Capítulo 32:
ÚLTIMO CAPÍTULO!
Liz:
O que é a vida?
Gonzaguinha a definiu em sua música "o que é, o que é", "como uma só batida de um coração, uma doce ilusão". E ainda na sequência fez questões sobre a mesma: " Ela é maravida ou sofrimento? Ela é alegria ou lamento?"
Então o que é a vida?
É viver intensamente apesar das dificuldades? É driblar os erros e tentar viver bem? É aprender a conviver com os impasses?
Afinal, o que é a vida? Reflita aí.
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Dor, foi o que eu sentir ao chegar ao escritório de João e vê tudo consumido pelo fogo. Bateu um desespero e tentei correr para dentro, talvez João estivesse escondido em algum lugar, ou algo do tipo. Mas fui barrada, os homens do corpo de bombeiros não permitiram minha passagem. As lágrimas não paravam de rolar sobre meu rosto, meu coração batia acelerado e minha boca pronunciava seu nome: João!
Jéssica e Olívia não controlavam seu choro e eu não sabia o que fazer. Como isso pode acontecer? Como tudo pode pegar fogo? E o João, onde está?
Haviam muitas pessoas no local. Os bombeiros já haviam apagado o fogo, mas nada de João ou de qualquer outra pessoa.
— Um corpo! — Alguém gritou.
Voltei meus olhos para onde era a entrada do escritório e os bombeiros e paramédicos vinham trazendo um corpo na maca.
— João! — Sussurrei.
Senti meu peito doer forte. Jéssica e Olívia correram em direção ao pessoal que traziam o corpo. Eu tentei correr, mas minhas pernas não me obedeceram, vi tudo escurecer e perdi os sentidos.
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Horas antes...
Jéssica:
— Você está inquieto, Adão, o que houve?
Ele levantou e impaciente caminhou rumo a janela.
— Adão! — O chamei.
— Eu não sei por onde começar...
— Pelo visto é algo grave. — Observei.
— Você não vai me perdoar.
O encarei firme, mas senti uma pontada no peito.
— Decido depois que você me contar.
— Jéssica, eu...
— Seja o que for, vou tentar entender.
— Você não vai entender.
Então era grave mesmo.
— Jéssica, eu vou ser pai!
Me estarreci. Senti o choque, mas desviei meus olhos do dele. Ainda boquiaberta e estarrecida, me levantei.
— Diga algo. — Ele veio até mim.
— Como assim vai ser pai? — Consegui formular uma pergunta.
— Eu...
— Você me traiu! — Constatei.
— Não, eu juro.
— Não jure! — Saí de sua frente.
— Aconteceu em meio às nossas idas e vindas.
O encarei firme e limpei uma lágrima que escorria.
— Você é pior do que qualquer canalha. Dizia que me amava e mal brigávamos, corria para os braços de outra.
— Jéssica foi um acidente...
— Não se aproxime. — Gritei. — Eu quero que você saía daqui e não volte mais.
— Me perdoa. — Adão suplicou chorando.
— Quem perdoa é Deus, eu apenas esqueço.
— Jéssica!
— Sai! — Gritei.
— O que está havendo aqui? — Olívia entrou na sala.
— Nada, Olívia! Apenas o senhor Adão está se despedindo. — Caminhei até a porta e a abri. — Sai.
Adão me olhou firme antes e havia muita dor em seu olhar. Fechei a porta e desabei em lágrimas.
— O que houve, minha menina?
— Ele me traiu, Olívia! — Chorei em seus braços.
— Você deixou ele se explicar?
— Explicar o quê, Olívia? Uma gravidez? Como se explica uma gravidez? — Saí de seu abraço e sequei as lágrimas. — Nada justifica uma falta de caráter.
— Minha menina. — Olívia veio até mim.
Meu celular tocou e eu atendi.
Após alguns minutos, chegamos ao escritório do meu irmão e não controlei o desespero. Tudo havia virado cinzas. As emoções ruins daquele não paravam de acontecer.
Seu Elias já estava lá, foi ele que me comunicou.
— Como isso foi acontecer, seu Elias? — Questionei chorando.
— Não sei, filha. Mas tenho minhas suspeitas.
O encarei firme.
— Suspeitas?
— Depois falamos disso.
Virei minha visão para onde era a frente do escritório e tudo havia sido consumido pelo fogo.
— João! — Sussurrei.
Trouxeram um corpo para fora, mas Liz não aguentou a situação e desmaiou. Fiz o reconhecimento ali mesmo no local, o corpo que não estava queimado (creio que faleceu sufocado em meio a tanta fumaça), não era de meu irmão, e sim do guarda-noturno. Aonde está João?
Logo a polícia chegou para as investigações e o desespero só aumentava. Tinha uma vontade enorme de entrar ali e procurar meu irmão.
