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ATO 9

Lamento por todas as lágrimas que derramei.

     O clima agradável e o cheiro de asfalto úmido previa mais chuva adiante. Alene me dizia que a chuva nada mais era do que as lagrimas de Deus que caíam sobre a terra e alimentavam a natureza. Essa simples frase me tranquilizava de uma forma quase anestésica. 

     "O tal do drenador reverso não estava mais agindo como o planejado, as dosagens já não saciavam a sede que ambos tinham de esquecer seus pecados. Naquela noite de tempestade, finalmente o caos se propagou. Ambos tiveram uma discussão. Jader havia ingerido uma quantidade significativa de álcool, neutralizando os efeitos do remédio que tomava. Isto foi o gatilho para que eles perdessem o controle"

     — Eu te disse, não disse? Essa merda de maquina não presta!

     — Você é que não presta! Seu corpo já está podre!

     — Vamos internar essa menina! Ainda da tempo de recomeçar nossa vida! — Jader segurava os ombros de Alene, seus olhos estavam esbugalhados, sua expressão, desesperada.

     — Antes de falar alguma coisa, lave esta boca fedida de cachaça! Me solta! — Alene empurrara o rapaz com força, no qual o fez desequilibrar e cair de costas na mesa da cozinha. Tudo que estava ali em cima fora jogado brutalmente no chão, estilhaçando pratos, xícaras e uma parte da própria mesa, que quebrara de imediato uma de suas pernas de madeira. Eu observava da escada, escondida entre as sombras.

     Descontrolado, Jader se levantou em meio aos cacos de porcelana e vidro e atingiu o rosto de Alene com um forte tapa. A mesma deu alguns passos para trás após o golpe, mas rapidamente pegou a faca em cima da pia e a segurou firme.

     — Vai brincar com isso de novo, sua drogada hipócrita?

     — Se eu soubesse que você era tão egoísta, jamais teria nada com você, muito menos entrado nesse projeto de merda.

     — MAS ENTROU! E É UMA ASSASSINA COMO EU! — exclamou ele.

     — Cale essa boca! — a mulher avançou e tentou atingi-lo no rosto, mas mesmo alcoolizado, Jader conseguiu desviar e retirar a faca de Alene com um tapa em sua mão, jogando o objeto para longe dela. Quando notei que ele estava vindo na direção da escada, corri para meu quarto e fiquei debaixo da cama.  A briga fora além do esperado. Alene não aceitava as ofensas de Jader e nem de seu julgamento. Quando pensei em pegar Luna, que latia o tempo todo, correndo sérios riscos de ser vítima deste alarde, os dois já estavam subindo. Jader passou pelo meu quarto e entrou no dele.

     — Para mim já chega, vou pegar todos esses documentos e cair fora daqui. Você que fique com suas mentiras sozinha! — resmungava enquanto Alene subia apressada, logo em seguida. Ambos se trancaram no quarto.

     — Você não vai levar nada! — afirmava ela. As vozes começaram a ficar abafadas pela chuva que se fortalecia lá fora. A parede que dividia meu quarto com o deles também não ajudava muito. E mais vidros se estilhaçaram, desta vez do outro lado.

     — SAIA DAQUI! — continuava Alene.

     — VOCÊ JÁ ESTA ME ABORRECENDO, EU VOU MOSTRAR O QUE ACONTECE QUANDO ME ABORRECEM, SUA VACA! — Gritava Jader cada vez mais alto. O próximo som grosseiro veio de um baque na estante.

     — ME DEIXA EM PAZ, SAIA DAQUI! — a porta se escancarou novamente e Jader fora golpeado com um chute de Alene que não baixou a guarda e logo na sequencia subiu em cima dele, segurando um caco de vidro com firmeza. Os dois estavam caídos em frente a porta de meu quarto. Ainda escondida de baixo da cama, assustada, gritava incansavelmente para que Luna saísse de perto deles.

