Louis esperava encontrar em alguns dias de férias no cruzeiro; paz, descanso e um pouco de diversão, era pedir demais? Ele pensou. Tudo que havia acontecido no momento tivera sido ao contrário, após embarcar no navio, Tomlinson teve que aturar perguntas sobre quando sua esposa chegaria, se estava atrasada e se ele queria inscrever-se na grade de programação para casais, como um bom garoto que não sabia dizer não as pessoas, aceitava tudo sem reclamar, mas agora em seu quarto, com uma cama de casal toda enfeitada para noite de núpcias, o jovem pensou que com toda certeza do mundo, não devia estar ali.

Olhou rapidamente para o moço que era alguns anos mais velho que ele e acenou com a cabeça, seu crachá dizia que se chamava Stan. Fitou a cama de casal uma expressão insatisfeita estava estampada em seu rosto, mas o outro não percebeu.

— Pode deixar ao lado da cama. E obrigado. — Anunciou a Stan, que assentiu e deixou a bagagem de Louis ao lado da cama king size.

Não sabia se deveria dar algum tipo de gorjeta ao homem, então somente lhe entregou a cesta com as guloseimas que estava em cima do pequeno criado mudo de cor amadeirada a esse.

— Pode ficar, não vou precisar mesmo. — Entregou a cesta a Stan.

— Desculpe, senhor. Mas não posso aceitar, é cortesia do cruzeiro. — Sorriu amigavelmente para Louis.

— Ah, entendi. Obrigado. —
Aceitou a cesta das mãos de Stan e voltou a deixá-la na cama. Olhou o vinho e talvez precisasse disso mais tarde.

— A senhora Tomlinson está atrasada? — Perguntou Stan, a posição profissional dele era nítida, Louis abaixou a cabeça e suspirou fraco.

— Sim, ela logo chega. — Tomlinson mentiu, ele sabia que Eleanor nunca viria.

Após o momento constrangedor, o rapaz despediu do outro que saiu pela porta, caminhando pelos estreitos corredores. Louis fechou a porta da cabine e arremessou seu corpo a cama imensa, os lençóis eram de um tecido macio que se parecia com seda. Sua ex noiva gostava de lençóis e roupas de seda, sempre que saiam a garota escolhia alguma peça para comprar que fosse do tecido. Pela primeira vez passou a examinar o quarto e apesar de ser um cômodo único, era amplo e espaçoso, poucos móveis; somente a cama king size, um guarda roupa de porta de correr, o pequeno criado mudo e um frigobar ao lado esquerdo da cama. O quarto era simplista e confortável para um casal de recém casados, com somente uma janela lacrada que dava a Louis uma visão do Oceano límpido. 

Algum tempo mais tarde, Tomlinson encontrava-se no andar descoberto do navio, ao lado de alguns casais, Louis fitava a imagem de como era viver um romance. Apesar de seu extremo tédio com a grade de atividades, o rapaz compareceu ao local que exigia que estivessem ás 17h no convés do navio. 

Foi surpreendido com o quão chique o navio podia ser. Ao piso de madeira cromada e uma iluminação de lâmpadas azuis e vermelhas que dava um ar casual ao local, logo a sua frente encontrava-se algumas cadeiras de praia ao lado de uma piscina que ficava adiante de um pequeno bar com um garçom que estava preparando alguns drinks.

O convés era divido em algumas partes, pelo que Louis havia percebido, um pouco a sua frente tinha uma decoração receptiva, um bufê gigantesco com diversas opções de comida.

Estava um pouco afastado dos casais, quando o instrutor de atividades chegou, Tomlinson levantou seu rosto para examinar o homem, esse que aparentava ser um pouco mais velho que próprio Louis e uns centímetros mais alto também, o instrutor tinha um rosto marcante. Olhos verdes como esmeraldas, alguns cachos caiam por sua testa em um corte não tão curto para o casual mas não tão longo para parecer um hippie. Seu nariz era reto e fino na ponta, dava um contraste ao seu maxilar definido e quadrado o deixavam com uma aparência mais máscula. A pele pálida e sem nenhuma marca de sol, Louis se perguntou como alguém podia passar o dia trabalhando no sol quase escaldante e continuar com a pele pálida e límpida de manchas. 

