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Capítulo 23

"Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força;

E ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos.

Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz."

— Daniel 2:20-22



O setembro parisiense de 1870 foi marcado por tragédia, caos e as mais variadas formas de drama. Após a derrota humilhante na batalha de Sedan, a rebelião atingiu a capital francesa, o que causou tremendos embates políticos.

A República Francesa foi proclamada naquele mesmo mês, enquanto a Assembleia Constituinte foi dissolvida. Milhares de soldados franceses estavam presos; sem falar que o Imperador Napoleão III foi deposto.

Haviam também boatos os quais afirmavam que um novo império estava para se erguer, e ele seria gigante: o Império Alemão. Não somente, haviam também boatos de que toda a guerra Franco-Prussiana servira de impulso para alavancar o que entraria para a história como a Unificação Alemã. Tantas mortes, tanto sofrimento e tanta dor por poder.

Em 19 de setembro, as tropas germânicas marcharam até Paris.

Os portões da cidade foram trancados, as famílias correram para casa, o medo se instalou. Naquele dia, Aurora Fontaine aprendeu que uma guerra não acaba quando a principal batalha — nesse caso, a Batalha de Sedan — é perdida. Não, o orgulho não deixaria isso acontecer. O orgulho, por sua natureza, competitivo, impediu a rendição francesa e a retirada germânica.

Naquele dia, foi iniciado o Cerco de Paris. Os portões foram fechados, a cidade foi sitiada e ninguém saberia quando veriam além dos muros... ou sequer se algum dia veriam além dos muros. Aquela guerra, já perdida, infelizmente ainda teimaria em se arrastar e fazer ainda mais vítimas.

"Os alemães estão em Paris!!!" — foi o grito desesperado que Aurora ouviu quando estava na rua. Quando o pânico tomou as pessoas à sua volta, tudo pareceu silenciar. Ela se virou para o lado, onde estava Marie Claire, ajudando-a a carregar as compras que traziam da feira. Em um surto de adrenalina, agachou-se e arrancou a criança do chão, correndo na direção de casa.

Aqueles ínfimos minutos, que pareceram infinitos, foram aterrorizantes para Aurora. Quando levantou a irmã, esta soltou um dos lados do saco de frutas que carregava, e boa parte delas voou de dentro dele. As laranjas, por exemplo, quicaram no chão e rolaram rua abaixo, rodando e pulando até que não sobrasse uma sem ser pisoteada.

Quando chegou em casa, trancou as portas. Somente no dia seguinte, quando as pessoas voltaram às ruas, os Fontaine descobriram que as tropas germânicas não chegaram a entrar em Paris, mas acamparam do lado de fora, cercando a cidade e impedindo a entrada e a saída.

Não demorou para que Océane chamasse Madeleine para explicar-lhe a situação. A moça, que já não ia trabalhar há algum tempo, teria que ser demitida. A demanda por vestidos de alta costura era pouca em uma cidade sitiada, portanto Océane não poderia arcar com os seus salários — bem como os das outras costureiras.

Antes que a moça saísse, Aurora perguntou se ela sabia por onde andava Amadeus. Made respondeu que já fazia alguns dias que ele havia feito as malas de volta para sua cidade. "Por que alguém ficaria em um país tão acabado, não é?" foi a forma pela qual ela apoiou a decisão do amigo. "Se eu soubesse que isso ia acontecer, eu também teria ido embora da França" foi a última coisa que Madeleine disse antes de ir embora pela rua de pedras.

Conforme os dias se passavam, a preocupação de Aurora aumentava. Os recursos eram cada vez mais escassos — tanto medicamentos quanto comida. Os sermões na igreja eram sempre sobre esperança, ânimo e paciência — e a igreja estava incrivelmente cheia. E talvez aquilo fosse a única coisa boa de todo aquele contexto.

Em 2 de novembro, Aurora Fontaine passou a orar para que tivessem comida no dia seguinte. Frederic contou tudo o que tinham em casa, então começaram a racionar os alimentos.

A partir de então, a comida do dia teria pelo menos três alimentos a menos do que o de costume, sem contar os temperos. Dali para frente, só iria piorar — e Aurora não sabia quando aquilo iria acabar.

