The glow of Dawn [Marvel]
Capitulo Único.
Leitora/Steve Rogers.
***
Meus olhos brilharam quando adentrei ao prédio com o imenso "A" no topo. A grande Torre onde os Vingadores mantinham seu centro de treinamento, dentre outras atividades também. Pepper Potts, diretora das Indústrias Stark, veio imediatamente em minha direção para me cumprimentar.
Eu estava vivendo um sonho, é tão incrível que ela própria tenha vindo me receber. Estou tão empolgada que muito provavelmente darei muitos deslizes com meu inglês.
— Seja muito bem-vinda, S/n – Ela sorriu, apertando minha mão.– Estou muito feliz em recebê-la.
— Eu estou nas nuvens – Respondi um pouco tímida.– É um prazer enorme conhecê-lá, senhorita Potts.
Ela sorriu receptiva e isso me gerou certo alivio. Estava com medo de que o tratamento por aqui fosse frio.
— Ficamos impressionados com o seu projeto, é simplesmente fantástico – Ela começou a falar enquanto indicava para onde eu deveria seguir.
Faço faculdade de engenharia robótica. Sempre fui fascinada pelo Homem de Ferro, mas por morar no Brasil a única coisa que tinha era o sonho de um dia talvez conhecê-lo quando fizesse alguma viagem para os Estados Unidos, o que também era quase impossível.
Quando construí uma versão do reator utilizado por Tony Stark para alimentar a armadura, que era dez vezes mais potente e de energia renovável, ganhei um importante prêmio para minha faculdade e acabou virando notícia em todo o mundo. Minha invenção chegou até Tony Stark e há dois dias recebi um telefonema.
Agora estou aqui, prestes a conhecer o maior gênio das últimas gerações. Meu coração vai sair pela boca, eu tenho certeza.
Pepper continuou a falar enquanto íamos até o elevador:
— Tony ficou realmente impressionado com o que viu.
— Eu nem tenho palavras – Digo, baixo.– Jamais imaginei que um dia estaria aqui.
— Você deve estar muito orgulhosa de si mesma – Ela sorriu.
Eu não sabia como responder a isso. Quando pequena era conhecida como a "criança prodígio". Acontece que esse rótulo me persegue como um karma, e eu sinto que jamais irei satisfazer as espectativas que todos depositam em mim, e pior ainda, eu tenho medo de nunca conseguir satisfazer as minhas próprias expectativas.
Em resumo, eu nunca estou satisfeita comigo mesma. Nem intelectualmente e nem fisicamente. Sempre acho que preciso ir mais longe. Dessa vez é como se tivesse chegado ao céu, mas ainda sinto que preciso provar mais alguma coisa.
Abri um leve sorriso para Srta.Potts e assinto com a cabeça.
No elevador sinto que meu coração esta batendo forte demais e que talvez eu esteja prestes a desmaiar. Quando a porta abre e me vejo de frente para a grande sala com paredes de vidro, onde os Vingadores se reúnem, tive certeza que iria desmais.
Srta.Potts saiu e indicou para que eu saísse também, dei um passo para fora, mas minhas pernas não reagiram como deveria.
Assim que dei um passo adiante senti todo meu corpo fraquejar, mas antes que eu fosse direto para o chão, meu corpo foi aparado por alguém.
Fitei os dois globos azuis como o céu que me encaravam.
— Foi por pouco, senhorita.
O próprio Steve Rogers falou ao me ajudar a ficar novamente de pé.
Meu cérebro entrou a pani geral, eu me sentia um computador quando diversos programas são abertos de uma vez e ele trava, apagando em seguida. Eu entendo de computadores, posso concertar um quando isso ocorre, mas seres humanos? Não, com isso eu sou péssima.
— Oi, Steve – Srta.Potts cumprimentou o homem.– Como vai?
— Muito bem – Ele respondeu, polido.
Eu queria falar, eu realmente queria falar, mas minhas cordas vocais estavam fora de área, aparentemente.
— Bem, esta é S/n/c – Pepper me apresentou.– Ela é uma grande mente, esta aqui para conhecer o Tony.
Eu deveria apertar sua mão, e eu sei que deveria porque ele esta estendendo ela em minha direção. Finalmente consigo reagir e estico minha mão para poder cumprimenta-lo.
— É um prazer conhecê-lo, Capit... Sr.Capitão... er – Calei a boca e retirei minha mão. Se era para aprontar uma dessas, seria melhor ter continuado calada. Ele poderia pensar que sou apenas muda, mas agora ele deve achar que sou retardada.
— Me chame de Steve – Ele sorri.– Eu ouvi falar do que você fez. Tony esta bem empolgado.
