Capítulo 23:
João:
— Cuidado com esse seu cliente que já não é mais cliente, Elias. — O alertei.
Era quarta-feira e estávamos no nosso escritório de advocacia. Hoje é dia de reunião com os sócios.
— Acredita que ontem ele me mandou mensagem! — Elias confessou. — Anônima, claro! Mas sei que era ele.
— Posso saber o teor da mensagem?
— Me ameaçando, meu amigo!
Elias estava defendendo um homem em um caso um muito difícil, no início ele acreditava que seu cliente era inocente, mas depois, após alguns fatos que surgiram, Elias optou por se abster do caso. O homem ficou furioso. Elias é um grande advogado e era convicto que meu sócio podia livrá-lo das acusações.
— Reforce sua segurança, Elias. — Me levantei e fechei meu terno. — Todo cuidado é pouco.
— Farei isso. — Ele fechou também o botão de seu terno. — E a vida de casado, como anda?
Não queria tocar naquele assunto, ele não era dos meus favoritos no momento. Embora a gente estivesse tipo recomeçando (assim presumo), mas eu ainda não havia sido perdoado, então não podia contar vitória.
— Vai bem. — Menti. — Vamos para a sala de reunião?
— Vamos!
Ambos pegamos nossas pastas e saímos rumo a sala de reuniões, tínhamos alguns processos para rever e alguns assuntos pendentes para resolver.
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— Eu não acredito que você foi capaz disso tudo, João?
Minha irmã me entregou um copo com suco de laranja.
— Sem sermões, Jéssica! Já estou farto de tantos.
— Mas não merece só sermões, merece puxões de orelha também.
Minha irmã tinha razão e eu já tinha consciência disso.
— Ela está me tratando mal e eu não a culpo.
— Obvio que não. — Ela tomou um gole do seu. — Você errou feio e eu sempre te falei que esse negócio de vingança te faria mal.
— Eu amo tanto ela que meu peito chega a doer! — Caminhei por seu apartamento.
O ambiente ali era extremamente grande, arejado e tinha uma vista linda.
— Apartamento bonito! — Comentei mudando de assunto.
— Papai e mamãe sempre tiveram bom gosto. — Ela se aproximou.
Sorri ao me lembrar deles. O aniversário de morte de minha mãe estava se aproximando.
— João! — Virei-me e Olívia vinha caminhando de braços abertos
A encontrei e lhe abracei forte.
— Saudades minha linda. — Comentei.
— Você parece abatido meu menino.
Sorri fraco e fiquei segurando suas mãos.
— Logo isso passa.
— Vamos almoçar? — Minha irmã nos interrompeu.
— Vamos sim, vou só avisar a Liz.
As duas sorriram e também sorri. Estava feliz, em breve Liz me perdoaria e poderia finalmente ficar em paz com minha mulher.
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O almoço na casa de Jéssica foi muito bom, consegui recarregar um pouco de energia e me divertir um pouco. Toda essa confusão que causei e a forma como Liz havia descoberto, tomou uma proporção muito grande e isso acabou que nos frustrando. Então, estar com Jéssica e Olívia, me permitia voltar a ser eu: o bom e velho João.
Cheguei em casa às 13:30 e Liz estava deitada no sofá, sem querer acordá-la, subo para o quarto e decido tomar o banho. Ao término do banho, visto um short fino e encaro no reflexo do espelho e o arranhão deixado por Liz, quase sem imperceptível. Vesti uma camiseta vermelha e passei meu perfume favorito.
Meu celular começa a tocar e o número não faz parte da minha lista de contatos. No entanto, atendo.
— Oi, João! Tudo bem? — Pergunta a pessoa na outra linha.
— Sim! — Respondo. — Quem fala?
— Não reconhece a minha voz, Joãozinho? — Joãozinho? — Sou eu, Isabela Maia.
Puxo pela memória e lembro quem era. Isabel é uma ex-colega minha de faculdade, a gente concluiu o ensino médio na mesma turma e depois ingressamos na mesma área e também na mesma universidade. Depois que a gente se formou, ela foi morar na Austrália.
— Ah, claro! — Tentei contornar a situação. — Faz um bom tempo que a gente não se fala.
— Sim! — Sua voz realmente havia mudado. — Cheguei ao Brasil faz dois dias e hoje eu encontrei o Adão no shopping, ficamos conversando e ele me passou seu número.
Que ótimo!
— Muito bom falar com você novamente. — Mentira!
— Gostaria de te ver para colocarmos os papos em dia.
— Seria bom. — Falei sem interesse e penteando meu cabelo com uma mão. — Qualquer dia eu ligo para marcar.
— Ok! Beijos!
— Tchau! — Falei e desliguei. — Era só o que me faltava.
