CHAPTER I
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Uma digna tragédia teatral grega
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Jason Grace queria que Zeus não fosse seu pai.
A vida de um semideus é um grande caos por natureza. Eles nasceram para viver entre desastres e tragédias, perseguidos por monstros e arriscando suas vidas todos os dias. Sobreviver a adolescência era um luxo, uma vida feliz era uma raridade desde os mais antigos mitos.
Pouquíssimos semideuses conseguiriam o tão sonhado dito “final feliz”. As constantes batalhas por sua sobrevivência tornavam essa uma das mais difíceis tarefas.
Para um filho do rei dos deuses, multiplique isso à infinita potência.
Eles são poderosos, sim. Porém, quantos deles tiveram uma vida tranquila? Quantos deles viveram genuinamente felizes? Jason não saberia listar outro além de Perseu no momento, e ele ainda passou por uns maus bocados.
Ser filho de Zeus é nascer com um alvo nas costas e um destino de dor e infelicidade já traçado pelas Parcas. Não havia escapatória, restava apenas aceitar.
Sua irmã era uma grande prova disso. Ela morreu depois de anos os protegendo de monstros porque estavam sendo perseguidos por serem semideuses e, acima de tudo, filhos de Zeus. As Fúrias que a mataram foram enviadas pelo próprio Hades para matá-los apenas por existirem.
Morreu para que ele pudesse viver mais um pouco.
Agora ali, sentado ao lado da árvore que um dia foi sua irmã, Jason pensava o quanto não queria aquela vida conturbada e caótica.
Ele admirava o vale abaixo da colina, as construções gregas brilhando ao sol em todo seu resplendor. Semideuses corriam de um lado ao outros em camisetas laranjas, treinando arco e flecha, canoagem, luta corporal, alguns apenas jogando vôlei e outros enfrentando a grande parede de escalada que escorria lava. Casais passeavam de mãos dadas rindo na beira do lago ou na praia. Irmãos faziam brincadeiras uns com os outros.
Jason era um deles a maior parte do tempo. Contudo, sempre que estava ali na colina ao lado do pinheiro, ele sonhava com uma vida em que não fosse.
Uma vida em que ele poderia abraçar a sua irmã e não precisar ver uma árvore todos os dias e lembrar de como ela surgiu.
Infelizmente, isso ficaria apenas em seus sonhos. Os sonhos bons e normais, porque, é claro, sendo um semideus, nem mesmo em seus sonhos ele teria paz.
— Ei, Jason!
A voz chamando por seu nome tirou-o de seus devaneios. Ele ficou de pé e limpou a terra suja de sua calça enquanto observava a garota que subia a colina em sua direção.
Annabeth trajava a mesma camiseta laranja que ele próprio vestia, com o desenho de um pégaso abaixo do nome “Acampamento Meio-Sangue”, com calça jeans e carregava uma adaga presa a bainha na cintura. As tranças de seu cabelo estavam divididas e presas dos dois lados, caindo pelos ombros. O colar em seu pescoço possuía cinco contas, assim como o de Jason.
Cinco anos desde que chegaram ali.
Em algumas semanas Jason completaria doze anos, e ao fim do verão receberia a sexta conta. Seis anos naquele acampamento.
— Oi, Anna.
— Luke estava te procurando.
— Precisava vir falar um pouco com a Thalia. — Olhou para o pinheiro e suspirou. — Não sei o que esperar de hoje.
— Está pensando em desistir?
— Não. Eu vou. Eu preciso ir... Sr. D provavelmente vai me transformar em um golfinho se eu não for.
— Irmos ao Olimpo não é garantia de que você consiga conversar com o seu pai.
— Eu preciso tentar. Já foi difícil convencer Quíron a me deixar ir nessa excursão, preciso aproveitar a oportunidade.
Jason aproximou-se da árvore, tocando o tronco e encostando sua testa ali.
— Preciso fazer isso por ela.
— Eu sei…
Ele olhou para Annabeth, e então ela sorriu-lhe fraco, mas ainda gentil. Ela sabia o quanto aquela excursão seria importante e o quanto esperou, e esteve ao seu lado ansiando por isso também, sempre ao seu lado. Era muito grato por tê-la como uma irmã.
— Animada para ver as construções do Olimpo?
— Com certeza. Mal posso esperar! — O sorriso dela aumentou.
— Deve dar muitas inspirações para seus futuros monumentos, Srta. Arquiteta.
— Estou contando com isso.
Annabeth também tocou a árvore antes de irem, uma breve despedida.
Jason tomou um longo banho e ficou um bom tempo encarando seu reflexo no espelho. Ajeitou os cabelos loiros de várias formas até encontrar algo que o deixasse minimamente satisfeito. Sobre a camiseta do acampamento vestia um casaco roxo sob uma jaqueta de couro, a qual pertenceu a sua irmã.
Usar a jaqueta seria como levar uma parte dela consigo para aquele grande momento. Trazia-lhe conforto e segurança.
Ele parou em frente a grande estátua de seu pai presente no meio do chalé, o homem barbudo com uma toga azul e feição calma. Em geral, não gostava de olhar para ela, era uma constante lembrança de seu trágico destino e parecia estar sempre o vigiando. Até mesmo havia deixado sua cama em uma parte onde não estaria ao alcance da estátua.
Agora perguntava-se se Zeus realmente era daquele jeito. Estava prestes a descobrir e isso lhe causava um grande frio na barriga. Ele esperou por aquele momento durante toda a sua vida.
Jason veria o pai… Enfim o conheceria pessoalmente. Isso deixaria qualquer um ansioso.
Ele saiu do chalé com as mãos tremendo e rumou até o chalé de Hermes, o deus mensageiro, onde Luke estava. Talvez o garoto fosse capaz de ajudá-lo a se acalmar, pois sentia como se seu corpo fosse explodir a qualquer segundo.
Luke estava agitando, andando de um lado a outro pelo chalé ditando um discurso que vinha ensaiando há meses, ao mesmo tempo que tentava coordenar a grande bagunça que era o local lotado.
A superlotação do chalé de Hermes era um grande problema, de fato. Por ser o deus protetor dos viajantes, ali que residiam todos que ainda não foram reclamados por seu parente divino, além de seus próprios filhos.
E, infelizmente, os deuses não pareciam com muita vontade de reclamar seus filhos.
Também estavam ali os semideuses cujos pais não possuíam um chalé no acampamento, deuses menores. Não eram muitos, ao menos não entre os reclamados. Na verdade, no momento havia apenas três ali: dois de Nêmesis e um de Hécate.
Talvez não ter um chalé seja uma razão para alguns deuses não reclamarem seus filhos.
Apesar de tudo, Jason talvez não achasse tão ruim estar ali. O chalé 1 era o maior de todos, o que tornava bastante solitário viver ali sem outros irmãos com quem compartilhar.
— Está ótimo, Luke — elogiou.
— Obrigado, Jay… Não exagerei demais?
— Considerando a quantidade de filhos não reclamados que chegam a cada dia, um pouco de exagero é justo — comentou Yelena Kuznetsov com seu forte sotaque russo, a voz transbordando certo deboche. — Ethan, já conferiu as mochilas? Ei! Travis, pode parar aí, é a vez da Johanna usar o banheiro.
Ela estava ajudando Luke a manter a organização ali enquanto todos se preparavam para a partida. Todos a ouviam sem pestanejar.
