Capítulo 25:
João:
— Que recepção calorosa! — Ela refutou entrando, mas eu a barrei.
— Aqui você não entra! — A fitei.
— Se não deixar eu passar, vou gritar para a sua esposinha. — A maldita me encarou. — Qual vai ser?
A empurrei para fora e saí também, tentei fechar a porta atrás de mim, mas ela ficou entreaberta.
— O que você quer aqui? — A fitei. — Já te falei para esquecer que eu existo.
A desgraçada sorria cinicamente para mim e aquilo começava a me irritar. Um misto de preocupação percorria meu corpo. Eu não posso deixar ela se intrometer na minha relação, não agora que Liz e eu estamos bem.
— Vai embora! — Gritei.
— Eu quero mais dinheiro. — Ela refutou.
Gargalhei alto.
Quem essa ordinária pensa que é?
— Quer dinheiro? — Questionei debochando. — Vá trabalhar!
Me virei de volta para entrar em minha casa.
— Então vou ter que contar a minha querida sobrinha sobre seu esposo ter me pago para vigiá-la. — Parei abrupto. — Imagina só o que ela vai achar disso? — A maldita estava ao meu lado.
Não! Ela não podia fazer isso, não agora que Liz e eu estávamos a passo de ficarmos bem, de construí nosso futuro. Eu odeio chantagens, mas vou ter que ceder em prol da minha felicidade.
— Eu vou te dar a porra desse maldito dinheiro. — Fiquei próximo dela. — Mas saiba que essa será a última vez que irá me chantagear sobre isso. Contarei tudo para Liz.
Ela ainda tinha seu sorriso deplorável. Me virei para ir pegar o cheque e lá estava Liz na porta, a chorar. Meu peito se contraiu, soei frio e não sabia o que fazer. Ela havia ouvido tudo.
— Acho que não tenho mais nada a fazer aqui. — A maldita Lúcia falou e saiu.
— Eu posso explicar! — Sussurrei contendo as lágrimas.
Liz virou-se e eu fui atrás. Puxei seu bravo antes que ela alcançasse o primeiro degrau das escadas.
— Eu... deixa eu... deixa eu explicar, por favor. — Atropelei as palavras. — Eu sei que você está me odiando de novo e...
— Não! — Ela gritou. — Não estou te odiando, eu estou odiando a mim por ter me permitindo está contigo, por ter ido para a cama contigo mesmo depois de toda a sujeira que você havia feito. Sinceramente, eu sou muito burra.
— Deixa eu falar...
— Cala a maldita da tua boca! — Liz me empurrou. — Se eu pudesse te esganar, eu faria isso. — Ela tinha suas mãos erguidas fazendo o gesto.
Seu olhar me fuzilava ao mesmo tempo em que lágrimas rolavam.
— Como eu pude ser tão burra! — Ela caminhou pela sala com as mãos na cabeça. — Você pagou minha tia, a maldita da minha tia para vigiar minha família. — Ela fez uma pausa no seu caminhar. — Eu sempre imaginei que ela era falsa, fingida. No entanto, tentava me enganar por causa da minha mãe, mas meu sexto sentindo me dizia que não podia confiar nela.
— Liz, eu...
— Não ouse dizer que se arrepende. — Ela pegou um vaso de vidro e ergueu. — Eu sou capaz de cometer uma loucura.
Olhei fixo para o vaso em sua mão. Liz estava agitada e possessa.
— Me dá esse vaso? — Pedi.
Ela desviou seu olhar para o vaso e gargalhou.
— Saí daqui! — Liz gritou.
— Liz, vamos tomar café. — Tentei convencê-la. — Depois a gente conversa. — Dei um passo em sua direção.
— João, eu te odeio mais do que tudo na vida. — Aquilo me fez desandar. — Vou me separar de você e tirar a porra do teu dinheiro.
As palavras dela me acertaram em cheio. Liz pôs o vaso de volta na mesinha e subiu as escadas. Mais uma vez a oportunidade de ser feliz e de construí uma vida com Liz escapou das minhas mãos. O pior nisso tudo é que eu sou o único culpado.
Adão, meu amigo, tinha razão quando falou que eu me arrependeria e é o que sinto neste momento: tristeza e arrependimento.
Cheguei na cozinha e aquela linda mesa montada por mim me enfureceu mais. Puxei a toalha, derrubando tudo aquilo no chão. Dei um soco na jarra de suco e acabei me ferindo. Parabéns, idiota!
Ouvi a porta batendo, corri para ver e era ela que saía de casa. Nunca me odiei tanto na vida como hoje. Mais uma vez coloquei tudo a perder. Cantei vitória antes do tempo e me dei mal.
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— O que foi isso na tua mão? — Minha irmã questionou ao entrar no carro.
A gente ia ao cemitério, era uma atividade que minha irmã e eu fazíamos pelo menos uma vez ao mês. No entanto, já havia um bom tempo que não íamos. Hoje completa mais um ano que minha mãe partiu e só nos resta saudades.
