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Capítulo 08:

João:

— As fotos ficaram lindas. — Comentou minha irmã.

Ela falava sobre as fotos do jantar de ontem à noite. Por falar no tal jantar: esse não saiu como eu havia planejado. Droga! Queria que Liz passasse vergonha. No entanto, ela se sobressaiu e foi a mulher mais linda daquele local. Como prova disso, vários dos homens ali babaram por ela.

Eu a beijei (haha), lidem com isso, seus ridículos!

Nós estávamos tomando café. A mesa cheia de comidas deliciosas, típicas do horário: além do café em si, havia iogurte, leite, pão fresquinho, bolo de milho, tapioca com queijo e presunto, frutas e vitamina de mamão.
Meu humor estava horrível.

Mas por quê?

Só pelo fato de ter beijado uma garota e ter gostado muito? A verdade é que eu queria muito ter ido além, queria ter me entregado a ela e aquele desejo.

Que diabos eu fiz ontem?

Que beijo gostoso, que boca maravilhosa e a forma como ela se rendeu...

— Esse aí está no mundo da lua! — Exclamou Jéssica sorrindo.

— Sem comentários desagraveis, Jéssica! — Rebati me levantando da mesa e caminhando ao escritório.

Fiquei tenso ao entrar ali. O copo com água ainda estava sobre a mesa e o livro que Liz havia pego ainda estava no chão. Flashes da madrugada me vieram a mente e lembranças dela sobre aquela mesa e eu entre suas pernas me rendendo aos seus beijos.

Foi uma experiência nova, excitante e avassaladora. Estou ainda desejando o toque dela e sua boca macia sobre a minha. Droga! Minha meta não era essa; mas sim tornar a sua miserável vida e de sua mãe um caos ainda mais. Não posso deixá-me seduzir por ela. Tenho que ser objetivo e continuar focado.

— Você vai pagar caro por isso, Liz. — Sussurrei apertando minhas próprias mãos. 

Ainda segurando o livro, me sentei em uma das poltronas que tinham ali e me recordei de um fato que ocorreu comigo quando criança. Eu tinha quase 11 anos e a minha mãe me colocou para ter aulas de inglês, pois era o meu sonho aprender o idioma. Na escola, tinha aula do mesmo, mas nada melhor que uma aula extra para ajudar. No entanto, virou um pesadelo. Como sabem, a partir dessa idade que citei, a gente começa as mudanças em nosso corpo e eu sempre tive meu desenvolvimento mais adiantado — se é que me entendem —.  

Certo dia, a "professora" que meus pais pagava para me dar aula me apalpou. Não foi um simples toque ou esbarrão, ela pegou forte e segurou meu membro. No entanto, não passou disso e foi uma única vez, mas eu sabia que aquilo era errado, pois sempre ouvia minha mãe e meu pai conversando com Jéssica sobre isso: sobre ser apalpada por estranhos ou por qualquer outra pessoa. Se caso isso acontecesse, ela não tivesse medo, devia contar a eles. 

No meu caso, fiquei com tanta vergonha, mas eu contei para meus pais. Eles ficaram furiosos, não comigo, é claro, mas com a desgraçada. Me lembro que meu pai me abraçou forte e falou que tudo ia ficar bem, que eu era o garoto dele e faria de tudo para eu nunca mais passar por isso. Minha mãe segurava o choro de lado.  

Esse caso aconteceu no banheiro aos fundos da nossa casa. Ou seja, longe de câmeras. Então sem provas. Não me lembro bem do desfecho: só sei que ela foi demitida, mas não sei se foi presa. Acredito que não, não havia evidencias sobre o ocorrido. O fato é que isso passou e eu superei. Obviamente que minha mãe me levou algumas vezes ao psicólogo e isso me ajudou bastante. Enfim, isso refletiu muito no meu modo de ser: nunca fui de saí para festas, beber e transar com várias garotas (acho que é por isso que ainda não transei). No fim, acredito que além de superar, eu me tornei um cara centrado. 


Depois que coloquei o livro de volta na estante, dei uma breve olhada em uns processos de um cliente importante e saí do escritório.

— Vamos ao clube? — Perguntei a minha irmã que estava sentada no sofá, folheando um livro.

— Melhorou de humor? — Rebateu ela.

Revirei os olhos. Ela quando queria me infernizar, sabia como.

— Vai ou não? — Refutei.

— Vou só botar meu biquíni, pegar meu chapéu, o protetor e o óculos. — Falou rápido subindo as escadas.

— Mulheres!

Coloquei uma suga rápido, peguei óculos e o protetor solar. Desci para a garagem e fiquei esperando Jéssica.  

— Liz, Liz... você não perde por esperar! Quem você acha que é para ter a ousadia de me beijar e tentar me seduzir? — Murmurei dentro do carro.

Ali dentro ainda havia o cheiro do perfume dela e novamente me lembrei do nosso beijo. Seus lábios em tom de rosa bastante convidativo, o seu cheiro inebriante e seu toque tentador. Senti meu membro enrijecer. Droga!

— Bora! — Minha irmã entrou no carro.

Me ajeitei para tentar esconder minha ereção.

— E o Adão? — Questionei enquanto fazíamos o percurso para o clube.

— Muito complexo.

Sorri. Realmente Adão era muito complexo e sua vida era difícil. No fundo eu o admirava.

— Ele gosta de você.

— João, não banca o cupido.

Ficamos calados e continuamos o percurso. Pelo visto não é só minha vida que anda difícil; a da minha irmã também. Há um impasse também.




Capítulo pequeno (e não revisado), mas prometo compensar no próximo.

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