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ATO 3

Perca a fé, pois a própria, já desistiu de você

     Apesar do frio, meu corpo esquentara de pressa conforme eu me ajeitava, sentada na cama ao lado de tia Betty. Fios interligavam o pulso dela, acamada e inerte com ambas as pálpebras tremulas. Enquanto eu segurava sua mão esquerda, gélida, esperei que ela acordasse.

     — Não atrase sua vida por minha causa — disse ela ainda de olhos fechados.

      — Você é tudo o que tenho.

     — Estou... velha, afinal. Mais velha. Não espero nada mais da vida, minha querida... a morte já está impaciente comigo — Apertei sua mão e olhei para a maquina responsável pelos fios que a rodeavam. Depois me voltei para ela e suspirei. Escolhemos ficar em silencio por alguns minutos.

     — Tia, você ficará internada por um tempo, eles vão resolver o problema do seu peito, pode ter certeza disso.

     — Que problema? Estou me sentindo ótima — insistiu.

     — Você está com excesso de gordura nas veias centrais do coração. Após a bateria de exames, eles te encaminharão para uma cirurgia.

     — Isso não está me animando — advertiu abrindo os olhos lentamente e franzindo a sobrancelha.

     — Você logo vai esquecer de tudo o que estou falando, então que diferença faz? — caçoei.

     — A diferença é que mesmo eu esquecendo das coisas que me fala, eu não esqueço de você, Pandora. Isso faz toda a diferença — Olhei para o lado desconcertada, engolindo seco minhas próximas palavras — Promete uma coisa para sua tia.

     — O que?

     — Não desanime da vida tão cedo. Entregue os pontos só quando estiver com a minha idade. Vai viver, mulher! Não quero partir desta para pior sabendo que você continuara nessa mesmice. Faça pelo menos uma vez algo que você goste, chega de pensar nesta velha rabugenta, pois logo você irá virar uma também.

     — Não está muito longe desse dia chegar. Mas eu vou levar em consideração o que você disse, tia, tudo bem? Não vamos ficar falando sobre essas coisas agora, descanse um pouco. Já passei seus medicamentos diários para a enfermeira. Vou ao mercado, você quer que eu lhe traga algo?

     — Não, obrigada. Vá descansar também, foi um dia longo. Estou com meu celular, se eu precisar de alguma coisa eu te ligo — concluiu ela virando o rosto para o lado oposto. Tia Betty de fato estava amargurada por ficar em uma situação como aquela. Digo não pelo infarto, mas por pensar estar se tornando uma pedra no meu sapato. 

     O dia continuava lúgubre, com o céu coberto completamente por nuvens escuras, acinzentadas, ocupado por pássaros que voavam apressados, temerosos pela chuva que retornaria a Londres. A calçada do hospital, úmida, estava repleta de pessoas apressadas, atravessando a rua principal, sem olhar muito adiante. Algumas de jalecos brancos, outras de terno, segurando malas de couro beje e guarda-chuvas fechados entre o braço e a cintura, enquanto as demais dentro de seus veículos, grudadas em seus celulares, aguardavam impacientes a passarela. Minha visão parecia ter um filtro de câmera, pois tudo e todos tinham um tom semelhante, pincelados pelo céu.

     Quanta gente atarefada. 

     A maioria delas bem sucedidas, firmes em seus empregos, confiantes. Acredito que eu deveria estar nesse ritmo a muito tempo atrás, mas tudo o que consegui até agora foi ficar sentada em um super mercado por seis anos, para no fim, ser desligada por corte de custo.

     Olhar aquelas pessoas em constante movimento, deixava-me cada vez mais pessimista em relação a meus planos futuros. Com suas rotas e objetivos traçados, sabiam exatamente para onde ir e o que fazer. Provavelmente tinham famílias esperando em suas casas, com comidas fresquinhas, filhos chorões que se acalmariam ao ver seu ente chegando e dando atenção a eles. O cansaço valeria apena quando se tinha uma motivação para tal.

