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Capítulo 10

Este capítulo foi disponibilizado em 11/11/2018, aniversário de 100 anos do armistício da Primeira Guerra Mundial. A Guerra Franco-Prussiana, que ambienta esta história, foi causa direta da Grande Guerra, que causou cerca de 30 milhões de mortes.

Este capítulo é dedicado a todas essas pessoas e a seus familiares.

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Bushido (武士道) literalmente, "caminho do guerreiro", é um manual e modo de vida para os Samurai. Ele possui 7 grandes virtudes; dentre elas:

[Meiyo: Honra, glória]

Conforme os dias foram passando, tanto Aurora quanto Tadashi encontraram formas melhores de preencher as horas do que ficar parados vendo o sol mudar de posição no céu. Aurora contava animadamente as histórias que havia lido vez após vez, na Bíblia, em toda a sua vida, enquanto Tadashi ouvia a tudo atentamente.

Ela não havia distinguido se ele estava apenas prestando atenção como em uma aula, interessado na moral ou nas histórias como se fossem fictícias — ou como reais. Independente disso, ela continuava contando e, toda vez que ele pedia para que ela repetisse alguma, ela o fazia.

Aurora percebera que ele distintamente gostava da história de Paulo. Havia pedido para que ela repetisse como se deu sua conversão três ou quatro vezes. Ele dizia que o achava diferente, pois Paulo não havia encontrado Jesus como ser humano, mas fez coisas marcantes assim como os que o viram.

Ou talvez o liame de identificação estava em Saulo e na possibilidade de um futuro Paulo. Pelo menos, ela escolhia cogitar essa feliz possibilidade e orava nesse sentido de manhã e à noite. Naquela tarde, ele havia pedido para que ela novamente repetisse a história. Era domingo e as pessoas estavam passeando pelas praças ou bares — mas eles tinham algo melhor para fazer naquele exato momento.

— Como você já sabe de trás para frente — ela deu um leve sorriso —, a primeira vez que a Bíblia fala sobre Paulo é no contexto de Estevão. Estevão era um cristão que preferiu ser apedrejado até a morte do que negar Jesus. Naquela ocasião, Paulo, que ainda se chamava Saulo, estava lá assistindo à morte de Estevão, compactuando com tudo. Saulo perseguia os cristãos de forma veemente. Um dia, ele estava em uma estrada indo justamente perseguir em uma cidade chamada Damasco. Então Jesus resolveu falar com ele. De repente, bem no meio da estrada, uma luz muito forte apareceu e uma voz falou para ele: "Saulo, Saulo, por que você me persegue?". Por isso, Saulo caiu no chão e respondeu perguntando quem falava com ele. Então o dono da voz disse: "sou eu, Jesus, quem você persegue". Jesus então mandou Saulo se levantar e continuar para Damasco, e lá diriam para ele o que fazer. Saulo não estava sozinho, haviam alguns homens com ele; mas os homens apenas ouviram a voz, não viram a luz. Quando Saulo se levantou, ele percebeu que não conseguia ver nada. Então os homens que estavam com ele tiveram que guiar ele até Damasco.

— E ele ficou três dias sem ver, comer e beber — Tadashi completou.

— Sim — ela concordou.

— Já chegamos na parte de Ananias? — Océane soltou do outro lado da sala.

Aurora e Tadashi direcionaram seus olhares para a mulher sentada na namoradeira azul da sala. Sempre que os dois se sentavam naquela delicada mesa para começar a sessão de histórias e conversa, a mulher se sentava do outro lado da sala, sempre fazendo croquis de vestidos em um caderno — bem, menos quando ela estava trabalhando no andar de baixo. Na última situação, eles teriam que se sentar em algum lugar da loja para conversarem, onde pelo menos cinco pessoas mais velhas e sete bispos pudessem assistir cada movimento.

Antes que Aurora pudesse responder, Marie Louise desceu as escadas para o andar e invadiu a sala como um furacão, anunciando a todos:

— Papai está aqui! Papai está aqui!

Desceu as escadas para o térreo correndo, deixando apenas o som de seus sapatos batendo na madeira da escada. Imediatamente Océane deixou o caderno de lado, erguendo-se e se ajeitando no vestido em, como sempre, cores escuras. Aurora se levantou da mesa fazendo barulho e encarou Tadashi por um ou dois segundos antes de se ajeitar no vestido em, como sempre, cores claras.

Ambas partiram pelas escadas, seguidas de Marie Claire que só então saíra do quarto (mas correndo tão rápido quanto Marie Louise). Tadashi enrijeceu os músculos por um momento, levantando-se com expressão pensativa, antes de partir atrás das mulheres.

