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ATO 14

Nunca menospreze o que voce é agora quando se tornar outra coisa depois.

      Um quadro de ponta cabeça de uma paisagem escura, florestal, com montanhas íngremes decorava o quarto cinzento de Diana, a mais velha e a única das meninas a não dizer sua doença ou deficiência. Um local mórbido e frio, localizado no ultimo cômodo do corredor de quartos. Sentava em sua cama, com lençóis bem passados e arrumados.

      Enquanto conversávamos, eu esticava a vista para as prateleiras empoeiradas de livros velhos e gastos ao lado da cama. A luminária que dava a pouca luz para o local estava com seus dias contados, fazendo a lâmpada piscar algumas vezes. A janela estava fechada, a porta, aberta.

      — Eu guardo os segredos das demais porque não gostaria que descobrissem os meus.

     — Amanda precisa um pouco mais de atenção que as outras, mas ela não confia em ninguém a não ser você.

      — Não posso ir nessa floresta com ela. Cada um corre seus riscos, Pandora. Soube que você não ficará conosco... Pretende ir embora amanhã cedo?

      — Sim, pretendo. Eu iria hoje, mas é melhor que eu fique pelo menos por essa noite.

      — Com certeza. Não sobreviveria nessa floresta.

      — Diana, você me parece mais ciente das coisas por aqui. O que tem nesta floresta?

      — É segredo.

      Dei um sorriso e a encarei profundamente.

      — Esse quadro que você tem pendurado me lembra um lugar que estive. Ele é exatamente assim, de ponta cabeça.

      — O que? Impossível! — concluiu ela.

      — É mesmo? Eu já estive em lugares muito complicados de se entender.

      — Não acredito em contos de fadas, Pandora. Já não basta Joice, que nos sufoca com contos de crianças que viajam mundos através de maquinas malucas. Não me tapeie com isso.

      — Contos de fadas... é isso que vocês sabem sobre crianças que viajam mundos? Gostei da ideia! E nesses contos, como é que essas crianças conseguem viajar por aí?

      — Elas têm furos na nuca, e é através deles que elas podem sonhar. Já ouvi essa balela umas mil vezes antes de dormir — debochava Diana.

      — São furos como este aqui? — Virei meu pescoço e tirei meus cabelos dali, deixando amostra o buraco que me fizeram uma década atrás. Diana arregalou seus olhos negros e se aproximou, incrédula.

      — Como...?

      — Posso te dizer o que sei se dizer o que sabe — sorri novamente voltando a encara-la. Diana levantou de sua cama e caminhou em direção a porta, fechando-a. Em seguida olhou para mim e ficou em silencio por minutos antes de voltar a falar.

      — Não existem apenas animais selvagens na floresta.

      — Certo, continue.

      — Não, sua vez agora.

      — Quando tinha sua idade fui internada em um orfanato horrível.

      — Tenho uma compulsão peculiar.

      — As maquinas dos sonhos se chamam drenadores e não são coisas boas.

      — Eu fujo para a floresta todas as noites.

      — No mundo dos sonhos existem criaturas que querem te matar.

      — Existem caminhantes na floresta, e todos eles são crianças com furos iguais ao seu.

      E então, nossa troca de informações cessou. Parei e analisei a situação. Meu coração começara a disparar.

      — Caminhantes?

      — Vamos, sua vez.

      — Crianças que usam muito os drenadores viram corpos vagantes...

      — Então chegamos na mesma parte da história — concluiu a garota.

      — Já chega, Diana. Se isso for verdade, quero que me mostre.

      — Você não vai gostar do que verá, acredite.

      — Já encarei muitos desses tais caminhantes, acredite.

      — Não estou dizendo sobre eles, me refiro ao que saberá sobre mim.

      — Diana, eu realmente não me importo. Não te julgarei por nada neste mundo. Só quero saber onde estou e o que está acontecendo aqui.

      — Depois da meia noite, me aguarde na porta da cozinha. Agora vá embora antes que alguém suspeite de algo.

      As coisas começaram a tomar forma a partir disto. A impressão que tive é que Diana já sabia sobre os drenadores e os furos, só queria uma confirmação vinda de mim ao notar meu conhecimento sobre o mundo dos sonhos. Era mais esperta do que aparentava. Fui para o quarto que Eleonor me emprestara e deitei na cama até que a hora planejada chegasse.

      Não vi mais Joice desde cedo. Era muito improvável que aquela mulher desse alguma informação de valor. Se eu dissesse que descobriria mais, estando com ela do que com as meninas, estaria mentindo. Crianças sempre tendem a falar a verdade, de um jeito ou de outro.

      Quando a meia noite chegara, alguém do lado de fora dera duas batidas leve na porta. Ao abri-la, Dianna estava ali, fazendo um sinal com a cabeça para que eu a seguisse. Passamos pelo corredor dos quartos e descemos as escadas em direção a sala. Depois entramos no pequeno corredor que dava para a cozinha e lá a garota voltara a falar.