     Desde pequena eu sabia que essa era uma vida fora da minha realidade. Nunca poderia ter nenhuma dessas coisas naturalmente. O rumo que tomei fora assustadoramente diferente das demais, e para falar a verdade, já estava me acostumando. Um caminho solitário me espreitava e eu gostava disso. Ficar longe das pessoas e da civilização, em um lugar no meio do nada.

      Assim como era o Insanity Asylum.

     Parada na frente do hospital St.Mary, sentindo a brisa gelada batendo em meu rosto pálido, lembrei de outro momento desagradável da minha história. Terminei um relacionamento apático recentemente. O rapaz já encontrava-se com outra mulher quando fizemos aniversario de um ano. A própria amante me telefonara neste dia, avisando que tanto eu quanto ela eramos traídas por uma terceira. Vim parar neste mesmo hospital onde hospedava-se tia Betty para levar três pontos na costa da mão direita após atingir seu maxilar com um soco certeiro, porém o motivo mais alarmante da minha visita ao St.Mary naquela noite foi meu olho esquerdo, que estava semi aberto depois de ter sido retribuída com um golpe de meu parceiro.

      Não fui a uma delegacia, não o denunciei em nenhum lugar, apenas desaparecemos da vida um do outro. Nunca mais me relacionei com alguém desde então. São frustrações o bastante para uma vida inteira.

     Antes de ir para casa, desistindo da visita ao mercado e das lembranças desafortunadas, peguei meu celular do bolso e revirei minha lista de contatos. Alguns assuntos estavam pendentes e não desgrudavam da minha cabeça. Pensei em ignorar todos os meus problemas pessoais, mas fugir das coisas que estavam por vir era um ato covarde até mesmo para uma mulher que beirava a terceira idade. Então veio em mente a lição de casa que Feen pedira para que eu fizesse. Ir para algum lugar que me fizesse bem, ou que algum dia já me fez. 

     Seria um bom escape deste dia frustrante.

     — Taxi, por favor — disse ao motorista quando o vi próximo da calçada, com seu veículo estacionado.

     — Para onde vamos senhorita? — perguntou após me ver ajeitar no banco de trás.

     — Para o campo Mayfileds.

     O campo Mayfileds era o único lugar longe da cidade que me transmitia paz. O trajeto até lá era um pouco caro, mas desta vez, o investimento poderia valer apena. Da ultima vez que o visitei, os ramos lilás estavam enormes e bem floridos, o cheiro de lavanda predominava. 

     Após a viajem silenciosa até o local, paguei o motorista e desci do veiculo apressada. Meu medo era que a chuva estragasse meu curto passeio até aqui. Fechei os olhos e respirei novamente o familiar aroma. O campo Mayfileds era extenso, dividia os ramos em grandes colunas, onde podíamos passar por elas em caminhos terrosos. 

     As arvores ao fundo contracenavam com pequenas casinhas, quase que desaparecendo entre elas. Borboletas de diversas cores sobrevoavam os ramos, ganhando tanto atenção quanto as flores roxas. Parecia que um enorme balde de tinta de uma unica cor havia caído sobre aquele terreno, já que os tons vivos continuavam fortes apesar do tempo cinzento. Para minha sorte não haviam turistas, apenas alguns carpinteiro da região.

    Esfreguei minhas mãos uma na outra para aquece-las e as escondi no bolso enquanto eu caminhava pela apertada estrada de terra que dividia os ramos. Logo fui engolida pela paisagem. As flores encostavam em mim conforme eu passava por elas, o vento as faziam dançar para lá e para cá, numa sintonia harmoniosa. Quando menos percebi,  já me sentia muito mais leve, despretensiosa. 

     Se a vida fosse simples como eu pensava, estaria morando aqui, para sempre.

Capitulo novo todos os dias!

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