minha casa e entro apressada.
Tiro minha roupa e vou direto para o chuveiro.
Tomo um banho quente e rápido e logo estou enrolada na toalha em frente ao guarda roupas aberto.
— O que devo vestir para levar um cara ao Brooklyn?
Após muita dúvida, resolvo por um vestido vermelho liso, de mangas curtas e comprimento até a metade de minhas coxas. Nos pés, contrariando todas as minhas crenças de conforto, opto por sandálias pretas de salto.
Prendo meus cabelos em um rabo de cavalo, jogo meu celular dentro de uma pequena bolsa preta e saio de casa.
Encontro Dan parado no primeiro degrau, me esperando. E caramba, ele está incrível!
— Uau. — Ele sorri, logo que me vê. — Você está linda!
— Obrigada. Você também não está nada mal.
Dan solta um riso baixo.
— Vamos? — Oferece seu braço.
— Vamos.
Caminhamos até a garagem, onde seu carro está estacionado.
Ele abre a porta para mim e dá a volta no carro. Quando alcança a maçaneta, é chamado por Tyler.
— Ei, Dan! — Tyler ergue uma garrafa de uísque em uma das mãos, enquanto a outra se encontra enroscada na cintura de uma garota. — Divirta-se por nós!
Theo aparece ao seu lado, também abraçado à uma garota, e finge um brinde.
— Cuide do nosso garoto, Elisa.
Sorrio rápido e desvio meu olhar.
A cena de Tyler beijando o pescoço da garota, de alguma forma, me incomoda.
Dan entra no carro e parece perceber meu desconforto.
— Está tudo bem?
— Está, está sim.
Ele sorri fraco e dá partida no carro.
— Para qual lugar do Brooklyn iremos?
— East New York. Meus amigos estão esperando por nós.
— Ok.
Dan dirige em silêncio, me olhando pelo canto do olho e sorrindo, eventualmente.
Somente quando paramos em um semáforo, é que ele se vira inteiramente para mim.
— Elisa, posso perguntar uma coisa?
— Claro.
— Aquela parada de "não é um encontro", é séria?
— Sim. — Sorrio. — Não é um encontro.
Dan ri.
— Ótimo!
— Ótimo?
— Nunca tive um não-encontro. Estou ansioso.
Dan se ajeita no banco e pisca para mim.
Eu retribuo sorrindo.
Chegamos ao Brooklyn.
Dan estaciona o carro e abre a porta para mim.
Aceito sua mão, sorrindo, e desço do carro.
— Então, onde estão seus amigos? — Dan pergunta.
— Deveriam estar aqui.
Olho em volta, procurando por Alex e Kim.
Nenhum sinal dos dois.
— Acho que vão se atrasar.
— O que quer fazer enquanto os esperamos?
— Não sei... Quer dar uma volta?
— É claro.
Com meu braço entrelaçado ao seu, caminho pelas ruas de meu antigo bairro.
— Brooklyn. O borough que possui algumas das melhores baladas de toda Nova York. — Dan comenta, olhando a nossa volta.
— Então, você é do tipo "baladeiro"?
Ele meneia a cabeça.
Eu sorrio.
— Pensei que só frequentasse as baladas de Manhattan.
— Ah, não. A vibe elitista de Manhattan às vezes cansa. Brooklyn é mais acolhedor, mais diversificado e muito mais divertido.
— Será que já nos encontramos por aqui?
— Eu duvido muito.
— Por que?
— Eu me lembraria de você.
Sorrio, desviando os olhos.
— Toma um drink comigo?
— Um café.
Dan sorri.
— Ótimo. Um café, então.
Caminhamos até um pub no meio do quarteirão.
Dan escolhe uma mesa na área externa e puxa a cadeira para que eu me sente.
Em seguida, pede dois cafés.
— Nada alcoólico para o "baladeiro"?
— Se você quer tomar café, nós tomaremos café.
— Uau, quanto cavalheirismo. — Sorrio.
Dan faz uma reverência.
Os cafés chegam pouco depois.
— Então, você conversou com Tyler? Sobre... Você sabe, a lista?
— Você quer mesmo desperdiçar nosso encontro para falar sobre a lista de Tyler?
— Ah, agora é um encontro? — Ele me encara, sorrindo.
Baixo a cabeça, vencida.
— Certo. Ponto para você.
Brindamos.
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