Treino Misto
— Keiko na direita! — gritei me preparando para fazer a recepção caso algo desse errado no bloqueio.
A central pulou — Um toque!
Recuei para buscar a bola fora da quadra, olhando rapidamente para a posição do time — Akaashi cobre!
— Konoha-san por favor — o levantador pediu, e o atacante correu para dar sequência no ataque, o único azar dele é que Washio e Sora subiram para fazer o bloqueio.
— Komi cobre a esquerda — dei a instrução para o líbero uma vez que estava na linha de fundo. Dito e feito, o bloqueio mandou a bola de volta para a quadra, caindo na zona de defesa do garoto.
Me preparei para saltar do fundo junto quando o segundanista se posicionou para fazer o levantamento. Nisso o bloqueio ainda estava se posicionando e eu marquei o ponto que fechou o set do nosso jogo misto.
— Isso! Bom levantamento Kaashi — bati minha mão na sua, recebendo um sorriso em resposta.
— Obrigado senpai.
— Boa recepção Komi-yan — disse também para o meu colega de defesa.
Já faz alguns dias que os acampamentos terminaram, e em ordem de manter as novas ideias e o aprimoramento de técnicas, os dois times se encontraram mais vezes para jogarem juntos. Nenhum dos treinadores queriam colocar uma rotina de treino nas últimas semanas, então deixaram os times livres para fazer o que quiserem.
O ginásio dos meninos, que é maior, foi dedicado para treinos individuais. Enquanto o nosso era usado para sets mistos, cada um deles sendo com um time diferente, para nos acostumarmos a jogar com a maior diversidade de jogadas individuais possíveis.
— Droga, vai capitã. Troque 3 dos seus jogadores por perdedores — Sora reclamou.
Levantei os braços — Não sei, alguém se voluntaria?
— Eu! — Kou levantou o braço.
— Sem chance! — Konoha gritou de volta — Sabe as regras, você e a [Nome] precisam jogar separados. Por isso usamos os nomes de vocês para marcar cada time.
Ele apontou para a lousa onde realmente os adversários eram marcados como [Nome] vs Bokuto. Nisso o capitão cruzou os braços chateado.
— Se vocês ficarem junto no mesmo grupo acabou para o outro.
Kou buscou meus olhos esperando um comentário, respirei fundo — Desculpe, dessa vez vou ter que concordar. Nós dois gostamos de fazer pontos demais, provavelmente precisamos brigar por ataques.
— Capitã — Amano-kun que estava nos acompanhando me chamou —, posso sugerir algo?
— Claro — sorri para o garoto que abraçou a prancheta —, o que pensou?
Ele abaixou a cabeça e em seguida ergueu os olhos cor de rubi para os meus com determinação.
— Durante o acampamento do grupo Fuyumi, uma das atividades foi jogar com posições que não são suas. O treino deve acabar em breve considerando o horário, então pode ser uma boa alternativa para mudar o ritmo agora no fim.
— É verdade — Sora concordou —, mas mesmo assim não gosto da ideia desses dois juntos do mesmo lado da quadra.
Eu sabia exatamente que a implicância da minha amiga vinha do fato dela estar contando mentalmente quantas vezes ela ganhou de mim. E me ter jogando com o Koutarou, em sua visão, era como estar roubando.
— Vamos fazer apenas para brincar, não precisamos contabilizar esse se não quiser.
— Feito — respondeu quase de imediato.
Konoha levantou as mãos para a cabeça — São monstros, todos vocês. E como definimos quem joga com qual posição?
— Nosso querido gerente-kun pode fazer isso não é? — Keiko jogou o braço em cima dos ombros do garoto que imediatamente ficou da cor dos próprios olhos. — Está nos acompanhando desde manhã, pode dar posições baseadas nas competências de cada não é?
— S-Sim! — ele deu um pulo e prestou continência — É para já!
— Ótimo soldado — ela respondeu com a mesma animação — vamos aguardar o relatório.
Amano-kun se curvou e voltou para a arquibancada para resolver a tarefa repentinamente incumbida a ele. Sora bateu nas costas da colega meio de rede, reclamando sobre não se aproveitar dos mais novos.
— Me surpreende mais que Kei-chan tenha pensado nisso — Aki comentou em voz alta.
— Ou que ela saiba o que competência pessoal seja — Hana completou.
Nesse momento, ouvi um estalo e em seguida os cabelos que estavam presos num rabo de cavalo se voltaram. A discussão parou repentinamente se voltando para mim, passei a mão pelos fios soltos e olhei para o chão onde o lacinho que geralmente o prendia estava.
— Já estava na hora, faz quantas dezenas de anos que você usa isso — Sora me alfinetou.
— Tenho alguns, só acontece que eles são iguais — reclamei —, mas acho que só estava com esse na bolsa.
— Alguém deve ter um para te emprestar.
— Eu tenho!
Quem gritou isso mais alto do que realmente era necessário foi Koutarou, suas orelhas ficaram vermelhas, numa maneira de fugir da atenção ele correu até a bolsa e voltou com um lacinho muito parecido com o meu, porém, cinza.
— Me parece muito oportuno isso — Emi cerrou os olhos na direção dele —, por que você tem isso com você capitão?
— Koemi-nee me deu — respondeu, Kou mirou os olhos nos meus e era como se tivesse uma galáxia de estrelas em cada um deles —, posso amarrar seu cabelo?
Emi soltou um pequeno grito e imediatamente foi escondida por Hana e Aki que entraram em sua frente, tentando evitar que o capitão descobrisse nossa fã número 1.
Senti o rosto esquentar, incerta sobre seu pedido.
— Está um pouco suado pelo tanto que jogamos hoje.
— Não tem problema.
Todas as minhas defesas realmente desapareciam quando estava com ele, virei de costas — Tudo bem então.
