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ᴅʀᴀ. ʜᴏᴘᴇ ᴠᴀʟᴇɴᴛᴇ

- Boa noite, senhorita Valente. - a voz de Willian faz meus olhos encararem o balcão da recepção onde ele está como toda noite, trajado em seu uniforme verde escuro com a plaquinha dourada onde seu nome está cravado.

Os pés em cima do material de madeira e a TV do andar ligada em um jornal qualquer.

- Boa noite, Will. - sorrio para ele que me levanta levemente o boné da mesma cor que sua calça social.

Ouço seu suspiro enquanto o deixo pra trás sem dar importância.

Por ser uma das últimas a sair do prédio do laboratório o elevador chega mais rápido quando peço. O dia foi longo, o trabalho de uma biomédica é árduo e sinceramente, as vezes, penso em tacar tudo pro ar e ir pro Brasil vender missangas nas praias nordestinas ouvindo um bom reggae.

Um dia, talvez.

William pisca pra mim quando entro no elevador e lhe lanços um olhar desdenhoso, o cara atés que é conservado, mas não faz meu tipo.

Sozinha e com uma câmera em cima da minha cabeça penso em chegar logo em casa, tudo o que eu quero é tomar um relaxante e quente banho de banheira enquanto degusto um bom vinho Carmin de Peumo Carmenere, porém tenho que terminar algumas análises para a pesquisa que, há alguns anos, venho desenvolvendo.

Carrego comigo desde minha adolescência uma ideia, mas sempre que comentava com adultos, e mesmo com meus amigos e colegas, eu era chamada de louca, maluca ou criativa demais, entretanto agora que eu cresci tenho a oportunidade de mostrar que, não, eu não era louca, maluca e que eu até poderia ser criativa, mas que isso não era fantasia.

Assistindo o Animal Planet, e depois de tanto ser zombada, aprendi que trabalhar no silêncio é a fórmula pra vitória, nenhuma presa escapava com facilidade de um puma por ele ser silencioso.

O som suave do elevador soa e as portas se abrem, os meus passos ecoam pela recepção principal do prédio e logo o som dos meus passos ecoam pelo ambiente.

- Boa noite, senhorita. - despercebida, acabo assustando com a mulher que me cumprimenta.

Abro um pequeno sorriso e a a saúdo com a cabeça.

- Boa noite. - minha voz soa abafada enquanto passo por ela, o efeito do susto ainda passando pelo meu corpo com um arrepio.

Ela fica pra trás, mas sinto seus olhos queimarem minhas costas e, por algum motivo, isso me incomoda.

Olho pra trás quando passo pelas portas automáticas, mas já não a encontro em canto algum do hall, só então percebo que eu nunca tinha visto aquele rosto por aqui.

Franzo o cenho e volto meu olhar para o chão de concreto a minha frente, o sol já não brilha mais e o céu está repleto de nuvens escuras, apresso meus passos pela calçada e alcanço meu Audi que, estranhamente, é o único carro da rua.

Olho para os lados sentindo de repente uma sensação estranha permear meu corpo, há algum tempo venho tendo algumas sensações diferentes, como pressentimentos, mas o que sinto agora é diferente como se estivesse sendo observada e meu subconsciente tentasse me alertar.

Mais um arrepio corre meu corpo e com ele eu me lembro daquele dia, abro a porta de trás e coloco sobre o banco de couro bege minha caixa de isopor revestida por alumínio.

Depois que a fecho meus olhos correm pela área mais uma vez, meu corpo pinica e tenho a forte necessidade de sair daqui, mas tudo que eu vejo são prédios e ruas aparentemente vazias.

Solto um suspiro fraco após abanar a cabeça percebendo o quanto tudo isso pode ser decorrente ao trauma.

- Deixe disso, Hope. - zombo de mim ao perceber o quanto meu corpo reage ao nada.

Aperto o blazer em meu corpo e sigo para a porta do motorista, assim que fecho a porta e coloco minha Prada, que paguei em quinze vezes inclusive, meu celular começa a tocar e pela primeira vez em muito tempo o toque do iPhone não me fez querer jogá-lo longe.

Ligo o carro, engato a primeira marcha e saio da vaga, com a mão direita alcanço o aparelho, que ainda toca, no bolso de fora da bolsa e atendo sem olhar para o identificador de chamada.

