+.• 02. side effects
— Eu? — perguntei assim que me virei para ele.
— O Sr. Choi quer que vamos até sua sala, receberemos uma punição. — Ele explica com um semblante sério e eu assenti.
— Estarei lá..— Murmurei e ele assentiu se afastando.
— Uau..a beleza dele é surpreendente! — Minjoo murmurou de olhos arregalados.
— Parece que meu sangue congelou no meu corpo agora. — Falei e Minjoo suspira.
— Uma forte presença.
— Não acredito que vou ficar depois da aula..— Lamento e Minjoo me olha com um sorriso maroto.
— Com Kim Taehyung.
— Minjoo, por favor.
Não sei o porquê da insistência dela nesse assunto, acho que ela apenas quer me deixar envergonhada. Assim que o sinal tocou, Minjoo vai para a sala de aula e eu vou até a sala dos professores falar com o Sr. Choi, os corredores foram se tornando desertos por todos os alunos estarem indo para suas classes e eu não tive tanta dificuldade assim para chegar a sala dos professores.
— Olá Sr. Choi. — Falo adentrando a sala após bater na porta.
— Chaerin, entre por favor. — O homem fala e vejo que Taehyung estava ali também junto de mais três alunos. — Eu os chamei aqui para lhes dar sua punição, Woohyun e Soojin irão limpar a sala de artes, Chaerin, Taehyung e Yena ficarão responsáveis pela limpeza do laboratório de química, quero todos fazendo seus trabalhos assim que o último sinal tocar. Não se atrasem ou será pior. Estão dispensados. — Ele nos libera e todos saímos da sala.
Corri pelo corredor indo para minha sala e a professora já havia começado sua aula, mas quando adentrei a sala, ela fingiu que não havia me visto e eu me sentei em meu lugar e Minjoo anotava algo em seu caderno.
— Ei, eu já sei como você pode chamar a atenção do Jeon. — Minjoo sussurra para mim, como ela se sentava atrás de mim a professora não nos vê cochichando por estar de costas.
— Como?
— Você começará a escrever bilhetes e colocará no meio das coisas dele. — Ela responde e eu fico confusa.
— Não somos da mesma turma, alguém pode ver.
— Ninguém verá, eu te garanto! — Minjoo assegura e eu suspiro.
Quase me atrasei, mas descobri que estava mais adiantada que meus colegas. O Sr. Choi já estava no laboratório me esperando. Quando adentrei a sala o professor já indicou as flanelas e o esfregão ali presentes e só de ver os materiais de limpeza minhas costas e ombros já sentiram uma leve pontada.
— Comece, irei buscar seus parceiros. — Ele fala antes de me deixar sozinha na sala.
Comecei a limpar a bancada e organizar os medidores, uma coisa era certa, eu detestava química, simplesmente não é algo ao qual eu realmente goste. Me assustei ao ouvir a porta se abrindo com certa brutalidade e quando olho em direção a mesma vejo o Kim adentrando.
— Me desculpe por tê-la assustado. — Ele se desculpa com um tom de voz baixo e eu assenti.
— Tudo bem. — Respondo sem graça e volto a fazer o meu trabalho um pouco desconfortável e com o pensamento de como aquela porta ainda estava inteira?
Alguns minutos se passam e o Sr. Choi volta com uma expressão de poucos amigos e nos olha por um momento antes de começar a falar.
— Aparentemente a outra parceira de vocês fugiu. Serão apenas vocês os dois, então sejam rápidos e acabem logo com isso. Venho dentro de meia hora para saber se já acabaram. — O mesmo fala antes de nos deixar sozinhos fazendo a limpeza.
— Porque ele é tão ranzinza? — o Kim se pronuncia e eu apenas permaneço no mais puro silêncio. — Você também é do 3 ano, né?
— Ah, sou sim. — Respondo timidamente e o mesmo se cala e assim como eu fazendo o seu trabalho.
Era muito estranho estar com o Kim no mesmo lugar e fazendo a mesma coisa. Ele era diferente dos outros meninos, alguns teriam começado a fazer piada comigo apenas pelo fato de eu ser órfã e de não ter todas as coisas como a grande maioria ali. Ele ao mesmo tempo que parecia ser elegante, refinado e bonito, também tinha um ar despreocupado e de humildade. Embora não tenhamos trocado mais que meia dúzia de palavras, mas só o fato dele ter sido educado já deixa bastante óbvia a sua boa índole.