     — Nossa filha está olhando tudo, continue! — dizia Jader tremulo, olhando diretamente em meus olhos, amedrontada debaixo de minha velha cama, escondida não apenas daquele casal perigoso, mas também da tempestade que não dava um minuto de pausa — OLHA SÓ PANDORA! SUA MÃE VAI ME MATAR! VEJA BEM ISSO! — Os relâmpagos iluminavam para dentro de meu quarto, evidenciando o rosto de Jader e Alene no corredor. Manchas de sangue, saídas do comodo deles os seguiam para onde se arrastavam. 

     Antes que Jader continuasse a gritar coisas para mim, Alene o golpeou com um soco no rosto enquanto segurava o vidro com a outra mão. Antes que aplicasse o golpe final no rapaz, Jader conseguiu se desvencilhar de Alene, empurrando-a para o lado. Ao se levantar rapidamente, ele atingira seu estomago com um chute, deixando-a sem ar por alguns segundos. Quando mais um chute certeiro ia atingi-la, Alene fincara o pedaço de vidro na perna de Jader. Ele grunhiu de dor mas não o impediu de pegar no pescoço dela, já enfraquecida pelos golpes, e a levantar do chão.

     — LUNA SAIA DAÍ! — gritava para ela, pouco me importando com o que estava acontecendo.

     "Com tudo aquilo acontecendo, eu não tive duvidas do que fazer. O fim daquele amontoado de mentiras estava desmoronado. Nem mesmo eles conseguiam esconder tantas coisas ao mesmo tempo. Mentindo para si mesmos, sustentando um pecado imperdoável. Jader e Alene não passavam de mercenários drogados, com uma vida dupla, ambas falsas e sujas. Eu não achei nada sobre meus pais verdadeiros nessa pequena busca mas poderia encontrar algo muito mais significativo para a ocasião"

     Saí de baixo do conforto de meu esconderijo e me levantei, decidida. Parecia que naquele momento meus pensamentos se desligaram, eu não sentia mais nada e quase não escutava também. Olhei para Jader que naquela hora enforcava Alene impetuosamente e corri em sua direção, empurrando-o com todas as minhas forças. Devido a sua perna, já debilitada pelo furo do vidro, acabou se desequilibrando facilmente, caindo escada abaixo e silenciando qualquer outro tipo de lamúria. Alene ficou surpresa pelo ato, ofegante, com as mãos em seu pescoço recém sufocado.

     — F-filha... eu... nem sei como agradecer — Alene me deu um breve sorriso e se escorou em um canto da parede, seu corpo deslizou até o chão fazendo-a sentar.

     — Eu não sou sua filha — respondi ríspida. Em minha mão esquerda, segurava o mesmo caco de vidro que feriu Jader e com um gesto ágil, rasguei seu pescoço. Um jato de sangue grosseiro espirrou, manchando a parede, meu rosto e algumas partes dos pelos de Luna que estava próxima de mim. Alene não conseguiu falar nada, porém produziu um gemido baixo antes de fechar os olhos e se estatelar no chão emadeirado. Com as mãos frias e tremulas, desci as escadas e me certifiquei de que Jader também estava morto e para a minha sorte, sim, ele estava. 

"Cedo ou tarde aquilo iria acontecer e teria de ser pelas minhas mãos. Feito o crime, peguei todas as evidencias da empresa em que os dois trabalhavam, do projeto das irmãs Purnel  e as guardei em uma caixa media de madeira onde eu guardava minhas bonecas. O plano já estava traçado em minha mente eu sabia o que fazer a partir dali, o primeiro passo foi escrever esta carta e escondê-la em meu quarto"

     — Alô? Senhora policial, pelo amor de deus meu pai esta bêbado! Esta batendo na minha mãe! Venha o mais rápido possível! — Gritei no telefone. 

     — Mantenha a calma menina, qual o endereço da sua residencia? Mandaremos uma viatura imediatamente! — respondeu a mulher do outro lado da linha. Passado as informações, desliguei o telefone e levei a caixa com os documentos até o piso de baixo. A tempestade havia cessado, facilitando o caminho para o quintal, rumo a floresta. 

