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ATO 6

Não há pior inimigo que um falso amigo.

      O tempo havia mudado tudo.

As pessoas com quem me relacionei nesses últimos meses estavam claramente abatidas. Até mesmo Petúnia, a mais forte e sensata dos irrecuperáveis não conseguia mais demonstrar uma boa aparência por trás de suas vestes exóticas. Patrick havia emagrecido significantemente. Seu rosto, que antes era rosado, agora estava opaco.

Sentamos em um canto do pátio naquele fim de tarde e contei todos os acontecimentos que passei com Pompoo e o lobo de Rumpel. Assim como eu, eles também tinham coisas para me contar. Me senti mais acolhida ao vê-los de novo, como se fossem parentes queridos que não se via há anos.

— Brok está desaparecido? — Repeti a última frase de Petúnia, incrédula — Desaparecido como?

— Aquele assassino sumiu de uma noite para outra, no mesmo dia em que você sumiu também. Deve ter fugido — Concluiu ela, sem muitas expressões.

— Brok não matou Lola, Petúnia. Disso você pode ter certeza. Pelo pouco que o conheço, o garoto jamais faria uma coisa dessas com alguém.

— Devo concordar com a Pan — dizia Patrick — é muito improvável que seja ele. Não podemos esquecer que existe uma grande farsa entre os irrecuperáveis. Alguém que se intitula "O lobo que rasteja". Seja quem for o desgraçado, matou minha irmã, e isto não será esquecido.

— Então, a tese foi reforçada? Acreditam mesmo que é um de nós por trás disso tudo? — Perguntei ansiosa, ao mesmo tempo aflita por Brok e por todas as coisas ruins que andaram acontecendo.

— Sim, nós acreditamos que possa ser um Irrecuperável — Terminou Petúnia, olhando diretamente para Patrick, em seguida para o pátio vazio. De fundo, uma suave canção vinda da velha vitrola — Quero acreditar que o abutre cego seja mesmo inocente. Pois se ele for o assassino, é bom que tenha fugido mesmo. Eu o decapitaria inteiro. 

— Dr. Feen, fecharemos o consultório em trinta minutos — Alertou uma funcionária dali, abrindo a porta do escritório. Ela trajava um jaleco branco, que pendurava um crachá metálico cravado seu nome. Logo voltou a fechar a porta, se retirando às pressas.

— Bom, acho que ficamos mais tempo do que o esperado — Sorriu o doutor, descontraindo a tensão da conversa — Pan, se importa se eu lhe fizer uma pergunta?

— Qual?

— Você tem problemas de insônia?

— Hoje em dia, quem é que não tem? — respondi sorrindo.

— Então acho que não se importaria em passar o resto do dia aqui, comigo — Feen tirou seus óculos ovais com cautela e pegou de seu único bolso do paletó um lenço amarelo. Com ele, esfregou gentilmente as lentes da armação. A janela de seu escritório, agora fechada, abafava o pouco barulho da avenida lá fora. Por um momento, escutei o canto das cigarras que anunciavam uma noite tranquila.

— Isso vai me custar alguma coisa? — perguntei intrigada.

— Só o seu tempo.

— Nesse caso, aceito mais um copo de expresso, por favor. 

     O terceiro andar havia sido liberado para todos os irrecuperáveis.

— Sejam bem-vindos a mais um ano letivo. Aos novatos, me chamo Oliver — Disse um rapaz alto. Ele aparentava uns quarenta anos, com óculos retangulares e bigode preto, sem barba dos lados. Tinha fortes marcas de expressão — Nossa tarefa de hoje é algo que já estamos acostumados em fazer no primeiro dia: Um desenho. Algo significante, que expresse o que estão sentindo no momento. Descarreguem no papel aquilo que lhes afligem. Sem medo.

Petúnia sentava do meu lado esquerdo. Desde que Pompoo expôs seu verdadeiro gênero aos demais, ela ficou dois dias trancada no subterrâneo, envergonhada do que pensariam dela, ainda sim, preferia ser chamada como Petúnia ao invés de seu antigo nome, Petrus.

Dante, um garoto que até então obedecia às ordens oportunistas de Petúnia, estava mais independente, concentrado em sua individualidade. Sentava na minha frente, de cabeça baixa focado em seus rabiscos.

Dayse estava atrás de mim. Uma garota negra, que sonhava em ser bailarina. Dançava muito bem. Seus passos são tão leves quanto uma pluma. Ela adorava quando eu tocava piano no pátio principal enquanto saltitava em nossos momentos de ócio. Por fim, Patrick, do meu lado direito, junto aos seus parceiros que estavam logo atrás.

