VII Recuperando o Dom
Depois de ter atendido o celular e tido uma pequena conversa com a sua namorada, Simon sentiu um certo alívio no seu peito, só pelo fato de ter tido uma conversa leve e confortável com a sua amada. Ela tinha essa habilidade de lhe fazer se sentir assim, leve.
Após aquilo, não demorou para voltar a casa e para a sua sorte encontrou a Lenika jantando com os seus pais adotivos. Quando ele chegou, foi com a namorada diretamente para o quarto no andar de cima.
– Sabe, eu estou aqui, mas a minha cabeça está noutra coisa que me preocupa. – Simon diz logo que senta na cama ao lado da sua namorada.
Os olhos grandes dela, combinavam com a sua pequena boca que as vezes parecia um traço curto. A sua pele era extremamente clara com cabelos volumosos e castanhos nas pontas.
– O que foi, meu amorzinho? – ela disse tentando ser mais fofa possível. – Na verdade eu percebi que você não está nada bem, alguma coisa aconteceu, conta para o seu amor, conta. – aproximou-se dele e deu um beijo na bochecha.
– Lenika, acho que perdi o meu dom? Não contei para muita gente, nem mesmo para o meu pai e nem minha mãe. – ele disse referindo-se ao casal que o adotou depois que perdeu os seus pais numa situação aterrorizante de içar os pêlos de qualquer ser humano.
– Como assim você perdeu o seu dom? – Lenika arregalou os olhos ao ouvir o seu amado e colocou a questão.
– Eu já não consigo ver mais que o visível e também não consigo sentir mais nada do além.
– Que coisa... Agora nem vai conseguir solucionar o caso da família daquela moça. – ela disse, posteriormente lhe deu abraço como se fosse uma forma de o consolar. – Sinto muito, eu pensei que a gente poderia ajudar aqueles adolescentes da ilha desconhecida um dia, mas como é que faremos assim que perdeu o seu dom.
– Lenika, calma. Eu disse que acho, não significa que perdi mesmo, talvez algo está me bloqueando de acessar o meu dom.
– Algo? O que seria esse algo?
– Não sei, é isso que preciso saber com muita urgência antes que seja tarde demais e todas as pessoas envolvidas no caso que estou solucionando morram.
– Não fala isso, você vai conseguir recuperar o seu dom.
– Lenika, mas como farei isso. O tempo me é limitado.
– Tenta falar com Khondon, ele não pode te ajudar?
– Ele pode sim. Já falei com ele e amanhã é o dia que me atenderá, hoje está ocupado.
– Que situação chata. Então o que nos resta é esperar até amanhã. Calma, nós vamos conseguir resolver isso. Mas porquê que não contou aos seus pais sobre isso?
– Não quero os preocupar, já os envolvi em muita coisa perigosa fora deste mundo, eles merecem estar fora disso.
– Entendo. Agora, olha para mim meu amorzinho. – Lenika disse pegando no queixo do Simon com muito carinho, assim lhe mandando olhar para os olhos dela. – Repita comigo; nós vamos conseguir.
– Sério, Lenika? – Simon disse num tom de reclamação tentando escapar dos olhos da namorada que de imediato lhe virou para encarar os olhos dela de novo.
– Muito sério, meu amorzinho. – ela disse com uma voz que parecia imitar uma criança e parecia uma mulher isenta da maturidade da forma como se comportava.
Simon olhou para os olhos dela pela milésima vez, e viu a cor dos mesmos. Eram castanhos, um castanho claro e, nesse momento mais uma vez apaixonou-se por ela como se fosse pela primeira vez e em seguida respondeu:
– Nós vamos conseguir.
– Eba!! – Lenika levantou e festejou como uma criança, sorrindo, cantando e dançando em escassos segundos exibindo o seu vestido minúsculo que às escondidas a mãe adotiva do Simon reclamava, porém respeitava a escolha do filho. – Vem cá eu te dar um abraço gostoso, meu charmoso. – ela disse citando o apelido que citara quando os dois ainda estavam se conhecendo, no local de serviço.
Simon levantou e deu um grande abraço a sua amada, mesmo ainda com uma grande preocupação agredindo a sua mente. Ele fingiu que estivesse melhor com a ajuda da Lenika, mas desta vez não estava melhor, mesmo que a sua namorada tivesse o dom de lhe fazer se sentir melhor em instantes.
