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4. Um Vinho Na Noite de Natal- PARTE 1🎄☃️

POV Robert Pattinson

Voo cancelado
Voo cancelado
Voo cancelado

Eu estava muito fodido.

— Moça, por favor, diz que tem algum voo...— tentei de novo.

— Desculpa, senhor, mas com o mal tempo todos os voos foram cancelados.

Agarrei meus cabelos, agoniado.

Aquilo não podia estar acontecendo.

Sentei na cadeira com um peso nos ombros que parecia impossível de aliviar.

A neve caía lá fora como uma maldição, e tudo o que eu conseguia pensar era no quanto tinha sido idiota em aceitar aquele trabalho justo na semana de Natal.

Minha mãe já estava furiosa comigo só de pensar que eu ia chegar em cima da hora.

Agora, nem isso ia acontecer.

Ellie ia me olhar com aquele rostinho decepcionado que me destruía por dentro.

E Suki... bem, Suki ia ser Suki.

Provavelmente ia transformar o atraso em mais um motivo pra me infernizar.

Perfeito.

Feliz Natal pra mim.

— É engraçado, você não acha? — ouvi uma voz ao meu lado, e me virei automaticamente.

Era uma mulher.

Uma mulher negra, linda.

O tipo de beleza que não passa despercebida.

Ela estava vestida com um suéter natalino vermelho, uma saia xadrez, e um gorro meio torto que mal cobria os cachos que emolduravam seu rosto.

Ela sorriu de um jeito meio debochado, como se já soubesse que tinha me tirado do meu transe de autocomiseração.

— O quê? — perguntei, tentando disfarçar o fato de que eu provavelmente estava encarando mais do que deveria.

— Que ventos de 80km sejam considerados normais para a aviação, mas ventos de 84km sejam considerados perigosos.

Soltei um riso curto, quase amargo.

— Parece uma boa metáfora pra vida, na verdade.

— Como assim? — Ela arqueou uma sobrancelha, genuinamente interessada, o que foi uma surpresa pra mim.

— Quero dizer... não é sempre assim? Você acha que está tudo sob controle, vivendo sua vida a 80km, e aí vem uma rajada de 84km e tudo vai por água abaixo.

Ela me analisou por um momento, inclinando a cabeça.

— Isso foi profundo demais pra alguém que parece estar prestes a ter um colapso.

Dessa vez, eu ri de verdade.

Era o comentário mais sincero que eu tinha ouvido o dia todo.

— Longo dia. — Dei de ombros.

Ela apontou para o painel de voos cancelados.

— Acho que isso é meio óbvio.

— É. Você também ficou presa aqui por causa do mal tempo? — perguntei.

— Não exatamente. — Ela cruzou as pernas, ajeitando o gorro no cabelo. — Meu voo só é amanhã, mas eu achei que seria legal vir mais cedo. Sentir a energia do aeroporto, sabe?

Franzi a testa, confuso.

— Ninguém gosta da energia de um aeroporto.

— Talvez você esteja no lugar errado, então. — Ela deu de ombros, o sorriso ainda brincando em seus lábios. — Ou talvez você só precise de um pouco mais de espírito natalino.

Olhei para a neve caindo lá fora, e depois para ela, que parecia absurdamente tranquila, como se não tivesse uma única preocupação no mundo.

— Espírito natalino? Acho que o meu ficou no último voo que eu perdi.

— Ou talvez ele esteja no próximo. — Ela piscou, inclinando-se levemente para frente. — Quem sabe?

Algo naquela frase, no tom da voz dela, me deixou intrigado.

Ela parecia saber alguma coisa que eu não sabia.

E, por algum motivo, pela primeira vez em horas, eu não estava tão irritado com o mundo.

Eu a observei por alguns segundos, ainda intrigado com o jeito descontraído dela, a confiança que parecia irradiar de cada gesto. Talvez fosse o cansaço, ou talvez algo nela realmente me deixava curioso. Resolvi quebrar o gelo.

