ᴀ ɢʀᴀɴᴅᴇ ɴᴏɪᴛᴇ - ᴘᴀʀᴛᴇ 2
- Pai! - Michel profere com clara admiração na voz, ele o adorava.
Para mim era um absurdo sentir admiração por alguém cuja alma era escura, mas no fim Michel também era como o pai, um corrupto desumano.
- Era pra estar aqui mais cedo. - cobra com um sutil sorriso.
Ele conteve ao meu lado, não abraçou o pai, seu braço ainda circundava a minha cintura, agora, com tensão.
Eu sentia ela, de Michel emanava apreensão, nervosismo.
Se não fosse trágico seria cômico.
A conclusão de que ele, um ser deplorável, imune a empatia, amor ou qualquer outro sentimento benevolente, temia o pai me fez questionar quem eu estava encarando.
Abaixo meus olhos assim que a penumbra do medo recai sobre mim.
Aqui não Hope, seja forte.
- Eu sei, mas infelizmente houve um imprevisto. - explica-se e seus olhos correm para o vampiro atrás de nós - Olá Lee, como vai? - pergunta sereno.
Era perturbador sentir a sua calmaria, preferia ver seu sorriso macabro e o olhar maligno do que vê-lo parecer tão normal, apesar ter ouvido sobre quem ele realmente era.
Deve ser assim que as humanas caem em sua redes mortais, porque a beleza nele também era existente, espalhafatosa, extravagante.
Seus cabelos levemente grisalhos dava a ele um ar sexy de pai conservado, seu corpo emoldurado pelas vestes revestidas de ouro, mais que a de Michel, parecia muito bem cuidado.
É claro, estávamos falando de um vampiro.
Todos pareciam muito bem moldados, com a exceção de Rob, o gorducho.
Sempre tem um do grupo.
- Muito bem, senhor. - o aliado faz uma reverência com o corpo. - Com licença vou pegar uma taça de sangue. - parece tão nervoso quanto Michel.
Era isso o que ele era, espécie de rei, imperador, líder, sei lá.
- Não vai me apresentar? - questiona quando o silêncio se instala por segundos, tempo demais para ele aparentemente.
Seu olhar indecifrável recai sobre mim e uma torrente de arrepios inundam meu corpo me fazendo sentir o alvo.
A presa.
- Claro, essa é Evangeline, minha noiva. - se apressa em colocar a mão em minhas costas e me empurrar em direção perigo.
Em direção ao predador.
- Noiva humana? - sorri pela primeira vez, Michel parecia ter lhe contado uma piada, seu sorriso era zombeteiro.
Chamava o filho de idiota implicitamente.
Michel se mantém calado após assentir, Platon se aproxima também e a mão do meu noivo desce de volta para minha cintura me puxando pra junto de si.
Nós sabíamos que eu corria risco ali, se Platon quisesse me matar nem ele poderia fazer nada.
O vampiro mais velho me avaliava com cuidado, desejava que ele nunca tivesse posto os olhos em mim ou que os meus nunca tivessem encontrado com os deles porque agora...
Agora eu estava presa em seu olhar hipotermico.
- Eu te dei tantas opções. - falou civilizadamente pro filho ainda com os olhos em mim - Te apresentei a tantas vampiras fantásticas e com grande poder e influência no mundo e em Lórion, mas você quis ficar com uma humana insignificante Michel? - conclui voltando seus olhos pro filho.
Não, ele não ia me rebaixar na frente de todos.
Eu não permitiria, mesmo que tivesse que defender Michel pra ter a minha honra intacta.
- Com licença senhor, com todo respeito, é uma afronta que se levante dessa maneira contra seu filho no dia da posse dele. - aponto sem hesitar sob o olhar, agora, voraz do vampiro - Enquanto o senhor se prostituia, engordava e mandava as mulheres que comia pro inferno, Michel estava aqui cuidado para que nada saísse do controle com uma humana insignificante ao seu lado. - cuspo em tom baixo.
Estava surtando por dentro.
- Quem você... - esbraveja com dentes trincados, seu tom continuava baixo, mas enfurecido.
- Eu ainda não acabei. - o corto sentindo raiva borbulhar dentro de mim - O meu papel nisso, além de alimentá-lo, é estar presente e apoiar suas decisões, o que o senhor não fez, e não faz nem como pai, nem como líder de Lórion. - acuso dura sabendo que talvez, talvez, eu me arrependesse quando visse as consequências.
Faltava pouco para a mão de Michel perfurar minha cintura, ele apertava forte, em choque, atônito.
Estava doendo pra caralho esse foi um dos motivos pra eu calar a boca e porque meu tronco começou a formigar.
Foi então que a face do vampiro se transformou em um semblante furioso, um som gutural saiu de sua garganta e ele deu um passo na minha direção.
