Capítulo 15
Você raramente vai se sentir culpado por algo que está fazendo momentaneamente, sua consciência talvez não te lembre todas as incertezas que rodeiam a sua mente e o quão pertubado vai ficar quando a culpa bater. Louis sentia seu peito pesado e suas mãos tremiam, tinha feito sexo.
Sexo com um homem.
Esse homem era Harry e ele realmente não sabia como lidar com tudo aquilo, parado no meio da praia ele se arrependia por ter corrido para longe do rapaz, a culpa pesava em seu peito e seus olhos se enchiam de lágrimas. Ele não estava pronto para encará-lo, mas se sentia culpado por ter corrido para longe daquela maneira.
Enfrentar seus problemas nunca foi algo que costumava fazer, passou toda sua vida fugindo e escondendo seus problemas debaixo do tapete. Engolindo os "não's" e reprimindo suas emoções. Será que poderia se abrir com Harry? Lhe dizer sobre seus medos e inseguranças após ter feito sexo com ele.
Estava inseguro com tudo que ocorria ao seu redor, com certeza ficar naquela ilha estava o deixamso enlouquecido. Se falassem há uns meses que se perderia no meio do oceano e se apaixonaria por um homem ele diria que a pessoa estava completamente maluca. Só que agora as coisas estavam mudadas, todos os sentimentos que supria por Harry eram reais, ele nunca havia se sentido assim.
As sensações que Harry causava em seu corpo, a dormência que tinha em seu peito, tudo aquilo era tão novo e Louis nem sabia explicar como havia acontecido.
Era porque estavam sozinhos na ilha? Ou aquilo era realmente real? Ele não fazia ideia. Ali sentado no meio da praia ele só conseguia sentir a falta de Harry e do calor de seu corpo, soluços que escapavam por seus lábios demonstravam toda a dor que tinha dentro do peito.
Um tempo passou até Louis ver Harry aparecer na praia, com os fios de cabelo ajeitados para trás e uma expressão preocupada em seu rosto, o corpo de Louis se encolheu e o olhar desviou para a areia abaixo de seu corpo.
— Lou? — Harry o chamou, e só de ouvi-lo Louis sentia todo seu corpo ficar tranquilo.
— Oi, Harry. — Harry havia se sentado em sua frente, impossibilitando totalmente que Louis desviasse seus olhos para longe do rapaz.
— Como você está? — Harry pergunta, seu rosto demonstrando toda paixão que tinha por Louis.
— Estou bem.
— Sabe, às vezes nós temos muito medo de viver algo e aí nos fechamos pro mundo e tentamos nos esconder, mas raramente isso dá certo. Nós deixamos de lado experiências e até mesmo parte de nós mesmos quando nos abandonamos assim. — Os olhos verdes brilharam juntamente ao pôr do sol que caía atrás do encaracolado. — Quando nós temos algo especial, ter medo não é opção, perder aquilo nunca vai ser uma opção.
Louis apertou os dedos contra a palma de sua mão, um certo nervosismo percorreu seu corpo ao ter Harry gentil e compressivo novamente.
— Quando temos algo especial devemos lutar e persistir, porque amar e viver o amor não é algo errado, Louis. — Os olhos de Tomlinson estavam fechados agora, seu rosto se contorcia em uma expressão cheia de dor, não encontrava palavras para descrever o que sentia. — Tudo bem, eu espero que pense nisso e que você fique bem, ok? Vou voltar para a caverna. — Harry se apoiou na superfície macia da areia e se levantou mas seus movimentos foram impedidos quando Louis agarrou a barra de sua camisa.
— Por favor. — Sua voz soou frágil e instável, Harry podia ver a confusão que beirava nele. — Fica aqui comigo. — Louis levou seus dedos aos de Harry e agarrou esses.
— Tudo bem, eu fico. — Harry sorriu, uma parte dele adorando Louis ter pedido para que ficasse. Ele se abaixou novamente, agora ficando sentado ao lado de Louis, seu joelho tocando o do outro fazendo com que seu corpo se lembrasse da sensação de tê-lo tão próximo.