— Sou Robert. Robert Pattinson. — Estendi a mão, tentando ser educado.

Ela inclinou a cabeça e riu baixinho, como se a minha apresentação fosse uma piada interna.

— Sério? — ela disse, cruzando os braços e olhando para mim com um sorriso divertido. — O mundo inteiro sabe quem você é, Robert Pattinson.

Isso me pegou de surpresa. Não que eu não estivesse acostumado a ser reconhecido, mas o jeito que ela disse... havia algo diferente, quase como se fosse óbvio demais para ela.

— E você? — perguntei, sentindo o impulso de equilibrar a situação. — Qual o seu nome?

Ela hesitou por um segundo, como se estivesse considerando se deveria me contar. Finalmente, com um pequeno sorriso, ela respondeu:

— Ana Carla.

O nome parecia dançar no ar por um momento, e eu o repeti mentalmente. Soava tão diferente, tão... marcante.

Antes que eu pudesse dizer algo, notei que o olhar dela desviou ligeiramente para o lado.

Segui a direção de seu olhar e vi, a alguns metros de distância, um homem com uma câmera apontada diretamente para mim.

— Ótimo — murmurei, soltando um suspiro pesado. — Era só o que faltava.

Ana voltou a olhar para mim e, sem perder o ritmo, disse:

— Olha, no meu quarto de hotel tem um sofá. Não é o Ritz, mas é confortável. Se quiser, pode ficar lá essa noite.

Fiquei surpreso com a oferta repentina. Olhei para ela, tentando entender se aquilo era sério ou alguma brincadeira.

— Você realmente acha que deveria oferecer estadia para um homem desconhecido?

Ela soltou uma risada, tão espontânea que até eu acabei sorrindo.

— Você pode ser muita coisa, Robert Pattinson, mas desconhecido não é uma delas.

Por algum motivo, isso me fez rir de verdade. Ela tinha razão. Não que isso tornasse a situação menos estranha.

— Tudo bem. — Suspirei, olhando de novo para a câmera e pensando no caos que seria se ficasse ali a noite toda. — Aceito a oferta. Parece que não vou conseguir outro quarto perto daqui, de qualquer forma.

Ana sorriu, levantando-se da cadeira com uma graça casual que parecia natural demais para alguém naquela situação.

— Ótimo. Vamos antes que vire manchete. "Robert Pattinson e mulher misteriosa presos no aeroporto no Natal".

Eu ri, mas uma parte de mim sabia que não estava muito longe da realidade.

Segui Ana enquanto ela caminhava com confiança pelo saguão, como se tivesse um plano claro para aquela noite imprevisível.

O vento gelado cortava meu rosto enquanto seguia Ana até o estacionamento. Ela abriu o carro, um SUV preto simples, com luzes de Natal piscando no painel. Não pude evitar um sorriso ao notar o detalhe.

— Então... — comecei, enquanto me acomodava no banco do passageiro e puxava o cinto. — Você é algum tipo de espírito natalino que apareceu milagrosamente para salvar meu Natal?

Ana jogou a bolsa no banco de trás e entrou no carro, rindo de leve enquanto ajustava o espelho retrovisor.

— Talvez eu seja. — Ela me lançou um olhar brincalhão. — Mas, para ser sincera, não pensei muito no que fiz.

— Não pensou? — arqueei uma sobrancelha, intrigado.

— Não. — Ela deu partida no carro e começou a manobrar para sair do estacionamento. — Eu te vi ali, parecendo um boneco de neve prestes a derreter de estresse, e resolvi tentar descontrair. Sei lá, achei que você podia usar um pouco de leveza.

Eu ri baixinho, a honestidade dela era desarmante.

— Bom, funcionou. — Cruzei os braços, olhando para as luzes de Natal que piscavam pela cidade lá fora. — Você tem um timing incrível, vou te dar isso.

Ana deu um sorriso discreto, mas não disse nada por um momento. O silêncio que se instalou não era desconfortável, e eu me peguei apreciando a calmaria que ela parecia trazer, mesmo no meio do caos.