A sala era fria. Parecia uma masmorra sombria. Tinha pedestais de velas em cada canto e mesas velhas de madeiras. Éramos em torno de trinta crianças ao todo. As janelas estavam pregadas, como as demais do orfanato. Ventos gélidos saíam pelas frestas das tabuas, mesmo com sinais de um intenso sol de verão lá fora.

O silencio era absoluto. Alguns risc risc aqui ou ali enquanto o Professor Oliver estava de costas para nós, observando o grande relógio na parede de centro, acima do quadro negro.

— O tempo acabou. Mostrem suas artes! — Disse sorrindo, virando-se e ajeitando seus óculos. Olhei para Petúnia, e a mesma retribuiu. Patrick também se virou para mim e juntos levantamos os papeis. O restante dos irrecuperáveis copiaram o gesto.

— Mas... o que significa isso?! — Exclamou abismado, indo em minha direção rapidamente.

Nos rabiscos, encontrava-se uma mulher queimando, e um ser demoníaco segurando um tridente, ao lado, cuja as palavras diziam: Queime no inferno, Pompoo! O mesmo se repetia nos desenhos de Petúnia, Patrick e de todos os seus parceiros Freaks.

A aula de artes acabou rápido naquele dia. Professor Oliver fingiu compreensão, e desviou nosso foco para outra matéria. Ele já não demonstrava tanta seriedade quanto antes. Aliás, os funcionários do orfanato sempre desviavam o assunto quando as coisas começavam a complicar.

Alguns irrecuperáveis ali já sentiam que algo diferente estava acontecendo. E não era apenas uma fase rebelde. Pegamos nossos desenhos e guardamos todos na sala de utensílios, colando-os na parede de fundo.

— Dante? — Perguntei ao vê-lo em frente a parede de tijolos. A única onde não se tinham colado nada. As demais crianças haviam ido embora do local.

— O que você pretende fazendo um desenho daqueles? — Perguntou para mim ainda de costas.

— É uma forma de protesto. Pompoo não é uma pessoa boa como pensam.

— Você não tem medo, Pan?

— Medo do que?

— Medo de sacrificar outras crianças por seus ideais.

— Meus ideais são os mesmos que de outros aqui. Crianças que querem justiça, e acima de tudo, sair deste lugar vivos. Você não acha injusto ficarmos presos nesse orfanato, com nossas vidas de verdade roubadas e apagadas? Porque se não se importa com nada do que está acontecendo, então é melhor repensar seus conceitos, Dante. Petúnia sempre foi muito lucida, e sei que ama ela. Você poderia se inspirar nela, e lutar com a gente.

— Eu a amo mesmo — O garoto se virou para mim — Mas não acho que as outras crianças vão aderir sua causa. Tudo o que os irrecuperáveis querem é fugir da realidade, como fazem quando dormem. Ninguém realmente tem ódio da Srta. Pompoo. Vocês são minoria.

— Eles devem acreditar em algo além das regras da diretora. Não precisam ter ódio, só precisam querer sair daqui. Serem livres. Você não quer sair daqui?

— Não tem nada lá fora que me interesse — E então, Dante se virou novamente para a parede, estendeu seus braços e colou seu desenho no centro.

— Bonito desenho — Disse a ele, observando o papel — Ao me aproximar, vi uma garota de vestidos parecido com Petúnia e um garoto de frente a ela, quase a beijando. De fundo, uma grande e bonita arvore de cerejeira e atrás do tronco, uma criatura quase imperceptível. O semblante da cabeça de um lobo com dentes afiados e olhos negros que observavam ambos.

— Dante... o que é ess.... — Ao me virar, fui atingida no rosto por um pedaço de madeira. Caí com um forte baque entre as tralhas que estavam espalhadas por toda parte, amortecendo a queda. A dor latejante que alfinetava todo o meu rosto foi desaparecendo ao abrir os olhos e ver mais um golpe vindo em minha direção. Consegui desviar, rolando o corpo para a direita. Dante estava bem lúcido. Com uma expressão séria. Seus olhos olhavam para o vazio. Ele sabia bem o que estava fazendo.

Peguei o primeiro objeto que estava em meu alcance e o arremessei em sua direção. Dante defendeu com o pedaço de madeira.

— Você... é o maldito lobo que rasteja... — Cuspi as palavras com o coração quase pulando para fora da boca enquanto o garoto sorria maldosamente.

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