Michel se põe a minha frente, nessa altura tínhamos uma grande plateia.
- Se você se aproximar ou intentar de alguma forma contra Evangeline eu te entregarei aos Elfos. - Michel ameaça com a voz grossa, nunca a tinha ouvido.
Lindo Hope, na noite de posse acredito que o que todos queriam ver era pai e filho se enfrentando mesmo.
Platon se detém, e então dá um passo pra trás, sua expressão não muda e seus olhos vem de encontro a mim.
Vermelhos.
Aquela música "I see red" podia ser som de fundo aqui.
A morte te diz oi Hope.
Ele então, por milagre, nos dá as costas e se retira.
Amor a vida? Nenhum.
Michel olha pros lados e então todos os que assistiam curiosos dispersam suas atenções.
O vampiro me guiou para longe do centro, paramos ao lado de uma mesa cheia de aperitivos, a única coisa que conseguia ver ali era que em tudo tinha muito sangue.
- Você não deveria ter feito isso. - massageia o cenho, sentia seu nervoso.
É claro que não, reviro os olhos mentalmente com raiva, sentia minha respiração pesada, deveria ter deixado ele abacar somente com Michel e ter protegido a minha imagem apenas.
Bicho mal agradecido.
- Não se repetirá. - afirmo revoltada, mas contendo o veneno de minha voz, ele assente me olhando.
Desvio meus olhos em direção as pessoas quando não consigo mais manter a conexão.
Era intensa, não queria cair em seus encantos sombrios de novo.
Significava perdição.
- Perfeito. - puxa meu rosto para o seu com a mão em meu queixo e então beija meus lábios - Eu tenho que resolver algo, me espere aqui. - pede e eu assinto atordoada.
Ele ia mesmo me deixar sozinha com um monte de vampiros?
Canalha.
Sinto meus pensamentos embolados, isso não podia acontecer, resista Hope.
Viro-me para vê-lo entrar no meio da multidão.
Respiro fundo deixando as mãos ao lado do corpo, eu tinha que fazer alguma coisa, parada eu não poderia ficar.
Afinal, estátua eu não era.
Com um suspiro observo os vampiros procurando por Fred, aperto a bolsa na mão quase cedendo a vontade de ligar para ele.
- Está esperando alguém? - ouço a pergunta soar próxima, era destinada a mim.
Viro-me em direção ao dono e sorrio amplamente, uma porra que os vampiros eram todos lindos desse jeito, macumba isso.
- Não, eu estou acompanhada. - respondo simples, não queria companhia de desconhecido, afinal de contas eu não era tão suicida assim.
Deus, quem eu quero enganar?
- Certo, mas posso lhe fazer companhia enquanto ele não retorna? - dá alguns passos na minha direção com uma taça em mãos.
Olho em seus olhos, havia alguma coisa ali que me atraiu a ele, algo que eu parecia conhecer.
- É perigoso deixar uma humana desacompanhada no meio de um monte de sanguíneos. - observa ousado olhando em volta enquanto sorria levando a taça aos lábios e eu estreito meus olhos sobre ele.
Metido,
a besta.
- Por que não? - dou de ombros reparando na beleza incomum dele.
Louro de olhos azuis cristalinos, lembrou-me Alicie e a comparação que fizera dos meus olhos e a piscina do pai.
- Como se chama senhorita? - se aproxima mais e vira de uma vez a taça de sangue na boca.
Suas vestes eram brancas, bordadas a ouro e tinha algumas pedras verdes, esmeraldas.
Hope Valente.
- Evangeline Delano. - sorrio simples enquanto via ele levar minha mão aos lábios.
Macios.
Delicados.
Quentes.
Eu queria...
Não, você não queria nada!
- E você? - puxo minha mão sobressaltada com meus pensamentos.
Ele sorriu convencido.
O sorriso...
Algo nele me atraia mais que o normal e eu me forçava a repeli-lo, esse cara não podia se aproximar.
Para a minha segurança e a dele.
O dorso da minha mão, aonde ele beijara, formigava agradavelmente.
Ele era perigoso.
- Josh Leon.
- Encantada. - confesso e olho para os convidados que conversavam e entornavam taça atrás de taça de sangue.
Coitado dos humanos que foram mortos pra sacia-los.
- Igualmente. - o ouço se posicionar ao meu lado também observando o povo de pele diversificada. - O que faz aqui Evangeline?
- Vou assistir a posse do meu noivo. - respondo e ele ri baixo, sabia que não era essa a resposta que ele queria.
- Michel é seu noivo?
Era tão difícil acreditar?
Talvez se pensarmos que eu sou boa demais para ele.