O vento frio passava pela fresta da janela, assobiando e fazendo o metal da mesma bater de tempos em tempos. Um livro jogado sobre a cama continha algo que parecia uma poesia, e a luz do dia já quase era findada.

Se estou cercado pelo medo, tu és fiel, nunca vais falhar — foi o que reverberou além do som metálico e dos finos assobios do vento. — E ao teu nome clamarei, e além das ondas olharei. Se o mar crescer, somente em ti descansarei, pois eu sou teu, e Tu és meu — Aurora cantarolou, quebrando os barulhos tristes que enchiam aquele quarto. — Guia-me para que em tudo em Ti confie, sobre as águas eu caminhe, por onde quer que chames. Leva-me mais fundo do que já estive e minha fé será mais firme, Senhor, em tua presença...

Do outro lado da porta de madeira, Yuri se escorou levemente. Suspirou com um misto de emoções. Estava cansada de tentar entender o que acontecia dentro da cabeça de Aurora, e porque ela insistia em louvar naquele tipo de situação. Contudo, Yuri admitia, era melhor do que se sentar e reclamar.

Então não tinha nada a perder, não é?

Em um segundo de coragem, girou a maçaneta devagar e entrou no quarto, encontrando a mais nova de pé, cantando voltada para a janela. O céu anil, com nuvens cheias e baixas, parecia um pouco menos ameaçador com aquelas palavras girando no ar.

Guia-me pra que tudo em Ti confie — Aurora recomeçou.

Sobre as águas eu caminhe, por onde quer que chames — Yuri completou, fazendo a outra se virar para encará-la. Conforme surgiu um sorriso no rosto de Aurora, Yuri também não pôde conter um envergonhado no seu, então ergueu as mãos, dando de ombros, e continuou a cantar.

Leva-me mais fundo do que já estive e minha fé será mais firme, Senhor, em sua presença... — ambas seguiram.

Conforme Oceanos avançava, as entonações se tornaram mais firmes, mais altas. Enquanto Aurora puxava e lhe mostrava a letra, Yuri tentava acompanhar como podia, esboçando constantes sorrisos sinceros.

Quando a música acabou, Yuri perguntou, apontando para o livro:

— É todo só de músicas?

— Na verdade, é uma Bíblia — Aurora respondeu, um tanto envergonhada. O que continha a letra era a contracapa da Bíblia. Sabia que algumas pessoas eram expressamente contra riscar livros (quanto mais os sagrados), por isso apertou um pouco os lábios. — Esses são os livros — adiantou-se, interrompendo aqueles pensamentos e folheou um pouco a Bíblia um tanto já desgastada. — Escolhe uma parte — entregou a Bíblia para Yuri, e ela abriu em uma parte aleatória.

Aurora limpou a garganta, iniciando a leitura a partir de onde o dedo de Yuri indicava, que era Gênesis 21:15:

— Quando acabou a água da vasilha, ela deixou o menino debaixo de um arbusto e foi sentar-se perto dali, à distância de um tiro de flecha, porque pensou: "Não posso ver o menino morrer". Sentada ali perto, começou a chorar.

— Perdão — Yuri interrompeu, um tanto envergonhada —, eu não quis abrir em uma parte ruim...

— Deus ouviu o choro do menino — Aurora a interrompeu, elevando a voz —, e o anjo de Deus, do céu, chamou Hagar e lhe disse: "O que lhe aflige, Hagar? Não tenha medo; Deus ouviu o menino chorar, lá onde você o deixou. Levante o menino e tome-o pela mão, porque dele farei um grande povo". Então Deus lhe abriu os olhos, e ela viu uma fonte. Foi até lá, encheu de água a vasilha e deu de beber ao menino. Deus estava com o menino. Ele cresceu, viveu no deserto e tornou-se flecheiro. — Aurora fechou a Bíblia, sorrindo para ela. — Você não achou que acabou ali, né?