Alô

Pode falar?

Sorrio ao ouvir a voz de Kaleb, meu único e mais novo irmão e abaixo o volume da música que começou a tocar.

Posso, estou indo pra casa.
Que bom que ligou, estava com saudade.

Ouço ele sorrir e permaneço sorrindo enquanto tento encaixar o celular no suporte do carro ao mesmo tempo que viro uma rua.

Coloca no viva-voz então, não dirija com o celular na mão, por favor.

Claro irmãozinho.

Rio suavemente com sua forma de cuidado intensa, Kaleb sempre fora cuidadoso, mas se tornou ainda mais depois que se foi pai pela primeira vez e depois que eu fiquei famosa por causa do meu objeto de pesquisa.

Agora diga o motivo da ligação, está tudo bem com a Lissa, com o bebê e com a Tessa?

Como se querer saber como você está não fosse motivo pra te ligar.

Reviro meus olhos com um riso nasalizado.

Eu ainda estou viva.

Não brinque com isso, não duvido da maldade dos homens de hoje, ainda mais depois daquela vez.

Seu suspiro toma conta da minha mente e me remete ao dia do quase sequestro, meus olhos voam em direção ao retrovisor e meu coração dispara quando vejo um carro atrás do meu.

Minha boca seca e eu sinto a respiração parar, os olhos presos no carro detrás.

Mas as minhas meninas e o meu garotão estão bem.

Num minuto olho pro celular e no segundo seguinte não existe mais carro, pisco algumas vezes, mas tudo que eu vejo pelo retrovisor é a rua vazia e eu não sei se isso melhora ou piora meu estão psicológico.

Hope?

Oi! Desculpe, eu me distrai com o trânsito.

Minto virando mais uma rua notando que o bairro inteiro está deserto, está estranho demais pra ser normal, há cinco anos dirijo por essas ruas e elas sempre foram movimentadas.

Tudo bem aí?

Tudo, continue, o que você dizia?

Ah, o médico recomendou que Lissa ficasse em repouso pelas próximas semanas, disse que apesar do sangramento o bebê está bem.

Que bom, fico feliz com isso.
Estava preocupada com ela e com meu príncipe.

Estávamos também, mas agora está tudo bem. Temos alguma novidade por aí?

Nenhuma e por aí?
Falou com a mamãe?

Não consigo evitar a ironia ao pronunciar a palavra que usei poucas vezes pra me referir àquela mulher.

Sim, embarcou em um cruzeiro mais cedo.

Levei minha mão em direção ao rádio e aumentei um pouco, minha playlist preferida no Spotify do Aerosmith começara a tocar.

Por que isso não me deixa surpresa?

Odeio o modo como essa mulher continua a ferir meu irmão mesmo sendo tão ausente, o pior é que é justamente isso que mais o machuca, e o que mais me infurece é que ele sempre está lá pra ela, mas ao contrário do que Kaleb merece, ela nunca está lá pra ele.

Certo, eu não quero me meter no meio da briga de séculos de vocês.

Sua voz é amena e eu suspiro sentindo minha raiva crescer por aquele ser humano de merda.

Isso é crazy?

Isso, não.
Essa música é um hino, e sim, é.

Deixa de ser velha.

Sorrio com sua fala e com a imagem dele franzindo o cenho e crispado o nariz sardento.

Cala a boca, fedelho.

Você tem sorte d'eu ser seu irmão. Mas aí, eu liguei pra saber se pode vir almoçar amanhã aqui em casa.
É sábado e você pm tempinho do seu trabalho não remunerado.

Eu sorrio, tem uma pequena lista de pessoas nas quais eu daria minha vida, e meu irmão, caçula por apenas dez meses, está empatado no primeiro lugar com meu pai

Isso foi uma ameaça? Pois eu vou amanhã só pra esfregar minha mão na sua cara, eu sou a mais velha aqui.

Ele ri e eu me divirto com seu tom.

Mas me diga, é um almoço formal ou simples?

Não, é algo simples, só virão os mais íntimos.

Da última vez que ele me disse isso tive que pegar um vestido com Lissa, não sei se confio nele.

Tenho que ligar pra minha cunhada.

Tudo bem, que horas eu tenho que estar aí?