Depois de deixarmos a sala toda limpa não demorou muito para o Sr. Choi aparecer e examinar nosso trabalho, ele nos liberou depois de ver que havíamos feito um bom trabalho. Saí da sala com minha mochila nas costas correndo em direção a saída da escola, perderia o metrô e a senhora Jang poderia acabar me dando um castigo e eu não queria ter mais castigos do que os que já tenho. Quando estava prestes a atravessar a rua um carro preto e de luxo parou bem em minha frente e eu me assustei, logo o vidro do banco traseiro se abaixa e eu vejo Kim Taehyung com uma expressão fechada.
— Aceita uma carona?
— Eu posso pegar o metrô mesmo..— Falo sem graça e o garoto revirou os olhos.
— Chegará mais rápido em casa se vier comigo, e provavelmente já deve ter perdido o metrô. — Ele insiste e eu mesmo contrariada entro no carro assim que o Kim abre a porta pra mim. Nunca imaginei estar em um carro com Kim Taehyung e um chofer.
— Obrigada, não precisava ter se incomodado. — Estava com medo de encostar em qualquer lugar e acabar sujando o estofado do seu carro, por isso me contive o máximo que pude.
— Tudo bem, é o mínimo que posso fazer, se não tivesse me ajudado hoje, seria difícil fazer tudo em tão pouco tempo. — Ele fala olhando para a paisagem e eu percebo o quão frio ele era, talvez a palavra distante descrevesse-o melhor.
Ele parecia ser indiferente a tudo, e eu quero saber onde estava o Kim simpático que todos diziam que existia. Ele não me pareceu ser simpático, apenas educado e polido. Mas ainda sim conseguiu ser melhor que o Jeon que além de ser mau educado foi antipático comigo. E eu odeio ter que dizer isso mas ainda gosto muito do Jungkook, porque eu sou uma idiota e trouxa.
Assim que chegamos em frente ao orfanato desço do carro agradecendo mais uma vez e o Kim apenas balançou a cabeça antes de partir. Adentrei a casa velha de dois andares e vejo as outras crianças indo jantar. Eu era a mais velha dentre todos os órfãos e eu não seria mais adotada, já perdi a esperança a muito tempo. Tantas foram as vezes que algumas famílias se interessaram em me adotar mas não seguiram em frente com a papelada de adoção por N motivos. E eu não sei porque nunca fui adotada. Nunca fui uma criança malcriada e nunca desrespeitei ninguém.
— Chaerin, você está atrasada! — Sra. Jang ralha comigo e eu encolhi os ombros.
— Cheguei atrasada à escola, eles me deram uma punição, tive que limpar o laboratório depois da aula. — Me expliquei com a esperança de que ela deixaria isso passar.
— Chaerin quantas vezes eu já lhe disse para ser pontual? Deve ser por isso que não foi adotada até o hoje, se não é uma pessoa pontual, logo não pode lidar com as responsabilidades. — E só Deus sabe o quão duras foram aquelas palavras. — Você ficará sem jantar, vá direto para o quarto solitário onde receberá a sua punição! — As outras crianças me olhavam aterrorizadas e de olhos arregalados, nenhum deles gostava de ir até o quarto solitário, era escuro, húmido e frio e eu já estive lá mais vezes do que poderia contar.
Por isso, apenas fiz como ela mandou, a senhora Jang sempre dizia coisas assim, palavras que sabia que iriam realmente me machucar e eu não podia fazer nada pois ela era a diretora do orfanato, ela só estava esperando o momento certo para me mandar ir embora pois logo faria dezoito anos e já não seria responsabilidade de ninguém e viveria por conta própria, mas enquanto estivesse ali, ela poderia fazer o que bem entendesse e ninguém diria nada.
