You and I [Dc Comics]
Leitora/Dick Grayson
***
Eu fui pega. Isso nunca aconteceu antes, pelo menos não em qualquer outra cidade que visitei... tinha que ser justamente aqui, em Gotham. O caminho inteiro eu fui calada, no banco de trás da viatura, eles estavam me levando para o DP da cidade.
Quando chegamos eu desçi do carro, minhas mãos estavam algemadas para trás, fui levada pelos policiais e aparentemente iria para uma cela antes de ser interrogada.
No caminho passamos perto de dois homens que estavam conversando, um era mais velho e eu o reconheci, Comissário Gordon está o tempo todo na TV, no entanto o outro me parece apenas levemente familiar. Por um rápido instante ele me viu, seus olhos castanhos me fitaram tão intensamente que eu parei de andar por alguns instantes e o encarei de volta. Tenho certeza de que o mesmo olhar de reconhecimento que havia em seus olhos também estavam nos meus, no entanto eu não sou capaz de dizer o motivo disto. Baixei a cabeça, escondendo meu rosto atrás das grossas mechas de cabelo e voltei a andar, seguindo os policiais.
***
Na cela, umas três horas depois de terem me trancado lá, comecei a pensar em uma maneira de escapar daqui. Eles estão me deixando de molho, acham que sou fraca por ter sido pega, uma novata, mas não. Eu fui sim pega por um deslize meu, mas isso não significa que eu seja ingênua, fugi das autoridades por quase 12 anos.
Escutei som de passos e a porta da cela foi aberta, obedientemente eu sai acompanhando o policial até chegar na metade do caminho, havia um corredor que pelo que vi levaria aos fundos da delegacia onde eu poderia arrombar alguma porta ou janela e escapar rapidamente pela noite, se continuasse seguindo seria levada até a sala de interrogatórios de onde não terei como escapar. As algemas já estavam fragilizadas por conta do chiclete corrosivo que eu deslizei suavemente do meu bolso até as correntes da algema, cortesia de um cara da gangue do Coringa que conheci uns dias atrás.
C
om um puxão forte as algemas se separaram libertando minhas mãos, acertei um soco no queixo do guarda e para que ele não gritasse consegui subir em seus ombros e sufoca-lo até que perdesse a consciência e caísse no chão. Infelizmente as câmeras de segurança devem ter registrado minha ação, logo ouvi o som das botas nos corredores vindo em minha direção. Corri pelo corredor adjacente e encontrei várias portas trancadas e janelas com grades.
Peguei outro chiclete. Ele é como aquele que comprava quando era criança, uma crosta de açúcar e um recheio azedo dentro que nos faz tremer, a diferença é que o recheio desse pode explodir coisas.
Masquei rapidamente o chiclete e soprei uma grande bola, quando ela explodiu as grades da janela haviam cedido. Pulei para fora e escalei o muro pela escada de incêndio.
No telhado eu rapidamente saltei para o outro prédio próximo, tudo parecia ter dado certo, estava conseguindo escapar, até que alguém pousou bem na minha frente.
Meu coração parou, por um momento pareceu que tudo estava perdido, a capa preta era tudo o que eu conseguia ver, então ele baixou a capa e ficou de pé.
— Você não é o Batman.
Falei, um tom de cinismo em minha voz.
— Não preciso ser ele para levar você de volta para a prisão.
Recuei alguns passos quando ele se aproximou. Sua voz é rouca e baixa, mas com certeza se trata de algum tipo de modulador.
— Pode tentar, Garoto Prodígio.
É claro que eu conheço a fama do Robin, todos conhecemos, ele apenas não é tão temido quanto o morcegão. Desviei de um chute alto e tentei lhe dar uma rasteira, Robin fez uma acrobacia e conseguiu cair de pé no parapeito do prédio.
Isso é estranho, novamente aquela sensação de reconhecimento que senti na delegacia, algo parecido com uma nostalgia.