Luke era o Conselheiro Chefe, mas Yelena também conseguia colocar ordem naquele chalé quando precisava, embora sequer fosse filha de Hermes. Ela era um dos casos de pais divinos sem chalé, no caso, mãe, Nêmesis. As pessoas não achavam uma boa ideia questionar uma filha da deusa da vingança, e ela já provou mais de uma vez que realmente não deveriam.
Jason com certeza não questionaria.
E muito menos duvidariam do aval de Luke de deixá-la como a segunda no comando.
Três anos antes, os dois foram juntos a uma missão, a última do acampamento, na qual falharam e perderam o amigo que foi junto — pois as missões eram sempre feitas com três pessoas. O que quer que tenha acontecido naquele percurso, mexeu com eles e os aproximou. Não gostavam de comentar sobre a missão.
E meses atrás os dois foram pessoalmente até a Rússia apenas para buscar o irmão mais novo dela, Mikhail. Ele havia sido atacado por algum tipo de monstro da região e não haviam sátiros no país para trazê-lo — nem conseguiram permissão do Conselho dos Anciãos de Casco Fendido para enviar um para além do aeroporto.
Eles eram respeitados por ali, e Luke confiava nela.
Jason gostava dela porque o lembrava um pouco de sua irmã. Ela sempre foi legal com ele desde que chegou ao acampamento. Dizia que a lembrava do irmão, porque tinham quase a mesma idade. Depois de Annabeth e Luke, diria que era a pessoa em quem mais confiava.
— Você acha que vai dar certo? — Jason perguntou a Luke.
— Essa é a nossa chance! É o único dia do ano em que todos os deuses, até mesmo Hades, estão reunidos. Se eles me ouvirem, podemos conseguir. Chris, lembrou dos cartazes?
— Estão todos prontos — Chris Rodrigues assentiu.
— Certo! — Luke bateu as palmas uma na outra e o som ecoou pelo chalé ao que unia as mãos. — Pessoal, hoje será um grande dia. Sairemos em exatamente meia hora. Todos que já estiverem prontos, esperem na frente do chalé.
Uma boa parte das pessoas logo assentiu e saiu pela porta. Jason sentou-se na cama de Luke e observou os que saíam e os outros que ficavam para terminar de se preparar. Ficou tão focado nisso que sequer percebeu que estavam falando consigo até Luke estalar os dedos a sua frente.
— Muito nervoso? — Sentou-se ao seu lado e começou a calçar os sapatos.
— Acho que você deve estar mais. Será uma grande apresentação.
— Eu sei que espera poder falar com Zeus.
— Não precisa dizer que é uma bobagem me iludir demais com isso.
— Não vou dizer. A maior parte deles têm as mesmas esperanças que você, de poder falar com os pais e enfim serem reclamados e reconhecidos.
— Eu já sou reclamado.
— Mas não reconhecido, ao menos não por ele. — Luke suspirou e olhou para Jason. Aquele olhar fraternal e de cuidado que Thalia sempre fazia quando ele perguntava sobre sua mãe. — Eu concordo que vocês têm muito o que acertar e sei que está nervoso, não precisa esconder de mim.
— Foi muito difícil? Quando… Quando você conversou com seu pai.
Luke virou o rosto e abaixou a cabeça, encarando os próprios pés. Era um assunto delicado, ele sabia, e talvez não devesse ter mencionado. Porém, precisava de algum conselho. Um conselho de irmão.
Um período de silêncio se seguiu antes que Castellan voltasse a encará-lo, os olhos completamente diferentes, muito mais sérios e sombrios.
— Eu sequer chamaria de conversa, na verdade. Talvez você tenha mais sorte.
— Vai poder falar com ele hoje.
— Não, acho que não.
— Mas…
— Eu irei falar com todos eles, isso que importa. Às vezes precisamos aceitar que já é tarde demais para tentar voltar atrás.
Jason encolheu os ombros, cabisbaixo. Apenas sentiu a mão de Luke em seus cabelos e depois pousando em seu ombro.
— Não importa o que aconteça hoje, eu estou com você, Jason. Estamos juntos nessa, hm? — tentou consolá-lo. — Vem aqui.
Luke abriu os braços e Jason logo agarrou-o com os seus em um grande e forte abraço.
Após a morte de sua irmã, assim como Annabeth, Luke era tudo que Jason tinha como família. Não tinha medo algum de dizer para todos que ele era o seu irmão ou de correr até ele em busca de ajuda quando precisava, ou de consolo, como naquele momento. Ninguém o conhecia tão bem no acampamento.
O apoio dele era muito importante. Não tinha certeza se conseguiria enfrentar a possibilidade de falar com seu pai sem Luke e Annabeth por perto, por mais que soubesse que não deveria ter muitas esperanças.
Luke sempre ressaltava isso, o quanto os deuses não pensavam ou sentiam como eles, então era preciso ter cuidado. Sendo o Conselheiro Chefe do chalé que recebe todos os indeterminados, era compreensível que tivesse uma visão muito mais ampla e pé no chão sobre o assunto.
— Eu te deixei escapar da esgrima hoje, mas amanhã teremos treino dobrado.
Um pequeno sorriso iluminou-se no rosto de Jason enquanto ainda tinha o rosto enterrado no ombro de Luke.
— Prepare-se para ser derrotado.
— É o que veremos.
Jason afastou-se, sentindo-se muito mais calmo sobre o que viria pela frente.
— Luke.
— Sim?
— Vai dar tudo certo para você também hoje.
— Assim espero.
— Eu não confiaria em mais ninguém para falar por todos os semideuses. Ninguém seria melhor para conseguir a atenção dos deuses para nós.
Luke sorriu largo e afagou os cabelos loiros de Jason mais uma vez.
— Agradeço a confiança.
***
O chalé de Apolo cuidou da cantoria para que a viagem até o Olimpo fosse o menos entediante possível.
Enquanto a música ecoava pelo ônibus ao som de liras e violões, uma paisagem esbranquiçada tomada pela neve passava pela janela. Jason nunca havia saído do acampamento em todos aqueles cinco anos, então admirou com os olhos azuis brilhando de emoção cada rua pela qual passaram à medida que se aproximavam de Manhattan.
Annabeth estava ao seu lado, parecendo tão ansiosa quanto ele. Ela sempre quis visitar o Olimpo, muito para admirar sua arquitetura com certeza. A maior paixão dela era a arquitetura. Porém, assim como ele, tinha a esperança de ver sua mãe.
Luke estava certo. Todos eles tinham a mesma esperança.
Era dia 21 de dezembro, Solstício de Inverno. Todos os anos os deuses se reúnem nesta data, todos eles. É um dia que marcava mudanças, o momento de discussões serem feitas. Não saberia dizer quem, mas alguém achou que seria uma boa ideia uma excursão de campistas ao Olimpo nesse dia.
O único dia em que Hades, o Senhor do Submundo, subia ao Olimpo e estavam os Três Grandes reunidos.
Jason não confiava que seria algo totalmente bom ele estar perante os três sendo um filho proibido. Por isso Quíron relutou tanto em deixá-lo ir.
Há muitos anos, eles fizeram um pacto pelo Rio Estige de que nunca mais teriam filhos, pois suas crias eram poderosas demais e uma delas estava destinada a possivelmente destruir o Olimpo. Quíron lhe explicou isso uma semana depois de sua chegada ao acampamento.