— Você costuma resgatar estranhos em aeroportos ou isso foi um caso especial? — perguntei, meio brincando, meio curioso.

Ela riu novamente, dessa vez mais alto.

— Só os que parecem perdidos, desesperados e que podem me render uma manchete escandalosa. — Eu soltei uma gargalhada sincera e ela me lançou um olhar rápido antes de voltar a atenção para a estrada. — Além disso, não é como se eu tivesse algo melhor para fazer hoje à noite.

Eu a observei de lado, tentando entender o que exatamente havia nela que me fazia relaxar tão rápido.

Talvez fosse o jeito despretensioso, ou talvez fosse o fato de que, pela primeira vez em dias, alguém estava sendo genuinamente gentil sem esperar nada em troca.

— Bom, se você é mesmo um espírito natalino, está fazendo um ótimo trabalho até agora. — Sorri de canto, me recostando no banco.

Ana balançou a cabeça, sorrindo, enquanto o carro seguia pela estrada iluminada pela neve e pelas luzes festivas.

O carro estacionou em frente ao hotel, e antes que eu pudesse abrir a porta, Ana puxou algo do banco traseiro. Era um gorro vermelho com detalhes brancos, idêntico ao que ela usava.

— Aqui. — Ela se inclinou em minha direção e, antes que eu pudesse protestar, colocou o gorro na minha cabeça. — Agora sim, você está pronto. Ninguém vai te reconhecer desse jeito.

Eu ri, ajustando o gorro.

— É sério? Isso vai funcionar?

— Totalmente. — Ana piscou para mim com um sorriso brincalhão. — Além disso, combina com você.

Peguei minha mala no porta-malas, ainda rindo, e segui Ana pelo saguão do hotel.

O lugar estava decorado com árvores de Natal e luzes que piscavam suavemente, criando um clima aconchegante.

Mas o que realmente chamou minha atenção foi a forma como Ana parecia pertencer ali.

Ela cumprimentava os recepcionistas, acenava para o segurança e até trocava algumas palavras com um funcionário que carregava uma pilha de toalhas.

Era como se ela fosse uma amiga de longa data de todos naquele lugar, sempre com um sorriso no rosto e um ar de tranquilidade que me intrigava.

Eu, por outro lado, me sentia deslocado, ainda mais com o gorro na cabeça.

Mesmo assim, segui seus passos graciosos até o elevador, onde subimos em silêncio confortável.

No andar dela, Ana caminhou até uma porta e deslizou o cartão-chave.

Quando abriu, a visão que me recebeu me deixou momentaneamente surpreso.

A suíte era ampla e elegantemente decorada, com móveis modernos, janelas enormes que revelavam a cidade iluminada pela neve e uma árvore de Natal discretamente enfeitada em um canto.

O sofá, que ela mencionara antes, parecia tão confortável quanto uma cama.

— Uau. — Soltei, sem conseguir disfarçar meu espanto. — Que tipo de vida você leva, Ana?

Ela riu, deixando a bolsa em cima de uma mesa de vidro.

— Uma vida prática. — Respondeu, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Trabalhei bastante para poder ter o que quero, e conforto é uma das minhas prioridades.

— Conforto, né? — Observei o ambiente mais uma vez, impressionado com a simplicidade refinada de tudo.

Ela me olhou, com um sorriso que misturava diversão e mistério.

— Fique à vontade, Robert. O sofá é todo seu.

Eu coloquei minha mala perto do sofá e me sentei, ainda absorvendo o fato de que uma mulher que eu conhecera há menos de uma hora havia aberto sua vida e seu espaço para mim de uma maneira tão natural.

Enquanto me ajeitava no sofá, tirei o celular do bolso, tentando organizar meus pensamentos antes de fazer a ligação.

Ana, parada ao lado da cama, mexia em sua mala.

Sua presença parecia preencher o quarto de um jeito que eu não conseguia ignorar.

