Capítulo 06:
Liz:
- Era da casa do João, mãe. - Exclamei eufórica com o celular ainda na mão. - Me mandaram ir lá agora.
Minha mãe abriu um sorriso. Ela era assim, sempre torcia pelas minhas conquistas e sempre me apoiava incondicionalmente.
- Então vá lá, filha.
- Antes vou dar um beijinho no Lucas. - Falei.
Lucas é meu irmãozinho caçula. A gente é filhos de pais diferentes, mas isso não atrapalha no amor que sinto por ele. Depois que meu pai faleceu, minha mãe teve que assumir as despesas da casa. Então, diante disso, ela passou a trabalhar em uma casa de família rica. Foi nesse período que ela engravidou de Lucas, na época eu era pequena, mas lembro disso. No entanto, mamãe nunca falou comigo abertamente sobre isso. As únicas informações que tenho é que o pai de Lucas, era advogado e bastante rico. O nosso carro e a casa em que moramos foram deixados por ele meio que como herança para meu irmãozinho.
- Aonde você vai? - Perguntou com carinha de sono.
Meu sorriso ficou de ponta a ponta. Eu amo tanto esse garoto.
- Vou trabalhar irmãozinho, mas logo estarei de volta. - Sussurrei acariciando seu cabelinho liso.
Meu irmão é dislexo. Comecei a notar os primeiros sinais quando ia ajudá-lo nas tarefinhas da escola. Ele não era focado, tinha sua fala um pouco ruim e muita dificuldade em nomear a direita e a esquerda. Pedi ajuda a um amigo meu que é psicopedagogo e ele confirmou minhas suspeitas. Depois disso, levei ele a alguns especialistas como neurologista, fonoaudiólogo e psicólogo. Eles descartaram a hipótese de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Enfim, aceitamos e passamos cuidar mais dele e mesmo não havendo cura, estamos firmes com ele no tratamento.
Lucas se levantou e bocejou, coloquei a mão no nariz e fiz cara feia.
- Ruuuuuum! Tem que escovar esses dentes. - Falei rindo.
Ele pulou nos meus braços, gargalhando.
O deixei tomando banho, dei um beijo em minha mãe e saí.
Peguei um táxi e este parou em frente a uma casa extremamente enorme. Paguei a corrida e desci. Toquei o interfone e um homem que suspeitei ser o porteiro abriu o portão para mim.
- Você é a Liz? - Perguntou o homem ali.
Apenas assenti e ele abriu passagem para mim. A casa era enorme: na parte de lado havia uma piscina e em volta um jardim. Deixei meu deslumbramento de lado e fui rumo a casa e uma garota vinha saindo.
- Oi! - Ela falou ao me cumprimentar.
Era a irmã de João: uma garota linda, alta e de cabelos longos.
- Olá! - A cumprimentei também.
- Eu estou de saída, mas meu irmão está te aguardando. - Falou por fim e saiu quase correndo. Na certa, estava atrasada.
O lugar ali era encantador: muitos detalhes chiques, quadros nas paredes, uma escada linda e com corrimão brilhando. Tudo ali era lindo, desde os tapetes de textura grossa no chão ao lustre do teto. Era a primeira vez que eu entrava em uma casa assim. Parecia cenário de novela.
- Senhorita. - Uma voz chamou minha atenção.
Acho que ela notou o meu encantamento. Tudo ali foi perfeitamente escolhido a dedo, como se diz por aí.
- Oi! - Respondi de imediato.
- Eu sou Olívia, a empregada da casa. - Falou a mulher assim.
- Satisfação em conhecê-la. - Me aproximei. - Eu sou a Liz.
Ela assentiu. Olivia era uma mulher muito bonita, aparentava estar acima dos 45 anos, mas mesmo assim, mantinha uma bela aparência.
- Aceita uma água ou suco?
- Não, fico grata. Não precisa se incomodar.
- João está no quarto, logo ele desce. - A ouvia enquanto avaliava os detalhes daquela casa.
Pelo que percebi, Olivia tinha intimidade para com a família
Afinal, ela se referiu a João de forma informal. Fiquei ali na sala um bom tempo até o João resolver aparecer. Finalmente!
João usava uma camisa branca por baixo, um casaco fino por cima e uma calça moletom. Seus ferimentos já quase não eram perceptíveis. Me levantei, ele se aproximou com as mãos no bolso e me pediu para sentar.