Jason era a prova viva de que o pacto foi quebrado… Duas vezes.
Isso talvez o deixasse quase tão apreensivo quanto a possibilidade de falar com o pai. Hades e Poseidon não seriam capazes de tentar algo contra ele bem ali no Olimpo… Seriam?
Preferia acreditar que não.
Jason olhou na direção de Luke, que estava no assento logo ao lado do outro lado do corredor junto de Chris e conversavam mais sobre a apresentação. Logo atrás estava Yelena com Mikhail, que estava ajoelhado no banco para observar a cantoria e falar com Will Solace que estava logo atrás e batia palmas para acompanhar o ritmo dos irmãos na música.
Haviam cerca de quarenta semideuses naquele ônibus, pelo menos metade — talvez mais — sendo indeterminados do chalé de Hermes. Era sempre o chalé mais cheio, não importava a época do ano.
Não eram muitos campistas que ficavam ali no inverno. A maioria ia apenas durante o verão. Os outros que não possuíam casas no mundo mortal para voltar — como Jason, Luke e Annabeth —, ou que eram muito perseguidos — como Clarisse La Rue do chalé de Ares… E Jason também —, ou estavam tão longe de casa que não compensa voltar — como Yelena e Mikhail — moravam no acampamento.
Provavelmente por isso fariam a excursão agora no inverno e não no verão. Se um grupo grande como aquele já havia risco de atrair monstros, imagine uma centena. Sem contar o quão difícil seria coordenar todos eles.
— Jason, olha! — Annabeth atraiu sua atenção.
Ela apontava para algo pela janela, e Jason olho acompanhou com seus olhos, perdendo o ar no mesmo instante.
Ao longe, já era possível avistar o Empire State Building, um enorme prédio, um dos grandes símbolos de Nova York que perdia apenas para a Estátua da Liberdade. Além de grande centro de turistas, também era a entrada para o Olimpo.
Jason abriu sua mochila e tirou de lá sua câmera, uma polaroide que ganhou de presente de Luke no seu aniversário depois que chegaram no acampamento, que ele conseguiu com uma ajuda de seus irmãos. Ele tirou uma foto e observou o papel que saiu, já imaginando onde o colocaria no mural em sua parede.
Os olhos dele foram para o céu, como se pudesse avistar o Olimpo no alto. Obviamente, não era possível. Vários outros campistas tentaram o mesmo, ajoelhados em seus bancos com os rostos grudados na janela, alguns saíram de seus próprios lugares para tentar olhar.
Luke rapidamente começou a observar a movimentação e ficou de pé.
— Eu sei que estão ansiosos, mas continuem sentados, por favor. Chegaremos logo.
— Sentem logo, pirralhos! — Clarisse exclamou para os seus irmãos, e eles logo obedeceram.
— Mikhail, vernis' i prisyad'! — Yelena chamou o irmão, que agora estava junto a outras crianças com as caras coladas na janela.
Pelo que Jason conseguiu aprender no tempo de convivência com ela, havia dito algo como: "Volte e sente-se!". O garoto começou a resmungar tão rápido em russo que Jason não conseguiu compreender muito além de “casa” e “mamãe”.
Luke continuou a convencer todos a voltarem para seus lugares. Quando enfim conseguiu, não demorou muito mais para chegarem.
Quirón foi o primeiro a sair, descendo por um elevador para cadeirantes implantado nas escadas. Depois o Sr. D, que resmungava sobre como ser obrigado a usar aquela entrada para o Olimpo era ultrajante. E então, cada Conselheiro guiou seus irmãos para fora.
Jason saiu junto com Annabeth e os dois irmãos dela que estavam na viagem. Ele respirou fundo enquanto admirava a imensidão daquele prédio.
Após todos saírem, o último a restar no ônibus foi Argos, o segurança e motorista do acampamento, com seus milhares de olhos espalhados pelo corpo atentos a qualquer movimentação suspeita.
— Ao chegar, esperem os outros, não saiam até todos estarem lá — Quíron disse antes de permitir que entrassem no elevador.
Jason aguardou ansioso quando chegou sua vez, o pé batendo no chão e os olhos observando cada mínimo detalhe. A ansiedade apenas crescia de uma forma quase sufocante à medida que subia.
Quando as portas se abriram, ele não deu atenção ao alvoroço de semideuses empolgados e admirados. O Olimpo era de fato… Divino.
Enormes palácios de colunas brancas e terraços dourados, imensos jardins, ruas movimentadas por deidades menores alegres festejando a chegada do Solstício, um anfiteatro antigo. Era uma perfeita representação de uma luxuosa cidade da Grécia Antiga de um jeito que se imaginaria em que os deuses viveriam.
— Estamos mesmo aqui. — Annabeth segurou o braço de Jason.
— Estamos… É…
— Magnífico! Aquelas colunas, os jardins… Olhe só as estátuas! Pode tirar algumas fotos pra mim?
Jason o fez. Ele podia ver os olhos de Annabeth brilhando enquanto falava sobre cada mínimo detalhe que reparava nas construções e como relacionava as fotos que já viu das antigas construções gregas. Isso o deixou um pouco mais calmo.
Gostava de ouvir Annabeth falando sobre sua grande paixão por arquitetura. Ele gostaria de ter alguma grande obsessão como ela, mas seu maior interesse eram as aulas de latim com Quíron e treinar esgrima com Luke, as vezes sozinho.
Além de tirar fotos, ele desenhava as vezes, mas não achava que fosse muito bom nisso. Era bom em esgrima, então focava nisso. E seria muito útil, na verdade.
Ora, Jason era filho de Zeus. Saber lutar era quase uma obrigação, ele precisava ser perfeito para poder enfrentar todos os monstros que o atacassem e fazer o sacrifício de sua irmã valer a pena. Não mataria nenhum monstro com uma câmera, um lápis ou uma caneta.
— Olá a todos! Sejam muito bem vindos ao Olimpo.
A atenção de Jason foi para o homem que acabara de falar. Ele era, obviamente, um deus.
Não se deduzia apenas por eles estarem no Olimpo ou pela toga branca e sandálias gregas, nem os acessórios de ouro que usava. Um homem não poderia ser tão bonito se não fosse um deus, era a própria definição do que se imagina como a beleza dos deuses.
Ele parecia ter a idade de Luke. Cabelos curtos muito escuros e grandes olhos castanhos, a pele marrom-clara tão perfeita que deixaria os filhos de Afrodite com inveja. Seu sorriso era tão brilhante que poderia iluminar uma cidade inteira.
O único deus que Jason já havia visto fora Dionísio, o Sr. D, diretor do acampamento, que diferente do dito nos mitos, não costumava ter uma aparência jovial e estonteante que atraía homens e mulheres por toda a Grécia. Aquele era, de fato… Impressionante.
E talvez Jason estivesse pensando muito mais do que deveria no quão bonito ele era, mas foi levemente reconfortante perceber que não fora o único ao ver Yelena estalar os dedos na frente de Mikhail, que estava também encarando demais o deus, e um filho de Afrodite agarrar-se a uma irmã, ambos quase babando enquanto o admiravam.
— Com certeza é o Ganimedes — Annabeth murmurou. — Ele é bonito.
