Capítulo 21:
João:
Fiquei bastante triste com a decisão de minha irmã de ir morar em outro apartamento e ainda por cima levar Olívia. No entanto era compreensível, ela queria deixar minha futura esposa e eu mais à vontade em nossa casa. Não vou negar, era difícil imaginar morar ali sem as duas, mas é algo normal, vou me casar e preciso construir minha própria família.
Eu estava bastante feliz, era o dia do meu casamento. Nunca imaginei que um plano traçado por mim, me levaria ao meu grande amor. O dia estava corrido, minha irmã e Olivia saíram cedo para o salão e até então não haviam voltado.
- Eu estou cansado disso, Adão. - Meu amigo e eu estávamos no escritório de minha casa. - Desse plano bobo e de todo esse ódio sem nexo.
- Finalmente você compreendeu isso meu amigo e vamos combinar, mas que plano absurdo, se aproximar da Liz para se vingar da mãe dela. Também querer que ela parasse seus estudos e que perdesse sua casa. - Adão comentou.
Era extremamente absurdo, nem Liz e muito menos eu tínhamos nada a ver com os erros de nossos pais.
- Sim, o tal plano! - Ri avaliando o tamanho daquele circo todo. - Eu amo a Liz e quero esquecer tudo isso.
- Mas você já falou toda essa história para ela?
- Ainda não!
- E vai casar com ela em meio a toda essa sujeira. - Adão levantou-se.
- Eu ia falar para ela ontem, mas o irmão dela se sentiu mal e não deu para contar nada.
- Não deu ou sua covardia falou mais alto?
Como uma flecha, aquilo me acertou em cheio.
- Adão eu... eu tentei... eu juro que tentei, mas...
- Você ficou com medo de contar a ela, temeu sua reação e se aproveitou do momento delicado do irmão para não contar.
Desabei no sofá que havia ali. João tinha razão.
- Pelo visto, tenho razão.
- Eu sou um covarde, Adão.
- Não é para tanto, João! - Meu amigo se aproximou. - Acho que agora está um pouco tarde.
- Eu vou ser feliz, Adão! - Tentei me convencer.
- Isso não vai dar certo. - Tornou.
- Deixa de ser pessimista, tudo vai dar certo, vou contar para ela, serei perdoado e vamos ser muito felizes.
Apesar da cara cética de Adão, nada desmanchava o sorriso nos meus lábios. Eu estava feliz e prestes a me casar com a mulher que amo.
Acompanhei Adão até o portão de saída. Tinha que me arrumar para o meu casamento.
- Seu João! - Meu porteiro me chamou.
- Pois não, Antônio.
- A sua noiva esteve aqui agora a pouco, mas logo ela saiu e não me parecia bem.
- A Liz? - Questionei.
- Sim, senhor!
O que será que houve?
- Obrigado, Antônio.
Ele deu um leve sorriso e saiu. Aquilo estava estranho, mas devido minha felicidade, ignorei e fui tomar meu banho.
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- Olhei e gritei, Gato! - Minha irmã comentou.
- Finalmente as duas apareceram!
- Está belíssimo mesmo, João. - Era Olívia que falava agora.
- Vocês estão me deixando com vergonha.
- Você será muito feliz! - Minha irmã me abraçou.
- Obrigado pelo carinho de vocês.
Deixamos a casa e fomos rumo ao cartório. Eu iria me casar.
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Liz:
O casamento foi lindo, embora envolvesse muita hipocrisia, mas estava tudo muito bem organizado. Jéssica se esforçou ao máximo, contratou o melhor buffet e uma boa decoração. Eu devia gratidão a ela.
Imagem ilustrativa:
João usava um terno cinza e a gravata da mesma cor. Extremamente elegante, parecia aqueles atores de novelas. Já eu, usava um vestido branco até os joelhos, de manga longa com renda e um buquê enorme. Meus cabelos estavam soltos, mas com um pequeno arranjo com uma flor.
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A cerimônia foi normal. Depois que deixamos o cartório, fomos todos para a minha casa e às 19:00 horas iniciou-se a recepção. Como foi combinado, foram poucos convidados, apenas amigos de ambas as partes. Enfim, estávamos casados.
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João era o tempo todo sorrindo. Hipócrita! Mal sabe ele o que lhe espera daqui para frente. Já eu, tentava bancar a sorridente e feliz, mas no fundo, estava morta por dentro. Jessica e Adão foram as testemunhas de nosso casamento.
- Você está feliz? - João perguntou dando um beijo no meu rosto.
Fitei bem o rosto dele, aquele sorriso cínico e estonteante. Tive uma vontade enorme de desferir um tapa nele, mas calma, terei muito tempo para isso.
- Você não imagina o quanto! - Sorri cínica para ele.
- Eu também estou muito feliz, amor! - Ele veio me dar outro beijo, mas me desviei dele.
Todos nos cumprimentavam e eu implorava a Deus para aquele circo acabar logo. Já não aguentava mais aquilo. Enfim o jantar foi servido. Não tive muito ânimo para comer nada.
- Posso entrar? - Ouvi alguém bater.
- Claro!
Era Jéssica, a minha cunhada.
- Não quis jantar. - Ela fechou a porta. - Está tudo bem?
- Está sim. - Respondi tirando arranjo do meu cabelo. - Só não estou com fome.
Será que Jéssica sabia daquele plano sórdido e está de complô com irmão? Não, Jéssica não parecia vingativa.
- Olívia e eu deixamos a nossa casa, vamos morar em um apartamento. - Ela pegou minhas mãos. - Desejo que você cuide e ame muito meu irmão, assim como ele te ama.
Isso é piada, não é?
- Fico grato pelo carinho! - Respondi.
Jéssica sorri, me abraça e sai.
Confesso que um lado meu grita alto, está extremamente feliz por me casar com o homem que amo. Mas o outro lado, estava decepcionado e revoltado, quer vingança e vai até o fim.
Quando deu 22:00 horas, os convidados começaram a se despedir. Tive que por um sorriso e ser hipócrita ao lado de João. Não era do meu feitio fazer aquilo, mas era necessário. Enfim, todos haviam ido.
- Vamos para casa, amor?
Revirei os olhos. Falso!
Me despedi de minha mãe e de meu irmão. João fez o mesmo e depois saímos. Dentro do carro, o clima era puro silêncio, nem eu e muito menos João falava nada. Em minha mente eu formulava cada palavra que iria proferir contra ele.
Olhava para João de relance e ele estava muito lindo, agora estava somente com a camisa de baixo do terno. Aquilo era tentador. Optamos por não termos uma lua de mel fora, meu "maridinho" tem muito trabalho e eu focada nos estágios da minha graduação.
O carro foi estacionado na garagem e eu não esperei que ele viesse abrir a porta, saí rápido e entrei na casa. Tudo o que eu havia pensado, as palavras e os gestos, tudo havia se desfeito. O que vou fazer?
- Que dia cansativo! - João havia entrado na casa.
Senti João beijar meu ombro esquerdo, eu estava de costas para ele. Uma repulsa percorreu meu corpo e me virei para meu "esposo". João estava sem camisa, desnudo da cintura para cima. Que tentação.
- Eu amo você! - Ele sussurrou jogando seu terno no sofá.
- Há uma frase de Buda que diz: "Três coisas que não podem ser escondidas por muito tempo: o sol, a lua e a verdade. "
- Não entendi. - Ele fez uma cara de interrogação.
- Mentiroso! - Desferi um tapa em seu rosto. - Hipócrita! - Desferi outro.
Esse último tapa pegou de mau jeito e acabei arranhando a região próxima a seu pescoço com minhas unhas. Pelo instinto, João colocou sua mão no local.
- O que houve?
- Eu já sei de tudo, do seu plano idiota! - Esbravejei.
O olhar de João se intensificou e ele veio até mim.
- Não chegue perto de mim! - Gritei. - Eu já sei da sua vingança, de que você se aproximou de mim apenas para me ludibriar.
- Liz, eu posso explicar!
- Não há explicação! - Falei alto. - Você é um monstro.
Lágrimas começaram a rolar mais uma vez por meu rosto e João também iniciava seu choro.
- Eu posso explicar, de verdade...
- Eu vou acabar com você, João!
- Meu amor. - Ele caminhou até mim, mas me afastei. - A gente pode ser feliz, podemos esquecer isso e seguirmos.
- Claro! - Desdenhei. - Depois de tudo o que você planejou, agora quer mudar. Me poupe!
Estávamos apenas nós dois na casa, Jéssica e Olívia haviam se mudado.
- Me dar uma chance para explicar?
- Nada que você fale justificará ou mudará algo. - O fitei. - Eu quero o seu dinheiro, segunda-feira vou reabrir minha graduação e trarei minha mãe e meu irmão para vim morar comigo.
- Aquela vaganbu...
- Vê lá como fala da minha mãe. - Me aproximei. - Esqueceu que somos casados e tenho direitos? - Sentia sua respiração. - Por tanto minha mãe vem morar comigo.
Seu olhar era furioso e petulante.
- Jamais aquela mulherzinha vai pôr os pés na minha casa. - Rebateu João. - Somos sim casados, mas você não tem direito sobre esta casa, ela é herança e pertence a mim e minha irmã. Ou seja, ela não foi repartida.
Ele tinha razão. Fitei meu olhar na região próxima a seu pescoço e o arranhão deixado por mim começava a emanar sangue. Senti uma pontada de culpa, não queria machucá-lo.
- Você nunca mais tocará em mim, estamos casados, mas esse casamento jamais será consumado. Nunca serei sua mulher.
Não conseguia descrever o olhar de João, talvez tristeza, dor ou decepção. O fato é que ele chorava.
- E vamos dormir em quartos separados! - Completei.
Me virei e caminhei rumo às escadas.
- Liz! - Ele correu até mim. - Deixa eu me explicar?
- João. - Desci um degrau e fique a sua mesma altura, seus olhos lacrimejavam. - Eu odeio você, te acho um ser desprezível e ainda é pior que um lixo.
Ele deu um passo atrás e engoliu em seco. Minhas palavras haviam lhe fuzilado. Virei-me e subi o restante das escadas.
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Depois que tomei um banho e sequei meu cabelo, organizei algumas das muitas coisas que haviam sido trazidos: roupas e produtos de higiene. O quarto era enorme, tinha um grande guarda-roupa, uma belíssima cama, uma penteadeira, criado mudo, uma janela com uma vista linda para o jardim e por fim um banheiro que era um arraso.
Ao término disso, estava bastante cansada, mas o que predominava mesmo era uma fome tremenda, meu estômago já havia dado vários sinais. Olhei em meu relógio e já era 01:00 da madrugada.
- Caramba! - Esbravejei.
Saí do quarto e desci. Meu medo era de dar de cara com João, não estava preparada para um segundo round de discussões.
Lá estava ele no sofá, deitado, sem camisa e usando seu samba-canção do Bob Esponja. Fiquei avaliando ele, como João era bonito, extremamente forte, seus braços bem feitos, seu maxilar bem feito, seu nariz empinado, sua barriga chapada e suas pernas grossas e torneadas. Meus olhos se fixaram no arranhão próximo ao seu pescoço, estendi minha mão para tocá-lo, mas me detive.
Balancei minha cabeça e fui rumo a cozinha, precisava comer algo. Preparei um sanduíche rápido e coloquei um suco de laranja no copo. Depois desse breve lanche, retornei para a sala e João dormia tranquilamente. Juro como senti vontade de ignorá-lo, de deixá-lo dormir ali para que no outro dia seu corpo estivesse cheio de dor, mas não, o lado que amava ele em mim, me fez chamá-lo.
- Oi! - Ele sussurrou abrindo os olhos. - Que horas são?
- 01:45 da madrugada.
Eu estava de joelhos próxima ao sofá, João se sentou, coçando seus olhos.
- Acho melhor você ir para um dos quartos, senão vai ficar cheio de dores.
O cabelo dele estava bagunçado e isso dava um toque mais sexy nele. João fixou seus olhos em mim e eram perfeitos.
- Quem vê pensa que você se preocupa comigo. - Tornou após alguns segundos.
Queria dizer que me importava, que o amo e que queria ele para mim, no meu quarto e do meu lado. Mas a ferida no meu peito estava exposta e nada cobrira-la.
- E não me importo. - Falei rápida. - Só não quero você doente, você precisa trabalhar.
- Claro! - João me fitou novamente. - Afinal é só isso que importa para você.
Me levantei, mas ele ainda estava sentado.
- É! É só isso o que importa. - Concordei.
Ele levantou-se depois de me encarar. João caminhou para fora da casa.
- Aonde você vai? - Quis saber.
João ignorou minha pergunta e saiu para fora da casa. Acompanhei e ele parou próximo a piscina.
- Você pode pegar um resfriado com essa frieza.
- Essa frieza não é nada comparada a sua! - Ele rebateu.
Aquilo me acertou em cheio. Doeu. Mas tinha que ser forte, ele queria me nocautear, não deixaria.
- Faça o que quiser então. - Refutei.
- É isso que estou fazendo!
Queria levá-lo para dentro, protegê-lo e amá-lo, mas estava ferida, precisava de um tempo para organizar meus sentimentos. Deixei João lá e voltei para meu quarto, deitei na cama e tentei dormir.
Quero dizer que estou muito, mais muito feliz com a história e o rumo que ela está seguindo (exatamente como combinei). Passamos dos 1k de leitura e eu estou saltitando de alegria.
Neste capítulo tivemos o primeiro embate entre João e Liz. A partir de agora vai rolar muita treta e discussões.
Novamente informo sobre a escrita do livro, ele não está revisado e não sei quando vou ter tempo para corrigi.
Agradeço pelo carinho e por acompanhar minha história.
Boa leitura e até o próximo capítulo. ❤
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