Todos ja estavam lá,mas para o meu grande surpresa, não eram todos que eu imaginava, e sim somente a minha família, os únicos que realmente tinham o poder de decidir o que seria feito...

Meu pai se assentava na ponta, apesar de estamos somente entre a família, ele não perdia a pose de Rei, soberano que ele era. Meu irmão estava a sua direta, tão rígido e concentrado quanto ele, mas foi o único que assim que pisei o pé naquela sala, me lançou um olhar encorajador e reconfortante. Minha mãe, estava tão deslumbrante como sempre, com um vestido azul esverdeado, com uma gola alta e longas mangas totalmente enfeitada com botões em suas laterais, ela se assentava a esquerada e tinha o olhar fixo em meu pai, que ainda parecia perdido demais em pensados para notar que eu havia entrado.

- Angeline minha filha....- ele disse por fim, me indicando o lugar ao lado de meu irmão, que sorriu levemente para mim antes de voltar o olhar novamente para o nosso pai.

Minha mãe que até o momento não havia encontra o olhar com o meu, porém empalideceu intensamente ao olhar a cor do meu vestido.

- Angeline! - ela não pode deixar de me chamar atenção, mas era típico, que assim como Jack e meu pai, tudo o que eu fazia, desde meus melhor acertos até os meus mais graves erros, eram vistos de perto pelo olhar atento da rainha. Sorte a minha que hoje, está pequena gafe era proposital - Mas o que...

- Simboliza o meu luto pela minha vida....- Disse séria, sem espasmos na voz, estava neutra e controlada, nem um pouco perturbada pelo tempestade dentro de mim, que a cada segundo aumentava mais e mais.

Ouvi meu pai dar um longo suspiro, enquanto minha mãe ainda me encarava, tentando sondar meus pensamentos, dos quais apesar da espeça camada de maquiagem que havia em meu rosto, eram transparentes nele.

- Angeline...- Depois de um curto espaço de tempo meu pai disse voltando seu olhar para mim - Como sabe, ficamos reunidos boa parte da tarde e toda a noite de ontem, debatendo incansavelmente o destino da princesa de Illéa...

Ele falava como se eu não passasse disso, A princesa de um reino grande e poderoso e não sua própria filha, talvez seja infantil da minha parte pensar assim, mas ele não falava comigo como um pai fala com sua filha, ele falava comigo como Rei fala com seus súditos, sem se importar com o impacto que aquilo poderia causar, para bem ou para mal, em suas vidas, pois somente tinha que ser feito.

Senti meu coração começar a acelerar novamente e as minhas mãos a tremerem e suarem nervosamente, mas apesar de estar a ponto de um colapso nervoso, me senti instantaneamente neutralizar, quando senti a mão quente e protetora do meu irmão sobre a minha. Era um gesto simples, mas que que instantaneamente trouxe paz ao meu coração atormentando, me fazendo retroceder um pouco da explosão que eu estava prestes a fazer.

- Sabe que temos um compromisso com o Rei da França... Você foi dada em casamento à Bastian, seu filho mais velho, para estabelecer a aliança entre os dois países.... Aliança está que realmente precisamos honrar....- Meu coração doía ao ouvir estas palavras saindo de sua boca em um tom calmo e neutro, sem nenhuma alteração se quer em sua voz. Me perguntava internamente o quanto meu pai havia passado, para conseguir entrar naquele estágio onde nem mesmo o futuro de sua própria filha o abalava - E por decisão minha e do concelho.... Nós decidimos mandá-la para cumprir os acordos e assim estabelecer uma aliança que será boa não somente para nosso país, mas também para a França....

Um terrível som de apito tomou conta dos meus ouvidos, minha respiração estava acelerada e por um segundo era como se eu não estivesse mais ali,como se tudo fosse engolido pelo som do meu coração,que disparado em meu peito, jurei o sentir explodir no momento em que a realidade voltou a mim e que eu tomei consciência de que o que eu tanto temia estava prestes a acontecer,se eu não reagisse.

- Não...

- Perdão... Como? - meu pai parecia confuso,os olhares de todos se voltaram para mim e minha expressão que com certeza não devia ser a melhor de todas, dado ao esforço sobre humano que eu estava fazendo para não me deixar cair em lágrimas.