— Eu sou Ganimedes, o copeiro dos deuses, e irei guiá-los hoje em sua excursão.
— Eu disse. E você está quase babando, Jason.
— Não estou! — Jason negou, porém seu rosto logo ficou completamente vermelho. — Só… Achei bonito também.
Quíron foi à frente junto de Ganimedes para guiar o grupo. O Sr. D já havia desaparecido, provavelmente aproveitando a oportunidade de retornar ao Olimpo depois de muito tempo.
Eles caminharam pelas ruas movimentadas e passaram por várias ninfas que os cumprimentaram. Também avistaram os palácios, embora não entrassem em nenhum.
Os palácios eram impressionantes e pareciam transmitir muito bem a personalidade de cada deus — ao menos o que se sabia deles. O de Zeus, obviamente, era o maior e mais majestoso, mas Jason não se sentiu muito confortável de observá-lo.
Não gostava muito de toda a visão de grandeza que tinham sobre ele por causa do pai.
Ao chegarem a uma praça, Ganimedes serviu-lhes copos com algo que tinha um gosto parecido com Coca-Cola, igual às que alguns filhos de Hermes contrabandeavam para o acampamento por alguns dracmas, e era tão revigorante quanto. Para Annabeth, tinha gosto de suco de laranja.
Ali, eles assistiram a uma apresentação musical das próprias Nove Musas. Elas cantavam em grego antigo sobre o poder obscuro que sempre crescia no Solstício de Inverno, o dia em que as trevas eram mais fortes. Jason esforçou-se para compreender boa parte da música.
O cérebro dos semideuses eram programados para o grego antigo, por isso a grande maioria possuía dislexia. Nem sempre entendiam tudo de cara, mas ainda compreendiam muito bem o idioma e tinham facilidade em aprender. Porém, Jason pensava ter nascido com outra programação, porque ele era péssimo com grego antigo.
Ele não compreendia com tanta facilidade quanto os outros e precisava estudar o dobro. Tudo o que sabia vinham de seus estudos, não de algo natural. Sempre teve uma facilidade maior com latim, que Quíron lhe ensinava toda semana na Casa Grande.
As aulas de latim com Quíron faziam-no sentir-se um pouco menos “defeituoso”. Ele ainda era muito bom em uma língua morta que possuía relação com seu mundo, mesmo que não a mesma que todos os outros.
Jason também tinha uma séria dificuldade com números. Eles se embaralhavam a sua frente quase tanto quanto as letras. Ele era ótimo em matemática, desde que não precisasse escrever os números. Era mais fácil quando fazia com números romanos, e ninguém usava um ábaco tão bem quanto ele.
Após a apresentação das Musas, o próprio Apolo juntou-se a elas para uma canção. Os semideuses do chalé dele acenaram sorridentes, e o deus apenas sorriu brilhantemente para todos.
Jason poderia talvez até vê-lo como seu irmão realmente, pelo cabelo loiro e os olhos claros, mas ele obviamente estava longe de ser tão bonito e nem irradiava uma onda de calor por onde passava.
— Nada de autógrafos agora, sinto muito — ele disse, embora ninguém tenha pedido. — Soube que vocês prepararam algo para nós também. Estou ansioso para ver!
Sim, o acampamento também tinha preparado suas próprias apresentações para os deuses, iniciando pelos filhos de Apolo e suas músicas.
Tudo foi feito no anfiteatro do Olimpo. Vários deuses estavam na plateia, incluindo os doze principais olimpianos e Hades.
Jason avistou o pai, que estava obviamente em destaque ao lado de Hera. Ele observou apreensivo dos bastidores. Pela distância não conseguia ver muito bem, mas só de saber que era Zeus ali já ficara nervoso.
Voltou para os outros que aguardavam sua vez e respirou fundo, tentando não pensar demais em seu pai, o que era impossível. Todos ali estavam nervosos pensando em seus pais, na verdade, e sobre o que pensariam de sua apresentação.
Eles haviam preparado uma peça de teatro, e Jason estaria nela. Encenariam a história da Titanomaquia e o nascimento dos doze olimpianos como um tributo a todos — e porque os proibiram de encenar As Bacantes como Sr. D queria.
Jason estava vestido em uma toga branca e sandálias gregas, em sua mão uma réplica do raio mestre feita pelo chalé de Hefesto. Ele seria Zeus.
Na escalação de papéis, preferiram que um filho de cada deus os representasse, a menos que não tivesse nenhum. Jason era o único de Zeus, então Sr. D não lhe deixou muita escolha. Como deus do teatro, o diretor do acampamento escolheu a dedo os atores e designou seus papéis.
Annabeth seria Atena. Ela estava sentada enquanto Silena, Conselheira Chefe do chalé de Afrodite — e que interpretaria a mãe na peça, — a maquiava. Jason emprestou a ela seu escudo, que um dia foi de Thalia, pois era inspirado no de Atena com a imagem da Medusa entalhada.
Michael Yew, Conselheiro Chefe de Apolo, interpretaria o pai e estava particularmente nervoso por isso.
Como Hades e Poseidon não tinham filhos, precisaram pegar outros para seus papéis. Will seria Poseidon e Mikhail seria Hades.
Mikhail estava no momento junto de Luke e Will repassando seu texto. Como estava nos Estados Unidos há cerca de pouco mais de seis ou sete meses, o garoto ainda não dominava o idioma, mas estava se esforçando para ir bem na peça. Sr. D achou que o sotaque russo daria um ar diferenciado e sofisticado para Hades, assim como o texano de Will, em sua perspectiva, combinaria bastante com Poseidon.
Jason foi até eles, sentindo-se repentinamente mal por dar tanta importância ao próprio nervosismo pelo pai em vez de ajudar o amigo que contracenaria consigo. Então, decidiu também ajudá-lo a repassar o texto.
— Está decidido, você, Hades, ficará com o submundo.
— Eu mereço mais que ser excluído para aquele reino de mortos! — Mikhail exclamou sua fala, e Jason tinha que admitir que o sotaque dava um ótimo efeito a sua fala.
— É uma divisão justa — Will disse a sua.
— Justa apenas para vocês, eu sou o mais velho!
— Você ainda estaria na barriga de nosso pai se não fosse por mim — Jason retrucou.
— Eu acho que Hades não gostar muito disso aqui — Mikhail falou interrompendo a passagem de falas. Não era a primeira vez que reclamava.
— Ele terá de reclamar com o Sr. D, ele quem fez o roteiro e disse que usaria muito da sua “liberdade poética de um deus que ainda não havia nascido na época dos ditos fatos” — Luke respondeu imitando a forma que o diretor falava, e então a música no palco parou. — Vamos entrar daqui a pouco. Onde está a Lena?
Ele também ia participar da peça e estava pronto em seus trajes gregos, segurando uma foice metade aço e metade bronze celestial.
Dionísio tentou escalá-lo como Hermes, mas Luke recusou veementemente interpretar o pai naquela peça. Então foi jogado para o papel de Cronos, que deveria ser considerado seu “castigo” por contrariar o diretor, mas ele pareceu bastante satisfeito ao final, e Hermes ficou para Travis Stoll.
Nos ensaios, ele assumia tão bem o papel que Jason quase ficava assustado com sua expressão maligna digna do Rei Titã. Ele era um ator impressionante.