Meus olhos atentos e talvez um pouco desesperados relaxam quando chego na avenida movimentada, cercada por outros carros, ouvindo-os e vendo pessoas caminhar pelas calçadas a a sensação estranha se dissipar.

Raquel e Ivone que farão o almoço, então não precisa vir pra ajudar.
Combinei com o pessoal onze horas, se quiser pode chegar por esse horário, o almoço será servido ao meio dia.

Em ponto?

Faço careta, mas rio quando ouço o riso dele.

Qual o problema de vocês que sempre escolhem as horas redondas?

Qual o seu problema com as horas redondas?

Eu não sei, mas acho que é porque nunca consigo estar pontualmente nos lugares.

Mas isso acontece mesmo quando não é hora redondinha.

Acho que me remete a perfeição também, ah, não sei, eu só não...me simpatizo.

Ele ri e eu saio da avenida para pegar a pista pra minha casa.

Eu te amo por isso, porque você é perfeita nas suas imperfeições.

Aaah, que que é que você quer, Kalebinho?

Não me chame assim!

Eu também amo você, maninho.

Eu sei, eu sempre fui amável.

Não se gabe.

Estou te esperando amanhã.

Eu vou.
Convidou o papai?

Claro, bem, ele disse que vem, vai trazer a Floris.
Tessa está louca para vê-lo, ontem mesmo estava só no "bobô".

Adoro o fato de como ela xinga ele e o cara se derrete.

Rio com meu irmão me lembrando da minha pequenina princesa bochechuda, estou com saudades.

Tudo bem, o que eu levo?

Um dos seus vinhos?

Sua voz soa sugestiva e ao mesmo tempo pedinte, eu semicerro os olhos.

Não toque no meu ponto fraco, no mínimo eu teria que desembolsar dois vinhos da minha adega.

Não reclame, a cada mês você compra dois, provavelmente tem mais vinhos que eu.

E desde quando isso se tornou uma competição pra ver quem tem mais?

Obrigada maninha, eu sempre soube que você tem um ótimo coração.
Certeza que num futuro próximo se tornará a maior filantropa que esse mundo terá.

Não seja cínico, garoto!

Reclamo e ele gargalha.

Huum, ouviu?
Lissa está me chamando, eu tenho que ir.

Lissa, né?
Sei...

Te amo, irmã.
Dirija com cuidado e...
Ah, tenho que conversar contigo amanhã, arranjei uma coisa pra você.

Como assim você diz isso prestes a desligar?

Até amanhã.

Kaleb, me diga já o que é.

Vai com cuidado.

Kaleb, não estou brincando.

Te amo.

Estou falando sério, desgraçado.

Vou desligaar...

Não ouse desligar...
na minha cara.

Termino a frase assim que a chamada é finalizada e xingo meu irmão internamente.

- Pirralho. - piso no acelerador já me aproximando do condomínio onde moro.

Morar um pouco afastada do centro nunca foi um problema pra mim, até porque não há nada de ruim em morar na casa que herdara do meu avô pelo meu pai, como a que Kaleb vive em Lindcity.

As ruas do condomínio também estão vazias, mas dessa vez não estranho, isso é rotineiro.

Antes mesmo de parar em frente ao meu portão aperto o botão do controle remoto que o abre e entro com meu carro.

Sigo pela entrada de pedras cercada por gramados, no centro um chafariz pelo qual faço a rotatória para estacionar em uma das vagas a céu aberto.

Jamais conseguiria pagar o aluguel de um lugar como esse, eu chamo de casa, mas o consultor de imóveis que pediu para visitá-la avaliou o lugar por mais de quatrocentos mil.

Desligo o automóvel, pego meu celular e minha bolsa, saio após abrir a porta. Guardo o que tinha nas mãos dentro da Prada para pegar minha maleta no banco de trás.

- Enfim, em casa. - suspiro enquanto travo o veículo.

Dou as costas para ele e sigo em direção a enorme porta preta, originalmente ela era marrom, a cor da madeira da qual é feita, mas como a casa é bastante antiga tive que pagar uma reforma e essa foi uma das coisas que mudou.

Ao lado da porta tem duas janelas altas de vidro opaco, no chão um tapete com a escrita welcome, eu quis pôr mesmo que não receba visitas frequentemente.

Eu sou uma mulher ocupada.

