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Capítulo 3

Bushido (武士道) literalmente, "caminho do guerreiro", é um manual e modo de vida para os Samurai. Ele possui 7 grandes virtudes; dentre elas:

[Jin: Compaixão, benevolência]


Ela esperou pelos minutos seguintes o amanhecer — e ele nunca havia demorado tanto. Quando os primeiros raios passaram pelas frestas da janela, finalmente ousou sair do quarto silenciosamente, para não incomodar as crianças que haviam adormecido no chão abaixo das camas.

Saiu e, sem nenhuma surpresa, constatou que seu pai já havia saído para ajudar os que precisavam. Próximo à saída, nada mais do que uma mancha de sangue. Ela abriu a porta, pondo-se a sair da casa para uma Nancy infeliz.

À sua volta, soldados franceses jogavam corpos sem vida para cima de carroças. Eram corpos de militares tanto prussianos quanto franceses, além de civis. Outros soldados marchavam para lá e para cá, ajudando a mover escombros e a tirar pessoas de onde estivessem presas. Médicos e enfermeiros corriam de um lado para outro, socorrendo pessoas no meio da rua.

Viu uma vizinha jogar um balde de água na calçada. Assim que o conteúdo atingiu o cimento, saltou para cima espalhando o sangue de dezenas ou centenas de pessoas que corria livre pela cidade, descendo as escadas, escorrendo entre os paralelepípedos.

As mulheres andavam arrastando as barras dos longos vestidos pela cidade de chão vermelho, varrendo a cor com vassouras para longe de suas casas. Por mais que tentassem retirar, o cheiro ferroso penetrava-lhes as narinas mais rápido do que conseguiam trabalhar. O sangue do chão subia-lhes vestidos acima, fazendo com que todas combinassem roupas de uma forma terrível.

Aurora! — Alguém a puxou do transe. Imediatamente ergueu os olhos para ver Joana em total desespero.

Seguiu-a para um local bem no meio da praça, onde várias pessoas feridas estavam dispostas.

— Vê? — Ela apontou para a própria mãe no chão. — Eles dizem que não podem deixar de ajudar os outros para ajudá-la e que nem chegará a Paris com vida. Mas sei que você já viu seu pai trabalhando, fale com eles, não pode ser tão ruim assim — disse em um só fôlego.

Aurora desceu o olhar, pousando-o sobre a mãe da amiga. Os médicos haviam utilizado quatro cores de fitas para identificar os pacientes: verde, para os que poderiam esperar; amarelo, para os que precisavam de atenção, mas não morreriam por isso; vermelho, para os que morreriam caso não fossem atendidos; preto, para os que não valeria nem sequer tentar.

A mãe de Joana tinha uma fita preta amarrada próximo ao ombro direito e seu vestido estava encharcado de sangue. Aurora se agachou devagar, chamando pela mulher:

— Senhora Carpentier? — Como não obteve resposta, tornou a repetir: — senhora Carpentier? — Após não ouvir uma resposta novamente, levou dois dedos à jugular da mulher deitada, esperando alguns segundos e, logo depois, olhando para a amiga com peso.

— Mãe? — Joana caiu de joelhos ao lado da mulher. — Mãe? — Chamou-a novamente enquanto seus olhos começavam a jorrar lágrimas e os tremores de desespero tomavam conta de seu corpo. Arfando e inconsolável, sem saber o que fazer, gritou do fundo dos pulmões, rasgando a garganta e o coração de Aurora: — mãe!!!

Aurora passou por cima do corpo à sua frente, abraçando Joana e puxando-a para si, escondendo o rosto dela em seu ombro e fechando os olhos, acariciando levemente os cabelos da amiga e deixando algumas lágrimas descerem junto às dela.

Olhou em volta, vendo o pai de Joana correr em sua direção. O pastor Pierre Carpentier estava consolando e orando pelas famílias e pelos feridos. Estava cuidando dos outros quando ouviu sua filha gritar. O pastor presidente da igreja a qual Frederic também era pastor era uma pessoa de admirável fé e caráter.

Aurora soltou a amiga para que ela pudesse abraçar o pai. Preferiu deixá-los a sós, vez que em nada poderia ajudar — claro, além de os dar a privacidade que poderiam ter ali. Caminhou para longe, segurando as lágrimas com afinco e apertando uma das mãos contra os lábios.

Não havia sequer uma direção para que ela olhasse e não sentisse desespero. Não havia um só lugar livre de dor, não havia um só canto de descanso de todo aquele sofrimento.

E foi afastando-se da praça central, onde os soldados e samurais estavam concentrados, que tudo pareceu ficar mais quieto. Caminhou até o bairro periférico mais próximo, procurando quem precisasse de ajuda. Procurando quem já não estivesse obtendo atendimento dos experientes médicos ou dos fortes soldados.