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— O que você faz aqui? — Questionei a Adão que havia chegado a casa de meu irmão.
— João era meu melhor amigo.
— É! — O cortei. — Não falei sobre ele no passado.
Adão fez um gesto de entendimento.
— Eu sinto muito.
— Eu também!
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Liz:
Jéssica recebeu uma ligação da polícia, onde eles falaram que um pouco distante do escritório, foi localizado um homem que ao que tudo indica, esteve em um acidente.
Saímos em disparada para o hospital, mas tivemos que aguardar o médico que estava atendendo esse indivíduo.
João, será você?
Meu peito doía.
— "Dane -se você, que morra."
Como pude dizer isso a ele?
Não sei o que vai ser de mim sem o João, sem sua presença contagiante, seu belo sorriso e sua simplicidade.
— Trouxe esse copinho de água para você. — Olívia me entregou.
— Obrigado!
— Não deixe se abalar, tenha fé, filha.
Sorri fraco para ela.
O doutor saiu da sala e todos nós — Olívia, Jéssica, Adão e eu — fomos até ele.
— Nos dê notícias sobre o paciente do incêndio que você atendeu agorinha, doutor. — Jéssica falou rápido.
— Vocês são da família? — Perguntou.
— Se for quem pensamos, sim. — Jéssica respondeu.
— Fiquem tranquilos, o paciente inalou muita fumaça e talvez na tentativa de saí do local, caiu e bateu com a cabeça no chão.
— É grave, doutor? — Olívia questionou.
— Por sorte não.
— Eu posso vê-lo? — Questionei.
— Alguém precisa entrar para reconhecê-lo e depois preencher a ficha. — Rebateu o médico.
Sorri e o acompanhei. Me aproximei da cama e meu coração acelerou, era ele, era João.
— João! — Sussurrei.
— Pelo visto o reconheceu. — Observou o médico.
— Sim, doutor, é meu esposo.
Um misto de alívio e medo percorreu meu corpo. Ver João assim me fez eu me sentir uma inútil.
— Ele está bem. — Me assegurou.
— Quando ele vai acordar?
— Temos que observá-lo por precaução, mas creio que logo ele despertará.
Fitei meus olhos em João e acariciei seu rosto.
— Vou deixar você com ele e vou permitir a entrada dos outros.
Só assenti.
Olívia e Jéssica entraram, foi inevitável a emoção.
— Maninho. — Falou Jéssica tentando conter as lágrimas.
João tinhas uma mancha em seu rosto, talvez pelo fato de ter batido o mesmo ao caí. Também havia alguns arranhões em seu braço esquerdo, mas por sorte nenhuma marca de queimadura.
— Dói tanto vê-lo assim. — Desabafou Olívia.
Tinha que concordar com ela.
— Eu fui tão dura com ele hoje, falei tanta coisa ruim, não o ouvir e...
— Não se martirize, Liz. Quando João despertar, vocês poderão conversar e tudo ficará bem.
Apenas assenti.
— Como será que iniciou o incêndio? — Questionou Olívia.
Essa era uma boa pergunta, como?
— É melhor nós irmos. — Jéssica comentou.
— Vão vocês, eu ficarei aqui com ele.
— Liz você está grávida e tudo o que aconteceu hoje pode fazer mal ao bebê.
— Estou bem, Jéssica. — Tentei passar segurança. — Se eu não ficar aqui, minha consciência não me deixará dormir.
Jéssica veio e me abraçou forte.
— Qualquer coisa, me liga, certo?
Gesticulei em positivo.
Jéssica e Olívia saíram. Caminhei até a cama de João e depositei um beijo em seu rosto.
— Desperta logo, João. Não sei o que será de nós sem você. — Acariciei seu rosto. — Eu tenho tanto para te falar, para dizer o quanto estou arrependida, o quanto eu te amo e...
João lentamente abriu os olhos e isso interrompeu minha fala.
— João! — Exclamei. — Meu Deus! João!
Ele parecia confuso, sem entender nada e apenas me olhava.
— Você está bem, está no hospital, mas não há riscos.
— Eu...
Ele tentou pronunciar algo, mas não concluiu.
— Não se esforce, amanhã a gente conversa.
Ele respirou fundo, creio que compreendeu o que eu falei.
— Dor! — João conseguiu falar.
— Você está sentindo dor? Onde? — Perguntei preocupada. — Vou chamar o médico. — Falei indo em direção a porta.
— Não! — Ele exclamou e eu me virei de volta.
— Não é... dor... no corpo. — Lentamente ele levantou seu braço e com o dedo indicador apontou para o seu peito esquerdo. — É aqui, no coração.
Então eu compreendi, João se referia a está triste pelo o que eu falei antes de tudo isso acontecer.
