Capítulo 11
Em algum lugar daquela ilha Harry estava machucado, o rapaz sabia que provavelmente Louis já tinha entrado em desespero e isso lhe causava aflição. Uma torção em seu tornozelo havia feito que ele parasse sua jornada na metade do caminho, após saltar de uma árvore a procura de algumas frutas maduras, ele havia pisado em falso e torcido o pé. De início havia pensado que poderia seguir em frente sem nenhum dano, mas após uns passos viu o quão dolorido e cansado estava. Um dia longo onde ele só conseguiu caçar dois animais pequenos em uma armadilha que tinha feito, a espera foi longa mas houve êxito.
Havia pego algumas frutas e raízes que encontrou pelo caminho, tinha improvisado uma sacola com sua camisa que agora estava amarrada ao lado de seu quadril, carregando as coisas que iriam alimentá-los.
Harry queria voltar para Louis, não parava de pensar no beijo deles e em todos os sentimentos que tinha começado a sentir pelo outro. Sua pele formigava só de pensar nos lábios doces de Louis e em suas carícias suaves contra a sua pele. Todo o calor que emanava de Tomlinson só fazia Harry clamar por mais.
A única coisa que o motivava a seguir em frente era ele, ele precisava voltar por Louis. E no momento já imaginava o quão perdido e preocupado ele estaria, Harry não voltou naquela tarde como o prometido, ele tinha falhado. Agora somente a esperança de que Louis o esperaria era o que movia Harry, mesmo com a dor e o peso da culpa, ele ainda estava lá por ele.
Algum tempo caminhando por aquela vasta mata e Harry se sentia perdido, tudo era tão igual que o deixava confuso, ele sabia como voltar, havia prestado muita atenção ao caminhar pela natureza, mas dor e o cansaço tomou conta de seu corpo e ele não conseguia se lembrar.
Só sentia medo.
Medo de perder Louis, de não conseguir encontrá-lo.
Caminhou durante um bom tempo até sentir os ossos doerem, sabia que precisava voltar mas no momento era algo impossível a tentar. Ele somente se encostou em uma árvore e deixou os animais enrolados em sua camisa, longe da terra que poderia sujá-los. A garrafa de água estava quase no fim, durante sua caminhada viu grandes paisagens que teria certeza que Louis amaria, inclusive um pequeno rio, onde pôde encher a garrafa e se lavar.
Ele se impressionou com toda a beleza do local, sabia o quão grande tudo aquilo podia ser, ele só queria poder compartilhar a vista com alguém. E esse alguém estava perdido do outro lado da ilha, sozinho e com fome.
Harry tentou descansar a mente dos pensamentos agitados sobre Louis, seu corpo estava tenso mas ele conseguiu adormecer um pouco.
Havia sonhado com Louis, eles estavam novamente no navio, todos os casais dançavam juntos em uma música calma e o jovem estava sozinho em um canto, observando tudo enquanto sua mente mergulhava em pensamentos que Harry não conseguia descobrir.
Ele se aproximou de Louis, seus olhos indo para camiseta branca que ele usava, o primeiro botão estava aberto e deixava sua clavícula exposta, livre para a mente de Harry vagar por sua pele.
— Me permite essa dança? — Harry sorriu, sua mão estava estendida a frente de Tomlinson, que o encarava com seus olhos cristalinos.
— Claro.
O mais alto enlaçou seus dedos aos de Louis, o calor de sua pele fez Harry se arrepiar, o mínimo toque de Louis o deixava em combustão.
A música ressoava calma em seus ouvidos, Harry conduzia Louis que seguia os passos calmos do inglês. Com os peitos grudados e seus rostos próximos, Harry pensou o quão precioso era aquele momento. Um de seus braços deslizou pelo quadril de Louis e o apertou levemente contra seu corpo.
Dançavam como se fossem feitos para isso, seus corpos seguiam um ritmo único, mantinha-os juntos não só na dança, como também na alma. Os olhos verdes de Harry guardavam todas as feições de Louis, admirando cada detalhe do outro como se fosse a última vez.
Pareciam um só, ligados por dois corações desconhecidos que já tinham intimidade, não existia Eleanor e nem a tempestade. Estavam vivendo um amor sem tragédias; somente Louis, Harry e nada mais.
Harry encostou sua testa na de Louis e tocou seu nariz, a respiração de Tomlinson estava suave e seu corpo macio trazia Harry uma sensação desconhecida.
Nenhum coração partido poderia impedi-los, nenhuma alma corrompida iria separá-los. Juntaram os lábios quando a música terminou, somente um toque suave havia se iniciado, Louis abraçava o corpo de Harry. O céu presenciava o novo amor deles, os dedos de Louis enroscados nos fios de Harry enquanto aprofundavam o beijo, o corpo de Harry fervia com o toque de Louis em sua nuca, seus lábios deslizavam profundamente em algo novo e único.