Não, isso é só uma desculpa pra verdadeira resposta que é: eu não gosto de gente sujando a minha casa, andando com sapatos em cima dos meus tapetes claros, sujando minhas louças que eu não tenho faxineira pra lavar e bebendo meu chá pra depois falar mal de mim pelas costas.

Fecho um pouco forte demais e aperto os olhos contra as pálpebras pega pela surpresa do som altinho, tranco a passagem e suspiro.

A luz sensorial já está acesa e eu me aproximo do aparador aonde deposito minhas chaves e a bolsa, logo me abaixo para tirar meu tênis e o blazer que penduro no cabideiro.

Abro a bolsa para pegar meu celular e aperto o botão da caixa de mensagem.

Hope, eu preciso que você me atenta.

Rio da frase de Margot, a mesma que mandou por mensagem de texto no whatsapp mais cedo, já até conversamos.

Caminho para a cozinha, meu estômago ronca, mas estou com preguiça de preparar alguma coisa.

- Acho que vou pedir uma pizza. - penso alto enquanto mais um recado termina.

Querida, aqui é seu pai.
Flora não anda muito bem, te liguei mais cedo pra saber se você não pode arranjar um tempo para vir vê-la, sabe como é, ela gosta da sua companhia.
Me retorne.

Pego uma garrafa de água com o coração preocupado, na outra mão o celular já desbloqueado e meus olhos procurando pelo chat do meu pai.

Hope, por que você não me atende?
Por que está fazendo isso comigo?
Atende essa merda de telefone, droga.

Meu estômago embrulha quando ouço a voz de Sebastian e agradeço quando seu recado termina.

Já dura meses essa palhaçada e eu sinto falta das semanas em que ele me deixou em paz e não quis ser a vítima da merda toda.

Me concentro em mandar uma mensagem pro meu pai e ignoro o restante dos recados, quando finalizo abro a garrafa de água e viro um gole na boca.

Mais uma vez ouço meu estômago roncar e rio desgrudando meus lábios da boca da vasilha.

- Ok, ok, não vou enrolar mais. - me rendo e disco o número que já sei de cor.

Pizzaria Donatello, boa noite.

Oi, boa noite.
Eu quero uma de pepperoni.

Pra qual endereço?

Toledo West, 340.

Em alguns minutos chegará aí.

Tudo bem, valeu.

Desligo a chamada e fecho a garrafa, desço do banco e caminho até minha maleta ainda no chão do hall, eu a pego e vou em direção a porta que leva ao porão, ou melhor, ao meu laboratório particular.

Digito a senha e quando a porta destrava eu entro, ascenso as luzes, desço as escadas.

Coloco o isopor sob o balcão, e me afasto para pegar luvas na primeira gaveta da direita do mesmo balcão, após estar com as mãos revestidas pela borracha que deixa meus dedos ressecados e vermelhos, abro a caixa e tiro os frascos de veneno de diversas cobras e os coloco no refrigerador A, repito o mesmo processo com os de amostra de sangue, mas dessa vez os guardo no refrigerador B.

-AB... - separo o frasco de sangue - O positivo... - resmungo colocando os tubo de ensaios lacrados nas estantes apropriadas.

Quando termino fecho a geladeira e a caixa a colocando em cima da minha mesa.

Com a pesquisa científica consegui licença para manipular e manter em casa esses produtos, faz alguns anos que estudo a mutação do sangue humano quando em contato com o veneno de um réptil, meu objeto de estudo é voltado ao veneno das cobras.

- Underere, rererere, ubarabada, badaba unaue, unredegunde, degunde, degunde. - cantarolo pegando no armário planejado uma estante para tubos de ensaio e o coloco no balcão de pedra.

Ajeito o microscópio no balcão e então caminho até a geladeira C aonde armazeno as misturas, e separo as que fiz há um tempo as colocando no suporte.

Hoje faz exatamente um mês que fiz a mistura e preciso comparar resultados para fazer uma análise e escrever um relatório que apresentarei para alguns membros da assembleia de biomedicina daqui algumas semanas.

Na mesma gaveta das luvas pego um óculos de proteção e na de baixo um contador de gotas e lâminas de vidro para o microscópio.

Com tudo pronto abro o primeiro tudo de ensaio que carrega uma etiqueta azul na frente com a escrita AB+/C, que significa que o tipo sanguíneo AB positivo está misturado com o veneno da cobra coral.