— E com "empolgado", você quer dizer que ele conseguiu mais alguma coisa para se vangloriar – Pepper comentou.– Vem, querida, vou leva-la até a oficina. Foi bom vê-lo, Steve.
— Digo o mesmo.
Ele respondeu, seu olhar ainda em mim, porém ele era bem discreto e logo virou-se para ir embora.
— Não fique envergonhada, isso acontece com mais frequência do que você imagina – Pepper falou enquanto seguiamos.
— O que?
Pergunto meio aérea.
— Ficar sem palavras quando se conhece algum dos Vingadores. As pessoas os vêem como deuses. É normal ficarem tímidas.
Concordei com a cabeça. Isso é algum tipo de alivio. Se ele esta acostumado com pessoas o encarando fixamente, totalmente mudas e de olhos arregalados, com certeza eu não devo ter parecido tão ridícula. E eu penso tudo isso com o maior teor de sarcasmo possível.
Entramos na oficina, agora eu realmente me sinto no paraíso. Esse lugar é o sonho de qualquer engenheiro. Instantaneamente minha boca fica aberta e eu olho com admiração para todos os lados, querendo absorver o máximo toda a experiência.
— Tony, temos visitas.
Pepper chamou, e eu vi no fundo da oficina alguém curvado em uma mesa. O som que reconheci ser de AC/DC preenchia todo o ambiente em um volume extremamente alto, não é de se surpreender que Tony nem tenha dado conta de nossa presença. A mulher ao meu lado revirou os olhos.
— Jarvis, desligue a musica por favor.
— Sim, Srta.Potts.
Em seguida a musica parou. Vi a cabeça de Tony se erguer imediatamente e ele se virar na nossa direção.
É de se supor que minha reação ao conhecer Tony Stark fosse dez vezes pior do que quando conheci Steve Rogers. Mas, foi totalmente ao contrário. Por mais que ele fosse Tony Stark, o incrível Homem de Ferro, nós temos muito mais em comum do que se pode pensar.
No começo da nossa conversa eu estava tímida, mas o assunto me era conhecido, isso fez com que eu me sentisse muito mais confortável. Falamos sobre o reator, ele quis saber como tive a ideia para a invenção e se eu tinha mais idéias. Passamos o dia inteiro na oficina, e em momento algum me senti constrangida.
No fim do dia ele fez a proposta, apenas nesse momento senti todo o ar sumir de meus pulmões e minha cabeça girar.
Tony Stark estava mesmo me oferecendo a oportunidade de utilizar o meu reator e um armadura sua. Minha resposta foi sem duvidas que sim.
Quem seria idiota para recusar?
×××
Dois meses depois...
Uma playlist com as melhores do rock clássico ecoava por toda a oficina onde eu e Tony Stark trabalhávamos silenciosamente. Haviam momentos em que nem precisávamos falar um com o outro para saber do que o outro estava precisando. Eu realmente não sei como aquilo acontecia, mas a sintonia é enorme. Já fazia algumas horas que estavamos na mesma posição, então Tony parou e desligou a musica por um momento.
— Deus, eu preciso de uma bebida – Falou.– Você quer uma? Espera... tem idade para beber, certo?
— Tenho 23 anos – Falei.– Não 12.
— Sério? Achei que não passava de 15 – Irônizou.
— Engraçado, eu também não tinha certeza da sua idade. Agora eu sei que não passa de 60.
Debochei.
Dois meses atrás isso seria impossível de imaginar, mas esta acontecendo. Tony se comporta como um irmão mais velho para mim, por mais maluco que seja, e eu gosto disso.
— Ótimo, essa foi boa. Poderia contar algumas desse tipo para o Picolé. Oh, esqueci que você só fala com ele quando esta bêbada – Ele rebate já saindo da oficina, eu vou atrás.
— Ei, isso não é verdade! – Exclamei.
— Não?
— Não! – Afirmo.
— Que bom, então suponho que vá gostar de falar com ele agora mesmo.
Tony indicou o corredor, Steve vinha em nossa direção. Stark encheu um copo com uísque e se inclinou no balcão, pondo-se a me observar.
— Boa tarde – Ele nos cumprimentou e passou e foi em direção ao elevador. Ele usava faixas nas mãos e roupas de treinamento.
— Ei, Rogers – Tony chamou, depois de perceber que eu não abriria a boca.– Se esta indo treinar deveria levar S/n com você.
Eu arregalei os olhos e o encarei.
— E por que ele deveria fazer isso? – Perguntei.
— Porque você disse que estava interessada...– Ele fez uma pausa e deu um gole na bebida antes de prosseguir. Seus momentos de silêncio me mataram de vergonha.– Interessada em exercícios físicos.
— Se realmente esta interessada, eu não me importaria – Steve falou, com certeza não estava entendendo as intenções ridículas de Tony em me envergonhar.– Estou na sala de treinamento, se quiser.