     — Vamos Luna, eu tenho que esconder essas coisas! — dizia a ela enquanto arrastava a caixa em uma mão e com a outra uma pá. Luna já não latia mais, ela sempre gostava de me observar em silêncio. Sempre andamos muito conectadas uma com a outra, desde que a ganhei de um mendigo de rua. Fora o presente mais inusitado e incrível que alguém já me dera. 

     Chegando no local do celeiro que escondia o projeto de Alene e Jader, cavei um buraco na terra úmida, na parte de trás do lugar, usando todas as minhas forças, juntadas conforme pensava em Luna e no futuro que eu planejara para nós. Cada parte de terra retirada era uma motivação que crescia dentro de mim como um fogo em brasa. Terminado o serviço, escondi a caixa ali e devolvi toda a terra que fora violada. 

     Satisfeita, entrei no celeiro e pela primeira vez, vi o drenador reverso. Ler em anotações e desenhos não era a mesma coisa do que estar ali, pessoalmente. A máquina era uma tela de computador velha, junto de um teclado branco sustentados por um pedestal ao lado de uma cadeira de couro preta, forrada. Havia uma pequena comoda de duas gavetas onde provavelmente estava os acessórios da geringonça. Parada na entrada do celeiro, observando a máquina, olhei para Luna e ajoelhei para perto dela. Com minhas duas mãos segurei seu rosto pequeno e olhei em seus olhos negros e bondosos. Seu rabinho começara a balançar para lá e para cá.

     — Todas essas pessoas vão pagar, eu prometo. Prometo que vou acabar com tudo isso, vou naquele orfanato e descobrirei tudo sobre essa diretora e sua irmã. Não sei o que acontecerá quando eu chegar lá mas eu vou chegar. Preciso retirar todas as minhas lembranças desses últimos tempos. Descobri que a diretora consegue monitorar os drenadores, ela não pode saber das minhas intenções, na verdade ela não pode saber de absolutamente nada que sei sobre ela e este projeto. Serei apenas mais uma de suas vitimas, mas não se preocupe, recuperarei minha memoria algum dia e voltarei para busca-la, eu prometo, Luna. Seja lá onde você estiver, eu vou te encontrar — após o monologo com minha cachorra, sentei na confortável cadeira e analisei os botões da maquina.  

     Não era difícil a sequência de botões, o que me amedrontava era a seringa que eu teria de usar para aplicar a dose do remédio. Abri uma das gavetas e peguei uma da seringas descartáveis. Na gaveta debaixo encontrava-se vários frascos com um líquido transparente. Pelo que eu tinha estudado sobre a máquina, o próximo passo antes da aplicação era os diversos fios de electromagnetismo que eu grudaria por toda a região da cabeça. Seguindo as instruções, preparei a dose e apliquei em uma veia do braço esquerdo, entretanto não usei apenas um frasco, apliquei quatro doses seguidas para um melhor resultado. 

     Se aquilo não funcionasse então tudo estaria arruinado.  

     Após um período longo em silencio, Luna voltara a latir. 

     — Eu prometo, não vou esquecer de você para sempre — sorri. Meu corpo estava cansado e cheio de suor, meu coração não parava de palpitar, aquilo era resultado de pura adrenalina. Afinal, tudo isso foi bom para mim? Ou era melhor viver no meio das mentiras criadas por Jader e Alene? Eu não fazia ideia do que viria a partir de então. Foi uma confiança que retirei de mim em um lugar que eu não sabia que existia. Nada iria garantir que este plano maluco funcionaria e só de pensar nisto algo se mesclou com esses dilemas: Medo. 

     Sem exitar, fechei os olhos, dei um suspiro e mordi os lábios. Quando apertei o botão principal uma descarga elétrica atingiu meu cérebro, minha boca começara a espumar, meus olhos embaçaram e meu ouvido já não conseguia captar nenhum som. Todo o meu esqueleto tremeu e esquentou. Minutos depois eu caí no chão, inconsciente. 

     O momento em que abri os olhos tive uma grande surpresa. 

     Eu estava deitada em um chão sujo, cheio de terra escura. Parecia um casebre velho ou algo do tipo. Me levantei e olhei para os lados intrigada. Era um celeireiro e atrás de mim, tinha uma maquina velha, cheia de fios. Comecei a ficar apavorada. Fui sequestrada por alguém? Dopada? Onde estavam meus pais? 

