Capítulo 19:
João:
O tempo foi passando e a vida continuando seu percurso. Liz e eu estamos bem, a amo mais do que nunca, os preparativos para o nosso casamento estão a todo vapor, no entanto, não falei nada para ela sobre a vingança e o plano contra sua mãe. Eu sei que sou covarde e que deveria lhe falar logo, no entanto, minha covardia me priva. Então casarei com Liz e depois contarei. Acredito no seu amor, no seu perdão e seremos felizes.
Quanto a minha irmã, ela e Adão não estão bem, eles nunca conseguem se acertar. Torço muito por eles, mas suas respectivas vidas só podem ser vividas por si mesmo, assim como suas escolhas. Somente eles podem tomar.
Ontem quando estava no escritório, o filho de Elias que é um dos associados, esteve a me importunar. Como já mencionei, ele e eu não nos damos muito bem e sinceramente não faço a mínima ideia de como vou suportá-lo quando este tiver que substitui o pai na nossa associação de advogados. Flávio veio falar sobre Liz, disse o quanto era bonita e como eu era sortudo em ter uma mulher como aquela. Não vou negar, sentir vontade de socar sua cara, como ele ousa falar da minha futura esposa assim. Cretino!
Eu não precisava da opinião dele, eu sei perfeitamente o quão Liz é maravilhosa, linda, esforçada e inteligente. Não preciso que aquele cretino venha falar dela. Ou preciso?
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Há um ditado que diz: “a pressa é inimiga da perfeição." Eu concordo com o mesmo. Quando não planejamos e queremos realizar a todo custo algo, o resultado com certeza não será positivo. Isso pode ocorrer em todos os ramos de nossa vida, seja no trabalho, em nossas ações e sentimentos. É necessário sermos estratégicos, termos um esboço e posteriormente pôr em pratica. Onde quero chegar com isso? É simples, todos acham a decisão de me casar com Liz muito precipitada, acreditam que a gente teve um namoro breve para um passo tão importante e decisivo. No entanto, creio que quando há amor e o sentimento além de verdadeiro é reciproco, deve sim encarar, ir a fundo e viver incondicionalmente.
Estávamos a um dia do meu casamento, ele será no sábado e estou bastante nervoso. Será uma cerimônia bem simples, Liz pediu e eu também achei melhor. Apenas os amigos foram convidados e nem chamei todo o pessoal do escritório. Será um jantar simples na casa de minha noiva e minha irmã ficou encarregada de contratar o buffet e a decoração.
— Como anda o coração do noivo mais lindo? — Olívia estava na porta do meu escritório.
Sorri ao vê-la. Eu segurava em minhas mãos o livro Romeu e Julieta, de Shakespeare.
— Não exagera, Olívia.
Ela sorriu e lentamente entrou ali. Olívia explorava com os olhos cada pedaço daquele lugar.
— Ver você aí, sentado, de certa forma realiza-se um sonho meu. — Ela estava em pé, com as mãos na poltrona.
— E posso saber que sonho é este! — Falei apontando a poltrona para ela sentar.
— Era ver você ocupar essa cadeira, seguir a mesma profissão de seu pai e de assumir os negócios da família. — Olívia havia se sentado.
— Mesmo não apoiando tudo o que meu pai fez, isso faz da parte minha vida e do que sou. — Comentei.
— Aquela menina, a sua noiva. — Ela falava com calma. — Ela te ama, mesmo sendo filha da amante de seu pai e mesmo estando por fora desse assunto.
Olhei fixamente e estarrecido para Olívia, como ela sabia?
— Ela se parece muito fisicamente com a mãe dela. — Comentou Olívia. — O mesmo brilho no olhar, a gentileza e o carinho também.
— Como sabe que Liz é filha dela?
— Você esqueceu que eu sei toda a história e que conheci ela, a Elisa?
Não havia pensado nisso. Realmente Olívia trabalhava em nossa casa a muito tempo, mas nunca havia parado para pensar que ela estaria por dentro desse assunto.
— Eu gosto dela. — Me inclinei na poltrona e coloquei meu braço sobre a mesa.
— Não duvido disso. — Ela também se inclinou. — O problema é que quando sua mãe faleceu em decorrência do mau ato do seu pai e de Elisa, você jurou vingança e sempre alimentou um ódio por aquela mulher, que segundo você ela destruiu sua família.
Olívia sabia de tudo, mesmo eu não conversando muito com ela, mas seu modo de observar e cuidar de nossa casa, a fazia está sempre na espreita. Então, creio que isso lhe dá acesso a saber ou a desconfiar.
— Acho que já não a odeio tanto! — Confessei me levantando.
— Mas a Liz já sabe de tudo?
Me virei e ela estava em pé, me fitando.
— Não!
— E vai casar com ela? — Olívia se aproximou.