Céus, como ela se sentia inútil e impotente. Se pelo menos tivesse um diploma ou fosse mais forte. Se pelo menos... pudesse fazer algo.

Deus!!! — gritou antes de projetar sua mão na direção de uma parede de pedras à sua frente.

Havia chegado ali correndo do desespero, embora quisesse ajudar a varrê-lo. Chegou ali cega pelas lágrimas, ainda que quisesse ajudar a secar as lágrimas alheias. Chegou ali ignorando as pequenas ajudas que poderia dar, como pegar um copo de água ou dar um abraço, porque queria fazer grandes coisas.

O bem que queria fazer, não conseguia fazer. O mal que não queria fazer, fazia irracionalmente. Como se já não bastassem os sentimentos que a guerra trazia, a culpa encheu-lhe o coração. Encarou os próprios pés. A barra de seu vestido estava uniforme como as das outras mulheres: carmesim, da cor do sangue.

— Não é seguro ficar aqui — uma voz soou. — Podem haver soldados prussianos à espreita.

Imediatamente Aurora endireitou a postura, olhando em volta freneticamente, procurando o emissor da voz. Era uma voz com sotaque carregado: o "r" era pronunciado de forma forte, as vogais tinham destaque especial. Não falava de forma leve ou fluindo as palavras, como as outras pessoas da cidade. Falava rápido, pausado e brusco. Claramente, francês não era sua primeira língua.

— Onde você está? — respondeu. Saindo de trás de uma parede que havia caído pela metade, um samurai parou a poucos metros dela. — Quem é você? — Perguntou, dando um passo para trás.

Com movimentos lentos, ele levou as mãos ao capacete, retirando-o e posicionando-o na frente do abdômen. Encarou-a em silêncio por alguns segundos com a respiração habilmente controlada.

Era o samurai que ela havia encarado no porto, era o samurai que havia protegido sua casa na noite anterior. Agora, sem capacete, a sujeira e o sangue não impediam tanto a visão dela. Os traços retos desenhavam o rosto livre de qualquer resquício de barba. As sobrancelhas retas e negras como os cabelos que lhe desciam pelas costas estavam franzidas, mas a boca e o nariz reto permaneciam imóveis.

— Fui designado para promover especial segurança à casa Fontaine até segunda ordem.

Aquela não era a resposta que ela esperava. Havia perguntado quem ele era, não o que fazia. Mas ele a podia entender, logo, ele havia escolhido não responder. Então era por isso que ele ainda estava em frente à casa dela quando amanheceu, era por isso que ele havia protegido sua família do soldado prussiano.

 — Vou te chamar de Designado, então — provocou, um tanto quanto ofendida e frustrada.

Assim que ele voltou a por o capacete, ergueu uma das mãos, como se apontasse para ela o caminho que deveria seguir: o de volta. Vencida e sem motivos para ficar por ali, respirou fundo e se pôs a caminhar na direção por ele apontada.

Até ouvir um grito vindo da casa ao lado. Imediatamente se virou, vendo a construção prestes a ceder sobre quem quer que estivesse ali. Correu na direção da casa, procurando o emissor do grito.

Onde você está?! — Gritou, caminhando para perto da casa.

— Aqui! — A pessoa respondeu. — Estou presa!

Contando com a ajuda do samurai atrás dela, Aurora se enfiou para dentro da pequena casa que mais parecia ser um único cômodo, para ver uma pré-adolescente caída com uma viga de madeira sobre as pernas.

Aurora tentou erguer a viga, mas percebeu que estava presa. Caminhou com os olhos por ela até encontrar um bloco de pedras sobre o objeto. Foi até ele, empurrando-o com chutes até que saísse de cima, então segurou a viga para levantá-la.

Ao ouvir outro grito da garota, olhou para cima para ver as estruturas da casa cedendo sobre ambas. Olhou para baixo imediatamente, apertando os olhos e esperando pelo impacto — que não veio. Um ou dois segundos depois olhou para trás, vendo o samurai segurando a viga central do telhado, encolhido e usando todas as forças do corpo para manter o telhado parcialmente em pé.

O mais rápido que pôde, Aurora puxou a viga para cima, depois empurrou-a para o lado, dando um pouco de espaço para que as pernas da garota ficassem livres. Foi até ela, que se sentou, erguendo os braços para Aurora. Passou um dos braços por baixo das pernas da garota e deixou outro em suas costas, erguendo-a com todas as forças que tinha.

Correu para fora da casa, passando abaixada pelo samurai que segurava a viga do telhado e foi até a calçada. Colocou a garota no chão, vendo o exato momento em que ele soltou a madeira, deixando o resto da casa vir ao chão. E ela ouviu um grande estrondo, e a poeira subiu.