Com a aproximação iminente do início da peça, todos começaram a andar de um lado a outro conferindo seus figurinos. Gaia e os titãs seriam o primeiro ato, então eles eram os mais afobados, quase todos interpretados por indeterminados do chalé 11.
Yelena aproximou-se, enfim pronta em seu figurino de Rainha Titã, Reia, depois de acalmar alguns dos mais nervosos. Ela estava linda e isso talvez apenas tenha deixado alguns ainda mais nervosos.
Jason não os julgava, ela estava arrasando.
Os longos cabelos escuros caíam em cascata por suas costas, com algumas mechas trançadas com fios de ouro formando um belo penteado junto a uma tiara dourada. O vestido branco arrastava pelo chão e braceletes de ouro adornavam seus braços.
Parecia realmente uma rainha.
Jason olhou para Luke. Ele certamente concordava com aquele pensamento, pois estava praticamente de queixo caído.
Invocou um pouco de eletricidade em suas mãos para dar um choque nele. Luke deu um salto de susto e xingou em grego antigo, olhando-o mortalmente enquanto os garotos riam.
— E como está meu pequeno Hades? — Yelena bagunçou os cabelos do irmão.
Mikhail respondeu em russo, ajeitando a toga preta que usava.
— Você se sairá bem, Mikki. — Ela beijou o rosto dele, então olhando para o trio completo de deuses. — Vocês três irão.
— E eu não? — Luke arqueou a sobrancelha.
— Estou apenas enviando boas energias para nossos três filhinhos aqui que irão te destronar naquele palco. Você não precisa.
— Ah, mas fui um pai tão bom. Eles estavam mais seguros aqui dentro. — Luke entrou na brincadeira e deu tapinhas na própria barriga.
Jason, Will e Mikhail riram. Yelena também riu e aproximou-se mais dele.
— Claro que estavam. Hora das lentes, levanta a cabeça.
Luke fez uma careta.
— Preciso mesmo?
— Ordens do Sr. D. Caracterização impecável.
Luke revirou os olhos e bufou. Yelena segurou seu queixo e forçou-o a olhar mais para cima, e ele o fez e segurou a cintura dela como apoio. Ela segurava uma caixinha com lentes de contato em suas mãos e colocou cada uma cuidadosamente nos olhos dele, e ele sequer piscou até que terminasse.
— Essas coisas incomodam pra caralho.
— Ei! Cuidado com o que fala perto das crianças.
— Você diz coisas muito piores.
— Mais que papa depois das reuniões — Mikhail complementou.
— Se o vovô soubesse tudo que sai dessa boquinha suja nos treinos, ele lavaria sua boca com sabão. — Ela voltou-se para eles novamente.
— Uau! Essas lentes ficaram bem em você — Jason comentou ao olhar para Luke.
Os olhos de Luke agora estavam tão dourados quanto ouro, reluzentes e brilhando contra a luz. Junto a sua cicatriz, dava-lhe um ar muito mais efêmero, talvez até celestial.
Jason não sabia o quão verídica era a informação de que seu avô realmente tinha olhos dourados, mas a informação vinda de um deus — Dionísio — deveria ser confiável.
— Até fico bem de olhos dourados, mas depois de hoje nunca mais quero usar isso aqui. Ótimo para Rei Titã, péssimo para o dia a dia.
— Vamos lá, Rei Titã. Hora de falar com seus súditos.
— Claro, minha rainha.
Ele ficou de pé e estendeu o braço para Yelena, que enlaçou o próprio ao dele e se afastaram juntos até os outros em seus figurinos de titãs como um grande casal de rei e rainha.
Jason repassou uma última vez rapidamente algumas falas com Mikhail antes de o Sr. D surgir ali para falar com eles.
— Não estraguem o meu trabalho perfeito! Lucas…
— Luke — corrigiu.
— Tanto faz. Deixe todos os titãs a postos. Helena…
— Yelena. É Yelena, não Helena.
— Vovó veio prestigiar o Solstício conosco hoje e está ansiosa para se ver representada e permitiu que um de seus leões esteja na peça para trazer mais veracidade.
— Leões?
— Não se preocupe, não irá atacar a menos que ache preciso. Meus meninos, confio em vocês para deixar tudo em ordem.
Castor e Pollux, filhos de Dionísio, assentiram rapidamente e começaram a andar entre todos para garantir que estariam prontos em seus lugares.
— Hora do show!
Ele desapareceu e em seguida os filhos de Apolo deixaram o palco. O diretor reapareceu ali e apresentou sua peça aos olimpianos.
— Claro que espero que ao ver o belíssimo trabalho que fiz com essas crianças, meu tempo de estadia no acampamento seja reconsiderado.
A peça então teve início com Castor segurando um pergaminho e começando sua narração:
— Há muitos éons, no início de tudo, havia apenas Caos…
Todas as luzes se apagaram.
O chalé de Hefesto coordenava as luzes e efeitos, com algumas ajudas de outros chalés. Com um projetor criado por eles, passaram a imagem da terra, uma introdução de Gaia e Urano.
E então, Luke, Chris Rodrigues, Ethan Nakamura, Alabaster Torrington e outros três indeterminados para atuar a cena da queda de Urano. Quatro seguraram um deles por cada braço e perna, e Luke encarou-o com um olhar sombrio.
— Um dia, seus próprios filhos vão destruir você e tomar seu trono, assim como você está fazendo comigo!
Luke gargalhou.
— Que tentem.
Ele baixou a foice.
Não cortou de verdade, claro, mas eles fizeram um ótimo trabalho com icor falso e um pouco de magia de ilusão de Alabaster para parecer que sim e que Urano estava em picadinhos.
Mas eles usaram icor falso demais, e Chris escorregou enquanto saía do palco.
Então, chegou a fase do reinado de Cronos. Luke sentado em um trono com a foice e uma expressão séria em seu rosto enquanto Castor narrava sobre como ele estava se sentindo solitário, até que decidiu pedir a mão de Reia em casamento, e Yelena entrou.
Ela usou uma barriga falsa sob o vestido para representar a primeira gestação e depois segurou um manto que enrolava um boneco de pano para representar o primeiro bebê: Héstia.
Espiando a plateia dos bastidores, Jason conseguiu ver Héstia próxima a um braseiro. Ela assistiu com interesse essa parte. A reconheceu das vezes que a viu no acampamento no braseiro no centro da área de chalés.
Luke fingiu engolir o falso bebê.
— É nossa filha! Como você pôde? — Yelena exclamou.
Ela não pareceu pensar muito no enorme leão ao seu lado.
Na plateia, havia uma mulher com outro leão aos seus pés, em um vestido verde e usando uma bandana na testa com miçangas nos braços. Ela tinha ambas as mãos no coração, parecendo genuinamente emocionada. Se parecia muito com Hera, então Jason julgou ser sua avó, Reia, gostando muito de como estava sendo representada.
— Escute, meu bem, aquela criança não daria certo.
— Não daria certo?
— A maldição que Urano jogou em mim. Seria um problema!
E passaram cenas de Cronos tentando agradar Reia para que o perdoasse pela filha devorada.
Como sabiam, ela perdoou, e então veio o segundo bebê, Deméter, que teve o mesmo destino. A terceira:
— Meu senhor, gostaria de lhe apresentar sua filha, Hera.