Elevei minha mão até a boca em tentativa de conter o choro.
— Eu... não vou...
— João, deixe para conversarmos amanhã, você ainda não está recuperado. — Acaricie seu cabelo.
Ele fez um gesto em compreensão e continuou deitado. Então ajeitei seu lençol e depositei um beijo em seu rosto. Logo ele caiu no sono.
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Adão:
Somos responsáveis por nossas escolhas e ações. A medida que optamos por algo ou fazemos determinada ação, assumimos os riscos e os resultados posteriores, sejam eles positivos ou negativos.
Sempre amei Jéssica e sempre tentei ficar com ela, mas sempre houve ou há um empecilho. Em primeiro lugar, somos de estilo social diferente, ela tem uma vida financeira muito boa e eu simplesmente nada. Em segundo, sempre brigamos por coisas que não tem importância, mas que são suficientes para nos manter distantes. E em terceiro e por último, eu engravidei uma garota e este fato com certeza enterrou qualquer chance de construí uma vida ao lado de Jéssica.
Sei que fui um tremendo calhorda e não me isento disso. Pelo contrário, aceito todos os sermões e repressões.
O fato é que Jéssica e eu estávamos indo bem, depois de tantas idas e vindas, finalmente estávamos nos entendendo e ao que parecia, íamos iniciar um relacionamento sério. No entanto, certo dia, na parte da manhã tive uma discussão com meu pai (algo já de costume). O dinheiro da mensalidade da minha faculdade ele havia gastado ressarcindo dívidas de bebidas. Quando soube, meu sangue ferveu e eu soltei o verbo sobre ele.
No final daquele mesmo dia, depois da faculdade, alguns amigos me chamaram para saí. Obviamente que eles tinham como propósito beber, mas eu não queria. No entanto, estava de cabeça cheia e precisava aliviá-la, então decidir ir com eles. Lá, sendo pressionado por eles e por outras garotas, bebi.
O final dessa história vocês podem presumir, fiquei bêbado e transei com uma garota. O resultado desse erro chegará daqui a alguns meses.
Não sei o que será da minha vida agora, um pai alcoólatra, mensalidade da faculdade atrasada e um filho a caminho.
Triste dilema.
Minha relação com Jéssica já era difícil, depois disso não há como bem criar expectativas. Claro que não vou me isentar da minha culpa, errei e devo arcar com o tal. Todavia, Jéssica é a mulher que eu amo, mas não vamos ter uma vida juntos.
Não sei qual vai ser a reação do João quando ele melhorar dessa situação na qual se encontra, mas creio que não ficará orgulhoso. Afinal, meu amigo sempre torceu por mim e sua irmã ficarmos juntos.
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No outro dia...
Liz:
Quando despertei, havia uma enfermeira ao lado de João e ele estava acordado. Massageei atrás do meu pescoço, pois dormi numa cadeira desconfortável e convenhamos, não é nada bom para uma mulher grávida.
— Ele está bem? — Questionei me levantando.
— Sim. — A enfermeira respondeu colocando o estetoscópio em volta do pescoço. — A pressão dele está normal e posso quase afirmar que seu esposo será liberado em breve.
Sorri e olhei para ele, mas João tinha um olhar sério.
— O médico que está cuidando dele deve passar aqui antes das 08:00 horas.
— Certo.
— Vou deixar vocês à sós. — Olhou para João. — Com licença. — E saiu.
Não sabia como começar um diálogo com ele, como tentar dizer o quanto fiquei desesperada ao saber do que lhe ocorreu.
Caminhei até ele.
— Qual frase você proferiu na última vez que nos vimos? — Parei abrupta.
Não fiz muito esforço para lembrar, aquela maldita frase não saía da minha cabeça.
"Dane-se você, que morra."
— João...
— Eu sei que você não quis dizer aquilo, mas as palavras são como flechas lançadas, elas não podem mais voltar atrás.
Senti doer fundo. João tinha razão.
Ele tentou se sentar na cama e eu me aproximei.
— Sabe, não vou fazer um discurso repetitivo, não vou falar que errei e que te amo. — Ele suspirou fundo. — Sabe, Liz, eu pensei tanto, mais tanto mesmo que minha cabeça chegou a doer...
— Isso não faz bem a você...
— Não foi hoje, mas sim depois que você saiu do escritório.
Sequei uma lágrima que escorria e fitei meu marido ali.
— Enfim. — Agora era ele que enxugava os olhos. — Eu decidi não te aprisionar mais a um casamento que não te faz feliz, que só te trouxe dor e tristeza.
— O que você quer dizer com isso, João? — O encarei tentando manter o desespero.
— Que eu vou te dar o divórcio. — Me acertou em cheio e fiquei a olhá-lo estarrecida.
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Na delegacia...