      — Aqui, use isto para caso algo inesperado aconteça — Diana sacou de uma das gavetas do armário uma faca grande e pontuda, entregando-me.

      — Obrigada, mas... e você? Não vai se defender?

      — Não vai ser preciso, vamos.

      Diana segurava uma chave prateada na mão direita e com ela abriu a porta que levava aos jardins. Saindo do sitio, aceleramos os passos até a floresta.

      — Doeu muito? Esse furo que fizeram em você.

      — Não senti nada, eu estava desmaiada. Fui nota-lo bem depois, quando eu já estava presa no orfanato.

      — As pessoas que trabalhavam lá eram tão más assim?

      — Nem todos. A responsável por essas coisas ruins é muito mais do que má, é desumana. Mas chega de perguntas — interrompi impaciente, a sensação de tranquilidade estava passando. Entrando na floresta, Diana fez diversas curvas pela esquerda e pela direita, entravamos em caminhos estreitos até que por fim chegamos a uma caverna, nas extremidades do matagal. A garota permaneceu parada em frente a ela por instantes.

      — Como eu te disse, tenho uma compulsão estranha. Joice foi a única a me aceitar como sou e me acolher naquele sítio. Este é o meu segredo com ela. Prometi não contar, mas eu também tinha muita curiosidade nas histórias que ela contava. Eu já sabia, Pandora. Você saciou minha curiosidade, agora saciarei a sua, venha.

      Diana pegou em minha mão e me levou para dentro da caverna. O lugar era escuro, não se via uma palma a frente, mas senti um cheiro muito forte, podre. Comecei a tossir e meus olhos lacrimejaram. E foi aí que num clic, pequenas faíscas surgiram. A garota acendera um isqueiro revelando o cenário prometido. As paredes marrons estavam completamente manchadas de sangue coagulado, e pilhas de corpos enfeitavam o centro dali. Corpos despedaçados de crianças. Cabeças alinhadas em um canto, braços e pernas enfileirados em outro. Uma chacina organizada e perturbadora. Os corpos em si, no centro, estavam com buracos profundos e suas peles cinzentas e pútridas repletas de sangue. A igualdade em todos os cadáveres eram os olhos brancos, vazios.

      — Uma compulsão obsessiva e insaciável por carne humana — sorriu Diana para mim. Por mais repulsiva que tenha sido aquela cena, mantive a calma e não demonstrei interesse em absolutamente nada que ela me mostrara – Aquela fogueira ao lado é usada para assar as carnes, eu faço todo o trabalho. Desosso, retiro a pele e reparto os órgãos.

      — Canibal, você quis dizer. E está tudo bem. Está tudo bem com isso.

      — Não está surpresa? Nem com medo?

      — Não. Eu já disse que não te julgaria. Todos nós temos nossas peculiaridades, apenas se previna de doenças, carne crua pode ser fatal.

      — Sou cuidadosa, não se preocupe. Muito obrigada mesmo, Pandora.

      — Então, Joice te informou sobre esses caminhantes...

      — Sim, ela disse que eu poderia pega-los, portanto que eu jamais machucasse as outras meninas. Ela me contou a verdade sobre os drenadores e o que eles fazem. São todas crianças zumbificadas. Vagam por aí inconscientes, vazias por fora e por dentro. Apenas juntei o útil ao agradável.

      Com o facão em mãos, apertei o cabo e comecei a ficar tensa. Se uma pilha de corpos como esta existia, provavelmente mais das criaturas estavam por perto. A única coisa que me confortara era o fato de que são crianças, e eu, uma mulher alta, que poderia muito bem se defender sem esforços.

      — Vamos sair daqui antes que eu desmaie — Sugeri.

      — Como quiser. E não se preocupe, o caminho que faço para vir e voltar não passam caminhantes, eles temem os animais selvagens que ficam nas redondezas. Eu apenas pego os corpos já mortos e os trago para a caverna.

      Dianna saiu comigo e juntas retornamos para a trilha. Meu coração a mil, agora não pensava mais em nada a não ser isto. O que fazem esse tipo de crianças por aqui? E que segredos escondem além desta floresta?

      — Wendy é a guardiã das chaves do sitio, se quiser ir a locais mais interessantes, então ela é a pessoa certa. Esta chave que abre a porta para os jardins foi ela que me emprestou.

      — Você conhece os segredos das meninas e ela tem as chaves. De fato, distribuem bem as responsabilidades — concluí — Mas Joice confia mesmo a uma garota paraplégica as chaves de todo o sitio? Porque?

      — São perguntas de mais, vá descobrir por si só — respondeu a garota pegando em minha mão e acelerando os passos, rumo ao sítio. Como Dianna tinha dito, o caminho era seguro, ninguém nos avistara.


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