— Eu passei a minha vida inteira com medo de tentar algo que eu realmente quisesse, basicamente as pessoas tomavam as decisões por mim e eu aceitava. — Louis tinha parado de falar, Harry queria que ele prosseguisse mas não o forçaria a continuar se não conseguisse. — Eu achei que assim eu faria todos felizes, sabe? Fazer a vontade de todo mundo, a dos meus pais, a de Eleanor. — Tomlinson ainda se lembrava da época em que o nome de sua ex noiva mexia com seu corpo, mas agora tudo que tinha ao mencionar o nome dela era uma mísera memória de uma vida que não queria mais. — Acho que quando eu comecei a decepcionar as pessoas, eu vi que não podia fazer tudo que queriam.
Harry assentiu, suas mãos indo novamente as de Louis e entrelaçando seus dedos, queria transmitir conforto para ele, e de certa forma conseguiu porque após isso Louis soltou um suspiro fraco e prosseguiu.
— E estando aqui com você eu vejo que não preciso agradar ninguém, que está tudo bem eu viver o que eu realmente quero. — Seus olhos agora encaravam os dedos de Harry acariciando os seus lentamente. — Mas eu ainda tenho medo, entende? Tipo, como vai ser quando eu estiver fora daqui?
Pela primeira vez naquela conversa Harry tinha entendido os reais sentimentos de Louis.
— Eu não sei. — Harry murmurou, totalmente inerte a seus pensamentos. — Mas eu sei de uma coisa, Louis. — Louis havia levantado seu rosto para encará-lo. — Nós vamos ter um ao outro quando sairmos daqui. Nós vivemos nosso mundo aqui e vamos viver isso lá fora.
Louis tinha começado a chorar, seu rosto estava vermelho e sua pele ardia, Harry o puxou rapidamente para um abraço desajeitado, seus corações batendo no mesmo ritmo, clamando por proximidade.
— Eu te amo, Louis. — O corpo de Louis travou após aquela frase, suas lágrimas molhando a camisa de Harry.
Louis sabia, desde o começo ele sabia. Harry era a sua salvação dos dias confinados por uma vida que não era dele. Ele não viveria mais por ninguém, nem por seus pais ou Eleanor, viveria somente por ele.
E Harry.
Harry não se decepcionou com a resposta que não veio, ele sabia o quão delicada era aquela situação para Louis, mas quando o rapaz apertou seu corpo como se não quisesse soltá-lo, Harry sabia que não iria precisar de resposta para aquilo, no fim ele simplesmente sentia.
Os dias se passaram mais lentamente que o normal, ambos vivendo o mundo deles naquela ilha, com somente os problemas deles, Louis já tinha se acostumado com sua rotina ao lado de Harry, suas esperanças de ser salvo estavam se esvaindo. Viver com Harry era maravilhoso, amava as noites ao lado do encaracolado, as histórias contadas no pé de seu ouvido, os beijos que trocavam e os abraços reconfortantes de Harry.
Naquela manhã Harry acordou cedo somente para observar Louis adormecido ao seu lado, suas mãos emboladas em sua camisa e seu rosto tão próximo que ele podia sentir a respiração do outro batendo em seu rosto, um pequeno sorriso apareceu por seus lábios, ele percorreu a ponta dos dedos pelo rosto suave de Louis, trilhando as pequenas sardas que se encontravam na pele de Tomlinson. Antes que atrapalhasse o sono do outro, Harry saiu para repor a água das garrafinhas e procurar algo para comer.
Ao voltar para caverna Louis ainda dormia, Harry estranhou pelo comportamento do menor, tentou acordá-lo e somente na terceira tentativa Louis havia soltado um resmungo baixo e se virado para o lado, sua testa escorria suor e seu corpo estava frio, alguns tremores percorriam por seus membros uma vez ou outra, Harry se desesperou com a visão de Louis adoecido. Pânico corria por suas veias, os dois estavam pedidos no meio do nada, com uma alimentação escassa e água não potável, tudo podia acontecer com eles ali no meio do nada. Principalmente com Louis.