– Muito obrigado, agora me sinto melhor. – disse Simon.
– Espera eu colocar a pergunta, mas é muito importante para nós.
– Sinta-se a vontade para colocá-la.
– Como ficou aquela sua investigação sobre a merda da Rosana? Ela tem que te ajudar a quebrar esse feitiço que herdaste. Tu não tens culpa, poxa.
– O meu último progresso foi quando consegui o número dela e conversei com ela uma vez. Ela me disse que continuava na cidade de Khedie, mas quando ela estava prestes a me responder se estava disposta a me ajudar a quebrar o feitiço a linha caiu. Foi uma merda sabe, eu estava prestes a conseguir o que lutei por anos para conseguir. – Simon disse e as palavras lhe saíam da boca com uma raiva palpável.
– Calma, meu amorzinho nós vamos achar uma outra maneira de resolver isso. – ela disse, de repente as suas feições mudaram e ela continuou a falar. – Então, assim que perdeste o teu dom, – ela pausou, respirou como se não tivesse mais fôlego. – por enquanto, não tens mais aqueles pesadelos loucos?
– Sim, não tenho mais.
– Pelo menos tens algumas férias, amorzinho.
– Isso era para ser engraçado? – com uma grande seriedade misturada com uma decepção Simon disse.
– Não. – tossiu uma vez e continuou. – Perdão, amorzinho. Eu achava que...
– Eu estava acostumado com aquilo, não era nada demais. – ele mentiu para si mesmo e para a sua parceira, convencido que estava dizendo a verdade, porém o que lhe importava agora era resolver o caso que estava nas suas mãos, pois muitas vidas estavam em risco, sob controle de entidades poderosas. – Amanhã irei ter com Khondon e tenho que pensar no que inventar para aquela família, enquanto me ocupo com a quebra da barreira que me impede de acessar o meu dom.
– Olha para mim, você tem que se acalmar está bem? Eu estou aqui para ajudar, amanhã iremos juntos até ao Khondon para resolvermos isso, está bem?
– Está bem. – disse Simon olhando para Lenika e de imediato se sentindo melhor, mergulhando naqueles olhos belos e grandes que lhe faziam muito bem, se sentir leve feito uma pena.
Naquela tarde, o casal namorou sem se importar com a presença dos pais do Simon.
Simon ainda morava com os seus pais adotivos, no entanto, estava se preparando para sair e morar no seu próprio cantinho, mas ainda estava juntando as suas economias para que isso se efectuasse.
A casa onde morava com os pais adotivos, era luxuoso e grande, onde os pais diziam que ainda lhe queriam por ali, os fazendo companhia da forma como sempre lhes fez. Eles ajudaram o pequeno menino a tentar superar os traumas, causados pelo seu passado que tinham uma forte ligação com os seus pais biológicos.
Depois da conversa com a Lenika, nada mais Simon fez além de se trancar no quarto e escrever tudo que lhe aparecia na mente, tentando organizar as ideias e as memórias para poder tentar achar uma solução, ele parecia um louco. Isso levou muito tempo até que a noite chegou e ele dormiu.
Na madrugada ele teve novamente, um pesadelo do passado que também antigamente se manifestava como uma visão, na Ilha magnífica onde ele via areia verde, fotos de adolescentes e alguns pais ajoelhados e chorando de uma forma assustadora.
De repente no mesmo pesadelo, ele viu a si mesmo diante de um grupo de adolescentes, do seu lado esquerdo e outro, de adultos, do seu lado direito como se estivessem a criar uma forte corrente para combater alguma força maior; uma força dos diabos.
Um cântico estranho começou a soar lá no fundo bem baixinho:
Zaren, remir, norma sonil Zaren, Remir e Sonil
Patre serasi golorim Pais da terra das árvores
Der-mil kabhack, inu serasi omare As terras de Der-mil kabhack nos deram vida
Satrus, satrus ilis, satrus manil Família, família original, família de poder
igzim meora, igzim meora satrus Louvem alegres, louvem alegres a família
Um grito grotesco soou de supetão nos ouvidos de Simon que lhe fez acordar atemorizado, quase caindo da cama.
Continua...
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#Dark & #James_Nungo
Boa noite, grades leitores! Tudo bem?
O que acharam do capítulo de hoje?
Muito estranho, né?
Crie as suas teorias.
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