Examinou a roupa do instrutor, que vestia uma camisa florida que parecia ter sido comprada por Clarice,  uma jeans apertada e um pequeno crachá de identificação estava em sua camisa azul berrante, "Harry Styles" nome marcante para uma aparência marcante, deduziu.

Foi tirado de seus devaneios quando a voz rouca, salpicada num sotaque britânico se pronunciava.

— Boa tarde, casais. Eu sou Harry Styles e nessas férias serei o instrutor de vocês. Várias atividades foram marcadas na grade que foi entregue mais cedo a vocês e nós vamos praticar alguma dessas coisas em nosso cruzeiro. — Sorriu amplo, uma fileira de dentes brancos e brilhantes apareceu juntamente a um conjunto de covinhas. 

— A atividade de hoje, como o informado será um pequeno treinamento de valsa. Vamos aprender alguns passos e tentar surpreender um pouco seus parceiros, certo? — Ele examinou a turma rapidamente, pousando seu olhar brevemente em Louis.

— Preciso que vocês se juntem em par para começar nosso ensaio. — Os casais foram aproximando um a um do seu par, Louis sentiu um nó formando em sua garganta, pigarreou baixo e voltou o olhar ao instrutor. De repente, Tomlinson sentiu a necessidade de tomar uma dose para não chorar. 

Deu a volta entre os casais e passou a caminhar atrás desses, talvez se não fosse visto poderia fugir ao bar e tomar algumas. Percebeu o instrutor o olhando com suas sobrancelhas franzidas e ruborizou. Fui pego, ele pensou. Mas logo tirou isso de mente quando o homem ao menos o seguiu. Louis caminhou ao bar e sentou no banquinho almofadado de couro, sinalizou ao barman que remexia alguma bebida. O moreno caminhou em sua direção com um sorriso no rosto.

— Liam Payne, o que deseja? — Disse o barman.

Louis examinou o mesmo rapidamente, deparando-se com um visual moderno do rapaz, de olhos castanhos e sorriso gentil, Liam era uma pessoa que Louis com certeza se abriria para uma conversa amigável após uns drinks.

— Um Martini, por favor. — Informou ao barman que assentiu e virou-se para preparar sua bebida.
Inclinou seu corpo para o lado e fitou os casais em sua atividade, alguns desses eram desajeitados em seus passos e sempre pisavam um no outro, mas Harry parecia um tanto dedicado e motivador a eles, sempre ajudando e os aconselhando. Olhou para Harry novamente, o instrutor tentava ensinar um novo passo para um dos casais, o encaracolado era muito bom no que fazia.

Tirou sua atenção da aula ao perceber o barman se aproximando com sua bebida. Sorriu e assim pegou o coquetel, levando aos lábios e bebericando a bebida, ardia no começo mas logo se acostumou. Nada como álcool para revigorar a alma e limpar a mente, era o pensamento principal de Louis no momento. 

Ouviu um pigarreio e virou-se rapidamente, o instrutor lhe encarava. Louis pensou em mil maneiras de se explicar sem passar vergonha, mas nenhuma delas esconderia o fato de estar sozinho em uma atividade para casais.

— Ahm... senhor? — Chamou o instrutor. 

— Sim? — Louis disse incerto.

— Eu poderia saber o motivo do senhor não estar participando da aula? — Mais uma vez Harry focou seu olhar em Louis, que agora voltava a dar um longo gole em sua bebida.

— Bom, como você pode ver, não me resta muitas opções de pares quando se está sozinho em um cruzeiro para casais. — Deixou a bebida no balcão de mármore, se encostando nesse em seguida.

— É algum engano? Você pegou a grade errada? Poderia informar a gestão se sim, e logo trocaremos.

— Ahm, eu... não. Eu vim para o cruzeiro para casais, mas estou sozinho. — Confusão reinava na face de Harry, Louis sabia que o homem pediria para explicar-se, mas não sabia se estava pronto para se abrir a um estranho.

— E onde está sua esposa? — Perguntou Harry.