A música havia acabado e um sorriso pintava os lábios de ambos. Louis apertava os ombros de Harry enquanto o outro puxava o quadril de Louis.
— Preciso te mostrar algo, vem comigo. — Harry disse a Louis, que sorriu e assim caminhou junto a Harry até onde ele indicava.
Os dedos enlaçados enquanto corriam pelo navio, ambos com o coração acelerado, Styles guiava o rapaz e o outro sorria abertamente. Harry o levou para o convés, onde o céu pintava muitas estrelas junto a lua cheia. Louis olhava admirado para o céu, seu rosto estava ainda mais lindo do que no dia que Harry havia o conhecido.
— Você gosta? — Harry perguntou, nada roubava sua atenção como o rosto encantado de Louis, nem mesmo o céu acima deles.
— Sim, o céu é uma das minhas coisas favoritas.
— Das minhas também. É tudo tão infinito, não sabemos onde começa nem onde termina, mas sempre está lá, nunca nos abandona. — Harry sorriu, suas mãos agora se apoiando na grade do navio.
— Como você é poético. — Louis riu baixo, seu braço estava encostado no de Harry.
— Você acha? — Harry se virou para Louis, que agora o olhava atenciosamente.
Louis somente assentiu, seus dedos agora se direcionavam as mãos de Harry, deslizando por suas veias e acariciando a ponta de seus dedos.
— Espero que você seja como meu céu, Louis. — Harry enlaçou seus dedos com o de Tomlinson. — Esteja sempre aqui para mim. Por nós. — Estava frente a frente a Louis, levou sua mão livre as maçãs de seu rosto acariciando-as lentamente.
— E eu vou, Harry. Mas você precisa acordar.
— O que? — Harry o olhava confuso.
— Acorde, Harry! — Louis havia gritado e agora balançava seus ombros fortemente.
Em um sobressalto Harry acordou, seu rosto suava frio e sua respiração estava descompassada. Olhou para o lado e viu que suas coisas ainda estavam no mesmo local, ainda estava claro e ele não adormeceu muito tempo afinal.
Ele se levantou, seu pé ainda doía mas estava melhor que antes, sabia o que tinha que fazer agora, iria voltar para Louis antes de anoitecer. Pela personalidade de Louis, Harry imaginava que ele estaria inquieto com a sua falta e provavelmente já estava descrente que Harry voltaria.
Ele se levantou com cuidado e pegou suas coisas, determinação corria por suas veias e ele não iria desistir. Não sabia se tinha sido o sonho ou se foi o beijo que havia mudado tudo, mas seu peito carregava um sentimento novo. Esperança.
Esperança de que tudo ocorreria bem e de que Louis seria a pessoa que pudesse carregar o seu amor.
A trilha começou a ficar íngreme e seu tornozelo passou a doer, estava muito mais lento do que antes mas sentia que estava no local certo pois a paisagem não era incomum. Levou algum tempo mas logo havia encontrado a caverna onde eles estavam abrigados, mas por seu azar Louis não estava lá. Seu peito apertou em uma agonia profunda.
O que podia ter acontecido? Louis tinha saído para buscar água ou para procurar Harry?
Deixou as coisas que havia encontrado na caverna e tentou ser o mais rápido para chegar a cachoeira, esperava encontrar Louis lá, a ponta de esperança crescia em seu peito. Tentou ignorar a dor em seu tornozelo enquanto corria, mas quando chegou lá e não avistou Louis, seu corpo desabou ao chão.
Algumas pedrinhas incomodavam seus joelhos, apoiava suas mãos acima de suas coxas enquanto observava tudo desmotivado. Seu peito doía e seus olhos pesavam. Ele não podia desistir agora, tinha que ir procurar Louis.
Se levantou meio cambaleante e começou uma busca difícil para encontrá-lo, rodeou todo o acampamento umas duas vezes e se arriscou a caminhar novamente ao redor da cachoeira, quando não teve resultados ele resolveu ir em direção a praia. Não sabia para onde seguir, seu corpo estava cansado e seu pé doía. Uma longa jornada que no fim tinha sido desperdiçada porque Louis não estava mais lá.
Quando seus pés começaram a afundar na areia Harry olhou para frente e viu o mar, lindo e agressivo como sempre, as ondas quebravam na praia e algumas gaivotas voavam ao redor. Procurou Louis em meio aquela paisagem e não havia visto nada, caminhou até próximo do mar e seu olhar seguiu até alguns coqueiros dali, avistou uma pequena figura encostada numa árvore.
E pela primeira vez Harry respirou em alívio, seu coração se acalmou e seu corpo estava finalmente em calma. Ele havia o encontrado, e pela forma que estava encostado na árvore ele estava adormecido.
Harry correu com certa dificuldade até o rapaz sentado e se ajoelhou em sua frente, seus olhos enchiam em lágrimas que ele se negava em derramar.
— Louis! — O rapaz acordou rapidamente, por um breve segundo viu o terror em seus olhos e em seguida uma onda de calma. Louis levou uma de suas mãos ao rosto de Harry e tocou levemente sua bochecha.