O sol deve estar raiando pois o quarto se tornou abafado de repente e o mofo das paredes tem um cheiro mais vivido. Ontem a senhora Jang apenas me advertiu sobre minha conduta, ela não chegou a usar sua cinta — o que pode ser considerado um milagre —, ela fazia questão de fazer com que eu me sentisse deplorável, mas tais coisas nunca foram expostas a ninguém de fora do orfanato. Nunca mencionei sobre os castigos que recebi a vida inteira, nunca contei nem mesmo a Minjoo, pois isso seria pior.
— Erin! — A porta do quarto foi aberta por Sohyun, ela era uma das crianças menores. — A mãe disse que você pode sair! — Ela inocentemente falou e eu apenas assenti me levantando do colchão velho em seguida.
As crianças menores costumavam chamá-la de mãe por acharem que ela estava sendo boa com eles, quando na verdade era apenas uma questão de tempo até que mostrasse sua verdadeira face a um único tropeço ou passo em falso que derem. Teria de ir para a aula, mas quase não aguentava meu próprio corpo por ter em um colchão velho e mais fino que uma folha de papel.
O som de vozes animadas se fez presente no corredor assim que saí do quarto solitário, as crianças estavam indo tomar café da manhã, então era cedo o bastante para me aprontar e ir para a aula, se me apressasse pegaria o trem das 06:30 horas e chegaria no colégio antes do sinal tocar, evitar chegar tarde era minha nova meta da semana.
Entrei no quarto em que vivia e dividia com mais seis meninas, meu uniforme estava todo abarrotado por eu ter dormido com ele, o outro era pequeno demais para mim e teria de ir com o que vestia por não ter outro. Fui até o baú que ficava próximo a minha cama e peguei uma nova muda de roupas íntimas, minha toalha e saí correndo para o banheiro caso o contrário teria de esperar as outras meninas e tudo o que menos queria era brigar com elas por demorar demais no banho logo pela manhã.
Saí do quarto e corri indo até o banheiro e vi uma das meninas saindo de um outro quarto do outro lado do corredor, ela me olhou e eu olhei para ela não demorando nada em correr até a porta do banheiro e entrando em seguida e tudo o que ela pôde fazer foi socar a porta de madeira velha demasiadas vezes. Respirei fundo recuperando o fôlego e começando a tirar a roupa para ir tomar meu banho rapidamente pois não queria chegar atrasada no colégio.
— Chaerin, você desceu pelo ralo? — Uma das meninas fazia plantão na porta e me apressava como se não houvesse amanhã.
— Eu já vou sair! — Minha resposta pareceu acalmá-la por hora.
A parte mais difícil foi me vestir, pois o banheiro era um cubículo e eu ao menos conseguia esticar os braços para vestir o blazer, mas depois de um sufoco tudo deu certo. Escovei os dentes e depois dei um jeito no meu cabelo que estava solto e úmido por eu apenas ter tido tempo de usar a toalha pois estava sem secador. Sai do banheiro e Jokyung estava na porta do banheiro com uma expressão fechada enquanto havia uma fila com 5 garotas atrás dela.
— Uma tartaruga consegue ser mais rápida! — Ela soltou antes de passar por mim e entrar no banheiro fechando a porta com certa brutalidade.
Apenas dei de ombros e fui até o quarto para deixar minhas coisas e pegar minha mochila e sapatos e sair correndo pelo corredor em seguida. Calcei os sapatos já gastos e abri a porta percebendo que já deveria ser quase 7 horas pois o sol já estava lá em cima e eu provavelmente já perdi o trem das 06:30 horas, por isso corri pela calçada como se não houvesse amanhã, eram quase dez quadras de distância até a estação de metrô, mais ou menos quinze minutos de caminhada mas correndo poderia ser em menos tempo.
Depois de chegar na estação, pegar o trem lotado e saltar na estação de Gangnam, ainda tomei um banho de água empossada, pois um louco passou com tudo faltando apenas duas quadras para chegar ao colégio. Ainda irritada caminhei pela calçada e virando a esquina vi o mesmo carro esportivo estacionar e quem saiu do lado condutor foi ninguém menos que Jeon Jungkook.
O mundo quer que eu o odeie a todo custo ou eu apenas sou trouxa demais para não notar sua real personalidade?
Bom, eu já tenho todos os capítulos prontos, até o sétimo, mas vou dar uma revisada antes de soltar cada um deles, talvez solte o terceiro hoje mesmo se der tempo!
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