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Capítulo 11:

João:

— Então você a beijou já duas vezes? — Adão me questionou incrédulo. – E é porque você quer se vingar dela e da mãe da mesma. Imagina se não quisesse.

Adão tinha o poder de jogar na minha cara e me fazer cair na realidade.

— Mas eu vou continuar com meu plano. — Falei sério.

Estávamos sentados no jardim de minha casa.

— Então esses beijos fazem parte do plano?

— Não, claro que não. — Tomei um gole do meu suco. — Não sei o que houve, a gente estava perto, ela bonita, tem uns lábios tentador e rolou.

Adão riu e não pude censurá-lo, aquilo realmente era engraçado.  

— Finalmente alguma menina vai tirar a honra do donzelo João Marques. — Debochou.

Me dá vontade de matar esse cara.

— Agora mudando um pouco de assunto, mas não tanto. — Ele riu. — Só de pessoas.

Não entendi nada, mas tudo bem, quando se tratava dele tudo era confuso.

— A tua irmã e eu, ontem... a gente se beijou. — Disse ele.

— Não sei se soco tua cara! — Falei irônico.

Adão gargalhou e eu sorri levemente.

— Tu sabe que eu sempre fui afim e que sempre respeitei tua irmã.

Realmente isso era verdade, desde pequenos eles foram muitos próximos e sempre foi perceptível algo entre eles.

— Vocês são adultos. — Opinei. — Mas minha irmã não é brinquedo.

Adão sorriu em forma de entendimento.

 

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— Todos esses problemas dela eu já estou sabendo, minha querida. — Esbravejei com alguém ao telefone. — Eu quero novidades.

Como já mencionei, eu preciso saber tudo sobre Liz: desde o seu acordar até o seu deitar. Então nada melhor do que alguém que more perto dela.

— Só volte a me ligar quando tiver informações novas. — Sem esperar algo a mais, desliguei.

Gente incompetente!

Tenho que ser mais rígido com Liz, nada entre nós pode acontecer, não do jeito que está havendo. Tenho que focar no plano, seduzi-la, levá-la ao altar e dizer um NÃO. Óbvio que ainda tenho que pegar sua casa e deixar sua mãe e ela na sarjeta. 

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— E você e o Adão? — Tentei iniciar um diálogo com minha irmã.

Ela parou abrupta e me encarou.

— O que tem nós? — Questionou levando o garfo a boca, estávamos jantando.

— Sei que andaram se beijando. — Falei.

Minha irmã esboçou uma expressão de espanto.

— Vou matar ele. — Esbravejou ela.

— Deixa de besteira, menina. — Comecei a rir.

Ela sorriu também.

— Você tem algo contra?

Tomei um gole de água.

— Não, claro que não. Adão é meu amigo. — Fui sincero. — Mas juízo.

— Pode deixar, irmãozinho.

 A verdade é que eu fazia gosto em um namoro entre ambos, Adão é focado e dedicado. Ele estuda, trabalha e cuida do pai. É o cara ideal para minha irmã.

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Encerrei a leitura do livro Romeu e Julieta, de Shakespeare. Era a terceira vez que eu lia aquele livro e cada vez me encantava mais. Após fechar o livro, me encostei na cabeceira da minha cama e lembrei do meu beijo com Liz mais cedo. Que beijo gostoso!

 ...Eu vou roubar essa mulher pra mim... — Sussurrei uma frase da música "Proibida pra mim", do Charlie Brown Jr.

Logo peguei no sono, o dia havia sido agitado e meu corpo clamava descanso.

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— Bom dia, Doutor João. — Me desejou Débora, minha secretaria.

— Bom dia! — Respondi de volta. — Pegue sua agenda e venha até minha sala.

Caminhei até minha mesa e sentei em minha cadeira.

— Pois não, Doutor. — Falou ela entrando e fechando a porta.

— Quero que você faça uma avaliação sobre os nossos últimos processos e quero também que você ligue para o senhor Rodolfo. — Falei abrindo minha pasta.

— Certo, Doutor. — Ela assentiu.

— E o que temos na agenda para hoje?

— Apenas uma consulta com a Dona Mariana, a mulher da herança.

Assenti ao me lembrar. Tentei me concentrar, mas volta e meia me lembrava dos lábios de Liz sobre os meus. Droga!

Quando cheguei em casa, minha irmã já estava a mesa.

— Achei que fosse ficar o dia todo lá pela universidade. — Depositei um beijo em sua cabeça.

— Esqueci um livro, vim buscar e aproveitei para almoçar na companhia do meu maninho. — Ela sorriu.

Sorri e fui lavar minhas mãos. Quando voltei a sala, Liz estava sentada a mesa com minha irmã.

— Boa tarde! — Soei educado.

Ela respondeu ao meu boa tarde e seguimos com o almoço. Na parte da tarde, estávamos no escritório. Como não havia muita coisa para fazer, pedi para Liz tirar a poeira de alguns livros que estavam em uma prateleira de baixo. Eu a ajudei.

Em um dado momento, ela se deteve a um livro, o seu estado na qual se encontrava, mostrava o quanto eu já havia lido e de como ele era antigo. Praticamente uma relíquia para mim.

" Deixe-me em paz, deixe-me em paz  soluçou Catherine.  Se eu agi mal, estou morrendo por isso. Basta! Você também me abandonou: mas não vou lhe repreender! Eu lhe perdoo. Perdoe-me!"