- Não que você não esteja a altura dele, você é maravilhosa... - eu o olho com um sorriso, pareceu ler minha mente - Mas é que isso é eufemismo pra suicídio.
- Aceitei porque tenho assuntos pendentes para resolver - me calo, não quero falar demais - Não pergunte mais, não irei responder. - aviso olhando de relance pros seus olhos.
Ele assente e eu suspiro.
Uma música calma reverbera sobre o salão e casais se formam para a dança clássica.
- Que meigo. - murmuro irônica assistindo com desdém os vampiros dançarem.
- Me concede essa dança, senhorita Delano? - me estende a mão.
Olho dela pra seus olhos pedintes, não poderia dizer-lhe não, eu não queria aliás.
Digo um sim implícito ao descansar minha palma sobre a dele, Josh fecha a mão e puxa-me com delicadeza para o meio dos casais.
Sua pele me causava sensações gostosas de conforto, era esquisito e bom ao mesmo tempo.
- Sabe dançar? - pergunta com um sorriso simples nos lábios atrativos.
Eu queria beijá-lo, raios, que inferno.
- Aprendi para dançar com meu irmão para o seu casamento. - subo meus olhos de seus lábios.
Droga, inferno, maldição.
- Ótimo, então posso pular a parte das orientações e te dar a melhor dança da noite? - tem nos lábios um sorriso avassalador.
Sentia meu coração saltitar, como se o reconhecesse.
Peste de vampiro.
- Aceito. - afirmo sem precedentes e ele circunda minha cintura.
Levanta uma de minhas mãos enquanto a outra descanso sobre seu ombro.
Josh me conduz pelo salão, sem nunca errar um passo, hesitar ou desviar seus olhos dos meus, silêncio, nos encaravamos no silêncio.
Ele parecia ler minha alma, desvendar todos os meus segredos.
Seus olhos quebram o contato fixo olhando pra algo ou alguém atrás de mim e ele suspira parecendo decepcionado.
- Hope? - se manifesta finalmente com cenho franzido. - Por que mentiu?
Como se levasse um choque me afasto depressa, assustada, como podia?
- Não menti. - engulo em seco, como ele sabe meu nome? - Você que está falando besteiras - acuso com o coração aos pulos. - Com licença. - me retirar a passos rápidos.
Como ele descobriu?
Inferno, como ele descobriu?
Não que meu nome fosse restritamente secreto, mas se ele descobriu isso, o resto então...
Atravesso o salão e mais uma vez procuro por Frederik, não era possível que ele pudera se esconder tão bem.
Um garçom passou na minha frente com uma bandeija, sem hesitar peguei uma taça e não pensei antes de vira-la na boca.
A ânsia foi instantânea, mas não mais que a dor que senti em meu estômago, foi como se o tivesse torcendo, coloquei a mão sobre os lábios me xingando mentalmente por ser tão tola.
Como pôde, Valente?
P*** m****
Deixo a taça de lado e caminho rápido com o líquido viscoso dentro da boca, sentia tudo dentro de mim se revirar em revolta.
Caminhei apressada até o corredor mais próximo, sabia que nele ficava o escritório de Michel e lá havia um banheiro.
Vou a passos urgentes, não queria vomitar na frente de todos, seria vergonhoso.
Empurro a porta de madeira maciça que estava aberta graças aos céus, mas mesmo grata por isso não pareceu certo.
Pensei que o enxontraria aqui porque ele nunca deixava aberta.
Fecho-a depois que entrei, não o vi em canto algum e então corri para o banheiro.
Que inferno de ideia do caramba, Valente.
Debruçada sobre a privada coloco pra fora o sangue e tudo o que comi mais cedo.
Porra, que merda.
Como se meu corpo me punisse gemo de dor, meu estômago parecia se contorcer dentro de mim, parecia que ia sair, logo minha cabeça também latejava.
- Que merda... - giro a cabeça no ar, parecia delirar. -Aaah... - gemo baixo.
Eu vomito mais e mais, eu já não sabia o quê já que todo meu jantar estava ali dentro, mas permaneci mais alguns minutos debruçada sobre o vaso.
Me levanto depois do que pareceu horas, eu me sentia fraca, muito fraca, dou descarga para depois ir até a pia, algumas pequenas gotinhas de suor enfeitavam minha testa, outras escorreram pela lateral do meu rosto e minha feição era de alguém ofegante e cansada.
Respira Hope.
Enxaguei a boca com água e usei um pouco do enguaxante bucal que encontrei ali, pelo menos Michel era higiênico.
O mínimo.
Seco sutilmente o suor com o papel e respiro fundo, ajeito minha roupa e sorrio para o reflexo.
Está tudo bem, volte lá e continue arrasando.