— Você está mesmo aqui? Você voltou? — Sua voz transmitia certa fragilidade, Harry sentiu seu peito apertar ao ter a imagem de um Louis sozinho no meio daquela vastidão.
— Sim, Lou. Me perdoa, eu acabei me perdendo e--. — Harry foi interrompido ao ter os braços de Louis ao redor de seu pescoço, apertando tão fortemente que Harry tinha certeza que podiam ser um só.
Lágrimas passaram a deslizar por seu rosto, molhando o pescoço e a camisa de Louis. Alguns soluços cortavam sua garganta, Tomlinson afastou-se minimamente e fitou a profundidade verde escura dos olhos de Harry. Não havia mais nenhuma dúvida ali, ambos sabiam o que realmente importava.
Louis grudou suas bocas em certa rapidez, os braços de Louis agora tocavam o peito nu e livre de pelos que o rapaz havia admirado antes. Harry entreabriu os lábios e Louis gemeu em reposta, adentrando a língua por sua boca. O calor do corpo de Harry deixava Louis inerte, seus lábios se moviam em um ritmo cheio de rispidez e saudade, transmitindo toda aquela agonia que haviam passado um longe do outro.
Harry sugou o lábio inferior do outro e mordiscou esse levemente, um suspiro escapou pela boca de Louis ao abrir os olhos e fitar o rosto avermelhado pelo choro de Harry. Tomlinson levou ambas suas mãos ao rosto de Harry e limpou as lágrimas de suas bochechas.
— Obrigado por voltar. — Estava tão perdido em Harry que nem percebeu que o rapaz estava encaixado entre suas pernas, tão próximo como nunca esteve.
— Eu disse que voltaria. — Harry sorriu abertamente e depositou um leve selar na ponta do nariz de Louis. — E ainda tive uma ótima recepção. — O rosto de Louis avermelhou com as palavras ditas por Harry. O outro puxou Louis contra si e envolveu seu quadril em seus braços, era o abraço mais desajeitado e íntimo que ambos já tiveram.
— Você está bem? — Louis levou suas mãos aos ombros de Harry e fitou todo o corpo, ele parecia bem somente um pouco cansado.
— Estou bem, só com o pé dolorido e um pouco cansado.
— Vem, vamos pra casa. — Louis se soltou do abraço aconchegante de Harry e se levantou, virou-se para o outro e o ajudou a se levantar, Harry aceitou a ajuda e abraçou os ombros de Louis.
— Espera um pouco.
— Que foi?
— Olha só... — Harry apontou para o mar e depois olhou para algumas rochas longe dali. — Podemos ficar um pouco aqui.
— Sim, nós podemos. — Louis sorriu e envolveu a cintura de Harry em um abraço, caminharam lado a lado em direção as rochas.
— Eu trouxe algumas frutas, raízes e uns animais que cacei.
— Animais? Quais? — Louis perguntou, a tranquilidade em que se abraçavam e caminhavam por aquela praia até parecia que não estavam perdidos no meio do nada.
— Não sei bem o que são... — Harry sussurrou. — E eu odiei fazer isso, mas foi necessário. Mas não quero mais comentar sobre. — Styles passou a frente de Louis e subiu em uma rocha, estendeu a mão a Louis que a segurou fortemente se apoiando para subir.
Subiram nas rochas e se sentaram, olhavam em direção ao mar com certa admiração. Sabiam que tudo havia mudado, que nada seria o mesmo. Louis sabia.
— Sonhei com você. — Harry disse, seus olhos ainda grudados nas ondas que quebravam em alguns corais.
— Sério?
— Uhum... — Harry encostou sua cabeça no ombro livre de Louis.
— E como foi?
— Nós estávamos no navio e dançamos agarradinhos. — Harry riu baixo, suas bochechas coraram e ele fechou os olhos, estava se sentindo uma adolescente apaixonada no meio daquilo.
— Dançando agarradinho, hein? — Louis riu baixo, ele esticou sua mão a de Harry e ele enlaçou seus dedos ao do rapaz.
— Sim, e você dançava extremamente bem.
— Se tivéssemos música eu poderia te mostrar que não. — Louis sorriu, se tinha uma coisa que com certeza ele não era, era um bom dançarino. — Eu pisaria nos seus pés a todo momento.
— Acho que aceitaria bem a dor, só para ficar agarradinho a você.
Louis sorriu, seus olhos se fechando por um momento. Se lhe dissessem há algum tempo que ele estaria daquela forma com seu instrutor de férias ele com certeza negaria. Mas ali, sentado ao lado de Harry e podendo sentir seu coração martelar seu peito, ele sabia o quão certo aquilo podia ser.
Seria destino? Coincidência ou sorte? Ele não sabia, mas algo que não tinha dúvidas era de que mesmo que pudesse escolher um outro lugar para estar, ele não estaria.
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