Capítulo Único.
Leitora/Steve Rogers-Capitão América.
***

Berlin, Alemanha.

- S/N, CUIDADO!
Ao ouvir o alerta, me abaixei, no instante em que o míssil passou zunindo ao lado de minha cabeça. Colidindo com uma arvore.
Me levantei, meio tonta e balançada pelo efeito da bomba e mandei um sinal de "okay" para Steve, que perguntava se eu estava bem.
Análisei por um instante a situação de meus colegas e não estávamos em melhor posição.
A agente Romanoff, lutava com três ao mesmo tempo, mas se saia muito bem. Clint, estava empoleirado encima de uma arvore a mais ou menos cinco metros de distancia, atingindo todos os inimigos com pequenas e potentes flechas explosivas. Meus olhos varreram a floresta e se focaram em Steve que já se afastara de mim e corria em direção a um grupo inimigo. Stark não estava avista, o que me preocupou.
Pela segunda vez me abaixei, desviando de um projétil. Diferentemente que dessa vez, era um tronco de arvore arremessado por Hulk que mirou na pessoa errada.

Mais alem da luta, atrás de vários carros blindados, posso ver as grandes portas metálicas que dão acesso a construção do bunker militar. Lá dentro estava reservado o cofre com as informações do novo projeto da Hidra.
Na verdade não eram novos, eram bem antigos, porem estavam começando a ser postos em ação, com diversos agentes infiltrados em todo o mundo. Calculei as chances que tínhamos de chegar a entrada e não pareciam boas. Eu poderia chegar, se fosse sozinha. Não precisávamos de mais de uma pessoa para arrombar o cofre.
"- Steve?- Chamei, apertando o comunicador em meu ouvido."
"- Estou ouvindo "- Respondeu.
"- Pode me dar cobertura? Até a entrada? Consigo chegar lá, mas preciso de você."
Olhei na direção do Capitão e o vi olhando para mim.
"- Sim, eu abro caminho."- Concordou.
Movo minha cabeça positivamente e ele também de onde estava. Eu precisaria saltar a barricada de tanques, mas nisso ele também me auxiliaria. Procurei a melhor rota até Steve e era entre dois grupos de cinco que corriam na direção de Natasha e Barton.
Disparei na direção deles e saltei para uma árvore, me agarrando em um dos galhos e me balançando até alcançar Steve, que me esperava com o escudo em posição. Pouso encima do escudo e Capitão me lança para cima.
Eu devo ter calculado errado, ou a força com qual Steve me lançou não foi insuficiente, pois estava caindo antes de alcançar a barricada. Eu cairia entre os soldados inimigos e isso não seria nada bom.
- Te peguei!

Suspirei aliviada. Nunca fiquei tão feliz em encontrar Tony Stark como agora. O Homem de Ferro me pegará enquanto estava em queda livre e agora voava até as portas do bunker.
- Pode ir. Eu dou cobertura - Tony fala, posicionando-se diante de mim para me proteger dos tiros.- Já desarmei todo o sistema de segurança, só precisa abrir a porta.
- Okay - Gritei, por cima do som de tiros. Me afastei dele e corri até a entrada, jogando meu corpo sobre a porta de metal. Ela se abriu, assim como Tony disse que aconteceria, e ao entrar acionei o dispositivo que localizava pontos de calor.
Após a varredura, foram localizados diversos pontos por toda a construção, eu precisaria me esquivar de muita gente para chegar à sala no subsolo.
O interior do bunker estava lotado de agentes altamente armados, eu sabia que tinha duas opções: Ser discreta e passar por todos cuidadosamente, ou chegar explodindo tudo.
Dou um sorriso para mim mesma já sabendo a que eu escolheria.

Atravessei os corredores o mais rápido que pude, acumulando velocidade, precisaria atravessar uma parede de concreto pesado para chegar ao cofre.
Desviando das rajadas de tiros vindas das armas dos agentes, eu não precisava prestar muita atenção para atingi-los com suas proprias armas usando minha telecinese, eram movimentos mecânicos meus que não necessitavam de muita concentração para serem efetuados.
Estava à poucos metros da parede do cofre. Atingi minha velocidade maxima, acertando a parede em cheio.
Uma luz vermelha erradiou quando tudo explodiu.

Eram apenas poeira e pedaços de concreto para todos os lados, me levanto do meio dos escombros e vou até o centro do cofre, encontrando muito mais do que papéis.
Quando a poeira baixou, avistei os outros Vingadores se aproximando, eles deveiam ter vencido a barragem e desceram até aqui. Eu não encontrei nem Natasha nem Bruce, a explicação era que Nat estava tentando traze-lo de volta à sua forma humana em algum lugar.
- Bem eficaz - Stark sorriu sarcastico apontando para o buraco na parede.
- Seu raio repulsor teria feito melhor? - Indago erguendo uma sobrancelha.
- Provavel...
- Okay - Capitao nos interrompe sabendo que aquilo iria longe.- O que encontrou?
Ergo a pasta amarelada com o celo de confidencial.
- E isso tambem - Me afasto liberando a visão de algo que me parecia uma daquelas camaras futuristas de criogenia.
- O que é isso? - Barton pergunta à ninguem em especial.
O Homem de Ferro se aproxima da maquina, seus olhos agora visiveis pela viseira levantada, correm experientes por toda a maquina.
- É parecido com a que...
- Como a que Bucky estava - Capitão interrompeu Tony.
- Será que era aqui que o mantiveram? - Pergunto, voltando meu olhar para o resto do grupo.- Tipo... Durante o começo.
- Não sei, mas é melhor levarmos isso para análise - Capitão disse.
Tony parecia uma criança com um brinquedo novo. Não deixou que ninguém se aproximasse e levou sozinho para o jato.
***

