NADA COMO UMA BOA COMIDA, UM EXCELENTE VINHO E UMA CONVERSA
Vivo por ela sem saber
Se eu a encontrei ou ela me encontrou.
Já não me lembro como foi,
Mas no final me conquistou.
Vivo por ela que me dá
Toda a minha força de verdade.
Vivo por ela e não me pesa.
Vivo por ela eu também
E não há razão pra ter ciúmes.
Ela é tudo e mais além
Como o mais doce dos perfumes.
Ela vai onde quer que eu vá.
Não deixa a solidão chegar.
Mais que por mim
Por ela eu vivo também.
É a musa que te convida
A sonhar com coisas lindas.
Em meu piano ás vezes triste
A morte não existe
Se ela está aqui.
Vivo por ela que ma dá
Todo o amor que é necessário.
Forte e grande como o mar.
Frágil e menor do que um aquário.
Vivo por ela que me dá
Força, valor e realidade
Para sentir-me um pouco vivo...
Como dói quando me falta.
(Vivo por ela em um hotel).
Como sai quando me assalta
(Vivo por ela em minha própria pele).
Se ela canta, em minha garganta
Minhas lástimas (*dores) mais negras se espantam.
Vivo por ela e nada (*ninguém) mais
Pode viver dentro de mim.
Ela me dá a vida, a vida...
Se está junto a mim...
Se está junto a mim...
Desde um palco ou contra um muro
(Vivo por ela e ela me tem).
No momento mais escuro
(Vivo por ela e ela me tem).
Cada dia uma conquista.
A protagonista
É ela também...
(Vivo por Ella - Andrea Bocceli part, Sandy)
Fazendo como planejei, ignorei minhas companhias à mesa e regrado a muito vinho saboreei o delicioso jantar feito especialmente para mim. Sendo assim consegui mergulhar em meus pensamentos para tentar pelo menos mentalmente encontrar uma solução para um de meus problemas.
Ao sentir o tempero daquela comida associado ao vinho que saia diretamente de nossos vinhedos para as mesas dos associados a família Marinni uma ideia começou a surgir.
Em todos esses anos vivendo nos Estados Unidos nunca encontrei vinhos como os nossos, é claro que experimentei vários, inclusive alguns consideravelmente melhores, porém, nenhum que casasse tão bem com uma boa comida italiana, o molho rústico, a massa leve, o tempero inigualável e assim um clique surgiu me fazendo sorrir deixando os meus dois acompanhantes sem nada entender.
Precisava conversar com Violetta urgentemente, já tinha certeza que ela acharia um absurdo a minha ideia, mas seria um excelente negócio para ajudar meus funcionários do atual escritório e essa era outra questão que a solução veio juntamente com a primeira sem mesmo que eu percebesse.
Não queria fechar meu escritório nos Estados Unidos e também não queria entregar de mão beijada a outras pessoas o que lutei tanto para construir, meu nome lá era reconhecido, mas de uma maneira totalmente diferente da qual é reconhecido aqui.
Nenhum dos mus funcionários nunca sonhou que eu fosse filho de um dos maiores mafiosos da Itália, muito menos que eu era seu sucessor direto.
Nunca foi meu sonho assumir o lugar de meu pai, mas como esse cargo sempre foi um peso que sabia que um dia teria que carregar decidi não seguir apenas com os negócios ilícitos, queria abrir o leque de opções para quem quisesse trabalhar conosco em busca de proteção, mas sem se envolver com toda essa sujeira, queria que eles tivessem mais opções.
Naquele momento decidi que abriria um pequeno restaurante em Manhattan e exportaria nosso vinho para fora do país, os vinhos Marinni eram reconhecidos por toda Itália e acredito que não seria complicado envia-los para outros países, essa era uma coisa que me daria um pouco de prazer em meio a toda aquela loucura de negócios ilegais que tinha que lidar todos os dias.
Sabia que seria difícil e teria que gastar muito minha lábia de negociador com Violetta, seria complicado conseguir fazer aquela nona teimosa a passar seus segredos e suas receitas mais que especiais. Essa seria minha tarefa mais árdua.
Já se formava em minha mente o formato do restaurante, na verdade estaria mais para uma cantina que funcionaria das 07:00hs as 22:00hs, serviríamos café da manhã, almoço e jantar, além dos deliciosos quitutes que Violetta sabia melhor que ninguém preparar.
Depois de sonhar bastante enquanto saboreava aquele delicioso jantar, aguardei os convidados irem embora. Precisava ter uma conversa muito séria com meu pai, e não poderia ser mais adiada. Precisava decidir o que fazer com meus negócios fora do país, a proposta da cantina primeiro teria que ser resolvida com Violetta, se ela aceitasse, o que teria que conseguir fazer, discutiria depois com o velho Marinni.
*****
Não poderia mais adiar minha ida aos Estados Unidos, precisava colocar tudo em ordem, sei que meu pai não ficaria nada feliz com o que iria lhe dizer, mas não estava disposto a abrir mão do que sonhei e conquistei sozinho. Aquele escritório de advocacia era tudo que eu possuía, que era apenas meu e ele teria que entender que não abriria mão daquilo em hipótese nenhuma.
Olhei o relógio em meu pulso e vi que ainda era oito e meia da noite, meu pai com certeza ainda estava acordado. Passei na cozinha agradeci a Violetta por mais uma refeição maravilhosa e dei um beijo de boa noite em sua bochecha fofa. Desci até a adega peguei uma garrafa de vinho, duas taças e subi lentamente as escadas para o segundo andar da mansão.
Respirei fundo algumas vezes antes de bater a porta, percebi a claridade da luz pela fresta na parte inferior, bati duas vezes e aguardei a resposta.
— Entre! — Ouvi a resposta de meu mais que tinha sua voz cada vez mais fraca.
