Capítulo 29:
Liz:
As palavras de João me acertaram em cheio.
"Eu tenho muitos defeitos, mas infiel não é um deles."
É bonito, é filosófico e até chega a mexer com nossas estruturas, mas partiu da boca de um mentiroso. Então, não se deve ser levado em conta. As palavras são passageiras.
João não podia soltar isso e se saí, eu não poderia deixá-lo vencer esse bate-boca, de forma alguma.
Entro em seu quarto que ficou entre aberto e o encontro só de sunga branca e se vira abrupto para mim.
— O que foi? Não posso mais tomar um banho em paz nem na minha própria casa?
— Saiba que olhar para ti, respirar no mesmo ambiente e estar contigo, não é O meu hobby favorito!
João passou sua mão por sua boca e limpou um pouco do sangue que havia ali.
No fundo, meu peito clamava para ajudá,-lo, passar um álcool ou algo do tipo para evitar infecções. Mas não podia, tinha que ser fria, assim como ele foi um dia.
— Liz... — Ele respirou fundo e soltou o ar. — eu estou cansado de discutir, de brigas... eu só...
— Você me chamou de hipócrita, mas quem viajou para outra cidade e levou companhia foi você.
Não desviava meus olhos do seu corpo bem definido e de seus braços fortes. Ele com certeza foi esculpido pelos deuses.
— Liz. — Ele se aproximou. — Eu apenas dei uma carona para ela, nada mais que isso.
Tinha verdade em seu olhar, tinha sinceridade e tristeza.
João caminhou para o banheiro e ouvi a torneira da pia ser aberta.
— Você poderia ter me dito ontem. — Dei um passo para trás quando ele retornou enxugando seus lábios.
— Você não deixou.
Ele estava tão próximo de mim que podia sentir seu cheiro. Era cheiro forte de homem.
— Porque não assume que está com ciúmes, que me ama e que deseja ser jogada naquela cama e façamos amor. — Ele apontou para sua cama.
Sim, é tudo isso. Estou com ciúmes, o amo e desejo muito está em seus braços e fazer amor com ele.
— João... eu...
— Para de bancar a durona, Liz. — Ele me encarava de forma sedutora. — Eu te amo e a recíproca é verdade, então...
Empurrei João até ele caí sentado na cama. Sua reação foi de espanto. Subi em seu colo e o encarei fixamente. Suas mãos forte apertaram minha cintura e me puxaram para si.
Me perdi no seu olhar forte, na sua boca molhada e convidativa. Quando me dei conta, meu lábios estavam sendo devorados pelo dele e meu corpo totalmente excitado pelo seu toque.
Gemia no intervalo dos beijos, enquanto isso, João deixava beijos por meu pescoço e isso era a permissão para me entregar àquele momento. Eu desejo esse homem, o meu homem.
Eu estava de vestido, João ferozmente explorava meu decote e ele tinha permissão. Sentia sua ereção por debaixo de mim. Queria mais espaço, queria se libertar da sunga e vim de encontro com minha intimidade que também estava protegida, mas que clamava por liberdade.
— Chega! — Gritei ao mesmo tempo em que saí de cima dele.
— O que houve? — João questionou.
Meus olhos desviaram para sua ereção evidente, João notou e se cobriu com um travesseiro. Caminhei para saí.
— Liz! — Ele me puxou pelo braço. — O que foi? Estava tão bom.
Seus olhos de desejo invadiam minha alma. Suplicavam por mim e tenho absoluta certeza que os meus faziam a mesma coisa.
— Eu não posso, João. Eu não posso novamente ir para a cama contigo, fazer amor...
— Por que, Liz?
Uma lágrima teimosa desceu por meu rosto e eu a sequei.
— Porque isso significaria a tua vitória, isso significaria a consumação do teu plano. — Fechei os olhos e mais lágrimas desceram. — E eu não posso deixar você vencer essa parada.
Ele se estarreceu.
— Liz...
— Não, João! Nada que você fale vai tampar a ferida causada por ti.
— Eu sinto tanto, eu...
— Não, você não sente. — O olhei fixo, seus olhos estavam marejados. — Essa você não vai ganhar.
— Eu posso fazer algo? Por favor, se eu puder, me fale e eu juro que farei. — Seu olhar aflito me desarmava.
— Pode! — Sequei as lágrimas novamente. — Nunca mais toca em mim, não me beije, não me acaricie ... nada! Ouviu? Nada!
João virou-se de costas e eu sabia que ele estava chorando. Uma parte de mim sofria com ele, mas tinha que ser assim, eu não posso passar por cima de tudo como se nada de anormal não tivesse acontecido.
— Liz... eu... sinto muito por tudo, de verdade. — Ele continuava de costas. — Saiba que se eu pudesse voltar no tempo e não cometer isso, com certeza eu faria. Você não imagina o quanto eu me martirizo todos os dias por isso, por termos começado assim. Então se eu pudesse de verdade mudar isso ou voltar atrás no passado, com certeza eu mudaria. No entanto eu não posso e mereço esse seu desprezo. Enfim... já que... que é isso que você quer, eu... eu farei. Nunca mais tocarei em você.
Queria tanto abraçá-lo do jeito que ele está. Tão triste.
Ficamos em silêncio por alguns minutos.
— Você pode me deixar sozinho? — Pediu ele.
Não respondi, apenas saí.
João, como eu te amo!
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Passei o restante da tarde no quarto, queria evitá-lo, mas ele estava nos meus pensamentos e não saia dali.
Depois das 18:30, eu saí do quarto e fui para a cozinha fazer algo para comer. João estava lá, desnudo da cintura para cima e usava calça moletom cinza.
Seus olhos se chocaram com os meus quando adentrei na cozinha. Me virei para voltar para a sala, mas ele me deteve.
— Você pode cortar a alface?
Virei para ele e gesticulei em positivo.
Fizemos a nossa janta em silêncio, embora quando nossos olhos se cruzavam, eles diziam tanta coisas.
Não muito tempo, Júlia chegou. Eu havia pedido que ela trouxesse um teste de gravidez da farmácia para mim. Ela jantou conosco.
— E como foi a viagem, João? — Júlia rompeu o enorme silêncio que havia se estabelecido.
— Foi tranquila. — João tomou um gole do seu suco. — Queria te agradecer por ter vindo dormir aqui com a Liz.
— Não precisa agradecer, fiz isso por ela e não por você.
Meus olhos rapidamente se chocaram com os do João, ele porém, abrupto os desviou.
— De qualquer forma, fico grato. — Ele tornou. — Com licença. — João se levantou e saiu para a sala.
— Acho que peguei pesado. — Júlia falou arrependida.
— Ele suporta.
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— E aí, o que deu no teste? — Júlia perguntou ansiosa, eu havia ido ao banheiro fazer o teste.
— Deu positivo! — Uma lágrima escorreu por meu rosto.
Minha amiga veio e me abraçou.
— Calma!
Um misto de alegria e preocupação me dominavam. A consciência de ter um filho é maravilhosa, mas a responsabilidade é árdua.
— O que vai fazer agora? — Júlia questionou.
Me levantei e caminhei .
— Bom, vou ao médico e...
— Não me refiro a isso, mas sim ao João.
Essa pergunta me pegou desprevenida.
— Depois que eu tiver o resultado do médico, falarei para ele.
— Amiga...
— Júlia, vai ser assim. Entendeu?
Júlia apenas assentiu.
Eu precisava pensar, organizar meus pensamentos e emoções.
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João:
— Amigo, você foi calmo e paciente ao bolar seu plano, então agora é hora de ser o mesmo e esperar a Liz te perdoar.
Observei o reflexo da lua sobre a água da piscina. Estava uma noite calma e tranquila.
— Acho que não suporto, Adão. Sabe, meu corpo murmura de desejo e minhas mãos ficam úmidas com vontade de tocá-la. É tão insuportável que tenho vontade de gritar.
Adão pôs sua mão direita sobre meu ombro esquerdo.
— Você é forte. Nunca conheci alguém tão forte como você e admiro muito isso; a tua garra e força.
Sorri tentando acreditar naquilo.
— Agora deixando meus problemas de lado, e você, como está?
Ele sorriu fraco.
— Está um pouco complicado, mas consigo me esquivar.
— Disso eu não tenho dúvida. — Sorri me levantando. — E como o anda você e a minha irmã?
— Não estamos bem. — Ele levantou-se. — Acho que não nascemos para ficarmos juntos, somos muito diferentes.
— Não pense assim, amigo. Minha irmã merece um cara como você e vice-versa.
— Se a nossa felicidade dependesse de você, nosso matrimônio seria eterno.
Demos gargalhadas juntos.
— Nossa amizade é surreal. — Afirmei.
— Por que? — Questionou curioso.
— Ambos estamos com nossas vidas amorosas fracassadas, mas estamos dando conselho um para o outro.
Gargalhamos novamente.
— Realmente, é surreal.
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A casa de Elias estava bem movimentada, era seu jantar de aniversário. Liz e eu chegamos cedo, mas já havia um bom números de pessoas. Elias muito cortês, nos recebeu e nos acompanhou até nossa mesa.
Sentados a mesa estavam Liz, minha irmã e eu. O local era espaçoso. Elias planejou sua festa no jardim e a ideia foi ótima, pois tínhamos ar puro e uma lua belíssima iluminando à noite.
Vesti uma camisa branca, um terno preto por cima, uma calça social e uma gravata borboleta. Tudo bem a nível de um aniversário de um amigo. Já minha irmã, usava um vestido em tom amarelo dourado, com um pequeno decote e uma pequena fenda. Quanto a minha esposa, usava um vestido em tom rosa claro, com um pequeno decote, sem fenda e ia até abaixo dos joelhos. Ambas as minhas acompanhantes usavam salto alto.
— Posso sentar com vocês? — Perguntou Flávio.
Revirei os olhos. Não suporto esse cara.
— Claro. — Minha irmã respondeu. — Senta aí.
O desgraçado sentou-se entre Liz e Jéssica.
— Como vai, Joãozinho?
Joãozinho? Sério isso? Vou matar esse cara!
— Muito bem para a sua falta de sorte!
— João! — Jéssica exclamou em forma de protesto.
— Tudo bem, Jéssica. Já estou acostumado com os bons modos do João... zinho.
O desgraçado tinha um sorriso cínico nos labios.
— Eu não te suporto, você não vai com a minha cara, ntão não vejo lógica em ter sua presença aqui. — Rebati.
Por sorte as mesas ficaram em uma distância consideravelmente longe uma das outras, assim não dava para nos ouvir.
— Estou aqui não por você, mas para apreciar a presença dessas duas belíssimas damas.
Desgraçado!
— Há tantas outras aqui. — Me inclinei e pus minhas mãos sobre a mesa. — Agora te levanta e sai daqui.
Ficamos a nos olhar por alguns segundos.
— Com a licença de vocês, me retiro. — Ele falou se levantando e fechando o botão de seu terno.
— O que foi isso, João? — Minha irmã me encarou.
— Todo mundo sabe que não morro de amores por ele e é recíproco de sua parte.
— Mas rebatê-lo é horrível. — Liz finalmente abriu a boca.
— Me poupe vocês duas! — Me alterei e me levantei.
— Meu amigo João. — Elias se aproximou. — Vim chamar você, sua bela esposa e sua belíssima irmã para tirar uma foto com este nobre aniversariante.
Mudei minha cara de raiva para alegre. Por mais que o filho dele fosse um cafajeste, Elias não merecia nenhuma desfeita. Ele é um bom homem.
— Claro, meu amigo!
Fomos até a mesa do bolo e a decoração era belíssima; tinha muitos detalhes rústicos.
Elias, sua esposa, minha irmã, Liz e eu fizemos pose para a foto. Minha mão estava em volta na cintura de Liz.
Quando cessou o nosso momento de fotos, Liz e eu ficamos a nos olhar fixamente por alguns segundos. Seus lábios belos e convidativos, me chamavam para beijá-los.