Ela se virou, me lançando um sorriso casual, e foi impossível não notar como a luz suave do abajur acentuava os contornos do rosto dela, seus olhos brilhando como se sempre estivessem prontos para rir.

— Vou tomar um banho e te deixar à vontade, assim pode fazer suas ligações em paz. — Disse ela, sumindo em direção ao banheiro antes que eu pudesse responder.

A porta se fechou, e o som do chuveiro logo ecoou pelo quarto.

Aproveitei o momento para ligar para minha mãe, sabendo que precisava enfrentar a decepção inevitável.

Procurei o contato de Claire e apertei o botão de chamada de vídeo.

Ela atendeu no terceiro toque, sua expressão levemente séria, mas com aquele olhar que sempre trazia conforto.

— Robert! — Ela exclamou, apertando os lábios antes de soltar: — Você sabe que eu não gosto quando as coisas não saem como planejado, mas, pelo visto, o mau tempo não está do nosso lado.

— Mãe, eu sinto muito. — Disse sinceramente. — Não imaginei que esse trabalho fosse me prender aqui durante o Natal.

— A culpa não é só sua, querido, mas quem aceita um trabalho na semana de Natal? — Ela revirou os olhos, mas seu tom suavizou. — Bom, pelo menos ligou.

Ela ajustou o celular e disse:

— Vou passar para Ellie, ela está esperando você.

Segundos depois, o rostinho da minha filha apareceu na tela.

Ellie, com seus cabelos loiros bagunçados, me encarava com olhos marejados.

— Papai! Por que você não está aqui? — Perguntou ela, com aquele tom choroso que sempre me desarmava.

— Ellie, meu amor, o papai foi pego por uma tempestade de neve. Prometo que vou chegar a tempo do jantar de Natal amanhã, está bem?

Ela fungou, limpando o nariz com a manga do pijama.

— Você promete?

— Prometo. E mais, trarei um presente incrível.

Ela finalmente sorriu, mesmo que de leve, antes de dizer:

— Tá bom. Eu te amo, papai.

— Eu também te amo, anjo. — Respondi, sentindo o coração apertado enquanto ela passava o celular de volta para minha mãe.

Depois de um breve adeus, encerrei a chamada e respirei fundo.

Precisava fazer algo para deixar a noite menos pesada, pelo menos para mim e, talvez, para Ana também.

Peguei o telefone do quarto e liguei para a recepção.

— Boa noite, o que vocês têm de especial para o Natal?

— Temos uma mini ceia que inclui dois pratos principais, acompanhamentos e sobremesa. Também oferecemos vinhos da nossa adega, senhor.

— Ótimo, pode mandar para dois. E o melhor vinho que tiverem. Pagarei no Pix.

— Perfeito, senhor. Enviaremos em breve.

Minutos depois, o som da porta do banheiro se abrindo chamou minha atenção.

Eu me virei, e a visão me pegou de surpresa.

Ana saiu, ainda enrolada na toalha, sua pele negra brilhando de leve por causa do vapor do banho.

Minha atenção foi automaticamente atraída para os detalhes do corpo dela: os ombros expostos, os seios médios bem moldados pelo tecido da toalha, o quadril largo e as coxas grossas que pareciam tão macias quanto o resto de sua pele.

Meu olhar demorou-se por um instante, antes que ela desaparecesse no quarto para se vestir.

Quando voltou, precisei morder o lábio para conter uma risada.

Ela usava um shortinho verde com uma blusinha cheia de bolinhas coloridas, imitando enfeites de Natal.

Para completar, um meião escrito "HoHoHo".

— Algum problema? — Ela perguntou, arqueando uma sobrancelha enquanto ajeitava o cabelo cacheado ainda úmido.

Eu finalmente ri, apontando para a roupa.

— Nada, só... Você realmente entrou no espírito natalino.

Ana olhou para baixo, fingindo indignação.

— Está zombando do meu look de árvore de Natal?