Pingo duas gotinhas na lâmina transparente e ajeito no microscópio, após alguns minutos tenho um sorriso crescente nos lábios pelo resultado que vejo, o sangue se mutou, eu vejo, mas ainda tem muitas coisas que eu não consigo entender nessa transformação pra compreender por inteiro a mudança.

Pelo microscópio observo que os glóbulos vermelhos se romperam quase todos e os glóbulos brancos se multiplicaram, estão maiores e pelo que posso deduzir, mais fortes.

- Legal. - alcanço meu celular e tiro foto.

Logo após tiro a lâmina e pego outra, pingo mais duas gota do segundo frasco. Esse, diferente dos outros, se trata de uma amostra de DNA do mesmo doador e veneno da mesma cobra.

Ansiosa levo para o microscópio elétrico, foi com um desse que em 2012 fotografaram pela primeira vez uma fita de DNA.*

Com um pouco de dificuldade consigo achar uma hélice, mas só vejo uma fita e meia.

Me afasto e franzo o cenho, mas volto a me aproximar para olhar mais uma vez.

Normalmente temos duas fitas completas no nosso DNA e se isso não ocorre temos uma criança com deficiências no forninho.

Mas olhando pra essa experiência posso dizer que tenho algo fantástico para descobrir e que não vai demorar nadinha.

DINDOOON

Olho para as escadas assim que escuto a campainha

Minha pizza.

Tiro as luvas e o óculos de proteção, subo as escadas rápido quando a campainha é apertada pela segunda vez.

- Já estou indo. - digo alto caminhando até a porta com expectativas altas.

É incrível como a fome nos transforma em seres ansiosos.

Quando abro sinto uma enorme decepção e uma vontade ainda maior de fechá-la de novo e com bastante força, é isso o que eu vou fazer, porém o crápula a segura.

- Podemos conversar, Hope? - pergunta e eu seguro o impulso de fechar a porta em seus dedos. - Eu gostaria de pedir desculpas... - dispara e ganha todo o meu desprezo.

- Não estamos no colegial Sebastian, você tem trinta anos e eu vinte cinco, acho que na nossa fase não cabe um pedido de desculpa pra um erro tão grande. - falo ríspida - Se me der... - ele me interrompe com falsas lágrimas nos olhos.

- Eu cometi um erro... - reviro meus olhos enjoada com seu discurso barato e falsificado.

- Não, você fez uma escolha. - forço mais uma vez a porta, e dessa vez ele enfia a lateral de seu corpo pela fresta.

- E o que você quer que eu faça, Hope? Não irei me ajoelhar e beijar seus pés. - encaro seu rosto no qual enxerguei beleza um dia, mas tudo que sinto agora é indiferença.

- Poupa-me tempo e saliva, nunca pedi nada pra você. - vejo ele as rasas lágrimas - Aliás eu nunca aceitei nada que veio de você depois daquela noite e nem pretendo aceitar. Agora a única coisa que eu quero é que saia da minha residência e esqueça que um dia eu fiz parte da sua vida.

- Hope não é assim... - sua feição se contorce em arrependimento, mas eu não me permito cair em suas enganações de novo.

Com o tempo eu descobri que é só fachada, o que Sebastian tem dentro de si é só amor próprio e zelo em cumprir com seus desejos.

- É assim sim, não quero saber de você com desculpas pra cima de mim, teve sua chance, aliás duas e você cagou em cima duma e limpou a bunda com a outra. - forço a porta mais uma vez e dessa eu consigo fechar.

Não hesito em pegar meu celular na bolsa e ligar para o departamento da policial especial que cuida da segurança do meu bairro por ser de alta classe.

Boa noite, eu preciso de ajuda.

Digo no mesmo instante em que Sebastian grita meu nome é depois uma série de palavrões.

O que está acontecendo, senhora?

Um homem invadiu minha residência e insiste em bater na minha porta, eu moro sozinha e já estou ficando angustiada.

Explico girando a chave mais algumas vezes antes de mirar as portas dos fundos.

Tudo bem, vou solicitar uma patrulha, qual o nome da sua rua e o número da sua residência?

Toledo West, 340

Certo, fique dentro da sua casa e não tente falar com o indivíduo. Ele pode estar bêbado e, às vezes, ocorre do sujeito ficar agressivo. Fique longe de janelas

Quando desligo o telefone retorno para o porão, fecho a porta e a travo por precaução.