Ele entrou no elevador e se foi. Meu rosto deveria estar totalmente vermelho.
— Meu Deus, por que você fez uma coisa dessas? – Perguntei para Tony.
— Porque acho interessante colocar as outras pessoas em situações constrangedoras.
Ele rebateu, voltando a beber calmamente. Eu nem mesmo tinha palavras para rebater. Quando percebeu que não teria como uma resposta para sua provocação, Tony perguntou:
— Por que não desce para encontrar com ele?
— Ta brincando? – Indaguei.– Não vai rolar.
— Qual o problema?
— É só olhar para mim e então olhar para ele.
Eu olhei meu reflexo no espelho atrás de Stark. Tenho uma estatura mediana, olhos e cabelos castanhos cheios e cacheados. Eu não sou horrível, mas também nunca estive satisfeita com minha aparência. Não sou o tipo de garota que se destaca na multidão, talvez seja esse o motivo de investir tanto no meu cérebro. Também nunca estive plenamente feliz com essa parte, mas isso já é outro problema meu.
— Você vai precisar ser mais óbvia – Tony encheu outra vez o copo.
— Eu sou uma nerd, Tony. Uma completa nerd. Eu não sei lutar, não sou bonita e nem legal. Não sou boa o bastante para ele.
— Você não conhece ele. O cara é um careta. Até parece que não percebeu. Nada disso que você falou importa para ele.
— Tony...
—
Estou falando sério. Vá lá embaixo e converse por meia hora com ele como uma pessoa normal faria e vai ver que estou certo.
— Não acho que isso aconteça.
— Eu sempre estou certo, você sabe disso. Vá lá e tire a prova.
Soltei um suspiro, totalmente hesitante.
— Como pode ter tanta certeza? Como sabe que não vou passar vergonha lá?
— Não disse que você não passaria vergonha, até porquê eu já vi você perto dele e é certo que vai fazer algo idiota. O que eu disse é que ele não ligaria.
— Que tipo de guru fajuto você é? Fica dando esses conselhos idiotas – Eu resmungo.– Duvido que segue qualquer um deles.
— Eu não preciso, sou Tony Stark.
Abri a boca para rebater, mas contra fatos não existem argumentos. Droga, ele me calou de novo.
— Certo... antes de descer eu preciso que me dê mais alguns de seus super conselhos sobre relacionamentos, mesmo que, pelo que todos sabemos, você é péssimo no assunto – Comecei.
— Péssimo? Isso é um absurdo.
— Não é o que Pepper diria – Eu murmuro.
— O que ela anda te falando?
— Podemos focar em mim e no fato de não conseguir conversar com o cara por quem tenho uma queda antes da quinta cerveja?
Assim que as palavras saem da minha boca eu me amaldiçoo e me arrependo.
— Tudo o que você disse foi registrado – Tony apontou para mim. Eu revirei os olhos. Bem, é o que dizem, se esta no inferno então abrace o capeta.
— Tony, sem piadinhas por um momento – Chamo sua atenção.– Steve não é uma maquina. Eu não posso programa-lo e isso me assusta. É por isso que não ando com coisas... biológicas.
— Quer dizer "pessoas"?
— Isso ai.
Agora foi a vez dele revirar os olhos.
— Só vá lá. Rogers já gosta de você de qualquer forma.
— Espera... como é?
Tony tornou a encher seu copo, mas dessa vez de afastou e começo a caminhar de volta a oficina.
— Vai lá logo, eu já fiz muita hora extra como cupido. Agora chega.
Então ele se foi e eu fiquei sozinha, boquiaberta e ainda mais confusa e insegura do que antes. Se o que Tony insinuou for verdade, tudo só piora. Com certeza vou acabar decepcionando Steve.
Como sempre a minha baixa auto estima e meu medo de falhar com as outras pessoas vai me imobilizar. Apanhei a garrafa que Tony deixou encima da mesa e sai do cômodo em direção ao elevador.
×××
Mais tarde eu já havia voltado para a oficina. Tony tinha saído atrás de Pepper, e eu agradeci pelos momentos de silêncio comigo mesma. Hoje foi um dia difícil, além daquela conversa constrangedora.
Sinto falta de casa. Parece estranho pensar em minha casa estando aqui e vivendo essa experiência incrível, mas sinto saudades de ser alguem qualquer. Pelo menos ninguém exigia coisas de mim.
Ouvi passos na oficina e ergui minha cabeça que até então estava soterrada em circuitos e peças. Era Steve que entrava.
— O que faz aqui?
Perguntei.
— Estou atrapalhando?
— Não, claro que não, eu só... – Digo rapidamente. Me levanto rápido demais e acabo derrubando varias coisas da mesa no chão. Me abaixo para recolher as peças e quando me levantei acabei batendo a cabeça no tampo da mesa.
Quando consegui levantar, percebi que todo o restante de dignidade que eu tinha acabou ficando embaixo da mesa. Me sentei novamente e despejei as coisas sobre a mesa.
— Desculpe por isso – Falei, minha voz soou tão cansada. Passei as mãos pelos cabelos, estavam uma verdadeira juba. – Eu sou meio desastrada.
— Não tem problema – Ouço-o dizer. Eu não estava com coragem para olhar diretamente em seu rosto. – Eu só... gostaria de saber se aconteceu algo. Já que você não apareceu.
— Eu estou desenvolvendo esse novo núcle, sabe...– Respondo, ainda sem olhar para ele.– Me desculpe, mas tive que ficar aqui trabalhando nele.
Ouvi Steve suspirar. Estou estragando tudo.
— S/n, olhe para mim – Steve pediu. Olhei rapidamente para seu rosto e logo desviei.– Eu fiz alguma coisa errada?
— Você? Não, claro que não fez – Respondi.
— Então por que não consegue olhar para mim? Ou falar comigo?
— Estou falando com você agora mesmo – E acho que nunca tivemos uma conversa tão longa, não comigo sóbria.
— Não, você está falando com a mesa. Eu só estou interpretando as respostas dela – Sua voz soou bem humorada. Foi impossível não sorrir.
O humor de Steve é diferente dos demais. É leve, engraçado sem ser mal ou irônico. A personalidade dele me encantou mais do que qualquer outra coisa nele, sua doçura e cavalheirismo me fazendo suspirar quando estou sozinha pensando nele.
Quando me dei conta eu o olhava nos olhos e sorria confortável.
— Gosto do seu sorriso – Ele comentou.
— Gosto que me faça sorrir – Respondi, sorrindo ainda mais.
Houve uma pausa, então eu respirei fundo e decidir agir como uma adulta normal:
— Eu não tive coragem de ir até lá embaixo – Admiti.
— Coragem? Por que precisaria de coragem para isso?
— Porque eu sou estranha... – Me levando novamente, o movimento é tão rápido que acabo pisando no pé dele.– E desastrada! Ai, me desculpe por isso.
— Esta tudo bem – Ele disse calmo.– Eu não acho você estranha, S/n. Desastrada talvez.
— Eu tenho sentimentos por você, Steve – Confessei.– Mas não sei lidar com eles, tenho medo de decepcionar você, tenho medo não ser boa o bastante ou bonita o suficiente. Essa é a verdade, é por isso que nem ao menos consigo falar com você.
Steve aproximou-se de mim, ele tocou meu rosto levemente do o dorso dos dedos.
— Você é linda – Disse.– Nunca aceite a ideia de que não é boa o bastante para qualquer um.
Balancei a cabeça, pronta para rebater, mas Steve continuou dizendo:
— Não imaginei que sentisse algo por mim, pelo contrário, pensei que me achasse ultrapassado.
Eu sorri com isso.
— Eu não usaria essa palavra, você não é ultrapassado – Digo.
— Qual se encaixa melhor? Velho?
— Vintage – Digo.– Ou retro. Tanto faz, mas você está na moda.
Foi a vez dele de sorrir para mim. Foi quando algo me veio em mente:
— Ei... Tony deu a entender algo sobre você – Comecei.– De que também sente algo por mim. É verdade?
— É, é verdade – Confirmou sem nenhum rodeio.– Eu nunca fiz nada por achar que poderia ofender você, ou assusta-la.
— Você estava preocupado em me assustar? Sou eu quem ficava calada, encarando você igual a um espantalho sempre que você dizia "bom dia".
—
Você não deveria ter essa imagem de si mesma – Steve diz, aproximando-se mais.– Você é sempre adorável e doce.
— Oh, você deve estar falando da minha irmã gêmea, ela é realmente ótima – Fiz uma pausa e então continuei: – E eu faço piadas quando estou nervosa.
Steve sorriu, eu quero viver nesse sorriso.
— Por que esta nervosa?
Perguntou.
— Porque eu não sei se você vai me beijar e a expectativa está me enlouquecendo – Admiti com o coração batendo forte.
Steve acariciou minha bochecha, em seguida seus dedos adentraram aos meus cabelos. Sua respiração bateu contra meu rosto e isso me fez ficar mais calma. Então ele me beijou, seus lábios macios contra os meus é a melhor coisa que já senti.
Nós nos afastamos devagar, eu estava sem ter o que dizer, mas pela primeira vez não me sentia desconfortável.
— Acha que consegue conversar comigo de agora em diante?
Ele pergunta.
— Olha... acho que consigo fazer muito mais – Falo. Passo meus braços em volta de seu pescoço e o puxo para mais um beijo.
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