Não é Michel, sangue, dor, Josh ou porcaria nenhuma que irá estragar sua noite.
Abro a porta do banheiro e caminho em direção a saída.
Uma sensação sufocante me atingiu, de repente o cômodo parecia pequeno demais, sentia uma necessidade gritante de sair logo dali.
ɢᴇɴᴛᴇ, ɢᴇɴᴛᴇ, ɢᴇɴᴛᴇ.
ᴀ ᴘᴀʀᴛɪʀ ᴅᴀǫᴜɪ sᴇ ᴠᴏᴄês ǫᴜɪsᴇʀᴇᴍ ᴏᴜᴠɪʀ ᴇssᴀ ᴍúsɪᴄᴀ ᴀǫᴜɪ: ғᴇᴇʟɪɴɢ ɢᴏᴏᴅ ᴇᴜ ᴀᴄᴏɴsᴇʟʜᴏ ᴍᴜɪᴛᴏ.
(ɴᴏ ᴍᴇsᴍᴏ ᴇsǫᴜᴇᴍᴀ ǫᴜᴇ ᴀs ᴏᴜᴛʀᴀs)
- Delano? - a voz grossa vem detrás de mim.
Paralisei, minha mão, que estava na maçaneta, escorregou até encontrar o tecido do meu vestido.
Viro-me na direção dele para reconhecer seu rosto.
Era ele.
- Leopoldo?
- Está tudo bem com você? - seus olhos atentos em mim.
- Sim - sorrindo coloco uma mão na barriga - É que estou no início da gestação, os enjoos são constantes. - minto e ele faz uma careta surpresa.
Bela mentira, e se ele questionar sobre os batimentos da criança? Porque ouvir eu sei que eles podem se quiserem.
- O que faz aqui? - mudo de assunto me aproximando com as mãos juntas na frente do tronco.
- Vi você sair correndo do salão, vim prestar minha ajuda.
Cara de pau.
Eu assinto caminhando até a frente da mesa, ele estava sentado na poltrona de Michel.
- Fico agradecida por sua preocupação. - ele sorri parecendo orgulhoso.
- Sabe Evangeline... - se põe em pé, espalmo minhas mãos sob a mesa me inclinando um pouco.
Não consigo ver oportunidade mais perfeita para tirar dele mais informações do que agora, irei agir.
Vejo ele desviar seus olhos para o decote e consequentemente pros meus seios, sorrio vitoriosa.
- Algo em você me faz sentir que te conheço. - volta a olhar meu rosto.
Eu sorrio, passo a língua por meus lábios atraindo sua atenção para minha boca, mordo meu lábio e o vejo suspirar.
Tão vulnerável.
Leopoldo estava começando a ficar inquieto.
- O que te faz pensar isso? - volto a ficar com o corpo reto e caminho até a beirada da mesa me sentando virada para ele, o racho do vestido expunha minha perna até a coxa agora
Leopoldo subiu seu olhar devagar por meu corpo, o vi engolir em seco e minha mente gargalhou.
- N-não... - gagueja e eu sorrio.
Isso era possível em vampiros?
É, pelo jeito parece ser.
- Vem cá, aqui tá muito calor, não é? - pergunto avançando sobre seu corpo, desço minhas mãos de seus ombros até seu peito.
Olhando em seus olhos puxo o terno que mostrava seu status alto no clã.
Ele deixa que eu o faça, sua boca aberta em um semicírculo, não vou mentir, Leopoldo não era feio, mas era um babaca.
- O que você está fazendo? - a frase soa como se ele me condenasse, mas seus atos me fazem ter uma leitura completamente diferente dele e por isso o empurro contra a mesa.
- Me divertindo. - me coloco entre suas pernas.
Lee não reclama e nem tenta me afastar, ao contrário ele desce sua mão pelo meu rosto até minha nuca e sem pensar duas vezes puxa minha cabeça de encontro a sua.
Me senti mal ao beijá-lo?
Não, pois fazia parte do plano, para um bem maior.
Sua outra mão apertava minha cintura, puxei seu pescoço o desencostando da mesa e o guiando para a poltrona sem parar de beijá-lo.
Ele tinha técnica, mas eu só conseguia sentir a raiva crescendo em mim.
- Não, não podemos. - parece finalmente recobrar a consciência e me tira de cima dele.
- Por que não? - o olhei com a minha melhor cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança, vulgo bolt.
- Michel pode nos encontrar e... - eu o calo me aproximando de novo e colocando meu dedo indicador na frente de seus lábios.
- Shiiiii... - sorrio o olhando nos olhos dele e descendo minhas mãos na direção de seu peito, mas subo novamente para então massageear seus ombros. - Ele não descobrirá. - digo com a voz melosa.
- Como você pode saber? - aparentemente gosta do carinho.
- Eu só sei. - beijo a base do seu pescoço e o ouço suspirar.
Desço as unhas por suas costas com um sorriso no rosto, no mesmo instante ele abre os olhos e me choca contra a parede.
Assusto, mas permaneço sorrindo, Leopoldo não demora muito para me beijar de novo.
Devolvo o beijo totalmente devota a acabar com tudo aquilo de uma vez, eu vou matá-lo hoje.
- P****, isso é alta traição. - murmura quando sua razão recai mais uma vez sobre ele, Leopoldo se afasta de novo e se vira de costas para mim.
Fecho a cara com raiva, que homem difícil até parece que é justo em tudo o que faz, caminho decidida até a porta e a tranco.
- Fica mais tranquilo assim? - ele me encara rindo logo depois.
- Você acha que isso iria parar Michel? - pergunta esfregando o rosto com a mão. - Humana estúpida. - eu maneio a cabeça pro lado.
Esse cara tá brincando comigo? Sinto minhas mãos formigarem e então olho pra elas, abrindo e fechando rapidamente.
- O que foi?
- Nada, mas eu sei que Michel não virá, ele não está nem perto. - digo voltando a me aproximar.
- Como sabe, sente ele?
Não
- Sim. - sorrio - Então... - abro os primeiros botões da sua camisa e ele sorri.
- Você é teimosa, não é? - enfia seus dedos entre os fios do meu cabelo.
- Você nem imagina o quanto. - puxando-o para mim por sua camiseta meio aberta.
Leopoldo segura firme minha cintura e passo minhas pernas por sua cintura, ouço quando ele passa um braço pela escrivaninha derrubando tudo que tinha em cima me sentando nela em seguida.
- Tem certeza disso? - me observando terminar de desabotoar sua camisa fina branca. - Michel pode nos encontrar...
Eu rio.
- Você não se arrependerá. - meu sangue está correndo dez vezes mais rápido pelas veias.
Eu definitivamente vou matá-lo hoje.
- Você é louca. - acusa sorrindo quando eu desço a camisa por seus ombros e braços e beijo em seguida seu pescoço, cheirava a perfume importado.
Babaca.
- No momento, por você... - sussurrei em seu ouvido, mordo seu lóbulo em seguida arrancando-lhe um gemido arrastado e rouco.
As mãos espalmadas em seu peito nu coçavam para despejar seu sangue.
Continuo a distribuir beijos por seu pescoço e Leopoldo parece alienado, sua boca se mantinha em um semicírculo, a cabeça erguida deleitada no prazer das carícias e os olhos fechados.
- Michel não ficará feliz... - volta a dizer em murmúrios segurando meus ombros.
Saco, que vampiro chato.
- Ele não precisa ficar sabendo. - replico beijando-lhe os lábios novamente enquanto minhas unhas dançavam sobre seu peito.
Eu tinha que falar as palavras, só assim o feitiço funcionaria.
Mantinve a mão direita sobre seu coração enquanto a esquerda subi pelo pescoço e nuca de Leopoldo, puxei-lhe os cabelos enquanto sugava seu lábio, ele sorriu.
- Você é boa demais. - e ele não disse nada que eu já não saiba.
Sentia sua presença máscula ali e percebi que era hora de agir antes que perdesse o controle da situação, eu não queria consumar nada.
Eu sorri percebendo que era a hora.
- Wzywam moc... - sussurrei contra seus lábios, no mesmo momento em que posicionei as unhas em sua pele nua.
Leopoldo abriu os olhos feito raio e no segundo seguinte me choque contra a parede.
O merda.
Vejo ele mostras suas presas em sinal de alerta e defesa e então seus olhos...seus olhos se tornam completamentes pretos.
Leopoldo solta uma alta gargalhada enquanto eu me levantava com dificuldade apoiada na parede.
- Quem te mandou? - ainda está longe
Eu estava com medo de repente, essa merda me lembrava ele.
- QUEM TE MANDOU? - grita vindo até mim e me erguendo pelo pescoço.
De novo isso?
Eles tem fetiche em arrancar o ar das pessoas?
Ele mais uma vez gargalha enquanto, pra me salvar, pressiono minhas unhas em seus braços e sussurro o feitiço.
- Wzywam moc werbena - recito e minhas unhas o arranham profundamente o fazendo grunhir e me soltar.
Sem ar cambaleio alguns passos, mas logo me sinto voar contra outra parede.
Merda.
- Eu sinto muito por você, mas quem te mandou, mandou pra morrer. - agora tem um macabro nos lábios.
Minha nossa senhora das humanas não transformadas, por favor me ajude aqui.
Ele avançou sobre mim e gritei quando o senti próximo, então como num flash espalmei minha mão em seu peito e o vi voar.