- Eu disse não...Eu não vou para a França, Não vou abandonar meu país e muito casar com alguém que não conheço....- eu disse tentando aparentar firmeza no que eu estava dizendo,porque apesar de eu ter completa certeza no que queria,a pior maneira de demostrar isso era caindo em lágrimas naquele momento - E não há ninguém que possa me obrigar...

A sala foi imersa em um silêncio mortal após esta frase,meu pai me olhava fixamente e posso dizer que vi em seus olhos irritação porém com um toque de compreensão. Minha mãe também me olhava,porém mais calma que meu pai,acho que ela já esperava uma reação assim minha,acho que todos esperavam, exceto pelo meu irmão que agora que a surpresa súbita passará,me olhava com um toque até de admiração,afinal ninguém ia contra a palavra do rei,nem mesmo ele.

- Angelina... Não torne as coisas mais difíceis...

- Difíceis?! Vocês querem me mandar para casar com um completo estranho! Onde isso não é difícil! - a minha voz era como um estralo, alta e aguda,embargada pela emoção e ainda mais pela decisão de que eu não iria aceitar o que queriam para mim...
- Eu não vou!

- Não cabe a você está decisão! - A voz do meu pai foi como um chicote naquela sala,ele nunca havia levantado a voz para mim,e eu também nunca havia me recusado a fazer a sua vontade,mas neste momento ambos eram inevitáveis de se acontecer.

- É a minha vida! Eu escolho o que quero dela! - Me levantei abrutadamente,fazendo a cadeira ranger horrivelmente sobre o chão,não era educado muito menos respeitoso fazer aquilo,mas pouco me importava,nem que eu tivesse que por aquele castelo abaixo,eu iria faze-lo entender que era minha a vida - Eu irei escolher com quem ou quando quero me casar! E no momento eu não quero me casar com ele!

- Não há outra solução! - Eu tremia da cabeça aos pés,a raiva fazia isso comigo e não havia nada que pudesse detê-la.

- Solução para que?! Estragar a minha vida?! Realmente não há outra solução! - Eu não conseguia mais me conter,sentia meu lábio começar a tremer e meus olhos por mais controlados, começarem a marejar
- Se quer tanto uma aliança case então o Herdeiro e não a mim!

Meu irmão empalideceu neste instante,me olhando com os olhos arregalados,mais surpresos que nunca.

- Você sabe que não são estas as leis...

- Leis? E desde quando liga para leis?! - E pela primeira vez,eu gritei com meu pai, totalmente histérica e fora do meu controle - Ou não foi o senhor que foi contra tudo e todos para fazer aquilo que tinha vontade!

- Eu sou o Rei, Angelina! Você obedece á mim! A lei diz que princesas se casam por acordos e príncipes por compromissos ao seu país! Isto é feito desde a criação Illéa! Está é a Lei!

- Mas é a minha vida!

Eu não pude mais conter as lágrimas descontroladas,que jorravam por mim,acompanhadas de soluços carregados,liberando com toda a força,tudo o que eu a horas continha dentro de mim...

Levei as mãos ao meu rosto, totalmente incapaz de controlar as emoções que me subjulgavam,e completamente sem forças para fazer outra coisa além de deixá-las vir...

Senti a mão em meu ombro,me virei instantaneamente para ser envolvida pelos braços fortes e protetores do meu irmão.

- Hei... Não chore...- Ele sussurrava para mim, me apertando ainda mais contra si.

- Eu não posso Jack... Eu não consigo...- As palavras saiam sem controle,assim como as lágrimas,que começavam a manchar de preto seu belo paletó
- Não posso fazer isso.... Não deixe me obrigarem a fazer isso.... Por favor....

- Não vou Hope.... Só fique calma.... - com a cabeça encostada em seu peito,só me deixava ir pela dor,raiva, irritação e angústia que sentia naquele momento,e talvez até por um pouco de arrependimento...

Arrependimento por ser tão fraca....

- Está bem! - meu pai ritou enfim
- Eu faço o que quiser, simplesmente pare de chorar!