Joguei meu celular em cima da cama. Depois desci e Liz já não encontrava na sala. Fui para a cozinha, ela estava na pia e de costas.
— Oi! — Falei.
— Oi! — Ela virou-se.
— Como foi lá na faculdade?
— Foi bem, apesar de eu...
— O que houve? — Me aproximei.
— Senti tontura outra vez.
Toque suas mãos e encarei seu rosto.
— Vamos ao médico!
— Não precisa! — Liz soltou minhas mãos. — Já passou.
— Mas estou preocupado.
— Francamente! — Liz me fitou.
Me aproximei novamente dela e dessa vez fiquei a poucos centímetros, pude senti seu cheiro. Tão doce!
Elevei minha mão lentamente até uma mecha de seu cabelo e o coloquei atrás de sua orelha, ao trazer minha mão de volta, meus dedos percorreram a linha de queixo e pararam em seus lábios. Liz tinha seus olhos fechados e sua respiração estava em descompasso.
Elevei minha outra mão e agora as duas estavam em cada lado do rosto de Liz, meus dedos massageava aquela região e aos poucos eu trazia ela para mais perto de mim. Nossos lábios se tocaram, não era um beijo, apenas um selinho, no entanto, eu ansiava demais aquilo e queria explorá-lo, mas fui empurrado e senti um tapa contra meu rosto.
— Eu te falei que não quero que toque em mim! — Liz esbravejou passando suas mãos por seus lábios.
— Liz, descul...
Massageei meu rosto.
— Poupe suas desculpas, João. — Ela me cortou. — Põe na tua cabeça, eu não gosto de você, não somos um casal e não quero a droga desse teu beijo nojento.
Ela proferiu isso tão depressa que eu demorei para organizar e entender se realmente tinha ouvido aquilo mesmo.
Liz saiu da cozinha e eu fiquei lá desolado. Acreditei que tudo estava indo bem, que estava a um passo de tê-la novamente, mas não. Agora não há só um pequeno espaço entre nós, há um despenhadeiro.
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Liz:
Sábado havia chegado e havia planejado em ir ao clube com João, então acordei cedo. Depois que fiz minha higiene matinal, desci para tomar café. João estava a mesa.
— Bom dia! — Ele falou ao me ver.
Passamos o restante da semana sem nos falar direito depois daquele selinho que ele me deu. Eu quero ficar em paz com João, não sinto ódio dele (não tanto como queria) e contínuo a amá-lo. Eu não deveria ter dito “sim” a ele no dia do casamento, mas com a raiva que fiquei ao descobrir aquele plano absurdo dele, ignorei toda a razão e agi pela raiva.
— Bom dia. — Respondi.
— A ida ao clube hoje, ainda está de pé? — João questionou.
— Sim! — Falei ríspida.
— Ótimo!
João se levantou e começou a lavar o que havia sujado, ele era muito assim, zeloso e caprichoso. Me vi prendida a ele ali de costas, João usava um short fino branco até os joelhos e camiseta vermelha. Era lindo vê-lo assim. Seu corpo é bem definido, costas largas e modéstia parte, uma bunda bem grande (rs), quem é mulher entenderá, nós meninas não deixamos esse detalhe passar despercebido.
Senti um enjoou e corri para o banheiro que tinha ali na cozinha. Vomitei tudo o que havia comido.
— Está tudo bem? — João questionou chegando próximo.
— Não me toca! — Gritei limpando minha boca e saindo do banheiro.
— Eu estou preocupado. — Ele falou.
— Me poupe.
Saí para a sala e João veio atrás, ele segurou meu braço e segurou firme.
— Eu me preocupo com você. — Seu olhar era frio. — Temos que ir ao médico... por favor?
Por um minuto eu me permiti acreditar nele, hesitei e seu olhar me desarmou. No entanto, eu tinha que ser forte, não podia deixar João dominar minhas forças e vencer esse jogo. E também não era nada demais, talvez algo que comi tenha me causado isso.
— Eu dispenso sua preocupação. — Soltei meu braço. — Eu estou ótima! Agora vamos para o clube.
— Não vamos mais, você precisa descansar.
— Ficar em casa em pleno sábado e contigo?
— É para o seu bem!
— Vamos logo! — Peguei minha bolsa e saí para fora.
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Havia bastante gente no clube, o local ali mais parecia um parque aquático, muitas piscinas e brinquedos.
João e eu ficamos numa parte mais reservada e com sombra. Não queria pegar muito sol e o dia estava bastante quente.
— Você não vai dar um mergulho? — Perguntou ele, tirando seu short e ficando de sunga e camiseta.
— Agora não. — Ajeitei meu óculos.
João se sentou próximo a mim, eu tentava não olhar para ele, mas não conseguia. Tão perfeito.