Boquiaberta, observou-o caminhar ofegante até elas e parar em pé à sua frente. Encarou-o de baixo por alguns segundos, com olhos arregalados, sem saber direito como agradecer. Com a pior escolha de palavras possível, soltou:

— Obrigada por... ter segurado o... teto. — Aurora se voltou para a garota, sem esperar a resposta dele: — nós vamos de cavalinho até os médicos, certo?

A garota que apenas concordou silenciosamente abraçou os ombros de Aurora por trás, enquanto esta a segurou pelas coxas e se ergueu.

— Você estava sozinha naquela casa? — Perguntou à garota.

— Meu pai não voltou ontem da taverna... — segurou o choro. — O nome dele é Morrice Arnaud.

— E sua mãe?

— Não sei onde ela está... se chama Helena — a voz quase sumiu com a última frase.

***

Logo chegaram ao centro, onde Aurora deixou a garota nos braços de um dos vários médicos e se virou para o samurai, dizendo:

— Designado, você sabe o que fazer. Procure os homens da guarda, procurem os pais dela — falou, dando alguns passos para trás.

Assim que ele inclinou levemente a cabeça, ela voltou para o caos da praça. Havia coisas que ela poderia fazer ali, tinha que haver. Sempre há como ajudar em algum lugar que precisa de ajuda, mesmo que esse "como" pareça pouco perto do tamanho do estrago. De pouco em pouco, se faz muito.

— Posso ajudar em algo? — Agachou-se na frente de uma mulher que, sentada na escada de uma casa, envolvia duas crianças com um cobertor.

Se você puder pegar qualquer coisa para as crianças comerem... ou água... — ela disse em um fio de voz.

— Certo — levantou-se, correndo até sua casa, que não ficava muito longe dali.

Quando chegou em casa, constatou que Marie Louise e Marie Claire continuavam dormindo em baixo das camas — e era melhor que permanecessem assim. Aurora pegou os primeiros biscoitos e pães que viu pela frente, junto com água. Envolveu tudo em um pano que estava em cima de uma bancada na cozinha e correu o mais rápido que pôde na direção da casa onde a mulher estava.

Assim que Aurora lhe passou o embrulho que havia feito, a mulher pressionou os lábios, prendendo o choro. Ergueu os olhos vermelhos e quase transbordando para ela, dizendo:

— Obrigada... muito obrigada.

— De nada — deu um sorriso fraco e se pôs a sair.

Assim que saiu, pousou o olhar sobre um homem do outro lado da rua, que chorava com a cabeça envolvendo as mãos. Seus pés correram na direção dele, sem que ela os controlasse.

Não longe dali, o samurai amigo já havia contatado japoneses e franceses. As buscas já haviam sido iniciadas. Parado no meio da praça, observou Aurora se sentar ao lado de um homem que chorava. Ela lhe perguntou algo, e ele balançou a cabeça em negativa. Os braços dela o envolveram, e ele recostou a cabeça no ombro dela, chorando alto o suficiente para que o samurai ouvisse a metros de distância.

— Perdeu algo naquela direção? — Uma mulher com vestes japonesas se aproximou dele.

— Pensei que você estivesse procurando um homem chamado Morrice nas tavernas da cidade. O seu superior te deu essa ordem, não foi, Yuri?

— Por que tão ácido, irmãozinho? Até parece que te peguei olhando para alguém que não deveria — provocou com um sorriso infantil, antes de sair chamando três guerreiros para a seguirem.

Ele se voltou para a direção em que olhava antes, apenas para sacudir a cabeça e desviar o olhar.

Assim que o homem pôde se acalmar um pouco, Aurora buscou para ele um copo da água que estava sendo distribuída e se levantou. Girou o corpo apenas para ver o samurai de costas, andando para longe.

— Obrigada, Designado — ergueu os cantos da boca, falando baixo, apenas para que ela ouvisse.

De repente, o mesmo calor que havia sentido dias antes, no porto, voltou. As borboletas no estômago pareciam bater as asas com força de fazer um tornado ali mesmo. O coração acelerou, batendo forte a ponto de fazer o tecido de seu vestido tremer sobre sua pele.

Conforme ele caminhava para longe, mais pessoas cruzavam o caminho dela até ele, tornando mais difícil vê-lo. E conforme ele caminhava para longe, parecia que todas as coisas quentes ficavam um pouco mais frias; e todas as coisas brilhantes ficavam mais opacas.

Então, no meio de todo aquele cenário de destruição, Aurora Fontaine se perguntou se as coisas quentes voltariam a ser quentes novamente, e se as coisas brilhantes voltariam a brilhar.

Sim, voltariam.

E como voltariam.

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