Durante toda a viagem de volta aos EUA, permanecei afundada em meus próprios pensamentos, evitando participar dos conversas o máximo possível. Não que todos ali estivessem desesperados para conversar, mas de vez em quando Clint tentava puxar um assunto.
Eu estava preocupada. Haviam tantas coisas rondando minha mente nos últimos dias, que me surpreendia por não explodir nada acidentalmente.
O banco ao meu lado afundou-se quando Steve se sentou nele.
— Bom trabalho – Sorriu para mim, sempre muito educado. Decidi ignorar o leve salto dado em meu peito quando conectei meus olhos em seus globos perfeitamente azuis.
— Obrigada, Capitão – Sorrio, sem conseguir evitar.
— Você está se tornando cada vez melhor. Achei que deveria saber.
Eu sei o motivo de suas palavras. À meses atrás, quando resolvi que usaria minhas "habilidades" para alguma coisa, decidi que me tornaria uma heroína. Mas as coisas não são tao fáceis quanto eu achei que fosse e acabei causando mais destruição do que o contrário. A S.h.i.e.l.d, resolveu que eu era uma ameaça de nivel alto e mandou Steve para me conter. Para Steve, eu não era perigosa, apenas precisava de treinamento, um pouco de juízo e principalmente; de ajuda. Ele se propôs à me treinar, e desde então me leva para as missões com ele e os outros Vingadores. Eu nunca soube o motivo para que ele fizesse tanto por mim, no inicio acreditava que fosse apenas para evitar que eu destruísse outra propriedade do governo e causasse um prejuízo de cem milhões de dólares, mas ele nunca me tratou como uma bomba relógio que fosse necessário desarmar. Seu método era quase... carinhoso.

— Eu tenho um bom professor – Falei, apoiando minha cabeça que começava a pesar no banco. As horas de sono privadas estavam começando a cobrar seu preço. O cansaço pelo uso dos poderes contínuos e as lutas corporais, faziam com que sentisse como se tivessem pedras no lugar dos músculos.
Steve balançou a cabeça.
— Você não é má aluna. Apesar da insubordinação, em certas circunstancias.
Soltei uma leve risada.
— Sempre soube que eu era assim. Quando nos conhecemos eu joguei um carro em você.
Steve lançou um breve olhar para os outros que estavam mais a frente, parecia querer garantir alguma coisa. Nenhum prestava qualquer atenção em nós, estavam concentrados demais em suas próprias atividades. E eu tenho quase certeza de que Tony está desmaiado dentro da armadura depois da segunda garrafa de whisky.
Ele se voltou novamente para mim e apenas segurou minha mão fraca.
— Você precisa descansar agora, lutou muito bem hoje.
Ele falou, sorrindo para mim de forma tranqüilizadora.

Como ele me conhecia tão bem? Ele sempre treinava comigo mas eu não sou do tipo faladora, não costumo admitir quando estou cansada ou coisas assim. Steve era sempre tão doce, calmo e educado, como se vivesse eternamente na década de 40, apesar de já se terem passado 70 anos. No incio, eu costumava me sentir envergonhada com todo seu cavalheirismo desnecessário, agora, porém, percebi que é o jeito natural dele. E inevitavelmente, acabei me encantando mais do que devia com seu jeitinho. 
Agora me sinto encurralada, pois Steve é meu líder, meu treinador, eu não posso simplesmente me apaixonar por ele. Eu nem mesmo sei como ele poderia reagir a isso, e com certeza não quero levar um fora dele.
Enquanto minha mente exaurida divagava a respeito de meus sentimentos conflituoso com relação a Steve, acabei desabando inconsciente em seu peito. Não sei qual foi sua reação, mas mesmo que na beira da inconsciência eu ainda pude sentir o quão aconchegante e seguro era estar alí.
***

O jato havia pousado. Acordei alguns minutos antes e percebi que não era a única que havia adormecido, devido ao cansaço. Steve dormia tranquilamente, com sua cabeça apoiada na minha. Eu sentia sua respiração bater contra minha pele, distribuindo pequenas correntes elétricas por todo o meu corpo.
Assim que o jato pousou, ele acordou, eu me sentei reta na poltrona e ele na dele, parecendo envergonhado pelo que aconteceu.
Eu não estava envergonhada, só talvez decepcionada, pois esperava uma reação diferente dele. As vezes desejo que Steve não seja tão anos 40.
Descemos do jato sem dizer uma palavra um ao outro, vou direto para meu quarto na Mansão Vingadores.