Eu e Sebastian namoramos por longos seis anos, terminamos após ele me trair por não conseguir esperar o meu tempo.

Bom, mulher nenhuma deve se submeter à alguém forçadamente e então não me senti culpada quando ele lançou sobre mim acusações, mas também mentiria se dissesse que não sofri.

Depois de um tempo sem nos vermos e até mesmo falarmos, ele entrou em contato de novo se dizendo arrependido, no entanto a única coisa da qual eu não me arrependo é de tê-lo deixado.

Me assombro quando olho para o balcão, todo o sangue do tubo de ensaio transbordou formando uma poça embaixo do suporte e ainda borbulha como se fervesse.

O mesmo aconteceu com a amostra de DNA, ela borbulha.

Caminho em choque até o microscópio, na amostra da lente também há bolhas, mas além delas não há mais nada.

Nem um sinal da hélice, nem metade de uma fita, nada.

Sem entender o que aconteceu troco as lâminas, olho agora para o sangue e vejo que os glóbulos brancos se multaram de uma forma tão rápida e bizarra que eu não consigo acreditar.

- Como isso é possível? - sibilo assombrada

Isso nunca aconteceu então não sei a qual conclusão chegar, faço algumas observações em meu caderno e tiro algumas fotos do líquido transbordado para armazenar.

Vou até meu quadro de vidro e colo as fotos instantâneas.

O que gerou essa reação?

Escrevo ao lado das fotografias, logo depois tiro uma foto e envio para minha amiga também pesquisadora, mas não da mesma área que eu.

_acho que descobri algo novo._

Volto meus olhos para o balcão e temendo perder o que sobrara das misturas deixo o celular de lado e avanço sobre elas para guardá-las.

Mais uma vez levo meu olho até a lente do microscópio e observo as bolhas que ainda fervem. Enfio o celular no bolso e sigo para a geladeira.

Preciso reproduzir isso, preciso descobrir o que gerou essa reação.

Tiro a lâmina usada e pego mais duas limpas, dois novos conta gotas e, quando tudo está separado, sigo para a geladeira afim de pegar os tubos de ensaio, porém para linha surpresa quando abro o refrigerador as misturas estão estabilizadas e apenas algumas bolhas permanecem nas beiradas dos líquidos enfeitando as paredes do vidro.

- Mas... - alcanço curiosa os recipientes e os aproximo de meus olhos. - O que está acontecendo?

Os levei até o balcão e pinguei gotinhas nas lâminas, apesar da mistura ter voltado ao normal o resultado ainda era o mesmo depois da reação.

Nenhuma fita de DNA e o sangue repleto de glóbulos brancos assustadoramente fortalecidos, os glóbulos vermelhos são pequeniníssimos perto dos brancos e então percebo, a cor também mudou, está mais clara.

Ainda atordoada ouço a campainha novamente, olho em volta, mas sem opção sigo para a porta.

Subo as escadas e libero a passagem com o PIN, enquanto caminho pelos cômodos imagino ser a polícia, mas não minto, também quero que seja minha comida.

- Boa noite... - vejo o homem olhar rapidamente para minha mão e depois para o meu rosto. - senhorita.

Está fardado e por isso não me sinto ameaçada, atrás dele brilha as luzes da viatura, Sebastian está no chão sendo algemado enquanto diz coisas incoerentes.

- Tivemos que usar o taser. - volto a olhá-lo, mas o policial também olha para o peso morto no chão. - Quando nos viu ficou violento e partiu para cima de um dos nossos. - explica virando-se para mim com um sorriso sutil nos lábios.

- Me sinto menos compadecida do que você. - murmuro sentindo um cheiro bom que vem da caixa que ele segura.

Agora sim, minha pizza.

- O entregador pediu para que lhe entregasse isso. - me estende a entrega. - Fica por nossa conta. - olho pra seu rosto inexpressivo e por um momento penso já conhecê-lo de algum lugar.

Ele sorri parecendo ler meus pensamentos e então aponta com o polegar para trás.

- Vamos levar o sujeito para a delegacia, pode fazer queixa se quiser. - sua voz soa divertida e eu me pego o analisando. - Ele responderá por desacato as autoridades de qualquer forma. - dá de ombros mirando meu rosto.