Jéssica:
Logo cedo, pela manhã, recebi a ligação do delegado responsável em investigar o incêndio no escritório de advocacia. O doutor Elias já se encontrava no local.
— Então, delegado, o que houve? — Questionei sentando-me na cadeira que ele havia indicado.
— O incêndio foi criminoso...
— Tentaram matar meu irmão? — Indaguei assustada.
— Não, Jéssica. — Me voltei para o doutor Elias. — O incêndio era para me matar.
— O senhor?
— Segundo o doutor Elias, há um de seus casos que tem um desafeto com sua pessoa.
— Mas como sabem que o caso do doutor Elias tem a ver com esse incêndio?
— Coletamos as imagens de câmera de segurança que são próximas ao escritório, e pudemos identificar e localizar o indivíduo que pôs fogo no local de trabalho do seu irmão e do senhor Elias.
— Meu Deus? — Eleve minha mão a boca em sinal espanto.
— E tem mais. — Seu Elias comentou.
— Esse indivíduo que incendiou foi mandado por outro, quando o trouxemos aqui para a delegacia, este confessou o mandante e o objetivo que era atingir ao senhor Elias. — O delegado falou.
Olhei para seu Elias assustada.
— Eles sabiam da minha rotina, Jéssica. Sabiam que sempre saio por último, no entanto, ontem João pediu para ficar e o resto da história já sabemos como se sucedeu.
Que terrível!
— Mas o mandante, vocês já capturaram?
— Ainda não, mas logo ele será. Estamos no seu encalço.
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Liz:
— João. — Me sentei na borda de sua cama. — O nosso começo foi errado, conturbado e eu até arrisco a dizer que não era para ser assim...
— Se eu não tivesse permitido esse ódio crescer, se eu não tivesse pensado nisso...
— Mas pensou, João. — Segurei seu rosto.
Por alguns segundos me permitir olhar aqueles pares de olhos negros que reciprocamente, encaravam os meus.
— Acredito que você e eu era para sermos.
— Como assim? — Ele questionou confuso.
Acariciei seu rosto por um instante e depois de mitos dias, senti a maciez de sua pele.
— Creio que se você não tivesse apressado os fatos, Deus ou o destino conduziriam a situação e nós nos encontraríamos em uma esquina qualquer. — Tirei minha mão de seu rosto.
João continuava olhando fixamente para mim e no canto de seus lábios se fez um pequeno sorriso.
— O que você quer dizer com isso? — Indagou-me.
Sequei uma lágrima que escoria pelo meu rosto.
— Que não importa a forma como você entrou na minha vida, e sim o espaço que você ocupa nela. — Pressionei seus lábios com meus dedos. — Amo você, vou ter um filho, sou sua esposa e não darei o divórcio a você.
Ele abriu um sorriso enorme e eu o beijei fortemente.
— Então você me perdoa? Quer dizer, será que poderemos ser felizes? — Seus olhos brilhavam, suplicantes.
— Se depender de mim sim, seremos, meu amor.
E o abracei fortemente.
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João:
Somos os responsáveis por nossos resultados, pois são das nossas escolhas que provem eles. A vida um dia para, o mundo no entanto, não. Então o que você está fazendo de positivo para sua vida?
Há um trecho de uma música da banda Titãs que diz: “... é caminhando que se faz o caminho...”. Corroborando com a letra da canção, afirmo que se você ficar no seu mundinho de conforto, não haverá evolução, tampouco poderá encarar as dificuldades. Pois sim, os impasses, as barreiras e os medos sempre existirá, mas cabe a você vencê-los ou ser vencidos por eles.
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Liz:
Um mês depois...
João está recuperado do susto e o cara responsável por isso está preso. Jéssica está tentando seguir sem Adão e planeja ir para o exterior. Minha mãe e meu irmão estão bem e eles vieram morar em uma casa aqui no bairro. Adão está em uma situação complexa, pois o pai continua bebendo, há várias mensalidades da faculdade atrasadas e um filho a caminho. Nunca mais vi Marcos e minha tia está vendendo verduras na feira, lá no centro.
Agora creio que João e eu de fato seremos felizes. Estamos ansiosos para a chegada do nosso bebê. Com um começo conturbado, um meio cheio de revelações, nossa história vai se encaixando e vamos compondo os dias futuros aos poucos. Impasses sempre haverá, mas não afastará. Iremos vencê-los.
FIM!
Antes de tudo, obrigado Senhor Deus por me inspirar, e segundo obrigado a cada um de vocês que tiraram um pouquinho do tempo de vocês para lerem minha obra.
Vai ter continuação? Sim, terá. Como vocês viram, a história de Adão e Jessica ficou rompida, pois já tenho planos para ela. No entanto, ainda não tenho uma previsão de quando começarei a produção.
E o mais, obrigado!
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