— Eu a amo, Olívia.
— Disso eu sei, meu menino. — Ela pôs suas mãos sobre meu rosto. — Mas um amor, um casamento não se constrói em meio a mentiras e ódio. É um sentimento puro, claro e delicado como um cristal, merece todo, mas todo o cuidado do mundo. Se não tiver, ele fragmenta e sucumbi.
Senti um nó na garganta, queria chorar, queria correr e naquele momento eu me sentia um menininho de 8 anos que corria para se esconder depois de levar uma advertência dos pais.
— Não quero ser invasiva, entenda. — Olívia continuou e dessa vez ela limpava uma lágrima que escorria por meu rosto. — Um amor ele se constrói gradativamente, aos poucos e a confiança é o alicerce. No entanto, sem este alicerce, o enlace desmorona mais rápido que o bater de asas de uma beija-flor.
Eu não aguentei mais, eu abracei Olívia forte, tão forte que podia sentir a aceleração de seu coração. As palavras dela me acertaram em cheio, Olívia tinha razão, eu não podia me casar com Liz escondendo um monte de mentiras.
— Eu vou falar com ela. — Sussurrei limpando minhas lágrimas.
— Faça isso. — Ela depositou um beijo em minha testa.
— Eu vou sentir saudades de você.
Olívia vai morar com minha irmã em um apartamento. Segundo ela, é para dar privacidade ao casal. Sentirei muitas saudades das duas, mas me conformo, afinal já sabia que um dia seria assim.
— Sempre que puder, irei vim aqui. — Disse ela.
— Se não vier, irei até o apartamento de Jessica. — A abracei.
— Fiz aquele bolo com recheio de coco que você tanto ama.
— Ai meu Deus! — Exclamei. — O melhor bolo do mundo.
Saímos do escritório e fomos para a cozinha, lá degustamos aquele delicioso bolo que só Olivia sabe fazer.
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Cheguei a casa de Liz já era quase 20:00 horas, toquei a campainha e aguardei ali fora. À noite era calma, não havia muitas estrelas no céu, mas a lua estava linda demais.
— Oi, amor! — Liz depositou um beijo em meus lábios.
Correspondi ao seu beijo e a encarei fixamente.
— O que houve, João?
— Eu preciso te falar algo. — Comecei. — É algo sério.
O olhar de feliz mudou, agora era de intrigada.
— Aconteceu algo?
— Não... só... preciso te falar algo!
— Vamos entrar.
— Melhor você vim comigo, a gente vai para um lugar mais tranquilo.
Ela assentiu e me acompanhou até o carro.
— Liz! — Alguém gritou o nome da minha namorada.
Era a mãe de dela, a mesma abriu a porta e estava chorando.
— O Lucas! — Gritou ela.
— O que tem meu irmão, mãe?
— Ele está ardendo em febre e delirando.
Entramos rapidamente para dentro e constatamos, Lucas de fato estava bastante febril.
— Vamos levá-lo ao hospital. — Falei pegando o garoto no colo.
Liz pegou uma bolsa e sua mãe nos acompanhou. Saímos rumo ao hospital. O assunto que eu tinha a tratar com Liz era extremamente importante, mas no momento a prioridade era a saúde do Lucas. Depois eu conversaria com minha namorada e tudo daria certo.
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Levei o Lucas para um hospital onde um amigo meu trabalha. Gosto do garoto e também gosto de ajudar as pessoas. Não vou negar que me incomodou ter a mãe de Liz no meu carro, mas foda-se! Lucas precisava de ajuda e eu estava lá, nada mais justo que socorrê-lo.
— Estou tão preocupada. — Liz sussurrou, com sua cabeça sobre o meu peito.
Sua mãe havia entrado com Lucas para ele ser examinado. Liz e eu estávamos sentados eem um dos bancos, aguardando na recepção.
— Ele vai ficar bem. — Tornei tocando em seu cabelo liso e cheiroso. — Lucas é um garoto forte.
Liz sorriu.
— Isso é verdade.
Toquei em sua mão, a elevei e depois beijei.
— Com toda essa correria, a gente não conversou. — Liz se inclinou para me olhar. — O que você queria me falar?
Sorri fraco.
— Depois a gente conversa!
Ela continuou a me encarar.
— Mas você parecia aflito. — Parecia não, estava. — Fala vai.
— Aqui não é o local. — A puxei para deitar sobre o meu peito novamente.
— Eu te amo, sabia?
— Eu também te amo Liz!
E ficamos ali esperando Elisa e Lucas saírem. Não contei a Liz, não sei se foi por conta de tudo o que aconteceu, ou se foi pelo o fato de eu ser covarde e ter usado essa situação para me calar.
Mais um capítulo!
Tudo bem com vocês?
Boa leitura. ❤
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