— Você está bem?
— Se eu não estivesse, não teria vindo. — Tirei minha camiseta e meu short, ficando só de biquíni.
— Não é bom você ficar assim. — João avaliou meu corpo.
— João, me poupe!
Direcionei meu olhar para a piscina, a água parecia boa e convidativa.
— Vou ao banheiro. — Ele anunciou.
Não dei importância, mas ao vê-lo caminhar só de sunga e camiseta, me perdi nele. João era tão perfeito, tem umas pernas bem definidas, grossas e caminhava como se fosse um modelo. Ao passar, várias garotas giravam o pescoço para acompanhar o seu caminhar.
Ele é meu!
Depois de alguns segundos, João vinha voltando, eu fitava-lhe ao longe. Não sei ao certo qual sentimento se passava em mim, mas eu o queria por perto. Uma garota o abordou e eles se cumprimentaram calorosamente. Que ótimo!
Abaixei um pouco meus óculos e fiquei a olhá-los, eles não paravam de sorri. Ela era uma moça de altura média, loira e também estava de biquíni.
João e aquela moça se sentaram em um banco e não paravam de sorrir. Que diabos eles tanto falavam? Ela não desviava os olhos dele e sua mão estava na perna do meu marido. Tentava não olhar, tentei ignorar, mas não conseguia. Aquilo estava me incomodando. Ciúmes? Jamais! Raiva mesmo.
— Oi, cunhadinha! — Jéssica chegou e me deu um beijo no rosto.
— Tudo bem?
— Sim, e você? — Questionei de volta.
— Estou ótima. — Ela sentou-se. — E o João?
Ainda com o óculos baixo, inclinei minha cabeça apontando para ele e para a garota. Jéssica tinha em suas mãos um protetor solar, olhou para onde João estava e tirou seu óculos.
— Ali é a Isabela?
Isabela? Ok!
— Quem é Isabela? — Tentei não me importar, mas falhei.
— É uma amiga nossa, ela e João estudaram juntos na faculdade.
Tentei não esboçar nenhuma raiva, mas eu estava me corroendo por dentro.
— Ela sempre foi afim dele.
Jéssica falou isso e foi rumo a uma das piscinas. Ótimo!
Sei que não devia, mas aquilo me incomodou e João devia me respeitar, mesmo não sendo um casal de verdade, ele me devia fidelidade e não ficar batendo papo com aquela garota.
Me levantei e fui rumo a eles, não sei o que diria, mas tinha que acabar com aquela pouca vergonha.
— João! — O chamei.
Os dois viraram para mim.
- Ah, essa aqui é a minha esposa que eu falei. — Ambos se levantaram.
Fingido! Aposto que nem mencionou meu nome.
— Prazer! — A garota me cumprimentou.
— Satisfação. — Sorri falso. — João vamos embora.
Estava sendo infantil, mas não gostei daquilo. Talvez fosse ciúmes ou algo do tipo, mas aquilo me incomodou.
— Isa, tenho que ir. — Ele abraçou ela. — Depois aparece lá em casa, a Liz e eu vamos adorar te receber. — João me puxou com sua mão em minha cintura.
Isa? Sério isso?
— Irei sim, depois me manda o endereço.
Apenas sorri e voltamos para o local onde estávamos.
— Já estamos indo, Liz. — Falei chateada.
— Já? O que houve?
— Liz não está se sentindo muito bem.
— O que você tem, Liz? — Minha cunhada questionou.
— Não é nada! — Tornei.
— Então estimo melhoras, cunhadinha. — Jéssica se despediu.
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— Depois aparece lá em casa! — Imitei ele quando entramos no carro.
João me olhou sem entender.
— A Liz e eu vamos adorar te receber. — Revirei os olhos. — Uma ova, João!
Seus lábios se abriram em um sorriso estonteante e eu tive vontade de socar aquela bela boca. Ou beijar, não sei!
— É ciúmes, Liz?
— De você? Te preserva.
O sorriso de João não se desfez e eu tive que aturá-lo até nossa casa. Eu sei que não devia cobrar ciúmes dele e até falei que não somos nada, mas não consegui me conter, era ciúmes sim.
— Não tem vergonha de ficar de papinho com aquela garota? — Joguei as coisas que trazia sobre o sofá.
— A Isa é minha amiga!
— A Isa é minha amiga! — Imitei sua voz, só que revirando os olhos.
João não se conteve e começou a gargalhar. Ele tirou sua camisa e também a jogou sobre o sofá.
— Meu amor...
— Nem chegue perto. — Estiquei minha mão para distanciá-lo.
— Ok! — Ele deu de ombros e saiu.
Continua...
Mais um capítulo!
Tudo bem com vocês?
Boa leitura. ❤
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