Balancei a cabeça me livrando dessa sensação e tirei minha jaqueta, conseguindo melhor movimentação dos meus braços. Dei um salto e subi em uma plataforma de ferro alta.
— Eu também seu brincar.
Falo, olhando-o desafiadora. Ele investiu em minha direção e eu saltei para longe de seu alcance, pousei suavemente no parapeito onde ele estava segundos antes.
— Quem é você?
Ele rosnou. Eu sorri e caminhei de forma relaxada pelo parapeito.
— Conhecê Selina Kyle?
Perguntei.
— A mulher-gato... – Ele murmurou.
— Eu a chamo de mamãe – Sorri irônica e dei outro mortal, parando no centro do telhado.
— Você é filha da Mulher-Gato? – Questionou surpreso. Eu revirei os olhos.
— Sim, quase isso, mas não biologicamente – Dei de ombros.
Ele ergueu o corpo e ficou reto.
Eu não fugi novamente, Robin estava bem perto agora, perto o bastante para que eu pudesse ver o seu rosto.
— Você...– Ele murmurou.– Você é S/n/c.
Foi uma afirmação, ele conhece meu nome completo, ele sabe quem sou eu. Arregalei meus olhos e me deu conta de que eu também o conhecia.
— E você é Dick Grayson – Digo. – O garoto dos trapézios.
Nós dois éramos crianças de circo. Os pais dele eram os Graysons Voadores, faziam acrobacias no ar, saltava e voavam através da lona. Eu e minha mãe éramos bailarinas, fazíamos acrobacias e passos de balé encima de elefantes e cavalos brancos como algodão.
Na noite em que os pais de Dick morreram, minha mãe também morreu, depois do enterro nunca mais nos vimos. Antes da tragédia éramos o que podemos chamar de melhores amigos, mas depois nos perdemos um do outro.
Ele tirou a máscara.
— O que houve com você?
Perguntou, sua voz estava menos grossa agora, parecia até mais humana.
— A vida, Grayson – Falei amargurada.– A vida aconteceu comigo.
— Depois do enterro... eu procurei você, eu procurei tanto por você, mas nenhum dos outros integrantes sabiam o que tinha acontecido, eu fiquei sem nenhuma pista.
— Nenhum deles quis ficar comigo, Dick, nenhum deles tinha condições de ficar comigo – Falei, dando as costas e me sentando na beirada do prédio, meus pés balançavam no ar. Estavamos muito alto, posso ver todas as luzes da cidade daqui.
— Eu não sabia – Ele disse em voz baixa. Dick estava parado em pé atrás de mim.– Eu... poderia ter falado com Bruce e...
— Aliás, Bruce Wayne é o Batman, não é? – Falei.– Era isso que Selina escondia de mim.
— Você não sabia?
— Claro que não. Ela tem algo inacabado e longo com ele, Selina nunca contou a ninguém a identidade do Batman, nem mesmo para mim.
— Como foi parar com ela?
Eu suspirei.
— Ela me encontrou nas ruas, se identificou e cuidou de mim – Respondi brevemente.– Me ensinou a como sobreviver em um mundo como esse.
— Ela te ensinou a ser uma ladra, S/n – Ele rebateu. Eu me levantei e me virei para ele, ainda no parapeito eu ficava mais alto e podia olha-lo de cima.
— Ela me ensinou o que foi ensinado a ela. Selina fez seu melhor, ela me preparou para um mundo que esmagar e atropela tudo o que estiver no caminho – Falo.– Ela pode não ter sido a melhor, mas ela fez o seu melhor e para mim é o bastante.
— Mas, Bruce ele...
— Ele escolheu você, Dick – Eu desci do parapeito.– Ele transformou você em uma cópia dele, da mesma forma que Selina me fez imagem e semelhança dela.
Ele esfregou os cabelos e travou o maxilar. Eu o observei melhor, Dick se tornou um belo homem, alto e forte. Ele devolveu meu olhar.