- Obrigada. - agradeço com a sensação de reconhecê-lo no subconsciente, mas decido não perguntar, pois posso tê-lo encontrado em muitos lugares e não estou afim de permanecer na porta da minha casa vendo e ouvindo Sebastian gritar futilidades enquanto seu rosto é pressionado contra minha grama.

Nem que isso renderia com uma bela pipoca e coca.

- Recomendo que entre e tranque a porta, mas antes disso... - sinto seus olhos me analisar, já eu permaneço com os meus no meu ex, é mais confortável vê-lo ali do que olhar para os do estranho reconhecido. - Abra o portão pra que passemos, por favor. - pede e foco seu rosto tendo a certeza de que sim, eles tiveram que pular o portão.

Totalmente incomodada assinto, agradeço mais uma vez sentindo a massa quente transferir seu calor para a caixa que aquece minha mão e então me despeço. Fecho a porta e a tranco, viro-me de costas para ela e ainda consigo sentir a presença daquele policial ali, bem na minha soleira.

Abano a cabeça e destranco o portão apertando o botão do interfone.

Momentaneamente sem fome, deixo a caixa sobre o balcão e volto para o porão.

- Oh. - exclamo quando mais uma vez encontro as mistura em plena reação.

Caminho depressa até elas e toco com o indicador o vidro, quente, como uma pessoa com febre.

Pego a caneta e anoto essa observação na folha e me volto para os vidros.

Espalmei minhas mãos na borda do balcão e encarei os tubos repassando o processo de análise na mente.

- O calor! - murmuro após um insight. - Mas é claro, o calor é a causa da reação.

Eu tirei da geladeira, e deixei por um tempo em contato com a temperatura ambiente, sim!

É isso, aconteceu duas vezes seguidas.

Talvez seja assim que funciona no corpo humano, ao ter contato com o veneno o sangue é multado pelo calor humano.

Deixo o balcão e caminho até minha mesa, abro meu notebook e faço anotações sobre as análises e carrego as fotos no relatório.

Finalmente algo novo depois de meses quebrando a cabeça.

Sei que a maioria das pessoas morrem ao serem picadas por determinadas cobras, como a Viper Russell, seu veneno é tão perigoso que estudos comprovaram que apenas uma gota solidifica o sangue em poucos segundos.*

A chance de sobreviver a cobras desse escalão são muito baixas, alguns consideram milagre, uma nova chance do universo, mas eu acredito que quem sobrevive à picada tem seu sangue modificado pelo veneno fazendo a pessoa ser naturalmente multada, tornando-a fisicamente mais forte e possivelmente imortal.

É isso o que eu estudo, mas até onde isso pode ser real? por que até então nunca se ouviu relatos de pessoas imortais pela mutação de uma picada.

Claro que existem outras perguntas do tipo: o veneno de todas as víboras podem alavancar a imortalidade em alguns organismos?

Não tenho uma resposta ainda, mas acredito que sim.

Por alguns minutos eu permaneço encarando a tela do computador como se dela pudesse sair as respostas que eu preciso, mas meu estômago ronca e eu faço uma careta.

Preciso comer.

Salvo o documento e abaixo a tela do notebook, arrasto a cadeira e me levanto. Vou até o balcão para começar a limpeza, pego as lâminas e lavo com ácido para depois jogá-las no lixo especial.

Toda semana a empresa que eu contratei, que cuida de lixos infectantes, vem buscar meus saquinhos.

Limpo os tubos de ensaio e os guardo no refrigerador, limpo o microscópio e depois a pia.

Ainda imersa nas minhas novas descobertas me lembro da Ashy, ela foi picada por uma cobra cabeça de algodão e sobreviveu, na quarta vou me encontrar com ela para uma entrevista.

O veneno dessa cobra causa o que chamamos de coagulação intravascular disseminada, ou seja, causa uma intensa hemorragia, se não socorrida a pessoa sangra até a morte.*

A mulher entrou em contato comigo a mais ou menos uma semana e apesar de não nos conhecermos pessoalmente ela estava animada para colaborar, doará 200 ml de seu sangue para as pesquisa.

Logicamente tenho um advogado pra cuidar da parte burocrática que existe no meio de tudo isso, tudo o que faço é totalmente legalizado e apoiado pela assembléia de biomedicina.