Também engolida. Depois Hades e Poseidon. Yelena conseguiu transmitir bem um olhar de frustração e raiva pelo que ocorria, o desejo de vingança pelos filhos.
Então, bebê Zeus. Yelena enrolou uma pedra em um manto e entregou a Luke.
E chegou a hora Jason entrar em ação.
Ele respirou fundo antes de entrar com as mãos trêmulas. Tentou ignorar todos aqueles deuses o encarando, seu pai o encarando. Toda aquela atenção fazia Jason querer correr e se encolher em algum canto daquela imensidão que era o Olimpo.
Jason não gostava de ser o centro das atenções, o que era complicado sendo filho de Zeus. Ser filho proibido era como andar por aí com um outdoor neon nas costas escrito: “Olhem para mim! Eu não deveria existir, mas estou aqui!”
Sua voz saiu trêmula nas primeiras falas. Porém, ele conseguiu avistar Luke assistindo tudo e sorrindo para si, erguendo os polegares em incentivo.
— Copeiro?
— É fácil — Yelena falou. — Sempre que o Rei Cronos pedir uma bebida, você leva para ele. Assim estará perto dele para encontrarmos um meio de resgatar seus irmãos que ainda vivem no estômago dele.
A parte seguinte deixou Jason ainda mais nervoso. Ele teve que cantar.
Aparentemente, Zeus cantava muitas músicas para entreter os titãs nessa época, e aquilo não poderia ficar de fora da peça. Ele praticou quase todos os dias com os filhos de Apolo para conseguir cantar toda aquela música em grego antigo sem desafinar uma única nota ou errar alguma palavra.
Apesar do nervosismo, ele foi muito bem. Jason praticou para isso, não poderia ser menos que perfeito para conseguir impressionar o pai e todo aquele esforço valer a pena.
Aquele ato se encerrou com Cronos bebendo de um cálice uma mistura que o fez vomitar todos os filhos, com Luke engasgando de verdade no processo e Will precisando bater em suas costas nos bastidores.
E então veio a criação dos três símbolos de poder dos Três Grades: O Raio Mestre, o Tridente e o Elmo das Trevas.
O raio falso ainda canalizava eletricidade, então Jason usou com seus poderes para jogar rajadas de eletricidade que simulem raios reais — todos estavam devidamente protegidos com solas de borracha em suas sandálias. O tridente de Will soltava água ao apertar alguns botões escondidos. O elmo de Mikhail não era mais que um elmo comum pintado para parecer ferro estígio, mas ele sabia fazer um olhar intimidador o bastante e convincente para passar a aura de terror que o original criava.
— Vamos atacar o Monte Otris.
— Resumindo, nos render? Porque isso seria nos condenar ao Tártaro — Mikhail respondeu.
— Dessa vez, tenho de concordar com Hades — Will disse, apoiando-se no tridente.
Mas ele deve ter colocado muito de seu peso no apoio, pois acabou caindo e espirrando água na filha de Afrodite que interpretava Héstia.
— Desculpe, Ali... Héstia.
A garota parecia prestes a xingá-lo, mas lembrou que estava numa peça e sorriu.
— Apenas mais cuidado, irmão.
Eles continuaram como se nada tivesse acontecido.
— É a base deles, seu principal centro de poder, onde está o trono de Cronos. Se destruirmos o Monte Otris, vencemos a guerra. Eu tenho um plano!
— Claro que tem. — Mikhail revirou os olhos.
Ele era realmente bom naquilo.
— Vamos escalar o Monte Olimpo.
— Vamos o quê? — exclamou Katie Gardner, Deméter, com sua grande espada dourada.
Eles encenaram o ataque ao Monte Otris vindos do Olimpo e a derrota de Atlas, principal general de Cronos.
Encenar uma batalha com Luke não foi difícil. Ele havia lhe dito para agir como se fosse qualquer treinamento entre eles, apenas com armas diferentes. Ataque, esquiva, contra-ataque. Talvez eles tenham se empolgado demais e feito durar mais do que deveria, pois viram o Sr. D batendo no próprio punho em um relógio invisível.
Ataque final, Luke estava no chão.
Jason até gostou da sensação de vencer Luke, mesmo que fosse em encenação.
A parte do reinado dos deuses deixou-o desconfortável, no entanto, por uma razão específica: Drew Tanaka, ou melhor dizendo, Hera.
Na realidade ou na ficção teatral, Hera estava ali para atormentá-lo.
Ela não escondia o leve — um grande eufemismo — crush que tinha nele. Isso o deixava terrivelmente envergonhado e desconfortável, pois não havia nenhuma reciprocidade, mas ela não parecia entender. Em todos os ensaios, nunca perdia a chance de estar ao lado dele segurando em seu braço ou o abraçando.
Ter que cantar pra ela como um Zeus tentando conquistá-la era um pesadelo. E ela talvez não tenha entendido que Hera não cedeu tão fácil às investidas de Zeus para que se casassem.
— Se eu aceitar me casar, você será um marido bom e fiel.
— Eu aceito as condições.
Algumas risadinhas ecoaram na plateia. Jason também precisou se conter para não rir, pois sua presença já era uma prova de que Zeus não cumpriu tão bem as condições impostas por Hera.
Durante a cena do casamento, Jason queria fugir. Quanto mais aquela peça se prolongava, mais ele queria que terminasse logo.
Ele sentiu-se um pouco melhor quando Annabeth entrou em cena, surgindo como se tivesse saído de sua cabeça. Ela estava confiante, dizendo cada uma de suas falas sem medo ou um único erro, conseguia roubar a atenção sem esforço.
Então, os gêmeos: Apolo e Artemis. Clarisse não estava nem um pouco empolgada em interpretar a deusa, mas Michael usou de seu grande carisma de filho de Apolo para suprir isso.
Travis foi um ótimo Hermes. Talvez, bom até demais. Como também deus das travessuras, seu filho honrava esse aspecto com louvor e não perdeu a chance de aprontar na peça.
O resultado foi uma Hera realmente presa no trono no arco da ascenção de Hefesto ao Olimpo e que demorou mais que o esperado para se soltar porque os mecanismos estavam cheios de chiclete, esterco na parte do roubo do gado de Apolo que infestou o lugar com um cheiro horrível, o salto de Silena quebrando no arco de Afrodite e alguns outros pequenos "acidentes técnicos".
O último ato foi, obviamente, o nascimento de Dionísio. Já que não foi permitido que interpretassem As Bacantes, ele não deixaria de ter seu momento de brilhar ao fechar a peça com chave de ouro.
Jason precisou de uma ajudinha de Will e seu poder de emanar luz, alguns espelhos e um pouquinho de física para conseguir brilhar intensamente como uma verdadeira forma divina que incinerou a pobre mãe do bebê Dionísio.
Pollux interpretou o pai perfeitamente em sua ascensão ao Olimpo, e Sr. D aplaudia a todo momento. Foi a única vez que ele se mostrou tão animado durante a apresentação, fora cada narração de Castor.
A peça terminou com todos os doze que interpretaram os principais olimpianos sentados em seus tronos, Jason no centro no maior de todos. Os olhos dele foram imediatamente para o pai na plateia, mas, assim como no início, não saberia dizer nada da expressão dele.
Porém, vários outros deuses os aplaudiram, até mesmo Reia.
