Capítulo 1
Louis estava ferrado, essa era a melhor definição que ele poderia citar no momento, tudo que havia zelado por tanto tempo tinha se perdido; seu noivado, emprego e seus sonhos. Durante toda sua vida, Tomlinson deixou de lado seus sonhos para satisfazer as pessoas, no ensino médio foi com seus pais, que esperavam tanto de Louis e o garoto nem ao menos sabia. Deixou que seu pai, Mark, decidisse a faculdade que iria cursar e seguiu a mesma carreira que esse. Ser contador não era lá uma das melhores profissões, certo que pagava bem, mas era algo tedioso de certa forma. No entanto, o que Louis faria? Deixaria de lado a carreira que orgulhou seus pais e passaria a pintar como tanto gostava? Quaisquer dúvidas sobre isso tinham sido eliminadas quando o adolescente se deu conta de que mesmo com o seu talento, ser pintor era algo a ser desperdiçado.
Após alguns anos trabalhando numa empresa que foi a mesma que fez seu estágio durante a faculdade, Louis fora demitido e segundo seu chefe; um careca de meia idade com um bigode todo falho, estavam fazendo cortes na empresa com os fardos do local, um grupo foi selecionado e descartado sem mais nem menos.
Como daria a notícia a Eleanor? Louis pensava, após umas quadras andando com uma caixa tanto pesada em mãos, o rapaz esperava arrumar uma forma de dizer a garota que havia sido demitido e esperava que aquilo não influenciasse de forma negativa em seu casamento. Mas tudo fora ao contrário do que pensava, porque após chegar no apartamento, Eleanor encontrava-se um tanto apreensiva e agitada, foi quando dera a notícia a Louis, a moça não podia se casar.
- Não posso mais fazer isso, Lou. - Disse a garota, seus cabelos estavam um pouco bagunçados, parecendo que havia sido puxados fortemente. Eleanor tinha essa mania de puxar os fios quando estava em dias de estresse ou nervosismo.
- Fazer isso o que? Nós? - O rapaz apontou para o apartamento, levando o dedo em seguida ao anel de noivado.
- É, acho que nós não temos muito em comum, você tem sido tão... tedioso - Ela suspirou pesadamente durante o fim da frase e prosseguiu. - E não tem muitas motivações para o futuro. Você é um cara sem ambições. Eu acho que é melhor darmos um tempo nisso tudo, sabe? Você deveria procurar alguém como você. - Sua noiva falou.
Alguém como você, as palavras martelando na cabeça de Louis o deixando levemente tonto. Tudo que menos esperava no momento era um término, logo agora que fora demitido.
- Não quero assim como marido, me desculpe. Mas podemos manter contato, hm? - A garota sorriu abertamente, Louis sentiu raiva inundar seu corpo, tudo que queria fazer agora era gritar para si mesmo e todos os erros cometidos em sua vida.
- Certo, você pode ir agora. - Desprezo dominava sua voz, apertava tão fortemente a bainha de sua camisa em seus dedos que pensou que fosse rasgar. Estava tão destruído que nem podia levantar o rosto e encarar Eleanor, falar tudo aquilo que o incomodava, porque no momento se sentia um covarde.
Após a discussão Calder se foi, deixando o apartamento a Louis e lembranças que nem mesmo ele podia lidar.
"Nós não vamos ter futuro, você é um cara totalmente sem ambições" a voz melodiosa que amou por tantos anos soava em sua cabeça como um martelo. Sempre foi alguém centrado, mas no momento sua única vontade era gritar por todos os cantos e chorar tudo que tinha direito, mas simplesmente não podia. Aprendeu desde pequeno que devia ser forte pelas pessoas, que elas sempre vinham em primeiro lugar em todas ou qualquer circunstâncias.
O restante de sua noite foi tão devastada como o começo de seu dia e tudo que sonhava estava longe de acontecer, uma vida próspera e uma família de duas ou três crianças. Desde pequeno admirava o ar familiar que sua mãe e seu pai levava. Com esses pensamentos se lembrou do seu pequeno gato preto e branco chamado Whiskies, que se esfregava contra sua calça social pedindo um bocado de ração.
Louis levantou-se e foi até a cozinha vazia e cheia de lembranças, ele cozinhava bastante para Eleanor, na verdade, ele era o único que cozinhava, já que a garota não era boa com nada que não fosse fabricado por outro alguém.
Foi ao armário marrom e rústico e pegou o pote de ferro que continha a ração do gato, pegou um bocado e derramou na vasilha, aproveitou para trocar a água do bichano e o assistiu alimentar-se.
- Somos só eu e você agora, amiguinho. - Seu gato miou em resposta e voltou a comer, era como se pudesse entender o que dissera e as vezes até acreditava que sim.
Foi tirado de seus devaneios com seu celular vibrando em seu bolso, retirou o aparelho de seu bolso lateral e viu a notificado "Extrato aprovado, suas passagens foram compradas com êxito, compareça ao cruzeiro Windstar Cruises no dia 15/07 para aproveitar sua estadia com sua amada'
Deixou o celular cair em cima do balcão enquanto levava suas mãos ao rosto, como poderia esquecer da merda do cruzeiro que havia marcado para a lua de mel com Eleanor? O que faria agora? Tinha comprado as duas passagens há alguns meses para após o casamento. Viajariam alguns dias pelo Oceano Atlântico e embarcariam na Espanha em Ibiza.
Praia, sol, animação, vida noturna, agitação... Assim é Ibiza! Uma das mais lindas ilhas da Europa! Era o que o letreiro no site avisaria quando Louis comprara suas passagens, agora isso tudo parecia um tanto deprimente e nada motivador. A área que havia encomendado era uma parte especificamente para casais, tinha noção do quão romântico a viagem seria e obviamente teria oportunidades de aproveitar sua lua de mel, mas era tarde demais para mudar suas reservas. Teria que enfrentar o cruzeiro sozinho.
Bufou baixo e balançou a cabeça tentando afastar os pensamentos depreciativos que estava tendo sobre si mesmo e resolveu que iria dormir, daqui uns dias partiria para um cruzeiro de casais sozinho e tentava pensar positivo o máximo possível.
Retirou a camisa social branca que usava e jogou essa em qualquer canto de sua sala, agora Whiskies se ajeitava na sua pequena cama vermelha que havia ganhado quando filhote e agora estava pequena demais para o gato, Louis sorriu com a imagem do felino e se jogou no sofá, aproveitou para desabotoar sua calça e colocou o braço acima de seus olhos. Sentia-se cansado e deprimido, tudo que podia fazer agora era chorar por uma vida que não teria mais. Pensou no cruzeiro, talvez fosse uma boa, certo? Poderia dar uma chance para renovar sua vida e voltaria como um novo homem para Londres. Renovado e solteiro, pensou Louis.
Adormecera após alguns instantes, os outros dias foram tão lentos e torturantes que Tomlinson pensava que poderia entrar em algum surto ou algo do tipo, sentia seus músculos doerem cada vez que se movia, não queria nem citar seu rosto que estava uma completa bagunça, toda aquela barba mal feita e olheiras o deixavam com uma aparência mais velha e cansada.
Resolveu organizar suas coisas, o horário marcado para embarque seria às 12h, Louis como sabia o quão atrasado podia ser, havia optado por acordar umas 9h e arrumar suas malas.
Após muita luta com suas roupas que se recusavam a entrar na mala, Louis sentou-se em cima dessa e tentou fechar o zíper, quem sabe com o próprio peso a mala fecharia. O pior deixaria para depois, quando abrisse a mala e tudo caísse em cima de ti. Guardou seus pertences e cremes de higiene pessoal e foi ao pequeno banheiro, apesar de minúsculo, todo seu apartamento era acolhedor, sorriu ao lembrar de quando havia alugado o local com o Eleanor.
"Parece perfeito." Disse Els.
"Você acha?". Louis observou os cômodos vazios, a comodidade do local era a melhor coisa que haviam notado.
"Sim, quando tivermos nossos filhos podemos nos mudar para um lugar maior. Acho que Whiskies vai amar aqui. ". Um sorriso genuíno pintou seus lábios róseos por conta do gloss.
Ter filhos.
Parece que nada disso aconteceria agora, a realidade era dura para Louis. Tudo com Eleanor foi tudo uma mentira, as vezes pensava o quão feliz seria seu futuro ao lado do amor de sua vida. Porém nem sempre existe amor para todos.