Assim que pôs os pés na rua, o tempo pareceu rodar mais devagar. Pôde observar lentamente Aurora correr até seu pai, abraçá-lo e ser abraçada de volta, enquanto as duas crianças chegavam mais perto. As três filhas quebraram o silêncio naquele específico lugar chamando "papa", mas Tadashi escolheu olhar para quem estava ao lado dele.

— Yuri — seus lábios pareceram se mover sozinhos, soprando o nome da irmã mais velha.

O quimono vermelho escuro dela balançava conforme caminhava com um olhar de expectativa na direção do irmão.

— Tadashi! — chamou assim que passou pelos Fontaine e chegou até ele.

— Você tem dez segundos para me explicar o porquê de estar usando um furisode vermelho no meio de uma guerra — respondeu sem muita cerimônia.

— Estou em Paris — ela falou como se fosse óbvio. — Por que você não está usando vermelho? Está doente em estado terminal ou algo assim? — encarou a roupa do irmão. — Você trouxe quinze quimonos pretos idênticos ou algo do tipo?

Tadashi rodou os olhos reprimindo um sorriso. Por fim, deixou-se saudar a irmã propriamente e lhe dar um abraço, rindo das primeiras palavras trocadas em algum tempo. Até pensou em perguntar o motivo dela estar ali, mas preferiu não o fazer: já sabia a resposta e preferia postergar ouvi-la.

— Oi, rapaz — ouviu Frederic dizer e só então percebeu que o pastor havia se aproximado o suficiente para que pudessem se cumprimentar.

— Senhor — saudou-o brevemente, não sem antes travar o olhar no seu, imóvel, percebendo que o mais velho o analisava.

— ... certo — Océane falou após um silêncio constrangedor se instaurar por um momento, enquanto todas aguardavam algum dos dois homens falar algo, quando claramente nenhum o faria. — Por que você está aqui, Frederic?

— Vim ver como minhas garotas estão — desviou o olhar para Océane. — E também por outros motivos — de relance, olhou para Tadashi por um segundo, antes de voltar a encarar a irmã. — E escrevi a François antes de vir, o que fez ele me convidar para pregar hoje. Todos vocês tão convidados.

François era o pastor de uma pequena igreja ali perto. Eram amigos de longa data e se admiravam mutuamente, então não era de se admirar o convite feito a Frederic.

Assim que a notícia fora dada, todos partiram para a casa de Océane. Como eram muitos, logo que entraram, as meninas já partiram para preparar seus banhos. Em poucos minutos banheiras foram enchidas, dezenas de vestidos saíram dos armários e fitas se espalharam pelas camas.

Algum tempo depois — isto é, depois que o sol já havia se posto — todos estavam prontos. Aurora estava dentro do seu vestido rosa claro com longas mangas e usava a fita branca que Tadashi lhe devolvera uma semana antes para fazer o penteado meio-preso com um laço.

Marie Louise e Marie Claire usavam vestidos azuis iguais e tinham os cabelos castanhos soltos, enquanto Océane vestia um elegante vestido verde escuro. Os japoneses continuaram com suas vestes tradicionais, mas Yuri se preparara trocando o quimono vermelho por um azul claro.

— Você tomou banho?! — Yuri franziu o cenho para Tadashi, esticando o dedo indicador em sua direção. Assim que ele balançou a cabeça em sinal de sim, ela contorceu o rosto, perguntando visivelmente indignada: — e colocou uma roupa idêntica?!

— Eu vou usar preto pelos próximos seis meses — Tadashi provocou a irmã, tentando conter um sorriso.

— Vamos? — Frederic passou pelos irmãos, não sem antes reparar que carregavam suas espadas. Pensou em dissuadi-los de levá-las, mas sabia que seria inútil. Restava-lhe apenas esperar que nenhum dos fiéis as visse por baixo de suas roupas.

Os sete, então, partiram a pé para a igreja. Assim que chegaram, cumprimentaram algumas pessoas e se sentaram próximo ao corredor. François deu início à reunião, chamando Frederic para o púlpito e o apresentando, deixando que iniciasse sua mensagem. Frederic saudou o corpo da igreja, então iniciou sua fala.

Em baixo, no banco de madeira, Tadashi abaixou o olhar, claramente deslocado. Não sabia se queria ficar ali, naquele lugar. Não estava indo longe demais para uma missão?

De repente, milhões de pensamentos começaram a rondar sua cabeça: era como se ele não estivesse com a mente presente. Fazer aquilo para uma missão era incômodo, contudo, mais incômodo era o sentimento que tinha quando pensava no que iria fazer quando a missão acabasse. Quando aquela guerra se findasse, ele não teria para onde voltar.