— De jeito nenhum, acho que ficou perfeito. — Respondi, sorrindo. — Ah, a propósito, pedi comida e vinho. Achei que seria melhor do que passar fome e ficar olhando para as paredes.

Ela deu um sorriso largo, seus olhos brilhando de um jeito que fazia o quarto parecer mais quente.

— Bom, então parece que nossa noite de Natal não será tão ruim assim.

Eu me levantei do sofá, olhando para Ana que ainda estava sentada na cama, distraída com o celular.

Decidi que um banho seria uma boa ideia.

Afinal, depois de horas no aeroporto e correndo de um lado para o outro, eu precisava relaxar.

Caminhei até minha mala e comecei a procurar algo que pudesse usar.

Algo que não me fizesse parecer tão deslocado ao lado daquele "look de árvore de Natal" que ela usava.

Depois de revirar as roupas, minha única opção aceitável era uma camiseta verde do Oasis.

Suspirei, resignado.

— Não é exatamente uma declaração de estilo natalino, mas vai ter que servir. — Murmurei para mim mesmo, pegando a camiseta e uma calça de moletom.

Com as roupas em mãos, fui para o banheiro.

Assim que entrei e fechei a porta, fui atingido pelo perfume dela.

Não era exagerado, mas tinha uma presença marcante, uma mistura de algo floral com notas amadeiradas.

Era como se o ar ao meu redor tivesse sido tomado por ela, envolvendo-me em uma sensação estranha de conforto.

Deixei as roupas em um canto e encarei meu reflexo no espelho.

O vapor ainda pairava no banheiro, denunciando que Ana havia saído há pouco tempo.

Passei uma mão pelo cabelo, tentando afastar as lembranças do momento em que ela saiu enrolada na toalha.

— Concentração, Rob. É só um banho. — Murmurei, balançando a cabeça para afastar os pensamentos que começavam a surgir.

Abri o chuveiro, deixando a água quente cair sobre mim enquanto tentava relaxar. Mas o perfume dela parecia estar em todo lugar, grudado nas paredes, no ar e, agora, em mim. Era como se estivesse sendo envolvido por sua presença, mesmo sem ela ali.

Fechei os olhos por um momento, deixando que a água escorresse pelo meu rosto, e respirei fundo. Aquele cheiro, suave e ao mesmo tempo tão marcante, me fazia sentir como se estivesse em casa, de uma forma que não conseguia explicar.

Eu estava ficando louco? Talvez. Ou talvez fosse o peso de um Natal perdido, de uma noite inesperada ao lado de uma mulher que, de alguma forma, parecia mexer comigo sem nem se esforçar.

Saí do banheiro, passando a toalha pelos cabelos enquanto sentia a pele relaxada pelo banho quente.

Assim que cruzei a porta, meus olhos foram para Ana, que estava recostada na cama, com os joelhos dobrados e os pés descalços, olhando para a TV.

Um filme de Natal qualquer passava na tela, algo clichê, com neve caindo e um casal se apaixonando à força das circunstâncias.

Ela pareceu notar minha presença, mas não se virou, apenas sorriu de canto enquanto mexia na beirada do cobertor que estava sobre suas pernas.

Caminhei até minha mala, abrindo o zíper para pegar meu frasco de Homme Dior.

Se íamos "ceiar" juntos, eu podia ao menos me sentir apresentável.

Borrifei o perfume pelo pescoço e pulsos, e o som do spray pareceu atrair a atenção dela.

Ana soltou uma risadinha, fazendo com que eu me virasse para encará-la.

— O que foi? — Perguntei, sorrindo de leve, curioso.

Ela ergueu os olhos para mim, o brilho travesso ali era inconfundível.

— Só acho que a noite tem tudo para se tornar... perigosa. — Disse, com um tom casual, mas carregado de intenções subentendidas.

Minha sobrancelha arqueou, e o sorriso no canto dos meus lábios se transformou em um quase risinho.

— É mesmo? E por quê?

Ana cruzou as pernas lentamente, ainda sentada na cama, e deu de ombros como quem não quer nada.