— É uma longa história. — sussurrou ao baixar a cabeça brevemente.

— Tenho tempo. — Sorriu abertamente e assim aproximou-se do banco ao lado de Louis, se sentando no local.

— Bem. — Pausou brevemente enquanto pegava sua bebida e tomava o restante rapidamente. — Minha noiva terminou comigo, e como o cruzeiro não dava reembolso eu pensei que seria desperdício gastar todo aquele dinheiro por nada, sabe? Aí eu resolvi vir sozinho, só não esperava todas essas rotinas para casais e tudo mais.

— É porque é um cruzeiro para casais, senhor. — Harry riu baixo, acenou para Liam que estava no canto do bar, que logo apareceu. 

— Me vê mais duas do que ele estava bebendo, Liam, por favor? Por minha conta. — Harry sorriu enquanto o barman ia preparando as bebidas.

— Bem, você pode continuar com a grade de casais, se quiser eu posso fazer as atividades com você. Sei que não é uma das melhores opções mas estarei aqui, sim? E você não vai estar sozinho. — Louis sentiu pena em sua voz, tudo que não queria na vida era a pena de alguém, principalmente de alguém que nem o conhecia. 

— Sou Harry, Harry Styles. É um prazer.— O instrutor estendeu sua destra a Louis.

— Sou Louis Tomlinson. — Aceitou a mão de Harry, apertando-a levemente, Louis sentiu as bochechas queimarem ao ter o instrutor acariciando levemente as costas de sua mão, retirou essa rapidamente voltando-se para o copo vazio em sua frente.

— Tirando a grade ruim do Cruzeiro, como você acha que está indo sua viagem? — Harry olhou Louis pegar a azeitona que estava no palito em seu copo e levar aos lábios, mastigando-a em seguida.

— Está bem, ainda está no comecinho e tudo que pude aproveitar foi as bebidas. Está sendo ok. — Apoiou o cotovelo no balcão, enquanto mantinha sua atenção em Harry, que era retribuída em dobro ou até mais. Tudo que admirava nas pessoas que conversava era se foram atenciosas e ouvintes, ambas as coisas eram necessárias para uma conversa.

— Preciso dizer que tudo aqui é bem animado, e apesar do desastre de hoje, isso não vai voltar acontecer, prometo. — Piscou para Louis, que sorriu brevemente.

— Se acontecer eu tenho minha amiguinha aqui. — Levantou o copo e arqueou as sobrancelhas de modo sugestivo.

— Não torne um assunto alcoólatra, nosso cruzeiro não cobre AA. — Falou em um tom brincalhão.

— Pelo preço que paguei aqui deveria cobrir! — Louis exclamou ao soltar uma gargalhada, desde antes da viagem ele não se lembrava quando tinha soltado uma dessas, mas agora com Harry não sabia se fora por conta do rapaz em si ou o efeito da bebida.

— Mas cobre belas vistas, como pode ver. — Apontou Harry primeiro a lua que já aparecera e os banhava com sua luz brilhante, depois ao mar, sereno e belo, tudo que Louis esperava de sua vida no momento.

— Cobre boas vistas, boas bebidas e boas companhias, mas já estou me sentindo meio tonto, acho que vou a minha cabine, tudo bem? — Louis disse, terminando sua bebida e deixando o copo vazio no balcão. Apesar de ter uma conversa com Harry no momento, ele sentia que deveria ficar sozinho.

— Claro. Você quer que eu o acompanhe? — Indagou Harry.

— Não, não precisa. Já atrapalhei demais hoje, obrigado pela bebida, Harry. Foi bom conversar com você.

— Que nada! Foi bom falar com você também, tenha uma boa noite.  — O rapaz sorriu, deixando suas covinhas aparecendo novamente.

— Boa noite, Harry. — E assim Louis caminhou a sua cabine, um pouco tonto e cambaleante, mas nada que um bom banho quente e uma soneca não resolvesse.

No fim, sua noite não havia sido horrível como pensou desde o início que pisou no convés, talvez aquele cruzeiro pudesse lhe trazer um novo olhar e perspectiva, como avisava o panfleto.

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Espero que estejam gostando, até a próxima.