Louis abriu os olhos azuis que agora se encontravam em um tom opaco, cansaço era evidente em suas orbes.
— Lou? Você está bem? — Harry se ajeitou ao lado de Louis, um nervosismo subindo em seu corpo. O rapaz assentiu, levando as mãos a seu tronco e em seguida ao braço direito, soltando um gemido baixo ao tocar a lateral de seu braço.
Um temor transpareceu ao perceber a mancha vermelha em sua pele e no meio da mancha havia uma pequena bolha, similar a uma mordida.
— Acho que fui mordido por algo. — Sua voz estava rouca e chorosa. — A expressão de Harry se tornou pensativa.
— Calma, Lou. Talvez tenha sido só um mosquito.
— Não, Harry. Não é. Tá muito inchado e eu tô me sentindo estranho, meu corpo tá tremendo e eu estou sentindo um mal-estar tão forte.
Harry tentava pensar em todas as possibilidades daquela situação mas poucas coisas ao seu redor davam espaço para que fosse tão positivo no momento. Louis havia sido picado por um inseto, até mesmo por uma cobra e Harry não sabia o que fazer.
— É tudo minha culpa. — Harry levou as mãos ao rosto e apertou os dedos em suas têmporas, uma respiração pesada forçando seus pulmões.
— O que? Do que você está falando? — Louis se arrastou até estar ao lado de Harry, seu joelho se roçando a perna dele.
— Eu não devia ter deixado você aqui sozinho, eu saí hoje mais cedo pra buscar água e não quis te acordar. Eu não devia, não devia...
Louis negou com a cabeça e envolveu os braços ao redor do corpo de Harry, estava tentando ser forte para o encaracolado mas o outro estava sentindo tanta dor na picada que mal conseguia mexer seu braço.
— Você não tem culpa de nada, Harry. Está tudo bem, ok? Talvez tenha sido só um mosquito mesmo, não vamos pensar negativo.
Quando Harry levantou seu olhar a Louis, Tomlinson pôde ver toda a dor que emanava de suas esmeraldas, seu peito apertou com a sensação desconhecida. Harry estava se culpando por algo que ele não podia controlar, não tinha nada a se fazer a não ser esperar que tudo ocorresse bem.
Harry retribuiu o abraço, suas mãos correndo para o rosto de Louis, seus dedos passavam a acariciar as maçãs de sua face.
— Você vai ficar bem, vou cuidar de você. — Louis tinha dado mais um daqueles sorriso genuínos que sempre era direcionado a Harry, Harry sabia que aquilo seria suficiente para Louis. Ele era forte, passaria por aquilo como todos os problemas que tinham enfrentado antes naquela ilha, aquilo não iria derrubá-los.
O dia se passou lento e preocupante para Harry, Louis reclamava da dor a todo momento, tremores percorriam seu corpo e ele sentia fortes tonturas quando tentava se levantar. Harry tinha dúvidas sobre o que tinha picado Louis, no meio daquela floresta imensa podia ser qualquer coisa. Mas em sua mente só tinha duas opções; uma cobra ou um escorpião.
Harry não sabia identificar picadas, tinha medo de tentar qualquer coisa e arriscar a vida de Louis, tudo que fazia durante o dia era mantê-lo hidrato e confortável como possível. Mas quando a noite caiu e Louis começou a ter fortes enjôos e dores intensas, Harry temeu que fosse perdê-lo, tudo que podia fazer era segurar sua mão e sussurrar que passaria a noite acordado para velar seu sono, com medo de que se adormecesse, quando acordasse Louis não estivesse mais lá.
E pela primeira vez naquela ilha, ele queria estar de volta no cruzeiro.
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