Regressamos para à mesa e eu não consegui me sentar, eu precisava tomar um ar, precisava saí dali e dá uma volta.
— Que bela esposa você tem, Joãozinho!
Ah, não!
— Deve ser... huuuuuuum, gostosa! — Ele fez algum tipo de gesto com as mãos.
Me permiti ficar calado, ele não podia me tirar do sério.
— Ah, João, tão fraquinho você. — Ele se aproximou mais segurando um copo com uísque. — Confessa vai, confessa que desde a época da escola que você tem inveja de mim.
Sorri irônico para ele.
— Sempre tive todas as mulheres que quis, sempre fui inteligente e...
— Sério que isso é motivo para invejar você? — O interrompi.
— Claro...
Estávamos ainda no jardim da casa, mas bem afastados.
— Então vou confessar, Flávio. — Falei em sussurro e puxando de leve sua gravata borboleta. — Sabe, tenho inveja da sua pessoa porque você é rico e bem sucedido, faz parte de uma associação de advogados na qual também é dono, é renomado e tem uma belíssima esposa.
Receba, ordinário.
— Engraçadinho...
— Quando você conquistar o que eu tenho, quando você saí da sombra do seu pai, quando você trabalhar de verdade e não ir na empresa apenas uma vez na semana, quando você tiver uma mulher bonita e que te ama, aí a gente volta a conversar sobre "inveja". — Essa última palavra eu fiz aspas com os dedos.
Bati em seu ombro e saí de sua presença sorrindo e vibrando, eu dei o cheque mate.
— Você demorou, meu irmão. — Comentou Jéssica ao me vê sentar.
— Fui tomar um ar. — Liz não estava na mesa. — Onde está Liz?
— Ela vem foi ao banheiro... ela vem vindo ali.
Olhei e Liz vinha caminhando. Flávio a parou no percurso.
O que esse desgraçado quer com ela?
— Você e a Liz estão bem?
— Não! — Respondi olhando para Liz e Flávio.
Maldição! Ambos estavam sorrindo.
— Dá para perceber, há um clima estranho entre vocês.
— Liz não me perdoou e acho que nunca perdoará.
— Paciência, irmãozinho. — Jéssica levantou-se. — Vou ao banheiro.
Jéssica foi rumo a Liz e Flávio, falou com eles alguns segundos e seguiu adiante. Liz veio para a mesa.
— Me pergunto o que alguém em sã consciência tem para conversar com o Flávio. — Alfinetei.
Liz me olhou abrupta.
— Ele tem um papo agradável.
Revirei os olhos e sorri irônico.
— Quem tem problemas com ele é você e não eu.
Ela tinha razão.
— Flávio não presta. — Tornei.
— Ele é filho do seu amigo e sócio.
— Totalmente diferente do pai.
— Chega, João! — Liz sussurrou. — Acho que já é hora de irmos.
Ficamos por mais uma meia hora. Após o término do jantar, nos despedimos de Elias e regressamos para casa.
Deixamos minha irmã em casa e seguimos para a nossa.
— Papel ridículo o seu em ficar discutindo com o Flávio.
Tirei meu terno e joguei no sofá
— Bonito foi o seu, conversando com aquele idiota.
Liz tirou seus saltos e os dispensou próximos ao sofá.
— Ele é um cara educado.
— Educado? Ora me poupe, Liz.
Tirei minha camisa e subi as escadas. Liz veio atrás.
— Muito diferente de você. — Me virei para ela e nos olhamos, estávamos no corredor do andar de cima.
— Eu estou cansado de ser insultado essa noite, de todo mundo dizendo que fulano é melhor que eu... — suspirei dando de ombros —, dane -se você, dane -se tudo.
Liz não falou nada, apenas continuou me olhando. O desejo em beijá-la, abraçá-la e fazer amor era enorme. Mas estava farto de discussões e de ser julgado (mesmo sendo culpado). A deixei no corredor e entrei em meu quarto.
Eu quero desistir, não de tudo, mas de Liz e de tentar conquistar o seu amor. Estou cansado.
Mais um capítulo!
Boa leitura.
Até o próximo capítulo.
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