— Já sei, Liz e você brigaram de novo. — Ela continuou ao ver que eu não ia falar.
— João...
— Eu sou um imbecil, Jessica! — Relaxei os ombros. — Mais uma vez coloquei tudo a perder.
— Ela não te perdoou.
Gesticulei a cabeça em negativo e me concentrei na direção.
— Na boa, vocês dois tem que sentarem, conversarem e chegarem a um fim. — Jéssica fez uma pausa. — Ou ambos se perdoam e seguem com o casamento, ou terminam de uma vez.
— Falou a cabeça fria e que não dá patada no Adão.
— Minha história com o Adão é muito diferente.
— Sei! — Ironizei.
Seguimos calados até o cemitério. Minha irmã e eu nunca fomos de brigarmos. Quando criança, sempre tinha alguma desavença entre nós, nossos pais nos colocava de castigo até pedirmos perdão um ao outro.
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— Eu queria tanto um abraço seu hoje, pai. Voltar a ser criança, sentar no seu colo, poder deixar minhas lágrimas rolarem e senti o seu afago. — Chorava perante o túmulo dos meus pais.
Jéssica estava ao meu lado, suas mãos sobre o meu ombro direito e ela também chorava.
— Perdão, pai! Eu odiei tanto você, me permiti criar essa raiva e ela me levou a um caminho tortuoso. Não Quero mais isso, quero ser feliz, quero...
— Tenho certeza que onde ele estiver, já te perdoou, maninho. — Jéssica falou olhando nos meus olhos. — Agora cabe a você também se perdoar. — Ela pôs sua mão direita sobre o meu peito.
— Eu deixei essa raiva do papai crescer no peito, Jéssica. Sempre o culpei pelo fim da nossa família, pela traição dele e pela morte da mamãe.
As lágrimas rolavam por meu rosto, minha irmã as secavam e ali, um homem desmoronava e este era eu.
— Agora você pode fazer tudo certo, João! Agora você pode seguir tranquilo e tentar reconquistar a mulher que você ama.
Eu poderia sim tentar, mas Liz não vai querer mais nada comigo. Ela foi fria e objetiva em suas palavras.
— Mãe! — Fixei meu olhar na lapide de minha mãe. — Acho que a senhora daí de cima se envergonha do que o seu garotinho se tornou: um homem rancoroso, sem escrúpulos e mentiroso.
— João, olha para mim. — Minha irmã colocou suas mãos sobre meu rosto, de modo que a encarei. — Você é bom, ok! Não deixe que nada e nem ninguém diga o contrário. Você é meu irmão, eu te amo e não vou deixar ninguém te fazer nenhum mal. Óbvio que suas atitudes recentes foram negativas, mas isso não representa sua essência como um todo. Eu sempre estive ao teu lado, nem posso te julgar, imagine quem sentou na janela do ônibus agora.
As palavras de minha irmã agiu em mim como um comprimido quando é ingerido por uma pessoa doente. Fez eficácia e me fez melhorar um pouco.
— Agora vamos? — Ela convidou.
Assenti. Deixamos as flores ali no túmulo do papai e da mamãe e fomos para sua casa.
— Que carinha triste meu menino. — Olívia veio me abraçar.
— Senti saudades também, Olívia.
— Nem parece, não vem me vê.
Sorri. Ela tinha razão.
— O almoço está pronto. — Olívia anunciou.
— Então vamos. — Jéssica nos acompanhou até a cozinha.
Olivia, Jessica e eu almoçamos tranquilamente. Depois do almoço, minha irmã ordenou que eu deitasse um pouco para descansar. Acordei por volta das 18:00 horas da noite.
— Dormi demais.
— Você estava cansado, João. — Olívia trouxe um suco para mim.
— E minha irmã?
— Ela saiu com o Adão. Acho que agora eles se acertam.
— Assim espero. — Sorri.
Fiquei conversando com Olívia até às 22:30 e uma chuva caía a um bom tempo.
— Tenho que ir, Olívia. — Me levantei.
— Melhor você dormir aqui, Joãozinho.
Ela me chamou de Joãozinho depois de muito tempo. Eu gostava de ser chamado assim.
— A Liz deve estar sozinha em casa. — Falei pegando a chave do carro.
— Você em pedaços, mas está preocupado com ela. Realmente você a ama.
— Boa noite! — Dei um beijo nela e saí.
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Coloquei o carro na garagem e fui pegando chuva até a casa. Vi que a luz do quarto de Liz estava acessa. Ela estava em casa.
Me sentei em um dos bancos que havia ali próximos a piscina e deixei-me banhar pela chuva. A água era fria e incessante. Fiquei ali deixando a chuva limpar minha alma e purificar minhas emoções.
Olá, caros leitores! Tudo bem?
Sei que andei sumido (por motivos maiores), mas estou de volta. Espero que apreciem o capítulo e aguardem a próxima atualização.
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