Então foi atingido por uma memória de pouco mais de um mês atrás:


— Eu não quero ir, eu não vou!  Tadashi protestou contra o pai.

— E o que você vai fazer se ficar aqui, Tadashi?!  O homem de cabelos e barba brancos devolveu.  Eu sou um velho, mas ainda há chance para você e Yuri! Se vocês ficarem aqui, vão morrer!

 Mil anos de tradição não podem acabar porque um homem tem sede de poder!

Tadashi se referia ao mais novo imperador. Dois anos antes se iniciara o que entraria para a história como a Restauração Meiji. O xogun havia caído, os samurais eram perseguidos, havia um novo sistema de governo: o império.

Em 1868, dois anos antes, a guerra civil que ganhara o nome de Guerra Boshin havia feito os Sakurai, uma família de nobres guerreiros abastados e que viviam em castelos fugir para Hokkaido, resistindo ao novo governo. Até lá foram caçados, e os vivos, naquela altura, eram poucos. Os samurais, agora, eram apenas história.

Então começaram alguns burburinhos: havia uma guerra para estourar na Europa, e Napoleão III buscava guerreiros para recrutar. As centenas de samurais restantes já não tinham mais um senhor para servir, estavam sendo dizimados pois representavam ameaça: no Japão, apenas conseguiriam a morte.

Foi pensando no bem do casal de filhos que Ayato Sakurai vendeu tudo o que tinham e trocou o palácio por uma propriedade muito além do mar e das terras: na França. Recorreu a um missionário cristão com quem havia feito amizade, começando a se corresponder com um homem chamado Frederic Fontaine.

Algo dentro de Ayato o dizia que aquela última opção desesperada não seria desperdiçada. O homem parecia ser honrado e ter uma boa intenção: naquele momento de caos, isso bastaria. Confiou-lhe a burocracia e a papelada. Naquele passo, a igreja em que Frederic pregava agora tinha uma base no Japão para prestar assistência aos missionários, enquanto os Sakurai tinham uma propriedade na França.

Tadashi, contudo, não queria ser um guerreiro mercenário para um estrangeiro, não queria fugir de seu próprio país. Queria ficar e lutar contra o império, ainda que caísse em batalha.

 Meu filho  Ayato disse , a guerra não é um fim em si mesma. Há de haver um motivo certo e justo para lutar, há de haver o momento certo e a maneira certa. Não entregue sua vida por uma batalha de resistência tão inútil. É uma nova era, e a força imperial é algo contra o qual você não pode e nem deve lutar. Você não vê que o país está crescendo, que já não há mais tanta fome?

— E por isso os samurais devem ser reduzidos a histórias, a contos, a duelos de rua para divertir os outros?! Isso é tudo que eu sou, isso é tudo que eu sei, foi para isso que eu treinei minha vida inteira! Lutar é tudo que eu sei!

 Então você precisa aprender a viver em paz. Talvez todos nós precisemos aprender a viver em paz. Talvez, finalmente, seja a hora de haver paz entre os japoneses.

 Por que você fala como se nós não tivéssemos honra?! Como se um legado milenar não estivesse em jogo?!

 A honra dos samurais morreu quando nós preferimos manter o poder nas nossas mãos do que passar para alguém que realmente soubesse liderar e pudesse impedir que os pobres passassem fome. E não fale como se não estivesse havendo derramamento de sangue de ambos os lados. Eu espero que você me perdoe, meu filho, por ter falhado em lhe ensinar a viver em paz. Hoje, tudo que posso dizer é: não morra, mas não mate mais ninguém. Vá embora, Tadashi. E leve Yuri com você.


Algumas horas mais tarde, Tadashi estaria em um dos navios em direção à França. Ele havia continuado matando, no entanto. Estava frustrado por não estar no front de batalha junto com as outras centenas de samurais. Estava frustrado por que tinha seis virtudes do Bushido: gi (justiça), yuu (coragem), jin (compaixão), rei (cortesia), makoto (sinceridade), chuu (lealdade); mas não tinha a sétima: meiyo (honra). Não era um samurai por completo. Era um samurai desonrado, foragido, desertor, culpado.

E quando a guerra acabasse, não teria outra opção a não ser aprender outro ofício que não fosse o que havia feito sua vida toda: lutar. Além disso, já tinha assimilado que voltar para o Japão não era uma opção. Seria para sempre um estrangeiro com passado covarde aos próprios olhos.

O que era Tadashi Sakurai além de armas e lutas? Perante si mesmo, nada. E quais opções dignas tinha? Aos próprios olhos, nenhuma. E o que faria?

— Por favor — Tadashi foi puxado de seus pensamentos pela voz de Frederic — abram suas Bíblias em Marcos 5:25.

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