Já é noite nos Estados Unidos, esses fuso-horários vão acabar me metando uma hora dessas. Entrei no quarto e comecei a me despir com a intenção de ir tomar um banho e voltar a dormir em seguida. Essas missões sempre sugam toda minha energia.
Entrei no chuveiro, mas não passei mais do que vinte minutos embaixo da agua quente. Quando deixo o chuveiro, coloco uma roupa para dormir ainda no banheiro. Assim que termino tudo no banheiro, saio.
Uma silhueta próximo a minha janela, observando a vista me deixou supresa. De inicio acreditei que fosse Visão, ele costuma ser meio invasivo as vezes quando quer conversar com alguém. No entanto quando olhei melhor na luz ténue, identifiquei Steve.

— Steve? – Pergunto, bobamente. Ele se volta na minha direção, o rosto expressando expectativa, seus olhos me esquadrilham de cima a baixo causando uma onda de timidez em mim. – O que faz aqui?
— Eu... pretendia falar com você, mas eu volto amanhã. Desculpe ter entrado assim, eu havia batido mas...
Ele começou a se afastar.
— Não, pode falar agora, eu não me importo.
— Você está cansada, S/n. Eu posso esperar.
— Mas eu não posso – Digo, tomando coragem para segurar sua mão.– Vamos, diga.
Steve se voltou para mim e segurou de volta minha mão. Isso me parece algum tipo de sinal.
— S/n... eu vim aqui porque tenho algo a dizer. Eu sei que não é... certo, mas se não dissesse... eu já perdi a chance de ter a mulher que eu amava uma vez, e foi de repente. Não quero perder outra novamente apenas por medo.
Fiquei sem saber o que dizer. Se eu bem interpretei suas palavras, Steve havia acabado de dizer que me amava. Eu não estava preparada para algo assim. Eu nem mesmo acreditava que ele pudesse me olhar de uma forma diferente, quanto mais... amor.

— Está me dizendo que...
— Que amo você.
Aquela não era a melhor situação para uma declaração de amor. Eu estava totalmente muda e envergonhada.
— E-eu... Meu deus, Steve eu não sei o que dizer – Finalmente consigo desempacar e dizer alguma coisa. Vi seus olhos perderem um pouco do brilho e me senti horrível com aquilo. Que merda eu estava fazendo?! Sou apaixonada por esse homem à meses e agora ele esta aqui, na minha frente e esta se declarando para mim, por que eu não posso apenas agir como uma pessoa normal e dizer algo coerente?
— Eu entendo. Se você não sente o mesmo por mim... Essa é uma situação atípica.
— Não – Digo, segurando-o mais forte quando ele tende a se afastar. – Você não sai desse quarto.
Steve me encarou surpreso e eu me corrijo, sentindo meu rosto queimar.
— Eu quis dizer... que é melhor você me ouvir antes de sair – Falo, respirando fundo.– Steve, também gosto muito de você, ou melhor, eu o amo. Mas isso me assusta, principalmente agora que sei que é recíproco, porquê eu sou como uma bomba relógio... literalmente. Não tenho total controle sob meus poderes, e tenho medo de machuca-lo, ou machucar outras pessoas e te decepcionar, porque a partir do momento que assumirmos os riscos... eu não sei se sou capaz de corresponder as suas espectativas.

Steve me abraçou por um tempo, novamente me pegando desprevenida. Todas as suas ações eram completamente contrárias as que eu estava acostumada vindo dos homens. Eu o abraço de volta, tentando deixar minhas inseguranças de lado, mas isso é completamente impossível. Steve notou isso, ele afastou-se.
- Hey, tudo bem. Esta tudo bem, querida. Eu só quero o seu bem, apenas quero ajuda-la.
- Eu sei, Steve, sei como você é bom, doce e gentil; e é justamente por isso que eu o amo. Você nunca me tratou como um acaso ou como uma responsabilidade... pelo menos não apenas como isso. E eu sinto que posso confiar em você.
Steve sorriu ternamente. Era um belo sorriso, acolhedor. 
— Eu só queria ter essa sensação o tempo inteiro – Murmurei, tensa.– Eu não quero sentir medo. Medo de machuca-lo, e estragar tudo. Você não merece, Steve.
Ele segurou meu rosto e aproximou o seu, ficando à poucos centímetros. Seus olhos azuis eram tão intensos que me tirava o foco.
— Deixe que eu me preocupo com essa parte – Murmurou.– Você não vai me machucar e nem eu a você.

Ele finalmente me beijou, unindo calmamente nossos lábios e me beijando ternamente. Retribui seu beijo e ao mesmo tempo fechei meu olhos, conseguindo por aquele momento esquecer todas as minha aflições. Ele se afastou levemente e não consegui segurar:
— Você me faz forte.
Ele abriu um lindo sorriso. Steve voltou a me beijar lentamente, tão carinhoso que me fazia sorrir em seus lábios. Abracei seu pescoço e o puxei para mais perto.
Caminhei de costas, trazendo-o comigo até estarmos sentados na minha cama. Não faríamos nada nessa noite, e Steve sabia disso, ele apenas me abraçou forte e continuou me beijando até que eu adormeci.