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Capítulo 02:

Liz:

- Parece que um caminhão passou por cima de você, filha! - Comentou minha mãe ao me ver entrar.

Não duvidava disso, o meu semblante deveria estar horrível. Estava extremamente cansada. Tudo o que eu queria era um bom banho e depois caí na minha cama.

- Sem gracinhas, mãe. - Rebati subindo as escadas.

Depois que recarreguei minhas energias, coloquei o celular para carregar e fui jantar.

- Mas você de certa forma correu risco, Elizabete. - Comentou minha mãe assustada sobre o lance com o cara que eu havia ajudado.

- Odeio quando você me chama assim! - Rebati.

A gente estava à mesa, jantando.

- É o seu nome e é...

- Em homenagem a vovó, já sei! - Esbravejei me levantando.

Ficamos em silêncio por alguns minutos. Estava na pia lavando meu prato.

- Escuta. - Ela levantou-se da mesa. - Esse cara aí que você ajudou, ele vai ficar bem?

Parei o que estava fazendo e comecei a refletir. Será que ele ficará bem?

- Não sei, mãe. - Me virei para ela. - Mas estou torcendo que sim.

Minha mãe caminhou até mim e me deu um abraço.

A minha relação com a minha mãe é muito boa. Ela sempre me apoiou e me incentivou nos meus estudos. Sempre compartilhamos informações. É uma forma de uma se apoiar na outra.

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- E você vai ao hospital que horas? - Indagou-me Júlia.

- Estou pensando em ir agora. - Falei.

-Se você quiser, eu vou contigo. - Falou atenciosa.

Assenti e saímos. Era manhã de sábado.

- Obrigado pelo "bolo" de ontem, Liz! - Esbravejou Marcos, meu namorado.

Droga! Esqueci do jantar de ontem.

- Acho que vocês têm muito o que conversar...

- Com certeza temos! - Marcos interrompeu irritado.

- Bem, vou indo. - Júlia me deu um beijo. - Depois a gente conversa.

Ela fez um aceno para meu namorado, mas ele a ignorou.

- Posso saber o que você fez ontem à noite que não foi ao nosso jantar e não atendeu minhas ligações. - Exigiu.

Tudo estava contra mim.

- Meu celular descarregou...

- Inventa outra desculpa, essa é a clássica! - Me fitou ele.

- Ou a gente conversa, ou...

- Ou o quê, Liz? - Ele se aproximou. - Me deixou plantado que nem um idiota e nem teve a decência de me ligar. - Esbravejou com suas mãos na cintura.

Ok! Ele estava com a razão.

- Marcos, eu sei que a gente combinou... mas é que... é que houve um... um imprevisto e...

- E o quê, Liz? - Ele estava quase fora de si. - Por acaso tu tá me traindo?!

Me estarreci e não sei se aquilo foi uma pergunta ou uma acusação.

- Claro que não! - Desviei do seu campo de visão.

- Onde você estava? - Ele me puxou pelo braço.

Seu aperto era forte. Olhei para sua mão envolta do meu braço.

- Se você não me soltar eu não vou contar! - o fitei.

Ele desviou seu olhar do meu e direcionou ao seu aperto sobre meu braço.

- Desculpe! - Sussurrou.

Me recompus.

- Depois que eu saí da universidade, vi dois cara agredindo um rapaz... - Seus olhos estavam em mim. - E aí eu acabei gritando e os bandidos o soltaram... enfim, eu o acompanhei na ambulância até o hospital...

- Sem conhecer o tal cara? - Questionou duvidoso.

- Sem conhecer. - Confirmei. - Quando cheguei em casa, eu tomei um banho, jantei com minha mãe e fui dormir...

- Você se arriscou. - Falou mais calmo.

- Minha mãe falou a mesma coisa.

Ainda estávamos em frente a minha casa.

- E o celular? -Questionou.

- Já te falei, ele estava descarregado. - Olhei para ele. - Eu juro, eu não lembrei do nosso jantar, Marcos. - Me aproximei dele e coloquei minhas mãos sobre seu peito.

Suspirou alto, desviou-se de mim, livrando-se do meu toque com a mão na boca.

O Marcos estuda na mesma universidade que eu, ele cursa engenharia, tem 23 anos e os seus pais tem uma vida financeira muito boa. Meu namorado tem os olhos claros, é loiro e corpo malhado.

- Desculpas, Marcos? - Pedi virando-me para ele, mas ainda estava de costas.

- Só com uma condição. - Disse ele se virando.

- Qual? - Quis saber.

- Você saí comigo agora... sei lá, comer uma pizza. - Falou.

- Agora? - Questionei.

Droga!

- Tem algo de importante para fazer agora por acaso? - Ele foi irônico.

Sorri meio sem jeito.

- Tem? - Insistiu.

- Bem, eu estava de saída para o hospital, ia visitar o rapaz que ajudei. - Falei sorrindo fraco.

- É sério isso? - Perguntou incrédulo.

- Marcos...

- Não acredito que você vai fazer isso comigo? - Resmungou ele.

Acho que estava sendo injusta com ele.

- Está bem, Marcos! Você venceu. - Tentei sorri.

Ele não falou nada, apenas me beijou.

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- Como eu amo pizza com borda recheada. - Falei de boca cheia, mas cobrindo com a mão.

Meu namorado riu.

- Então, como era o cara que você... ajudou? - Desdenhou ele.

Não gostei disso.

- Bom, ele era alto, o tom da pele moreno...

Fiquei refletindo, tentando lembrar mais características.

- Só isso? - Indagou Marcos.

- Acho que devido ao meu desespero e a situação, não reparei bem.

Ele tomou um gole do seu refrigerante.

- E os caras que estavam espancando ele, você lembra de algo deles? -Questionou-me.

- Sabe que não. - Fui sincera. - Apenas que ambos tinham tatuagens.

Marcos apenas assentiu.

Me vieram alguns flashes e então lembrei que um deles tinha o símbolo do cifrão no pescoço na parte de trás. No entanto guardei essa informação só para mim.

O movimento na lanchonete estava calmo, havia poucas pessoas.

Em um certo momento, uma moça ia passando, mas se deteve a nossa mesa.

- Oi, Marquinhos! - Ela se inclinou e deu um beijo no rosto do meu namorado.

Marquinhos? É sério isso?

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