Ela leu com tanta vontade esse fragmento do livro “O morro dos ventos uivantes”, que chegava até ser convincente. Liz ainda tinha seus olhos no livro.

 É difícil perdoar e olhar para esses olhos, sentir essas mãos exangues  Respondeu ele.  Beijei-me outra vez, e não deixe que eu veja seus olhos! Perdoo-lhe pelo que você me fez. Eu amo minha assassina... Mas não a sua. Como posso?"

Citei a continuação do fragmento que Liz havia lido. Ela olhava para mim ainda com o livro aberto, estarrecida e boquiaberta. Eu sabia de cor aquela parte.

— Também é fã de o morro?

Eu no meu canto e ela no seu. Distantes.

— Palavras nenhuma descrevem o quanto eu amo esse livro e não tenho um número para às vezes que já li ele. — Falei sem sorri.

Era como se o tempo tivesse parado e somente a gente pudesse falar, o que não deixava de ser verdade, a final só havia nós dois ali.

— O amor de Heathicliff e Catherine era conturbado. — Liz falou fechando o livro e o colocando sobre seu peito.

— Catherine era aquele tipo "mimadinha". — Dei ênfase com os dedos.

Ela sorriu por alguns segundos e creio que concordava comigo.

— O ódio e o desejo de vingança foram fundamentais para o calvário de Heathicliff.

Agora quem sorria era eu, pois concordava plenamente com ela.

— Que engraçado! — Pensei alto.

Liz fez uma expressão de dúvida.

— O que é engraçado?

Parei de sorri ao me tocar de que iria falar demais.

— Esquece! Pensei besteira.

Se pudesse avaliar bem, eu estava quase indo no mesmo caminho de Heathicliff.

— Emily Brontë fez uma grande obra.
— Liz mencionou o nome da autora de O morro dos ventos uivantes. — Gostaria que ela tivesse tido outras obras. — Agora ela olhava fixamente para o livro, na medida em que se levantava. Era a mesma coisa que eu desejava desde que li esse livro e me encantei por sua história, que desejei ler outros livros desta autora. Me levantei também e encaixei uma das caixas na prateleira de baixo. — Futura pedagoga, ama livros, inteligente e extremamente linda. 

Caminhei até ela e ficamos bem próximos. Eu sei que falei que tenho que me distanciar, mas perto dela não consigo me controlar.

— É melhor pararmos por aqui. — Ela rebateu meu comentário.

— Por que? — Me aproximei novamente dela.

Senti o cheiro do seu cabelo e lentamente deslizei meus dedos por seu braço.

— O que você realmente quer comigo? — Ela virou-se para mim.

Antes, apenas vingança, agora já não sei.

— E se eu te disser que quero te namorar. — Segurei uma mecha de seu cabelo. — Você acreditaria?

— Talvez sim, mas não estou pronta para um relacionamento agora. — Ela refutou.

— Tem namorado? — Perguntei.

— Terminei a pouco tempo. — Ela respondia sem tirar os olhos do meus.

— Me dá uma chance? — Pedi ainda segurando sua mecha.

— Eu...

Não esperei ela terminar, a beijei. Foi um beijo intenso, insano e não premeditado, mas era assim que eu reagia perto dela, quando longe maquinava algo, já perto eu me rendia a ela, ao seu olhar e tudo o que lhe diz respeita.

Minhas mãos viajavam por suas costas e a puxavam mais para mim, assim nossos corpos estavam bem selados. A sua língua explorava minha boca, havia desejo de se sacia-se.

Cortei o beijo, mas nossas cabeças ficaram unidas de modo que ficamos a nos entreolhar. Sua respiração era ofegante e quente.

— ...Se não eu, quem vai fazer você feliz? — Sem me dar contar, cantarolei esse trecho da música do Charlie Brown Jr.

— Advogado, leitor e cantor. — Liz comentou afastando seu rosto do meu.

Sorri como um bobo. Talvez se fosse em uma outra situação e com outra pessoa, diria que era paixão, mas no meu caso, bem, nem eu sei ao certo. A única certeza que tenho, é que aquela vingança que eu havia planejado já não era mais meu objetivo número um, mas sim conquistar Liz.

Segurei suas mãos e olhei bem fixo, ela tinha um sorriso nos lábios que me desconcentrava.

— Namora comigo? — Sim, eu pedi.

— Não acha que é muito cedo?

— Para quê atrasar o óbvio, eu gosto de você e é recíproco o sentimento.

Liz baixou o rosto sorrindo, de modo que seus cabelos louros fizessem um rápido movimento, mas logo ela voltou a me olhar.

— Será que vale a pena?

— Como diz Fernado Pessoa: "tudo vale a pena quando a alma não é pequena". — Proferi.

Seus lábios se abriram na intenção de falar algo, mas logo se fecharam novamente. Acredito que estivesse medindo o que fosse falar.

— Eu aceito. — Liz respondeu. — Aceito namorar com você.

Não consegui descrever o sentimento que me dominou naquele momento, só sei que meu coração acelerou umas batidas mais frenéticas. A levantei e dei um pequeno rodopio com ela erguida.

— Mas vamos com calma. — Falou enquanto a colocava de volta ao chão.

Eu assenti e lhe dei um beijo.  



Casal novo na área haha!

O que vai acontecer com esse namoro? E a vingança?

Capítulo não corrigido!

Boa leitura!❤

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