— Suponho que vai pedir para que eu a deixe ir.
Eu sorri maliciosa.
— Eu não preciso que me deixe ir, Grayson, eu vou quando eu quiser ir.
— Você sabe que não, eu posso prender você agora mesmo.
— Pode tentar de quiser.
Ele tentou me pegar, mas eu desviei. Dick é rápido e ágil, mas a capa tira um pouco a precisão de seus movimentos. Eu estava escalando a parede lateral do prédio do lado quando senti algo agarrar em meu tornozelo e me puxar para trás. Eu cai no telhado e rolei uns metros. O fio de aço amarrado no meu tornozelo se soltou e vi Dick se aproximando de mim com um sorriso presunçoso nos lábios.
Ele se abaixou na minha frente.
— Então? Pode vir comigo andando ou carregada, é uma escolha sua.
— Vai mesmo me prender, Dick? – Perguntei, olhando-o.– Depois... de tudo o que conversamos.
— Você vai voltar a cometer crimes, S/n – Ele disse incerto.– Se não for eu, outro vai pegar você.
— Você sabe que vou fugir, estamos brincando de Batman e Mulher-Gato aqui, você sabe como acaba.
Eu estava deitada e sustentava a parte de cima do meu corpo com os cotovelos apoiados no chão.
— Como acaba?
Dick questionou, ele estava muito perto de mim, eu conseguia sentir sua respiração em meu rosto.
— Ela foge, e ele deixa porquê ele gosta dela, e sabe que permitindo que ela fuja está garantindo o próximo encontro.
Dick não desviou os olhos de mim nem por um momento, ele se inclinou e quase encostou seus lábios nos meus, envolvendo meu corpo com seus braços, então ele sorriu de leve e se afastou. Quando ouvi o click percebi que havia sido enganada.
— Dick!
Exclamei. Ele havia envolvido meu tronco com um cabo de aço unido com uma tranca. Dick me puxou para cima e me deixou de pé.
— Eu ja falei, eu não sou o Batman e nem quero ser. Essa brincadeira dele com a Mulher-Gato dura anos, nenhum cede, eu não vou passar por isso também.
Ele começou a me guiar pelos telhados de volta a delegacia, mas eu não permitiria que ele vencesse e muito menos que me levasse para a prisão. Com uma das mãos consegui pegar a lixa no bolso de trás e comecei a raspar o cabo. Arlequina também tem brinquedos legais, muito obrigada.
Estavamos encima do telhado da delegacia quando arrebentei a tira e me soltei, Dick não percebeu, ele estava quieto.
— Pode ir.
Disse, me fazendo estagnar no lugar.
— O que?
— Vai embora, S/n, eu não vou te impedir.
— Mas você disse que...
— Eu odeio quando dizem que sou como ele ou que quero ser – Disse.– Eu só não quero seguir os passos dele, mas com você... eu não posso prender você.
Eu me aproximei dele e o abracei, queria ter feito isso desde o momento que soube que ele era Dick Grayson, o mesmo que brincava e corria comigo envolta do circo, o mesmo que segurou minha mão no enterro.
Ele me abraçou de volta e beijou minha cabeça.
— Quero encontrar com você outra vez, mas não assim – Disse.
— Vou embora de Gotham hoje mesmo.
Sussurrei.
— Ótimo, eles vão ficar um tempo na sua cola.
Eu suspirei.
— Também quero encontra-lo novamente, Dick.
— Detroit, vou me mudar para Detroit semana que vem – Ele me olhou nos olhos.– Nos encontramos lá?
Eu sorri e concordei com a cabeça.
— Fechado.
Ele se inclinou novamente em minha direção e beijou minha testa. Escutei as sirenes e me afastei, saltei de um prédio para o outro e lancei um rápido olhar para onde Dick me observava, logo depois ele já não estava mais lá.
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Pedido feito por the_vortrtex
Espero que goste ❤️💋
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