Só isso?
Claro que eu esperava mais: tipo um beijo no rosto ou um abraço. Ingênua! Sou apenas mais uma funcionária dele.
- Tudo bem? - Perguntei contente.
Não sei bem, mas ele parecia diferente.
- Sim! - Falou ríspido. - Vamos ao que interessa.
Engoli em seco. De fato ele não era o mesmo cara que eu havia ajudado.
- Você será tipo minha ajudante, sempre estará disponível para me ajudar. Sua remuneração será boa, melhor até que um salário...
- Eu tenho aula no turno da manhã.
O seu olhar parecia que ia me penetrar: era frio e indecifrável.
- Temos um impasse. - Foi ríspido. - Quero você exatamente nesse turno.
E agora?
Eu preciso desse emprego, mas não podia deixar meus estudos.
- Não pode ser a tarde? - Questionei.
- Não! - Rebateu se levantando. - Mas você pode trocar o horário das suas aulas. - Arqueou suas sobrancelhas.
Aquilo na sua fala era desdém?
- Tudo bem. - Me levantei. - Eu posso fazer isso, posso trocar de turno.
Ele começou a sorri, aquilo me irritou.
- Posso saber qual o motivo do riso? - Perguntei.
- Você não precisará trocar de turno, só fiz isso para ver o quão disposta você estava pelo trabalho. - Falou ele.
Confesso que fiquei aliviada.
- Você começa hoje.
- Hoje? - Refutei estarrecida.
- Eu tenho um jantar importante com alguns sócios. Então, quero que me acompanhe. - Falou abrindo uma pasta.
Isso não tem sentido.
- Eu não sei, eu...
- Você agora trabalha para mim, deve obediência. - Ele caminhou rumo a mim. - Aqui está o seu contrato.
Não seria carteira assinada?
- Leve para casa, leia e depois decida se assina ou não. - Ele levantou-se.
- Eu não tenho vestido para ambientes assim! - Confessei.
Ele riu.
- Não se preocupe, minha irmã tem vários.
Eu sorri.
- Às 20:00 horas mandarei um carro para te pegar. - Me avisou. - E segunda-feira eu gostaria que você viesse de manhã, eu não vou ao escritório e você me ajudará com uns processos.
Assenti.
Ele subiu as escadas sem se despedir. Fiquei ali acompanhando cada passo seu até sumir no corredor do andar de cima. Olhei para o contrato em minhas mãos e suspirei fundo: eu tinha uma decisão para tomar.
Peguei minha bolsa sobre o sofá e saí dali.
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- Tem um homem lá fora, ele falou que veio te buscar a pedindo de um tal João. - Disse minha tia com metade de seu rosto na porta entre aberta.
Levantei-me da penteadeira sorridente. Eu havia saído do banho a pouco tempo.
- Que carinha de contente é essa, Liz? - Questionou ela entrando no meu espaço.
O sorriso não se desfazia.
- Eu vou jantar hoje com meu patrão, tia! - Me aproximei dela. - Certo que ainda não comecei a trabalhar, mas vou ser sua funcionária.
Minha tia ficou saltitante.
- Então corra, o motorista já está a espera.
Sem mais delongas, dei um beijo nela e saí do quarto. Eu realmente tinha que correr, pois ainda iria me arrumar na casa se João.
- Volto logo, mamãe. - Dei um beijo na minha mãe que estava sentada ao sofá vendo TV. - E você se comporte, mocinho. - Dei um beijo e acariciei o cabelo do meu irmão.
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- O vestido ficou perfeito em você! - Exclamou Jéssica.
Sorri tímida. Era a primeira vez que eu vestia uma peça tão linda como aquela. Era um vestido longo sem fenda na parte de baixo, e na parte de cima destacava meu colo. Não tinha muito brilho, mas sua cor o fazia se destacar. Já meu penteado era bem básico, cabelos soltos de lado e uma pequena transa.
- Não tenho palavras para te agradecer, Jéssica! - Sussurrei.
- Só me prometa que se divertirá! - Ela passou a mão pelo vestido para evitar algum amasso.
Sorri novamente.
- Eu prometo. - Falei.
Mais um capítulo!
Mais tarde atualizo outro.
Beijos e boa leitura.❤
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