     O único som que se alarmava era os latidos de um cachorro. O animal estava inquieto, me rondando. Tentava lamber meus pés, mas não pude dar muita atenção pois minha cabeça latejava de dor. Sem entender muito o que estava acontecendo, saí daquele lugar frio e adentrei uma floresta assustadora. As arvores cercavam todos os cantos em que eu passava, pareciam inacabadas. O cachorro parecia me seguir, disposto a conquistar minha amizade. No caminho encontrei algumas fotos molhadas pelo chão, com furos no centro que pareciam ser dos próprios galhos das arvores. Nas imagens pude me ver com um rapaz que me era familiar, além do cachorro que também encontrava-se em uma das fotos. Peguei a foto e olhei atrás, onde estava escrito: Papai, Luna e eu.

     — Então seu nome é Luna? Me desculpe, eu realmente não me lembrava que tinha uma cachorrinha, você é linda! — Acariciei sua cabeça e segui a trilha de fotos, me deparando com o quintal de uma casa. Poderia ser a minha casa, eu devia ter me perdido. 

     Entrando pelos fundos, uma mulher trajada de policial me avistou. Me fez sentar em uma cadeira e começara a fazer varias perguntas que não me faziam muito sentido. Minha cabeça ainda doía e eu realmente não estava conseguindo raciocinar direito.

     — Você me ligou a pouco tempo atrás, não se lembra?

     — Não, senhora — parecia que todas as minhas respostas não faziam sentido para ela também. Quando finalmente parara de me importunar, a vi se distanciar e fazer um telefonema. Aproveitei a pausa e analisei o lugar em que eu estava. Era uma cozinha e haviam mais três policiais vasculhando por ali. Um deles estava sentado no topo de uma escada que dava para o piso de cima. Depois voltei a atenção para a mulher no telefone a tempo de escutar uma parte da conversa.

     — ... de acordo com os documentos as vítimas se chamavam Alene Wood e Jader Turner. A garota é a principal suspeita. 

     Principal suspeita? Que diabos estava acontecendo? Comecei a tremer de frio, Luna não estava mais em meu campo de visão, estiquei o pescoço para além da cozinha e vi policiais interditando algumas passagens e desenhando no chão com algum tipo de giz. Mesmo não sabendo o que faziam, era divertido vê-los tao sérios rabiscando o piso. Foi um momento oportuno para tentar me lembrar de alguma coisa, mas nada surgia. Nao existiam pensamentos que fizessem algum sentido, só um vazio.

     Algum tempo depois, minhas costas começaram a doer por ficar sentada naquela cadeira desconfortável e já estava cansativo analisar aquele pessoal estranho, quando por fim, a porta da sala se abriu e mais três rapazes apareceram. Seus trajes eram diferentes dos demais. Tinham uma cor mais clara com um distintivo mais bonito. 

     — Nós assumiremos a partir daqui oficial Rose — afirmou um deles, caminhando em minha direção. A mulher olhou para mim e depois voltou sua atenção para os rapazes.

     — Boa tarde, mocinha, prepare uma mala, você vai fazer uma pequena viagem. 

     — Viagem? Que viagem? O que está acontecendo? — questionei para ele, mas sem uma resposta clara. 

     — Seu motorista está te esperando, é melhor se apressar, ele não gosta de esperar. Sem mais perguntas por hoje.

"Desejo sorte para mim. E desejo sorte para você do futuro, em que está lendo isso e se perguntando muitas coisas. Acredito em nós e sei que quando eu encontrar esta carta novamente, minha vingança já estará completa e as irmãs Purnel, devidamente punidas. Vá ao local onde enterrei os documentos, e entregue-os para as autoridades, eles vão saber o que fazer.

Espero que tenha encontrado a Luna. Dizem que o cachorro é um anjo de quatro patas, ela é o anjo mais precioso que temos. 

Att. Pandora Moon."

02 de Dezembro de 1994

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