Sr. D retornou ao palco para seu pequeno discurso em agradecimento, mais uma vez pedindo que sua estadia no acampamento fosse repensada e reduzida.
E então, Luke tomou a fala, antes que os deuses deixassem o local.
— Gostaria de dizer algumas palavras antes de irem…
— Casteell! — Sr. D repreendeu.
— Castellan.
Luke deu mais alguns passos à frente.
— Nós nos preparamos durante meses para fazer isso… Para vocês. Um tributo, uma homenagem. E acho que até poderíamos fazer muitas outras, se algumas outras questões forem resolvidas.
Ele respirou fundo e olhou para os colegas de chalé, apontando para eles.
— Metade desses que estão atrás de mim não sabe quem de vocês é o seu pai ou a sua mãe, e é muito difícil pensar em homenagear alguém que sequer o reconhece.
Os deuses ficaram em total silêncio e alguns semideuses do chalé 11 começaram a se mover para pegar cartazes, o plano de Luke começando a tomar prática.
Ele preparou muito mais que uma peça nos últimos meses. Ele preparou um pedido aos deuses, uma súplica para que algo fosse feito, tudo por debaixo dos panos, pois nem Quíron nem o Sr. D aprovaram a ideia pela possibilidade de irritar os deuses.
Luke não estava muito preocupado em irritá-los.
— Eu sou Luke Castellan, Conselheiro Chefe do Chalé de Hermes. Meu chalé sempre acolheu os recém chegados indeterminados. Nos últimos cinco anos, quase cem semideuses chegaram, mas nem metade deles foram reclamados. Mesmo no inverno, está sempre lotado porque eles não têm para onde ir.
— Luke… — disse um deus na plateia. Jason logo o reconheceu pelas sandálias aladas. Hermes.
Luke não parou.
— Sempre nos dizem que os deuses são muito ocupados e entendemos isso, mas não pedimos muito. Estou falando por todos eles para pedir o mínimo que é que nos vejam. — Alguns ergueram cartazes com vários nomes. — Esses nomes? Sabem de quem são?
Silêncio. Ares revirou os olhos e bufou.
— Todos os semideuses que perdemos nos últimos dez anos. A maioria deles sequer havia sido determinado.
— A vida de um semideus tem riscos, todos vocês sabem — Zeus disse, enfim.
— Conan Langton. Steve Martin. Laurel Mendes. Lorcan Backer… — Luke começou a citar cada nome. — … Thalia Grace.
Jason engoliu em seco ao lembrar da irmã. Sua mente viajou para aquela noite, a forma como Luke o abraçou e escondeu seu rosto para que não visse Thalia morrer.
Ainda tinha pesadelos.
— Não somos reclamados e morremos em missões todos os dias sem receber um único agradecimento. Isso não está certo!
Alguns deuses riram.
— Agradecer? Vocês deveriam ser gratos a nós.
— Uma dessas mortes era a sua filha!
— E o espírito dela naquela árvore impede que outros de vocês tenham o mesmo destino. Onde está o nosso agradecimento por isso?
— Isso não impediu que eu fosse enviado para uma missão inútil e voltasse com essa cicatriz. — Ele apontou para o próprio rosto. — O meu melhor amigo morreu naquela missão. Eu quase perdi outra pessoa que amo naquela missão. Nós não estamos pedindo muito.
— Já chega.
— Existem vários de nós espalhados pelo mundo, mas alguns sequer têm a chance de chegar ao acampamento porque os sátiros não vão para além dos Estados Unidos. O Acampamento Meio-Sangue é um lugar seguro para todos nós e todos deveriam ter a chance de se proteger, não só os…
— Acabou seu tempo, filho de Hermes.
— Yelena, Mikhail e Alabaster sabem quem são suas mães, mas elas não têm chalé. Quantos outros não são reclamados porque não teriam onde ficar? Vocês não reconhecem nem a vocês mesmos!
— CALE-SE!
Zeus ficou de pé, os olhos faiscando em fúria.
— Nós recebemos vocês em nosso lar de boa vontade. Não iremos ouvir bobagens e desaforos.
— Eu ainda não terminei!
— Terminou.
— Mas…
— Terminamos por aqui — Zeus repetiu, firme, e voltou-se para os outros deuses. — Iniciaremos o Conselho em dez minutos.
Os deuses começaram a se retirar. Jason viu Luke cerrar os punhos, impotente.
— Pai, por favor! — Ele correu atrás do deus.
Zeus não parou. Jason continuou a segui-lo até parar a sua frente, ofegante. Engoliu em seco no momento que encarou-o, a expressão fria que via do palco ainda presente.
Ele não soube como reagir ao primeiro momento. Aquela era a primeira vez que estava diante do pai, ele imaginara aquele momento várias vezes nos últimos anos ao olhar para a estátua em seu chalé, mas nada poderia se comparar à realidade.
Zeus estava em seu tamanho humano, mas Jason ainda se sentia terrivelmente pequeno perante ele.
— Pai…
— Junte-se aos outros, Jason.
— Ouça o Luke, por favor.
— Eu já ouvi o suficiente.
— Faça isso pela Thalia!
— Thalia está morta.
— Amanhã é o aniversário dela.
22 de dezembro. Thalia deveria estar completando seus dezessete anos no dia seguinte, mas não estava, porque o mundo para eles era cruel demais.
Era sempre um dia difícil para Jason, assim como seu próprio aniversário, por não ter a irmã ao lado. Ele ficava o dia inteiro sob a sombra do pinheiro, não falava com ninguém, nem ia aos treinos. Quíron compreendeu o suficiente para não insistir que fosse aos treinos, mas sempre pedia para alguém ir vê-lo.
Annabeth e Luke sempre iam e levavam cupcakes com velas para os três comerem. Eles estavam sempre ali.
Nunca o seu pai.
— O senhor ao menos pensa nela?
Silêncio.
— Eu esperava que essa fosse a chance de podermos, enfim, conversar…
— Não podemos.
— Mas…
— Você não deveria estar aqui, Jason.
Jason abriu a boca para rebater, mas não saiu nenhum som. Ele encolheu os ombros, os olhos marejados. A expressão de seu pai não mudou, ainda séria, imponente, tempestuosa.
Aquelas palavras poderiam dizer muitas coisas.
Não deveria estar ali conversando com ele? Ali no Olimpo naquele dia? Não deveria existir?
— Não é justo.
— É assim que o mundo funciona.
— Mas não deveria! Eu não quero ver meus amigos morrerem como a minha irmã.
— O quanto antes entender como é o mundo e o seu lugar nele, melhor será, Jason. E o seu lugar não é aqui.
Zeus passou por ele sem dizer mais nada e deixou-os sozinho.
Jason tentou, mas não conseguiu conter as lágrimas. Elas saíam de seus olhos como uma chuva torrencial, os olhos claros como o céu agora escuros como uma tempestade.
Ele correu de volta para os bastidores do anfiteatro, onde Sr. D dava um grande sermão em Luke. Avistou Annabeth por perto, e assim que ela o viu foi em sua direção.
Jason a abraçou com força, sem dizer nada.
— Está tudo bem agora — ela disse, sem soltá-lo.
— Ele me odeia.
— Não, Jason… Ele… Os deuses são complexos, só isso.
Ele continuou a abraçá-la.
— Não dê as costas para mim — Dionísio exclamou.