Yuri também sorriu, um tanto envergonhada e crédula. Gostaria que aquilo acontecesse com eles, que Deus os ouvisse chorar. Se o Deus vivo de Aurora fosse real e continuasse o mesmo, então ele ainda poderia fazer esse tipo de coisa, certo? Gostaria muito que Ele fizesse. Em seu íntimo, desejou muito que Ele fosse real, e que ele fizesse aquelas coisas maravilhosas que a Bíblia conta.

— Nunca acabou — Aurora completou, colocando a Bíblia sobre a cama. — E por falar em vasilha, é hora de cozinhar — girou-a pelos ombros e a guiou para fora do quarto. — Missão para você: — falou assim que começaram a descer as escadas para a sala — desce lá na loja e pega mais lenha, por favor?

Yuri assentiu e partiu escadas a baixo, enquanto Aurora se direcionou para a cozinha. A japonesa desceu frente à vidraça e contornou para os fundos, pegando alguns pedaços de madeira. Assim que retornou, estagnou frente à vitrine.

Um garoto estava parado na calçada do outro lado da vidraça, e olhava para dentro da loja com pesar. Ele estava envolto com dois panos, e o vento balançava todos os trapos que ele vestia. Ela o encarou, parada, por um ou dois segundos.

Um nó se formou no meio de sua garganta quando seguiu o olhar dele para todos aqueles paletós pendurados, perfeitamente enfileirados e juntando poeira. A lenha que ela carregava muito provavelmente aqueceria aquele menino tão pequeno, que não parecia passar dos oito anos.

Imediatamente, sentiu algo inesperado em seu cerne, algo que ela por si só não conseguiria sentir. De repente, uma onda de compaixão e amor arrebentou em seu coração, o que fez seus olhos se encherem de lágrimas.

Devia estar tão frio lá fora...

Yuri, então, foi atingida pela memória de quando ela foi treinar sozinha no campo. Quando ela estava caindo aos pedaços, alguém esteve ali para lhe mostrar compaixão e dizer que não estava sozinha — a mando de Deus, lhe fora dito.

Talvez, então, pudesse também demonstrar compaixão por alguém. Talvez fosse isso que Deus quisesse, afinal. Além de templos, além de orações e sacrifícios, além de honra e evolução, aquele Deus parecia querer que amor fluísse desenfreado, como água viva, por entre as pessoas.

Sentiu um queimar no peito, um arrepio fluir do seu tronco para as extremidades de seu corpo.

"Ela deixou o menino debaixo de um arbusto e foi sentar-se perto dali, à distância de um tiro de flecha" a voz de Aurora reverberou em sua mente. "Deus estava com o menino. Ele cresceu, viveu no deserto e tornou-se flecheiro".

O menino foi abandonado, e como aquilo o magoou. Uma criança, no deserto, chorando... e a mãe o deixou à uma distância de flecha.

Mas Deus ouviu o choro dele. E ele cresceu. E virou flecheiro.

Um tiro de flecha, para ele, uma vez significou abandono, morte e choro. Mas Deus o ouviu e, justamente com tiros de flecha, foi como caçou. Foi como se manteve vivo.

Da ferida dele saiu vida, saiu cura. E talvez fosse justamente essa a mensagem que Deus queria passar. Quando Yuri estava caindo aos pedaços e ferida, fora abraçada. E porque sabia o que era estar caindo aos pedaços e ferida, não queria deixar aquele menino passar pelo mesmo problema.

Então talvez das feridas dela também pudesse sair poder para curar. Então talvez não só sua história tivesse um propósito, como também ela. Então ela teria um propósito, apesar de seus problemas.

Correndo, avançou na direção da porta, abrindo-a:

Garoto, qual é o seu nome?

Antes mesmo que reconhecesse o Senhor com palavras e antes mesmo que o admitisse, o Espírito Santo a amou. E porque a amou, escolheu fazer morada nela. Yuri Sakurai não sabia disso, mas a resposta ao amor é o que se chama "ide".

E antes mesmo que tivesse a mínima noção do que é o amor de Deus e o que é "ide", ela foi. Porque Deus fluiu em suas veias como água viva. E Deus, que é amor, quem planta o amor em nós e para onde vai o nosso amor, já estava ali.


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Entramos oficialmente na reta final de Ikigai! <3

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