Ele estava usando uma máscara de oxigênio que ficava ligada a um cilindro ao lado de sua cama. Aquela cena cortou meu coração, meu pai não era uma boa pessoa, mas sempre tratou minha mãe e todos que o rodeavam muito bem, ainda me pergunto se ele merece tudo que passou e está passando em vida.
Lentamente retirou a máscara e me pediu ajuda para colocar o cateter tipo óculos. Percebeu pela garrafa e as taças em minhas mãos que teríamos uma conversa.
O ajudei, servi duas taças de vinho, entreguei a sua e puxei a poltrona azul turquesa em veludo que ficava no canto do quarto. Lembrei que minha mãe adorava aquela poltrona e passava horas e horas aproveitando de seu conforto com uma xícara de café sobre a mesinha, o abajur ligado e um livro nas mãos.
Depois que tirei a poltrona do lugar e as lembranças me atingiram olhei para meu pai.
— Posso? O senhor vê algum problema? — perguntei o encarando ainda sem me sentar.
— Claro que pode, ver você sentado nela me faz lembrar sua mãe, de vocês três você sempre foi o mais parecido com ela.
Antes de começar o que sabia ser uma conversa difícil decidi aproveitar um pouco a companhia do meu pai, conhecer o homem por trás do mafioso que impunha tanto medo em tantas pessoas.
— Pai, como é amar uma pessoa tanto assim? Você nunca mais teve ninguém depois da mamãe.
— Você nunca se apaixonou meu filho? — A pergunta do meu pai saiu num tom de surpresa.
— Creio que não meu pai, já tive mulheres especiais em minha vida, mas nenhuma delas me fez perder a cabeça ou desistir de qualquer coisa. Acho que apenas gostava da companhia e do sexo, mas nada me fazia querer estar o tempo todo e sentir falta como vejo que o senhor sente da mamãe.
— Então não meu filho, você nunca amou ninguém de verdade. Quando amamos só temos olhos para aquela pessoa, é um sentimento tão intenso e incontrolável que a única coisa que você quer é estar perto daquela pessoa. Ela se torna o ar que você necessita para viver, é o sol que te aquece. Quando amamos alguém de verdade não importa as obrigações, as promessas, nada faz sentido se essa pessoa não estiver ao seu lado.
Sorri enquanto via seus olhos brilharem, sabia que ele estava lembrando de momentos que teve com minha mãe.
— Então não, nunca amei ninguém e acredito que seja melhor dessa maneira, sendo quem eu sou agora e as coisas que tenho que fazer não quero ter que temer pela vida de mais uma pessoa.
— Não diga isso meu filho, o amor é impossível de controlar, quando você menos percebe já está arrebatado e fará qualquer coisa, será capaz até de dar sua vida pela mulher que ama. Eu mesmo daria qualquer coisa para ter sua mão ao meu lado.
Uma lágrima escorreu pela sua face e ele a secou rapidamente envergonhado.
— Não precisa ter vergonha de chorar na minha frente pai, se eu ainda sinto a dor da perda dela não consigo imaginar o tamanho da sua dor. Deixe um pouco essa armadura que criou de lado e converse com seu filho aqui.
— O que você quer Ettori? Diga logo. — Direto como sempre a raposa velha estava ali, esperto e sempre desconfiado.
— No momento eu quero conhecer meu pai, o Giorgi pelo qual minha mãe se apaixonou, o pai que não tive tempo de conhecer.
Após sorver um belo gole de vinho respirou fundo e começou a falar, precisava de pequenas pausas para recuperar o fôlego e conter a emoção. Me contou como iniciou a história da família na máfia, como conheceu minha mãe, da atração instantânea e do amor à primeira vista. Ri quando ele contou como enfrentou o velho Bellini e pediu a mão de sua filha mesmo não sendo ainda insignificante.
A conversa adentrou a madrugada e já havia ido três garrafas de vinho, ele bebia calmamente assim como eu, mas estava no nosso sangue a resistência ao álcool.
Olhei o relógio em sua cabeceira e percebi que já havia passado muito da hora dele dormir, resolvi deixar para o dia seguinte a conversa que queria ter com ele.
Quando ele começou a contar sobre o nascimento de Paollo percebi que a magoa e a raiva se impregnavam em sua voz. Decidi por encerrar a conversa antes que ele passasse mal.
Me espreguicei na poltrona e levantei.
— Acho melhor darmos continuidade a essa conversa num outro dia, o senhor deve estar cansado e passou muito do seu horário de dormir, além disso, levantei ad três garrafas vazias que estavam no chão.
Ele sorriu e bocejou, seu cansaço era visível.
Coloquei a poltrona no lugar, peguei a taça de sua mão, recolhi as garrafas, dei-lhe boa noite, apaguei as luzes e me dirigi a porta.
— Obrigado meu filho, foi uma excelente conversa, não sabia que precisava tanto desabafar com alguém. — Minha mão ficou na maçaneta por alguns minutos enquanto digeria aquelas palavras.
— Estou aqui para qualquer conversa que queira ter. E pai, o senhor não chegou a falar nada, mas a culpa não foi do Paollo. Na verdade, ninguém teve culpa, só aconteceu o que tinha que acontecer. Dê uma chance ao garoto, ele te admira e te ama demais, abra um pouco os seus olhos e tente ver o que sempre esteve diante de seus olhos.
Oi pessoal, desculpa a demora para postagem do capítulo, não sei se sabem, mas sou enfermeira e com o COVID do jeito que está o trabalho aumentou e está aumentando cada dia mais. Tentarei postar com mais frequência, por favor não desistam de mim.
Publiquei um conto de natal no Amazon, para quem tiver interesse o nome é
TRAVESSURAS DE NATAL, e a capa é essa!!!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro