The neighborhood friendly (Marvel)
Capítulo Único.
Leitora/Peter Parker (Spider-Man)
***
Meu pai estacionou o carro na entrada da nova casa. Havíamos nos mudado de Columbus em Ohio para o Queens na cidade de Nova York, logo depois que ele conseguiu um novo emprego.
Estou levemente nervosa por ter que vir para outro estado, outra escola e tudo o mais, apesar de ser uma pessoa bastante sociável, costumo me sentir ansiosa com primeiras impressões.
Entrei na nova casa, subindo diretamente para o que seria meu quarto. Era espaçoso o bastante para toda a minha "tralha tecnológica" como mamãe costuma chamar. Eu não posso culpa-la por isso, são realmente muitas coisas, mas faz parte dos meus estudos.
Deixei minha inseparável mochila encima da cama que já estava montada. Dentro dela estava um dos meus maiores segredos, meu traje. Meus pais surtariam se soubesse e eu não quero nem mesmo ter que imaginar o drama que fariam se descobrissem que ando por ai usando laica e batendo em assaltantes de banco.
Mesmo que fosse uma atitude bem imprudente, eu gostava, me sentia útil. Ainda mais depois dos acontecimentos em Nova York e em Sokovia, os Vingadores e tudo o mais... o mundo está mudando e quero participar.
— S/n! – Minha mãe gritou do andar de baixo.– Venha terminar de carregar suas coisas. Seu pai já está velho demais para isso.
Dou uma risada baixa.
— Certo, estou indo.
Respondo. Deixo a mochila na cama e saio correndo do quarto.
***
Na manha seguinte eu já estava de pé me aprontando para ir ao colégio. Era uma segunda-feira cinza e eu não queria correr o risco de pegar chuva no caminho.
Quando estava pronta, com tudo na mochila, inclusive o traje, desci as escadas e encontrei meus pais na cozinha, tomando café da manha.
— Tão cedo? Uau – Papai observou, levantando brevemente o olhar de seu jornal, Clarim diário.
— Não quero me atrasar logo no primeiro dia – Falo, sentando-me à mesa.
— Só no primeiro, não é? – Mamãe falou, passando por trás da minha cadeira e depois voltando com algumas frutas embaladas em papel filme.– Os outros tudo bem.
— Vou tentar ser pontual em todos os dias – Falo, rolando os olhos.
— Cidade animada essa – Papai comentou enquanto dobrava o jornal e se levantava.– Principalmente esse bairro. Soube que agora tem um garoto vestido de aranha saltando de prédio em prédio.
— Homem-Aranha – Murmuro, tomando um gole da minha caneca de café.
— O que disse? – Parou o que estava fazendo para me olhar com mais atenção.
— O nome dele é Homem-Aranha – Falo, dessa vez mais alto.
— Como sabe? – Mamãe pergunta, dando atenção não desejada.
— Ele... posta uns video na internet – Gaguejei, tentando desviar do assunto. Meus pais eram bem rígidos quando o assunto era super heróis, eles achavam que esses caras mais destruíam do que salvavam coisas.
— Cada coisa – Meu pai resmungou antes de se despedir de nós e sair para o trabalho.
Levantei, vendo que se me demorasse mais acabaria atrasada. Me despedi de minha mãe e sai para o vento frio de uma manhã novaiorquina. Achei que sentiria falta do ar quente de Ohio, mas estava enganada.
A escola não era longe, ficava à apenas algumas quadras de casa, eu podia caminha tranquilamente e chegar em menos de meia hora. No caminho, coloquei meus fones de ouvido e escolho uma play list de músicas para me acompanhar durante o percurso. Inicialmente a primeira que toca é Salut, uma canção de uma girl band que eu adoro.
Cheguei ao colégio sem problemas, não foi difícil encontra-lo. Tirei os fones e estava atravessando uma rua interna logo depois dos portões quando um conversível parou a centímetros de mim.
— Ei, idiota! – Exclamei, vendo que ele quase tinha me atropelado. – Qual o seu problema?
Um garoto que deveria ser um ano mais velho que eu, tirou o cinto de segurança e se levantou no banco da frente. Ele ostentava um sorriso convencido.
— Qual é, gata? Entra aqui e eu te falo.
Revirei os olhos. Ótimo, meu primeiro contato com alguem e ele é um completo imbecil.
Dei as costas para ele e segui subindo as escadas, entrando no prédio.
Eu deveria ir até a secretária para receber o número do meu armário e o horário das aulas. A moça da secretária era bem simpática, inclusive, me entregou todos os documentos e me desejou boa-sorte no primeiro dia, mas também disse algo que me deixou curiosa.
Ela viu meu histórico escolar, disse que com minhas notas exemplares poderia entrar para a equipe de competições acadêmicas do colégio. Eu nunca participei de competições acadêmicas, apesar de na outra escola ter uma vez ou outra, acho que eu gostaria de ter um passa-tempo comum para varias.
Peguei a ficha e guardei na bolsa, prometendo pensar melhor mais tarde.
Minha primeira aula do dia seria física avançada, dei à volta no corredor, procurando a sala onde teria a aula, caminhei alguns metros no corredor e percebi que já estava praticamente vazio, exceto por alguns garotos que já estavam indo para suas aulas. Avistei com alívio a classe certa e quando comecei a avançar na direção da porta, fui atingida por alguem que corria na mesma direção que eu. Se não fosse pelos meus reflexos, eu teria caido com tudo no chão, mas consegui me manter em pé, igual ao garoto.
— Ah... desculpe – Ele falou, subindo a alça da bolsa no ombro. Ele estava com um livro enorme em frente aos olhos, por isso não me viu.– Eu não vi... desculpe.
— Tudo bem – Falei, engolindo os xingamentos. Ele estava se desculpando mesmo e era tao fofo. Acabei sorrindo involuntariamente. – Eu também não vi você.
— Mas fui eu quem atropelei você, então...
— Certo, acho que já se desculpou o suficiente – Eu o interrompo.
Ele sorri sem graça.
— Eu tenho que ir – Falo, continuo a andar na direção da classe e ele me segue.
— É minha aula também – Explica, quando lanço um olhar curioso em sua direção.
— Ah – Murmurei.
Entramos na sala e nos separamos. Ele foi sentar-se ao lado de um garoto meio gordo que estava no fundo e eu fui até a mesa do professor entregar o papel da direção que ele deveria assinar.
***
No fim do dia, eu estava menos cansada do que achei que estaria, as aulas eram relativamente fáceis e os professores sabiam explicar a matéria. Durante a hora do almoço, preenchi a ficha para participar da equipe acadêmica e agora me encontrava à caminho da secretária para entregar os papéis.
Novamente a moça foi educada ao extremo, parecendo satisfeita quando entreguei a ficha preenchida. Ela disse que teria a resposta o mais rápido possível.
Sai da escola a passos rápidos, ansiosa para a segunda parte do meu dia. Eu ainda não conhecia nada do bairro para o qual me mudei, estava ma hora de conhecer. Corri para casa, encontrando-a vazia como já era esperado. Subi para o quarto, me trocando rapidamente e logo em seguida saindo pela janela de trás.
Eu tinha adquirido meus poderes à menos de um ano, quando fiquei até mais tarde no laboratório de biologia do colégio onde estudava. Uma tempestade muito forte caiu naquela noite, eu estava lidando com químicos perigosos e inflamáveis. Houve uma explosão seguida de um incêndio.
Eu não lembro bem como tudo aconteceu, respirei muita fumaça tóxica e apaguei. Acabei acordando três dias depois no hospital e aparentemente sem nenhuma sequela... bem, até começar a me sentir estranha. Pevebi uns dias depois que havia me tornado capaz de expelir ácidos e outros químicos perigosos pelas mãos, e não apenas isso. Havia ficado também mais forte do que o comum e rápida, meus instintos e meu equilibro também tinha melhorado. Haviam muitas outras mudanças, mas eu estava descobrindo aos poucos.
Enquanto caminhava despreocupadamente pelo parapeito de um dos prédio mais altos que havia encontrado, vi algo que prendeu minha atenção: Algo vermelho, saltando de prédio em prédio em alta velocidade. Com toda certeza é o Homem-Aranha. Ele parou em um prédio um pouco mais baixo, e sentou-se nas escadas de incêndio, fiquei observando-o por um tempo até decidir se eu deveria ou não falar com ele. Antes que movesse qualquer músculo para ir em sua direção, uma freada brusca na avenida me fez ficar atenta.
Uma van preta em alta velocidade cruzou a avenida e quase bateu em um ônibus, daí a freada. Atrás dessa van vinha três viaturas igualmente desgovernadas.
O que quer que essa van tenha, não é bom. Pulei do prédio, me apoiando nos parapeitos para chegar até o chão. Ao mesmo tempo, vi a roupa vermelha do Aranha entrar no meu campo de visão. Ele disparou teias que envolveram a van, mas ou invés de parar com achei que fosse, ele acabou sendo arrastado junto com ela.
Mirei nos pneus traseiros e disparei dois jatos de ácido, o liquido corroeu os pneus imediatamente, fazendo a van capotar e ser parada pelas teias que era puxadas pelo Aranha. Corri até a van e comecei a empurrar, até que voltasse a posição normal. Derreti os pneus da frente, fundindo-os com o asfalto de forma que o veículo não conseguiria sair do lugar.
Eu e Homem-Aranha ficamos nos encarando sem dizer nada por vários minutos. Levantei e dei meia volta, voltando correndo para o prédio enquanto as sirenes dos carros de policia ficavam mais altas.
Escalei o primeiro prédio que consegui alcançar, estava tremendo de cima a baixo. Não pelo que aconteceu com a van, isso era rotina, mas por ter ficado tao perto dele. Quase cai quando o mesmo pousou diante de mim, vindo de algum ligar.
— Quem é você? – Ele perguntou, seu tom não era ameaçador ou grosseiro, era curioso.
— Ahn... Nitric – Respondo, minha voz abafada.
— Isso não é nome de vilã?
— Você acha?
Pergunto, franzindo a sobrancelha.
— Bem, o nome pode ser, mas eu não sou – Digo, sorrindo.
— É, eu vi – Disse. Sua voz não me era estranha.– Uhn... obrigado por... você sabe, a van.
— Sem problemas – Dou de ombros.– Você parecia precisar de ajuda.
— Eu não precisava de ajuda – Falou, baixo.
— Claro – Rebati em tom irônico.
Voltei a caminha e ele me seguiu.
— Eu nunca vi você antes – Ele falou, tentando chamar minha atenção.
— Sou nova na cidade – Explico.– Aliás, quero que saiba... não estou aqui para roubar seu lugar nem nada... eu quero ajuda-lo.
Parei de andar enquanto falava, Aranha também parou do meu lado. Ele parecia tímido, ate mesmo por baixo da máscara que lhe cobria o rosto todo.
— Não estava pensando isso – Falou, dando de ombros.– É melhor alguem ajudando que causando problemas.
Dei um sorriso tímido e concordei com a cabeça.
— Então nos esbarramos por ai – Pisco para ele, me afasto e dessa vez ele não me segue.
***
Cheguei casa por volta das sete, já era um grande atraso para minha mãe, e a única coisa que eu poderia contar era que ela não tivesse ido ate até meu quarto e eu pudesse fingir que tinha passado a tarde dormindo. Entrei pela janela, encontrando a porta fechada da maneira que eu havia deixado. Respirei aliviada e troquei de roupa, colocando um moletom cinza.
Sai do quarto e fui ao encontro de mamãe que estava na cozinha.
— Olha quem acordou. Isso acontece quando se levanta cedo – Ela sorriu ao me ver, aparentemente engolindo minha falsa expressão de sono.
— Odeio levantar cedo – Resmungo, sentando-me em uma das cadeiras. Ela fazia o jantar tranquilamente.
— O jantar já vai sair. Resolvi esperar que acordasse sozinha, a porta estava fechada.
— Obrigada, mãe – Agradeço, tranquila. Passou-se a época que eu me sentia culpada por mentir para ela, é por uma boa causa.
A noite passou depressa, meu pai chegou e nos jantamos tranquilamente, até ele resolver falar de algo que aconteceu no trabalho:
— Roubaram um carro forte na esquina do banco, esta tarde – Ele trabalhava no banco.
— Eu disse que essa cidade é perigosa – Minha mae resmungou, me mantive calada.
— Recuperaram todo o dinheiro – Ele suspirou. – Graças aquele garoto, o Aranha. E uma outra garota que derreteu os pneus.
— Heróis são úteis, afinal – Murmurei, disfarçadamente.
— Nunca disse que não eram úteis – Meu pai contradisse.– Disse que causam destruição e prejuízos de milhões de dólares. Isso não é mentira.
— Talvez seja melhor um prejuízo em dinheiro do que em vida – Falo, mexendo distraidamente no meu prato.
— Eu não disse que era melhor – Meu pai fez uma expressão aborrecida.– S/n, não diga o que não entende. Ainda é jovem, não sabe como essas coisas funcionam.
Acho que o único que não sabia do que estava falando era ele. Me levantei da mesa.
— Claro, tem razão – Engulo minha irritação. – Eu não sei de nada mesmo. Com licença, preciso estudar agora.
Sai da cozinha e subi para meu quarto.
Entrei nervosa no quarto, segurando minhas emoções. Coisas ruins aconteciam quando eu ficava nervosa.
Por que ele não pode entender? Se não fosse pelos heróis, esse mundo estaria totalmente perdido.
Sento-me na cama, abrindo meu notebook, vendo as notícias. Dominando a primeira página estava uma noticia de que Tony Stark estava mudando a base dos Vingadores de sua Torre original, inclusive, ele havia vendido a Torre.
Os Vingadores... seria sonhar demais um dia conhece-los? Acho que não. Homem-Aranha os conheceu, e ele é só um garoto... pelo menos foi o que sua voz denunciou. Ele parecia ser uma pessoa legal.
Passei um tempo mergulhada em matérias na internet e acabei pegando no sono com o notebook ainda sob meu colo.
***
Acordei com meu despertador no ultimo volume. Desliguei e me sentei sonolenta na cama.
Quando estava pronta, desci, para não precisa encontrar meu pai com suas inquisições, sai de uma vez direto para o colégio. Eu chegaria excepcionalmente cedo hoje.
Ao chegar no colégio ainda quase vazio, fui para a biblioteca, planejando colocar a matéria em dia. O lugar estava vazio, exceto por um garoto, o mesmo que vi ontem conversando com o menino que esbarrou em mim. Ele era da minha turma, então não pensei duas vezes em chama-lo.
— Ei... oi – Falo, sentando-me ao sei lado.– Sou S/n.
— Sou Ned – Responde, parecendo surpreso por eu ter falado com ele.
— Somos da mesma turma em...
— Quatro aulas – Me interrompeu. – Física avançada, calculo, espanhol e ginástica.
Uau.
— Isso...– Falo.– Eu sou nova no colégio, queria saber se pode me ajudar com a matéria.
Ele sorriu bobamente.
— C-claro, sem problemas.
— Ótimo – Sorri.
Passamos quinze minutos em que ele me falou varias coisas que eu havia perdido por entrar no meio do ano, olhei as horas e vi que seria melhor começar a procurar minha sala ou me perderia.
— Tenho que ir agora, mas obrigada, Ned – Falo, ficando de pé.
— Eu que agradeço – Ele falou.
Dei um sorriso, achando-o engraçado e me despedi.
Na saída da biblioteca, outra vez teria esbarrado no garoto de ontem se não fosse pelos meus reflexos.
— Opa! – Falo, segurando seus ombros.
— Desculpe...
— Não, dessa vez a culpa foi minha – Falo, sorrindo sem graça.
Ele também sorriu.
— S/n – Falo, estendendo a mão para ele. O garoto a aperta.
— Peter – Responde.
— Até o próximo esbarrão, Peter – Falo com humor, caminhando para longe dele.
Peter riu e entrou na biblioteca.
Estava passando frente a secretária quando a mesma mulher de ontem me chamou, empolgada. Ela disse que eu havia sido aceita na equipe, devido as minhas notas exemplares. Eu seria reserva, pois a equipe estava completa, mas deveria ir até o auditório onde costumam treinar hoje mesmo.
Foi o que fiz, no fim das aulas eu procurei o auditório e entrei, encontrando alguns rostos conhecidos. Havia o idiota que conheci ontem e que quase me atropelou. Ned estava lá, Peter também.
Eles pareceram surpresos ao me ver, aceno animada com uma das maos para eles e sigo até o professor para me apresentar.
— É ótimo ver um rosto novo – Ele falou, sorrindo. Chamou a atenção de todos e me apresentou, mesmo depois de eu ter recusado discretamente apresentações. – Pessoal, essa é S/n S/s, a nova integrante da equipe. Dêem as boas-vindas a ela.
Recebi vários sorrisos simpáticos, uma garota que se apresentou com sendo a capitã, e que se chamava Liz Allan.
— Bem-vinda a equipe – Ela diz, sentando-se ao meu lado.– Tenho certeza que vai ser uma grande ajuda.
— É, já que o Parker resolveu pular fora – O garoto do carro falou.
— Peter não tem culpa que o estágio toma quase todo o tempo dele – Liz o defende.
— Se eu tivesse um estágio na Stark, faria a mesma coisa – Ned diz.– Qual é, é verdade.
Olhei supresa para Peter. Um estágio na Stark? Uau!
Depois disso páramos com os assuntos paralelos e começamos a falar sobre uma competição acadêmica que estava por vir e que as finais seriam em Washington.
Eram todos muito simpáticos, não demorei para me entrosar, passei um tempo observando Peter também, ele ficava a todo instante verificando o celular.
Na hora de ir embora, topei com Ned no caminho, ele acabou puxando conversa:
— Uhn... se não tiver o que fazer essa noite, eu estou montando um modelo de LEGO da Estrela da Morte. Então... se quiser, vou na casa do Peter essa noite...
— Star Wars e LEGO, uau. Uma proposta quase irrecusável – Falei, interrompendo-o quando percebo que ele estava perdido. Eu gostaria de aceitar, mas eu tinha rondas para fazer. – Mas vou ter que recusar. Desculpe, mas acabei de me mudar e minha mãe precisa de ajuda com isso.
Falso, revirando os olhos para dar mais veracidade.
— Certo, tudo bem – Falou. Apontou para trás com o polegar.– Eu tenho que ir agora.
— Claro, sinto muito – Falo, fazendo expressão de desculpas.
Saio do predio, descendo as escadas rapidamente e passando em frente a grade do campo de futebol. Algo que me pareceu bem suspeito me fez parar no lugar, bem a tempo de ver Peter saltar com agilidade e pousar do outro lado da grade.
Uma pessoa normal nunca faria uma coisa dessas.
Resolvo segui-lo, apenas para checar... ou porque fiquei curiosa, isso também. Peter saiu da propriedade escolar e andou algumas quadras, eu o segui de longe até vê-lo em um beco. Ele entrou no beco e começou a se despir, pensei em virar o rosto, para não parecer uma tarada maluca, mas assim que vi a roupa que ele vestia. Arregalei os olhos e pisquei algumas vezes, para poder ter certeza do que via. Ele terminou de vestir o traje vermelho e subiu a lateral do prédio, desaparecendo em seguida.
Peter Parker é o Homem-Aranha! Certo, vamos assimilar isso. Algo me pareceu semelhante com o Aranha quando falei com ele ontem, sua voz, sem duvida.
Okay, eu preciso falar com ele, mas não vou aborda-lo agora, talvez de uma maneira mais sútil. Isso! A oportunidade perfeita.
Pego meu celular onde marquei o numero de Ned mais cedo, ele atende no segundo toque.
— Desculpe ter te feito esperar – Falou, arfando.
— Sem problemas. Mas, e ai, a aliança Rebelde roubou os projetos ou a montagem da Estrela da Morte ainda está de pé?
Pergunto, me encostando na lateral do prédio.
— Esta, claro! – Concordou mais rápido do que eu esperava.
— Certo, eu não sei onde o Peter mora...
— Eu mando o endereço por mensagem.
— Tudo bem. Até as seis? – Pergunto.
— Isso, seis – Confirma.
Dou tchau para ele e desligo o aparelho.
Guardei meu celular de volta na minha mochila, arrumando-a nas costas. Escalo a escada de incêndio, subindo até o alto do prédio e me troco, colocando o traje. Deixo a bolsa escondida e começo meu "trabalho".
***
Eram quase seis e meia quando parei em frente a casa de Peter. Estava atrasada, como sempre. Bati timidamente na porta e uma mulher de no maximo 40 anos atendeu, sorrindo simpática.
— Oi, eu...
— S/n – Falou, completando.– Ned avisou que viria, pode entrar.
Passei por ela entrando na casa. Eu não sabia se Peter já tinha chegado, não o encontrei mais depois do beco.
— Eu sou May, tia do Peter. Ele ainda não chegou, mas Ned esta no quarto esperando por vocês.
— Obrigado – Sorrio quando ela indica o caminho.
Chego no quarto de Peter, a porta esta aberta, e Ned esta sentando na cama segurando um modelo da Estrela da Morte feito de LEGO. Mesmo não sendo o real motivo de estar lá, sou obrigada a admitir que adoraria ter montado aquilo.
— Hey – Digo, entrando no quarto e deixando a bolsa do lado da porta.– Alguem estava ansioso.
— É... mas ainda não está terminada então...
Começamos a falar sobre o modelo, mas em certo momento meu celular vibrou no meu bolso. Eu o peguei para ver o que era, minha mãe, claro, dizendo que chegaria mais tarde. Resolvi dar uma olhada nas notícias e meu queixo quase caiu. Um assalto aos caixas eletrônicos, e nem era muito longe, foi impedido pelo Homem-Aranha. Enquanto me sentia incapaz de falar, o som da janela ser aberta fez com que eu e Ned olhassemos em sua direção, vendo Peter entrar sorrateiramente, ainda usando o traje vermelho. Pela segunda vez no dia, ele não percebeu minha presença.
Ele veio pelo teto, fechando a porta e descendo para o chão. Peter parou de costas para nós e sem perceber nada de diferente, tirou a mascara. Ótimo, nossa conversa vai ficar bem mais fácil agora. Se não fosse por Ned...
Ele soltou uma exclamação e deixou a maquete de LEGO cair, desmontando-se toda no chao.
Peter se voltou assustado na nossa direção, ele olhou preocupado para a porta e depois para mim, claramente indeciso se trocava de roupa para evitar que sua tia o visse e ficar seminu na minha frente. Vou abafar o fato de já ter visto ele de cuecas.
Tapei a boca de Ned para que ele parasse de soltar palavras desconexas e fechei os olhos, para que ele pudesse se vestir. Quando reabri ele usava uma camisa qualquer e calcas moletom.
A porta abriu praticamente no mesmo momento.
— Acho que vamos ter que jantar fora, onde preferem? – Era a tia dele. Peter tomou folego.
— É... tanto faz tia, eu to com muita fome então...
— Tudo bem – Ela concordou sorrindo para nós ao fechar outra vez a porta.
Peter nos olha preocupado.
— Ela sabe? – Ned pergunta.
— Não, não mesmo e nem pode sabe, ninguém pode saber.
— E seu estágio na Stark? – Ned pergunta.– Como você faz as duas coisas.
— Esse é meu estagio na Stark – Peter falou, como se fosse óbvio. Ele me olhou preocupado. – S/n, por favor...
— Eu vou guardar seu segredo, Peter – Falo, mordendo meu lábios inferior, enquanto pensava rapidamente na estupidez que eu estava prestes a fazer. Vou até minha mochila e abro a mesma, tirando minha máscara de dentro dela.– Se você guardar o meu também.
Peter arregalou os olhos, levando as mãos aos cabelos.
— Brincadeira! Isso é tao irado! – Ouvimos Ned exclamar.
— Posso fazer ele desmaiar – Falo, lançando um olhar para Peter.
— Melhor não, ele tem muitas alergias, pode ter efeitos inimagináveis – Respondeu.
— Vocês são... vocês são... Vocês são Vingadores?– Perguntou.
— Não – Respondo.
— Praticamente – Peter da de ombros.
Olho as horas e vejo que já esta tarde, preciso voltar para casa logo.
— Peter, preciso ir agora – Digo, guardando a máscara. – Conversamos melhor amanhã?
— Claro – Concorda.
— Tchau, Ned – Falo antes de sair.
***
Dia seguinte. Eu estava sentada na mureta em frente as escadas do colégio com meus fones de ouvido, tentando conter minha ansiedade. Depois de uma noite em claro pensando se fiz certo contando a Peter que sou Nítric, conclui que as consequências não poderiam ser tao alarmantes, já que eu também conhecia sua identidade.
Tirei os fones quando vi a aproximação de Peter, ele parou na minha frente, com as mãos afundadas nos bolsos.
— Vamos conversar? – Falo.
— Eu conheço um lugar.
Subimos as escadas e entramos no prédio, passando por uma sequência de salas, depois descemos alguns lances de escada e por fim chegamos em uma sala relativamente escondida.
— Eu estou mais supresa que você, acredite e mim – Falo, quando entramos no comodo.
— Não vai dizer a ninguém, não é?
— Claro que não, Peter. Aliás, eu sei o panico que esta sentindo. Só de imaginar meus pais descobrindo sobre mim, sinto minha cabeça explodir.
— Seus pais não sabem?
— Não, nem fazem ideia.
Ficamos alguns minutos em silêncio.
— Tudo bem – Suspirei.– É bom saber que você é um garoto teoricamente normal.
Peter abre um sorriso tímido.
— Digo o mesmo.
— Tem certeza que Ned é confiável, certo? – Pergunto, levemente preocupada. Ele parecia ser legal, mas ter a lingua solta.
— É, tenho, ele é legal. Tá... na verdade ele não sabe guardar muito bem segredos, mas ele tenta.
Resolvo deixar essa neura para depois. Dou um abraço em Peter, querendo não apenas selar o fato de que um guarda o segredo mais profundo do outro, mas também agradecer por não estar mais sozinha nessa.
Timidamente ele retribuiu, abraçando-me também.
Quando nos afastamos, ambos estávamos vermelhos. Timidez é uma merda.
—Acho melhor irmos para a sala logo – Digo, olhando as horas em um relógio que tinha encima da porta.– Ou vou acabar me atrasando, como sempre.
— Acho que se tornar um atrasado faz parte de quem somos agora – Peter comentou, dando de ombros.
— Tem razão – Concordo, saindo da sala com ele. – E ai, conhece mesmo o Homem de Ferro?
Peter sorri.
— Conheço. Eu lutei no time dele sabe, na Alemanha.
Engajamos em uma conversa animada, enquanto seguiam os até a classe.
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