— Vinho... um homem britânico cheirando a Homme Dior... A neve caindo lá fora... — Ela listou enquanto o olhar vagava pela janela emoldurada de branco. Então, virou o rosto para mim, os olhos castanhos brilhando com um misto de diversão e algo mais profundo. — Isso tá parecendo um filme natalino barato da Netflix.

Minha risada veio sem aviso, e eu sacudi a cabeça.

Mas, ao olhar para ela, não consegui evitar.

Endireitei a postura, cruzei os braços, e lancei-lhe um daqueles meus sorrisos tortos.

— Você esqueceu de mencionar nessa sua equação uma mulher negra deliciosamente vestida de árvore de Natal.

No instante em que as palavras deixaram minha boca, a campainha do quarto soou, interrompendo a tensão crescente entre nós.

Ana piscou, parecendo se recuperar antes de mim, e deu um risinho enquanto se levantava.

— Isso deve ser o vinho. — Disse casualmente, caminhando em direção à porta, os enfeites do pijama balançando levemente conforme ela andava.

Eu a observei por um momento, uma mistura de curiosidade e fascínio crescendo dentro de mim, antes de me recompor e segui-la, pronto para nossa inesperada ceia natalina.

Eu não sabia exatamente quando minhas bochechas começaram a queimar – talvez fosse culpa do vinho, ou talvez fosse Ana.

Nós já estávamos na segunda garrafa, sentados na cama, ambos relaxados.

O filme natalino na TV tinha se tornado apenas ruído de fundo para nossas conversas.

Ana segurava sua taça com elegância casual, os cachos emoldurando seu rosto enquanto falava sobre sua vida como escritora.

Havia uma paixão nas palavras dela, algo que fazia seus olhos brilharem enquanto ela desabafava sobre os desafios de lidar com a indústria do cinema.

— Eles querem adaptar tudo, sabe? — Ela disse, gesticulando levemente com a mão livre. — Mas não entendem que algumas histórias simplesmente não funcionam fora das páginas de um livro.

Eu a ouvi atentamente, balançando a cabeça em concordância.

— Bom, eu não acho que todas as adaptações sejam ruins. — Comentei, tomando um gole do vinho.

Ela me lançou um olhar desconfiado, arqueando a sobrancelha.

— Ah, é? Então me diga duas boas adaptações sem ser Harry Potter ou Jogos Vorazes.

Eu ri, surpreso pela ousadia do desafio.

— Sem essas duas? Tá bom, essa é fácil. — Disse, fingindo confiança.

Ela me encarou, claramente esperando uma resposta.

— Hum... — Fiz uma pausa longa demais, sabendo que ela estava prestes a me zoar. Então, levantei minha taça, apontando para ela com um sorriso torto. — Tá vendo? Essa pergunta é uma armadilha!

Ana gargalhou, balançando a cabeça.

— Não é uma armadilha, você que não tem argumento.

— Ei! — Protestei, fingindo ofensa. — E Crepúsculo, não conta?

O riso dela ficou ainda mais alto, e ela quase derrubou a taça de vinho.

— Você não tá falando sério. — Disse, recuperando o fôlego.

— Tô sim! — Respondi, tentando manter a pose. — Eu tava lá, Ana. Eu sei o trabalho que deu.

Ela revirou os olhos, claramente achando minha defesa patética.

— Robert, não vem tentar me convencer que Crepúsculo é uma boa adaptação. — Ela disse, apontando o dedo para mim enquanto ainda ria.

— Ei, calma aí, Crepúsculo marcou uma geração! — Eu disse, gesticulando dramaticamente, o sorriso começando a crescer no meu rosto.

— Uma geração de adolescentes obcecadas, talvez. — Ela respondeu, ainda rindo.

Eu a observei, tentando segurar a risada por causa do quão cativante ela era quando estava brincando assim.

O jeito que os olhos dela brilhavam enquanto tentava me derrubar no argumento me fazia esquecer por um momento que estávamos num quarto de hotel, presos por uma nevasca, como dois estranhos que deveriam estar vivendo vidas separadas.