Seu toque foi inesperadamente leve, senti seus dedos roçarem na nuca de maneira involuntária e segurei a vontade de me afastar fechando a mão em punho. Me sentia mais nervosa com esse simples gesto do que com um beijo trocado, parece bobo, mas... Ao mesmo tempo, é tão incomum que se torna mais íntimo.
Kou puxou os fios na lateral da minha cabeça correndo os dedos por ele, em nenhum momento senti um puxão, ele estava prendendo meu cabelo com o maior cuidado possível.
— Pronto!
Levantei a mão, sentindo o penteado e então apenas apertando um pouco.
— Obrigada.
O sorriso que Kou abriu fez todo o restante desaparecer.
— Isso é nojento, parem com isso — Sora jogou uma bola na nossa direção, por sorte Amano-kun chegou com a lista e a salvando do meu retorno.
Bem, ainda poderia dar uma surra nela em quadra, já que estava do outro lado da rede. E eu acabei virando uma levantadora com um meio de rede muito determinado em cortar mais do que defender.
— [Nome] mais um!
Akaashi realmente é um levantador incrível por conseguir manter o ritmo com Koutarou, e ainda prestar atenção no time ao redor.
— Desculpa, foi baixa!
Mesmo assim o ataque foi feito com força total, fechando um sólido 25 a 15. Kou voltou para o chão e ergueu os dois braços para o alto comemorando.
— Hey, hey, hey! Bom passe [Nome] — ele ficou esperando eu bater em suas mãos.
— Você não precisa elogiar todo levantamento, se ele for ruim apenas diga que ele é ruim — reclamei mesmo respondendo seu high-five.
— Mas todos são bons para mim.
Balancei a cabeça, não tinha jeito. Chie apareceu em seguida para avisar que ela ia fechar o ginásio, e que as coisas no outro ginásio já tinham terminado. Arrumamos as redes, e também guardamos o restante, agradeci Amano-kun e o dispensei dizendo que o esperava na manhã seguinte.
— Capitã estamos indo! — Emi saiu empurrando Aki.
— Não deixe seu namorado esperando demais — Sora saiu também, mas voltou para corrigir —, desculpa. Seu pseudo-namorado.
— Tchau, Sora.
Escutei ela rindo e sequei a mão, ainda no vestiário olhei no espelho, o rabo de cavalo que Kou fez para mim parecia intacto. Ajeitei os fios que soltaram nas laterais atrás das orelhas e joguei a alça da bolsa no ombro, e saí.
— De alguma maneira parece que sempre somos os últimos — comentei me aproximando —, vou tentar ser mais rápida da próxima vez.
— Não demorou nada.
Segurei sua mão e andei na direção para voltar para casa.
— Sabe, uma parte de ser uma... Dupla, envolve ser sincero um com o outro. Você não precisa aceitar tudo que faço, se chatear pode me falar.
— Mas não estou chateado com você. Se foi por causa do levantamento realmente foi b-
Parei de andar e segurei seu rosto o calando com a própria boca, acariciei seu rosto e quando me afastei para olhar em seus olhos soube que tinha sua total atenção.
— Eu sei, mas no futuro. A partir de agora, promete que fala comigo antes, se eu fizer qualquer coisa que te machuque, ou que você não goste.
— [Nome].
Apertei suas bochechas — Promete?
— Sim.
Sorri e levantei a ponta dos pés e beijei sua testa, em seguida soltando seu rosto e então o abraçando pelo pescoço. Kou respondeu o gesto me abraçando pela cintura.
— Por que disso agora?
— Nenhuma razão em específico — respondi e o soltei, já estávamos bem atrás no nosso cronograma de volta.
— Mais cedo, você realmente ficou feliz de amarrar meu cabelo?
O braço que segurava sua mão estava balançando enquanto os passos eram dados lado a lado.
— Sim! — respondeu com um sorriso que o fez até fechar os olhos — É muito macio. Eu me lembro de quando era pequeno, minhas irmãs me deixavam brincar com os cabelos delas. Porque eu sempre via meu pai fazendo na minha mãe, mas hoje ela não tem mais o cabelo comprido, então ele geralmente só ajeita tiaras.
— Isso... É muito gentil da parte dele — me lembrei do homem calmo que me recebeu em sua casa, mesmo quando de surpresa. Apesar disso, não conseguia imaginar a mulher ao seu lado tão dócil dessa maneira.
— Meu pai faz chá para minha mãe, por conta dos pacientes ela costuma ter dores de frequência. Mais de uma vez vi os dois juntos na varanda.
— Parece legal.
A conversa fluiu até chegarmos pero da minha casa, foi quando resolvemos nos despedir... E um certo alguém apareceu de surpresa.
— Desculpe, ainda não estou acostumado a ver minha nova irmã beijando um cara — Tom olhou envolta, quase na esquina de casa tinha algumas árvores que faziam uma boa barreira ocular —, bom esconderijo.
Boa coisa que Koutarou não entendeu uma única palavra do que ele disse
— O que está fazendo na rua essa hora? — questionei Thomas com um pouco de vergonha por ser pega trocando alguns beijos com meu pseudo-namorado, como Sora chama.
O loiro indicou os pés — Correndo. Não é como se eu tivesse um horário de recolher.
— É melhor eu ir, até amanhã [Nome] — Kou sorriu envergonhado acenando para Tom e seguindo o caminho dele, não sem antes tropeçar e quase bater num poste.
— Koutarou gosta realmente de você — o mais novo olhou com uma careta o caminho por onde Kou seguiu.
Joguei o braço por cima de seu ombro, o levando direto para a casa e encerrando o assunto por ali.
— Sorte minha.
N/A: Obrigada por ler até aqui!
Até mais, Xx!
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