Não gosto das cobranças e pressões que vem da mídia por liderar essa pesquisa, mas existe o lado bom de estar sob o olhar de todos, e disso meu pai é Kaleb discordam sem pestanejar.

A mulher de 54 anos me conheceu por meio de um artigo online, não é a primeira vez que meu nome sai em manchetes escandalosas de várias jornais locais, e estaduais.

- Biomédica concebe pesquisa para o caminho da imortalidade. -

- Pesquisadora Longcity, a biomédica Hope Valente, estuda a possibilidade de mutação sanguínea que leva a imortalidade por veneno de víboras. -

- Doutora Hope Valente, discute sobre a possibilidade de uma sociedade imortal. -

- O mundo imortal existe e nunca esteve tão perto, segundo as pesquisas da biomédica, Dra. Hope Valente, teremos uma sociedade imortal em breve. -

E por ai vai, são várias manchetes hiperbólicas que geram as vezes o caos na mente das pessoas.

Quando Ashy entrou em contato comigo e contou sua história eu fiquei fascinada, é impossível uma pessoa se recuperar sem ter pelo menos 1% de mutação.

Porém, o lado ruim da exposição não é saber que o que estudamos pode revolucionar o mundo, mas sim os perigos que ela pode trazer e o que ela gera nas pessoas.

O medo da sociedade de viver a vida como ela é, o medo de morrer, deixar os bens, ou até mesmo o companheiro, não por amor, mas por não suportar a ideia de ser substituído.

Já recebi propostas milionárias para vender a fórmula assim que a confirmasse, as pessoas de hoje são doentes e nem sabem.

O ser humano não foi feito pra ser imortal, deve ser por isso que nem todos se recuperam de uma picada.

Como pesquisadora não estou trabalhando para levar mais uma fórmula milagrosa para o mercado estético e sim para provar que é possível.

Existem duas coisas bem distintas ser possível e ser viável, entre essas duas palavras existe um abismo.

É possível a imortalidade, mas não é viável o caminho para adquiri-la.

Eu trabalho solo nessa façanha, pois quando tudo for posto à pratos limpos não quero ter que concordar em vender o produto para manter a vaidade exacerbada de algumas pessoas.

Diferente do que muitos pensam e falam de mim, eu não defendo a existência de criaturas sobrenaturais, até porque eu não acredito nisso, sem vampiros, lobisomens ou qualquer coisa do gênero.

Isso é coisa pra viciado em Crepúsculo, convenhamos.

Quando está tudo limpo e organizado eu subo deixo o porão após descartar luvas, guardar o óculos, retirar o sapato de borracha e o jaleco.

Tudo que eu penso agora é acabar com aquela pizza e tomar um bom vinho.

ʜᴇᴇʏ,

ᴇsᴘᴇʀᴏ ǫᴜᴇ ᴏ ᴘʀɪᴍᴇɪʀᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ ᴛᴇɴʜᴀ ᴅᴇɪxᴀᴅᴏ ᴠᴏᴄês ᴄᴏᴍ ɢᴏsᴛɪɴʜᴏ ᴅᴇ ǫᴜᴇʀᴏ ᴍᴀɪs.

ɴãᴏ ᴇsǫᴜᴇçᴀᴍ ᴅᴇ ᴅᴀʀ ᴀǫᴜᴇʟᴀ ᴀᴊᴜᴅᴀ ʙᴀᴄᴀɴᴀ ᴄʟɪᴄᴀɴᴅᴏ ɴᴀ ᴇsᴛʀᴇʟɪɴʜᴀ.

ᴠᴀʟᴇᴜ ɢᴀʟᴇʀᴀ!

ᴍúsɪᴄᴀ ᴅᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ: ʟɪᴋᴇ ᴛʜᴀᴛ - ʙᴇᴀ ᴍɪʟʟᴇʀ

ᴅɪsᴘᴏɴíᴠᴇʟ ɴᴀ ᴘʟᴀʏʟɪsᴛ ᴅᴏ ʟɪᴠʀᴏ ɴᴏ sᴘᴏᴛɪғʏ, ʟɪɴᴋ ɴᴏ sᴇɢᴜɴᴅᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ.

ᴏ ᴀᴜᴅɪ ᴅᴀ ᴅᴏᴜᴛᴏʀᴀ

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