— Tá bom, eu desisto. — Disse finalmente, levantando as mãos em rendição. — Você venceu.

— Sempre. — Ela respondeu, piscando para mim antes de tomar outro gole do vinho.

— Se você não gosta das adaptações, deveria participar dos roteiros. — Comentei, enquanto girava o vinho na taça, observando como a luz refletia na bebida.

Ana riu, aquele riso leve e fácil que eu já estava começando a gostar.

Sem dizer nada, ela pegou a garrafa de vinho, servindo mais uma rodada para nós dois.

— Não daria certo. — Disse finalmente, encostando-se na cabeceira da cama e me lançando um olhar divertido.

— Por quê? — Perguntei, curioso.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos, tomando um gole do vinho antes de me olhar novamente.

Seus olhos estavam brilhando, e havia algo diferente em seu sorriso agora, mais desinibido, claramente influenciado pela quantidade de vinho que já tinha bebido.

— Porque eu nunca conseguiria participar de uma produção visual dos livros que escrevo.

— E por que não? — Insisti, inclinando-me ligeiramente em sua direção, intrigado.

Ela apoiou a cabeça na mão, me olhando com aquele sorriso que parecia guardar um segredo.

— Porque eu escrevo putaria literária.

Eu pisquei, surpreso, enquanto ela começava a rir da minha reação.

— Você tá falando sério? — Perguntei, rindo também, sem conseguir acreditar.

— Totalmente. — Respondeu, dando um gole demorado no vinho. — Agora imagine eu lá, numa sala de roteiristas, discutindo como uma cena de sexo precisa ser filmada com "mais tensão no toque".

Eu ri, balançando a cabeça enquanto tentava processar aquilo.

— Bom, isso explicaria sua segurança em falar de histórias de romance.

— Não é só romance, Robert. — Ela corrigiu, apontando a taça para mim. — É romance erótico. E tem uma diferença.

— Ah, é? Qual?

Ela inclinou a cabeça, fingindo considerar minha pergunta.

— Você quer mesmo que eu te explique?

Eu a encarei, desafiando-a, e ela riu novamente.

— Acho que não tem nada que precise de explicação. Você parece entender o assunto. — Disse, arqueando a sobrancelha.

— Você não tem ideia. — Respondi, num tom mais baixo, observando-a com interesse enquanto ela ria.

Ana era uma surpresa atrás da outra, e eu não conseguia decidir o que mais me atraía: sua honestidade, seu humor ou a forma como ela parecia confortável consigo mesma, mesmo depois de revelar algo tão... inesperado.

A campainha tocou, anunciando a chegada da comida.

Ana e eu nos levantamos ao mesmo tempo, ainda rindo de algo que ela tinha acabado de dizer.

Talvez fosse o vinho ou o ambiente aconchegante, mas nossos movimentos acabaram sincronizados demais, e nós esbarramos um no outro.

Ela deu um pequeno passo para trás, mas minhas mãos instintivamente pousaram em sua cintura, segurando-a firme para que não perdesse o equilíbrio.

Ela riu, suas mãos pousando no meu peito, e levantou o rosto para me encarar.

— Seu rosto está tão vermelho, Robert. É do vinho?

— Talvez. — Respondi, tentando soar casual, mas minha voz saiu um pouco rouca.

Ela inclinou a cabeça, seus olhos analisando os meus, e um sorriso brincalhão se formou em seus lábios.

— Tem certeza? — Perguntou, provocativa, enquanto seu olhar me prendia no lugar.

— Tenho. — Respondi rápido demais, soltando-a e recuando meio sem graça.

Ana deu uma risadinha e se virou para pegar o pedido.

Eu balancei a cabeça, tentando afastar os pensamentos que surgiam e que estavam longe de serem apropriados.

Depois que nos sentamos para comer, o assunto voltou às cenas picantes.