— Jason! Jason, o que houve?
Jason se afastou de Annabeth apenas para abraçar Luke também. Ele desabou, permitindo que toda a dor e frustração saísse por suas lágrimas e se aconchegando no calor das únicas pessoas que o entendiam de verdade e o amavam como era.
Luke e Annabeth eram sua família, não Zeus.
— Eu estou aqui, Jay — Luke sussurrou e afagou seus cabelos carinhosamente.
— E-ele… Ele disse que eu não deveria estar aqui — choramingou e gaguejou. — Q-que… Que a-aqui não é meu lugar.
— Seu lugar é onde Annabeth e eu estivermos, e nós estamos aqui com você.
— Estamos aqui, Jason — Annabeth sussurrou também, e o abraçou forte.
Não saberia dizer quanto tempo ficou assim. Os outros ao redor passavam olhando de soslaio enquanto desarrumavam tudo e trocavam de roupa outra vez.
Jason afastou-se secando o rosto, e Luke fez um leve carinho em sua bochecha. Ele estava preocupado, mas havia algo no olhar dele que não soube identificar ao certo. Raiva? Tristeza? Frustração?
Mas ele sorriu fraco, ainda com os olhos dourados.
— Vai ficar tudo bem, Jason.
Jason apenas balançou a cabeça e fungou. Luke beijou sua testa.
— Jay, melhor trocar de roupa — ouviu a voz de Yelena atrás de si e sentiu uma mão em seu ombro.
Ela secou seu rosto com um lenço, e então trocou um olhar com Luke, quase um diálogo silencioso.
— Fique com eles. Vou tirar essa maldita roupa e as lentes. Volto logo.
Luke se afastou rapidamente a passos rápidos e pesados. Ele pegou sua mochila e saiu da vista de todos.
Yelena abraçou Jason e Annabeth de lado e os levou até onde o irmão estava impaciente, resmungando em russo provavelmente sobre tudo o que aconteceu. Ela ficou ao lado deles quando foram guiados para a reunião do Conselho dos Deuses.
Jason não prestou muita atenção na reunião, apenas ficou parado ao lado de Luke e Annabeth, abraçado aos dois.
A reunião também não acabou bem para os deuses quando Zeus e Poseidon começaram a brigar. Não saberia dizer como começou, nem o motivo, mas claro que em algum momento Jason entraria em questão.
— Nós temos bem aqui uma prova clara da sua integridade e cumprimento de palavra, não é, irmão? — Poseidon esbravejou.
Jason encolheu-se contra Luke. Ele queria que o tempo passasse rápido, mas parecia se arrastar interminavelmente, cada minuto parecendo horas.
Os dois irmãos brigaram por longos minutos, Hades a todo momento suspirando e revirando os olhos.
— Hades...
— Não me incluam em suas brigas! Eu apenas estive cuidando do meu reino em paz o ano inteiro.
Agora os três discutiam.
Quando enfim acabou, Jason suspirou aliviado, caminhando de cabeça baixa, cabisbaixo.
Aquele foi um dos piores dias da sua vida. O Olimpo não o via como nada além de um erro de Zeus, alguém que não deveria existir. Estar ali era sufocante.
As palavras de seu pai ainda estavam em sua mente, e ele pensava se já não havia feito o bastante. O que mais precisaria fazer para provar para o seu pai que ele estava errado? Ele está no lugar certo! O acampamento é o seu lar, o único lugar em que esteve seguro em sua vida.
Jason queria chorar de novo.
— AH! LUKE!
Jason, de repente, foi erguido do chão por Luke e jogado sobre seu ombro. Ele começou a bater nas costas do amigo.
— Me coloca no chão!
— Vamos lá, Jay! Você adorava a vista daí de cima.
— Eu não tenho mais cinco anos.
— É, mas acho que ainda consigo carregar meu irmãozinho.
Jason riu e ajeitou-se até estar sobre os ombros de Luke, como ele sempre fazia consigo antes de chegarem ao acampamento. Annabeth também riu, pouco antes de Chris colocá-la nos próprios ombros também sob gritos e resmungos, mas ela depois não reclamou mais.
Ao lado deles, Yelena carregava o irmão nas costas.
A vista do Olimpo daquele ângulo era ainda mais majestosa, mas Jason não se importou muito. Ele estava ocupado demais rindo toda vez que Luke ameaçava derrubá-lo ou tentando derrubar Annabeth dos ombros de Chris sempre que ela se distraía com algum monumento.
— Quem de nós chega primeiro ao elevador? — Chris sorriu travesso.
— Quíron falou para ninguém se afastar — Annabeth repreendeu.
— Equilibrar alguém nas costas é muito mais fácil, então já ganhei. — Yelena falou e começou a correr.
— Ei! Segura firme, Jason.
Jason segurou-se abraçando o pescoço de Luke quando ele começou a correr, deixando uma gargalhada escapar.
Eles ouviram Quíron repreendê-los. Annabeth gritava com Chris para ter cuidado para não deixar ela cair, mas ainda era possível ouvir sua risada, enquanto Mikhail também ria animado mais a frente com a irmã.
Jason olhou para trás e viu outros do chalé de Hermes começando a correr também, seguindo Luke sem pensar duas vezes. Ele ainda gargalhava com o vento batendo em seus cabelos. Uma lágrima escorreu, mas não era mais de tristeza.
Yelena ganhou a corrida entre os três e disse algo em russo em comemoração que provavelmente devia ser algo bastante impróprio, e Mikhail gritou: “Fodam-se americanos!”.
— Como se sente, Jay? — Luke perguntou, ofegante pela corrida.
Jason sorriu.
— Estou bem.
Luke sorriu de volta e colocou-o no chão outra vez, bagunçando mais seus cabelos.
Como punição do Sr. D, eles seriam os últimos a descer no elevador e subir no ônibus e teriam de lavar a louça pelo resto da semana, mas apenas deram de ombros.
Eles ficaram nos fundos do ônibus. Annabeth pegou a Polaroid de Jason para tirar uma foto dele. Ele riu baixo e tirou uma dele também. Nos assentos ao lado, Luke abraçava sua mochila no colo com um braço e com o outro livre abraçava Yelena, que caiu no sono em seu ombro pouco depois que subiram. Jason tirou uma foto deles, e uma de Mikhail e Will nos assentos da frente fazendo caretas juntos, e outra de Chris irritando Clarisse.
O dia certamente não acabou como o esperado, e Jason, no fundo, ainda estava mal depois do fiasco do plano de Luke e da conversa com o pai. Contudo, ali, olhando aquelas fotos e rodeado de seus amigos, ele se sentia bem e acolhido.
Zeus estava errado. Ele estava exatamente no seu lugar.
——————————
Olá, semideuses!
Tudo bem?
E começamos a jornada do nosso Jason grego! O que acharam?
Algumas partes da peça eu me baseei no livro Deuses Gregos em que temos nosso querido Percy narrando os mitos. Espero que tenham gostado de todo esse capítulo.
Luke ainda tentou falar com os deuses né...
Logo veremos o desenrolar de tudo o que aconteceu nessa excursão.
Não esqueçam de comentar bastante sobre o que estão achando! Ansiosos? O que esperam do Jason no acampamento? Me digam!
Em breve retorno com mais!
Até a próxima!
Beijinhos,
Bye bye 👋🏻😘
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