Se livrou de todos seus pensamentos e voltou sua atenção agora para seu reflexo e resolveu fazer sua barba, não era algo que combinava consigo, às vezes usava para parecer mais velho e respeitado, gostava dessa imagem sobre si.
De banho tomado e barba feita, Louis caminhava de um lado pro outro recolhendo tudo que precisaria para o cruzeiro.
- Chaves do carro. - Resmungou para si mesmo ao pegar a chave acima da escrivaninha. - Checado.
- Malas. - Olhou as malas ao lado do sofá pelo corredor do quarto e assentiu. - Checado. O que mais falta? - Franziu o cenho e olhou para o gato rechonchudo que brincava com sua cortina.
- Ei, menino. - Chamou o pequeno que levantou as orelhas e deixou a pobre cortina de lado, indo em direção a Louis e se esfregando em suas pernas. - Vou pedir para dona Clarice vir dar uma olhada em você por alguns dias, tudo bem? Ela vai te dar comida e carinho, filho, daqui uns dias estou de volta.
Louis pegou o felino em seu colo e acaricou a pelagem macia do mesmo, o gato era como um pequeno filho para si e cuidava do mesmo como tal. Eleanor nunca entendeu tamanho amor de Louis por seu gatinho, sempre reclamava de sua alergia quando Whiskies chegava perto.
Louis pegou sua grande mala e as chaves do carro, arrastou-se até a porta e abriu essa, foi ao apartamento da frente e tocou a campainha, aguardando a senhora de cabelos brancos abrir a porta com um sorriso amplo. Clarice era como avó de Louis, sempre que o rapaz precisava de algo a senhora o ajudava e logo acabou se tornando conselheira e professora de novas receitas para Tomlinson. Louis sorriu de volta, examinando a feição terna da senhora.
- Oi, Clarice. Como está? - Perguntou o mais jovem.
- Olá, jovem Louis. Estou bem, na medida do possível. Aquela maldita dor nas juntas voltou, você acredita? Mas o que se passa com você? - Disse a velhinha com uma expressão levemente cansada.
- Poxa, Clarice. O médico não tinha te passado um médico novo? - Louis perguntou com uma expressão preocupada, a velhinha sofria de dores nas juntas faz alguns anos, Louis odiava ver sua querida passar por isso, mas graças a essas dores da senhora foi assim que tinham se conhecido. Louis estava voltando de uma corrida matinal e avistou a velhinha tentando pegar algumas sacolas pesadas em seus braços fracos,
Tomlinson como sempre foi um manteiga derretida de coração mole, havia optado por ajudar a senhora a levar suas compras, que por coincidência era sua vizinha. Foi como tudo começou, Louis levava a senhora aos lugares e conversava com essa sobre as dores e novidades de seu dia.
- Bom... - Louis pigarreou e voltou a falar. - Eu estou indo para uma viagem em um cruzeiro por alguns dias e queria saber se você pode cuidar do Whiskies? Você é a única pessoa em que confio e não deixaria meu filho nas mãos de ninguém. - Sorriu terno e assim levou as mãos a grande mala.
- Claro que posso, querido! Vou amar cuidar do seu filhinho. - A senhora sorriu, deixando suas rugas faciais aparecerem. Louis sorriu agradecido com a bondade da mesma.
- Muito obrigado, Clarice, não sei o que seria de mim sem você. - Tomlinson soltou as malas e aproximou-se da senhora, envolvendo seus braços ao redor de Clarice em um longo abraço, sentiu-se acolhido ao ter os braços rechonchudos da senhora ao redor de si, transmitido todo amor e carinho que Louis precisava no momento.
Diante todo o alvoroço dentro de si, Louis deixou seu prédio com o peito apertado e lágrimas nos olhos, sentiria falta de Whiskies, de Eleanor e sua antiga vida.
Tomlinson adentrou o veículo estacionado após ter guardado sua mala no porta-malas, olhou em direção a seu prédio, sabia que aquela viagem o mudaria mas não sabia como. Tinha um leve pressentimento de que tudo que esperava da viagem fosse água baixo, o que ele menos esperava era encontrar algo muito além de um cruzeiro e sim algo que mudaria sua percepção sobre a vida.
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Oi, como estão? Espero estejam gostando, caso sim deixem seu voto e comentem o que estão esperando da fanfic. Até a próxima.
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