— Você realmente acha tão complicado escrever cenas de sexo? — Perguntei, provocando.

Ana me olhou por cima da taça de vinho, hesitando por um momento antes de dar um sorriso leve.

— Não é escrever que é complicado... É imaginar filmar isso. Eu acho que não conseguiria.

— Ah, não? — Perguntei, me recostando na cadeira com um sorriso desafiador. — Vamos testar.

Ela arqueou uma sobrancelha, confusa, enquanto eu me levantava e estendia a mão para ela.

— O quê?

— Fica de pé. Vou te mostrar como é fácil fazer isso.

Ela hesitou, mas acabou colocando a taça na mesa e pegando minha mão.

Levantei-a gentilmente, e então soltei um sorriso torto.

— Imagine que eu sou seu personagem principal. Como seguiria a cena?

Ana riu, parecendo achar a ideia absurda.

— Tá brincando, né?

— Estou falando sério. Vai, me mostra.

Ela suspirou, mas seus olhos tinham um brilho divertido.

— Tudo bem. Primeiro... Ele se aproximaria dela, criando um espaço íntimo, um lugar onde só os dois existissem.

Dei um passo à frente, diminuindo a distância entre nós até que nossos corpos quase se tocassem.

— Então ele tocaria o rosto dela, devagar, como se estivesse explorando algo precioso.

Levantei uma mão e deslizei meus dedos pela lateral de seu rosto, sentindo a suavidade de sua pele.

Ana engoliu em seco, mas continuou.

— Ele olharia nos olhos dela, buscando algo, uma permissão, talvez. Depois, seus olhos desceriam até os lábios dela.

Fiz exatamente isso.

Meu olhar encontrou o dela, e o momento pareceu parar.

Eu podia ouvir a respiração dela, o som baixo e ligeiramente acelerado.

Então, meu olhar caiu para os lábios dela, entreabertos, convidativos.

Ana estava visivelmente tensa, mas ainda assim, sua voz saiu firme:

— E ela perguntaria... O que você vê de interessante em mim?

— Tudo. — Respondi, minha voz baixa, quase um sussurro. — Tudo em você me prende.

Ela abriu a boca, como se fosse dizer algo, mas eu não esperei.

Me inclinei para frente, fechando a distância que ainda nos separava, e capturei seus lábios com os meus.

O beijo começou lento, como se eu estivesse tentando memorizar cada detalhe do gosto e da textura dos lábios dela.

Mas logo, a tensão acumulada entre nós tomou conta, e o beijo se tornou mais intenso.

Minha mão deslizou de seu rosto para sua nuca, puxando-a para mais perto, enquanto a outra mão pousava firme em sua cintura.

Ana não ficou para trás.

Suas mãos agarraram minha camisa, puxando-me contra ela com uma urgência que espelhava a minha.

O calor de seu corpo contra o meu era quase enlouquecedor e nós estávamos vestidos!

Eu a ergui pela cintura e me sentei na ponta da cama com ela em meu colo,sua boca devorando a minha,suas mãos puxando meu cabelo, minhas mãos descendo para sua bunda.

— O que mais você faria nessa cena?— perguntei descendo beijos por seu pescoço.

Ana gemeu baixo, erguendo o queixo para que a beijasse.

— Sinceramente? Eu não consigo pensar direito com seus lábios em mim...

— Quer que eu pare?— perguntei parando o que estava fazendo e a olhando divertido.

Ela arregalou os olhos e segurou meu rosto com suas mãos.

— Nao!— exclamou, as bochechas morenas vermelhas.

Eu ri.

— Então me diga: o que você faria a seguir?— insisti na pergunta, subindo minhas mãos por suas costas, vendo o quanto ela se arrepiava com meu toque.

— Tudo.— ela repetiu minha fala, olhando em meus olhos, o seu próprio tom castanho parecendo derretido.— Eu faria tudo.

Sorri lento e coloquei minhas mãos para trás apoiando no colchão.

— Então faça.

.....
Continue....

Nos  vemos na parte 2






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