Caraca
Levanto-me rápido não sentindo mais nada a não ser meu corpo inteiro formigar.
Eu sorrio pra ele que estava em pé mais uma vez e que grunhi na minha direção.
Leopoldo corre até mim e me joga mais uma vez na parede, mas agarro seu pulso e o levo junto, ele pula em cima de mim e me enforca, mas dessa vez eu sorrio porque quanto mais ele me batia mais meu corpo formigava e mais forte eu ficava.
Desse vez eu podia sentir meu corpo, e sentir que eu tinha o controle, então quando ele foi socar meu rosto segurei seu punho e o quebrei em um movimento rápido.
Ouvi seu grito e o empurrei de cima de mim, o vampiro voou contra a porta do banheiro a estourando e só parando por que ela entalou.
- Grrr. - rosna na minha direção.
- Achei que fosse vampiro. -o encaro - Não um cachorro. - insulto e ele e rio quando vejo sua pele alvamente branca ficar vermelha de raiva.
Rápida como um raio saio de sua frente, nem mesmo ele foi capaz de me acompanhar, seu punho acerta a parede que fica com um grande buraco.
- Aaarg, d*********. - grita puxando de volta a mão e fazendo um estrago ainda maior.
- Uuuh. - semicerro meus olhos com uma careta - Michel não vai gostar disso. - olho de volta pra ele. - E você sabia que existe um dorama que tem uma d*******? E ele é lindo pra xuxu.
Leopoldo me analisa.
- Quem te mandou? - rosna se colocando a minha frente, apertando meu pescoço.
Paro de sorrir e acerto seu rosto o fazendo se afastar.
Eu me sentia poderosa, e isso era muito bom.
- Eu não precisei que alguém me mandasse, você veio até mim. - dessa vez sou eu que me aproximo - Sabe alguma coisa sobre Aurora Valente? - ele me encara parecendo confuso.
- Aurora? - de repente ri - Quer o que com aquela p*** maldita? - cospe no chão em seguida.
Olho pro chão sentindo algo estranho, mais forte do que estava antes, volto meu olhar pra ele que desmancha seu sorriso quando seus olhos encontram os meus.
- Não vou repetir. - aviso me aproximando com lentos passos.
Ele me mostra suas presas e eu sorrio, como se eu fosse guiada ergui minha mão e a deslizei no ar.
Instantaneamente Leopoldo voou para parede.
- Arrg, eu matarei você
- Tente se quiser e puder - incentivo, mas rio quando ele fracassa em sair do lugar.
Eu estava me divertindo e muito, me sentia bem e muito.
- O que você é?
- Eu quero saber sobre Aurora. - Mas ele somente me oferece um riso de escárnio.
Sem paciência encaro seus olhos e aquele sorriso some aos poucos dando lugar a gemidos de dor e crescentes gritos.
Deixei que ele sofresse por alguns minutos antes de me afastar e parar de encará-lo.
- Me diga, aonde ela está? - mas ele permanece sem dizer nada sobre, seus olhos haviam voltado ao normal, as presas desaparecido, ele estava soado e com alguns ferimentos que cicateizavam.
Me aproximo calma e olho pra seu peito ainda desnudo, dou um sorriso de canto e então ergo minha mão, deslizando minha unha por sua pele branca como sede.
- Se você não me falar pelo amor, vai falar pela dor. - ele grunhi.
- Não falarei, humana de merda. - diz entre gritos.
Sinto a raiva correr nas veias e então não espero mais.
- Wzywam moc werbena. - e minha mão se afunda em seu peito enquanto meus dedos circundam seu coração
- AAAAAH... - bate a cabeça contra a parede seguidas vezes, é a única coisa que ele ainda consegue mexer.
- Só tende a piorar.
- Quem é você?
- Aurora está viva? -com umnsorriso sádico ele nega e com isso ele aperta os olhos fechados e bate com a cabeça na parede quando eu aperto seu coração em meus dedos. - Aonde está Aurora?
Leopoldo abre os olhos, tem suor em seu rosto.
- Responde! - aumento o tom de voz começando a ficar impaciente.
- Co-com me-eu fi-filho. - estreito os olhos, só espero que não seja meu irmão se não vou pecar contra a lei do Senhor e matar sangue do meu sangue.
- Aonde eles estão? - suspiro cansada, sabia que meu tempo estava se esgotando.
- Tá bem, deixa eu me apresentar direito. - mudo o peso de perna - Meu verdadeiro nome é Hope Valente - eu vi ele arregalar os olhos enquanto sangue escorria por seu abdômen definido.
- Ho-Hope? - repete espantado, como se visse o demônio.
- Isso, Hope. - reafirmo com um sorriso constatando seu conhecimento sobre mim, eu era esperada ou algo do tipo? - E eu quero saber aonde enfiou minha mãe.
O vi engolir em seco, Leopoldo soava e gemia de dor, juro que tentei manter minha mão imóvel.
Só que não.
- Fala! - ordenei ficando minhas unhas em seu órgão, ele gritou.
Isso era bom demais, sua dor me dava prazer, era alucinante, viciante.
- Em Varsó... - estava ofegante. - Em Varsóvia. - repetiu agonizando - Tenho uma casa lá, meu filho costuma ficar nela, Erick. - conta entre gemidos e lamurias de dor.
- Você tem mesmo um filho... - sussurro e por algum motivo me lembro do sonho
Olhos pretos, orelhas arredondadas, presas duplicadas, os mesmos de Leopoldo.
Agora não Hope.
Não vacile.
- Ela está no porão. - confessa depois de mais um grito quando eu aperto seu coração em minha mão. - Hope... - sussurra meu nome é o encaro - Perdoe-me. - pede e eu vacilo.
Não, não, não...
Se o soltasse a primeira coisa que ele faria seria me matar, eu não podia arriscar.
Mentiroso de uma figa.
- Erick está aqui?
- Não, está em Varsóvia. - olha para o peito e em seguida pressiona a cabeça na parede com uma careta de dor.
- Desde quando ela está lá?
- Desde que ela voltou para o clã do pai em 1998.
A raiva, que vinha me transformando quando se manifestava em meu corpo, toma conta de mim novamente.
- Vocês a torturaram? - quase engasgo quando ele confirma, minha mãe - Quando foi a última vez que ele a torturou? - mas ele hesita - QUANDO? - grito quando ele nega, começava a puxar a mão junto com seu coração.
- Aaaah, não, não... - pediu sem fôlego - Eu respondo, respondo... - ofegou com a voz desesperada. - A última vez... - gemeu - F-foi ontem... - confessou e meu sangue gelou.
Ela estava viva, minha mãe estava viva.
Eu precisava salvá-la, sim, mas primeiro ia acabar com ele.
- Quando foi a última vez que você sequestrou pessoas para simplesmente matá-las?
- E-elas...foram mortas hoje. - confessa e grunhindo, fecha os olhos em agonia quando eu aperto sem piedade seu coração em meu dedos. - Aaaaah.
- Elas não mereciam isso seu f**** da p***, imundo. - grunhi. - Você pagará por elas, pelas outras mais e pelos vinte cinco anos que torturou a minha mãe. - digo.
O homem então solta uma gargalhada, abre seus olhos novamente pretos e me encara.
- Você Hope... - começa ofegante e eu apenas o encaro.
Os olhos mortíferos, não podiam fazer nada contra mim, sua vida estava em minhas mãos.
- Você é como ela... - recomeça - Futre, imunda... - gemeu mais uma vez quando lhe dei um tapa no rosto.
- Se nós somos futres, você é o próprio lixo. - cuspi as palavras em seu rosto começando a minha brincadeira.
Entre urros de dor eu puxava lentamente seu coração para o mundo exterior enquanto mais e mais sangue saia conforme eu deixava um grande arrombo em seu peito, tomei cuidado pra não espirrar no meu vestido, mesmo que alguns respingos foram impossíveis conter.
Assisti e promovi com prazer a sua dor, até que seus olhos perderam o brilho da vida e sua pele começou a ressecar tornando-se seca e cinza.
Ergui-me com a mão repleta de sangue, suspirei satisfeita observando seu coração, fiquei estática ali por alguns minutos até perceber que eu realmente havia o matado, então me afastei e fechei meus olhos.
Voltei a abri-los quando ouvi o corpo cair no chão, caminhei pro banheiro com o órgão na mão, ele também começava a murchar e secar.
Tornei-me uma ginasta para conseguir passar pela porta fora do lugar, quando me olhei no espelho me assustei.
- P*** m**** - murmurei enquanto me encarava, meus olhos estavam violetas, violetas. - Meu Deus do céu... - murmurei abaixando meus olhos pro coração ainda na minha mão.
Eu não queria olhar pra mim, senti medo, medo de mim mesma.
Posiciono o coração em cima do ralo da pia o espremendo, assisto o sangue escorrer pelos dedos das minhas mãos e ir para o ralo.
Estava feito, estava feito.
Com a lâmina do batom eu piquei o coração do vampiro, estava cinza e duro, mas eu descontei nele as noites mal dormidas, os choros por falta dela, os momentos que ela não presenciou, os conselhos que ela não pôde me dar, os abraços, beijos que eu nunca ganhei.
Ele roubara de mim.
Ele me privara disso.
E por isso ele pagou.
Esse foi seu fim.
Joguei aos poucos os pedaços no vaso sanitário e de pouco em pouco fui dando descarga.
Conforme eu via os coração dele desaparecer sentia como se uma parte da missão tivesse sido cumprida, mas apenas uma parte.
Agora que eu tinha certeza que minha mãe estava viva eu precisava achá-la.
Quando me olhei novamente no espelho vi meus olhos novamente normais, sorri pra mim mesma ainda sem me encarar e então lavei minhas mãos e as unhas depois que acabei o serviço, conferi meu vestido que estava um pouco sujo e também amassado, meu cabelo estava uma bagunça, mas pelo menos a maquiagem estava inteira, apenas o batom não existia mais.
Peguei novamente o batom e abri o lado que era realmente um e retoquei os lábios.
Tentei ajeitar meu cabelo, limpei a pia dos respingos de sangue e me preparei para sair do banheiro totalmente límpido.
Com a luz apagada abri a porta, mas fechei- a novamente quando ouvi vozes.
O cheiro de sangue estava forte, não demorariam pra encontrar o corpo, o escritório era um afastado do hall, por isso os gritos ficaram abafados e também porque alguém discursava alto.
Consigo sair do escritório minutos depois sem olhar para trás, o lugar estava uma zona e o corpo estava assustador, ele permaneceu com os olhos totalmente negros, não era nem um pouco bonito.
Fecho a porta atrás de mim e caminho para fora dali, não encontro ninguém pelo caminho e fico grata por isso, com a bolsa em mãos volto a me infiltrar entre os vampiros que bstiam palmas pra um, dos vários, anciãos que discursava a pouco.
Buscava por Michel, precisava falar com ele, antes que encontrassem Leopoldo.
Eu ainda sentia meu corpo formigar, e eu sabia o que isso significava, eu ainda poderia fazer alguém gritar.
Sorrio com esse pensamento, mas logo fico séria quando avisto o tatuado.
- Michel. - ele desviou o olhar dos convidados com quem conversava e olhou para mim sorrindo.
- Pode fazer um favor, querido?
Ele assentiu e pediu licença, caminhamos juntos até a beirada da mesma mesa aonde ele me deixara pela primeira vez.
Beijo seus lábios devagar.
- Está feito, Michel. - ele não reage como da vez que matei o vampiro na cada de Fred, mas ergue uma de suas sobrancelhas.
Parecia surpresa e eu me questionei se ele realmente acreditava que eu o faria.
- Você o matou? - analisa meu rosto e meu corpo.
- Eu disse a você que mataria. - o observo se afastar.
- Não essa noite. - ponderou.
Suspiro, terei que apelar novamente.
- Ele foi atrás de mim, tentou me seduzir, me forçou a beija-lo... - oculto a parte que fora eu que o havia provocado. - Eu tinha que fazer algo, aproveitei a oportunidade.
Os olhos do vampiro passam a fumegar.
- Fez o certo, está feito. - volta a beijar meus lábios.
Eu retribui realmente envolta.
Seus lábios tinham gosto de sangue e eu gostei, gostei muito.
ᴀᴇᴇᴇ ᴄᴀʀᴀʟʜᴏᴏᴏ,
ғɪɴᴀʟᴍᴇɴᴛᴇᴇᴇᴇᴇᴇᴇ.
ᴅɪɢᴀᴍ-ᴍᴇ ᴏ ǫᴜᴇ ᴀᴄʜᴀʀᴀᴍ, ᴘᴏʀ ғᴀᴠᴏʀ.
ɴãᴏ ᴇsǫᴜᴇçᴀᴍ ᴅᴀ ᴇsᴛʀᴇʟɪɴʜᴀ.
ᴏʙʀɪɢᴀᴅᴀ ʜᴜᴍᴀɴᴏs.
ᴍúsɪᴄᴀs ᴅᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ: ʟɪᴋᴇ ᴜ - ʀᴏsᴇɴғᴇʟᴅ & ғᴇᴇʟɪɴɢ ɢᴏᴏᴅ - ᴍɪᴄʜᴀᴇʟ ʙᴜʙʟé
ᴅɪsᴘᴏɴíᴠᴇɪs ɴᴀ ᴘʟᴀʏʟɪsᴛ ᴅᴏ ʟɪᴠʀᴏ ɴᴏ sᴘᴏᴛɪғʏ, ʟɪɴᴋ ɴᴏ ᴘʀɪᴍᴇɪʀᴏ ᴄᴀᴘíᴛᴜʟᴏ.
só ᴘʀᴀ ᴄᴀᴜsᴀʀ ᴜᴍ ᴘᴏᴜᴄᴏ.
ʜᴏᴘᴇ ᴇ ʟᴇᴏᴘᴏʟᴅᴏ.
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