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Capítulo Único

"I was there for you in your darkest times
I was there for you in your darkest night

But I wonder, where were you?
When I was at my worst down on my knees
And you said you had my back
So I wonder, where were you?
When all the roads you took came back to me
So I'm following the map that leads to you"

- Maps by Maroon 5


Aviso: pode conter gatilhos.

           Gretha sentiu as pernas fraquejarem e o seu corpo ceder, os joelho raspando no asfalto. Viu a sua sombra crescer sobre a lápide, o sol aquecendo-lhe as costas, os cabelos loiros fustigando-lhe o rosto à medida que o vento invernal soprava.

- D-Desculpa, pensei... Pensei que não estivesse aqui ninguém.

         A voz conhecida fez o seu coração traiçoeiro acelerar. Mesmo perante aquelas circunstâncias, Gretha sentia o corpo estremecer ao tê-lo perto de si, a sua figura alta tapando os raios de sol que instantes antes a aqueciam. Ergueu o rosto, encarando o rapaz destroçado, a dor quase palpável na sua expressão.

- Não faz mal. - conseguiu dizer, num sussurro - Podes ficar. Se alguém devia estar aqui... és tu.

- E tu. - ele fez uma pausa, as palavras saindo-lhe trémulas e sofridas - Lamento. Lamento tanto, e-eu... Não consigo imaginar o que estás a sentir.

Ela não respondeu de imediato, os pensamentos longe, os olhos azuis desviando-se para encarar a lápide à sua frente. As letras gravadas na pedra pareciam dançar à sua frente, baralhando o nome que tanto dissera ao longo da vida, demasiado irreais para serem verdadeiras.

Gwendolyn Stacy
Amada filha e irmã
Mais uma estrela no céu.

Gwen. A sua irmã gémea, a segunda parte de si, a menina bonita e inteligente que tanto invejava. Se fechasse os olhos, conseguia ouvir o seu riso ainda na sua cabeça, a sua voz, o seu sorriso torto quando via a irmã chateada e queria animá-la. Recordava-se das brincadeiras de infância, da disputa pela atenção do pai, das correrias, das experiências malucas que faziam enquanto sonhavam em ser cientistas.

- Não, não consegues. - retorquiu, pondo-se de pé - Ninguém consegue.

          Peter Parker fitou a irmã gémea da sua namorada com pesar. Por sua vez, Gretha fitava-o com lágrimas nos olhos, as palavras a queimarem-lhe a garganta enquanto as engolia, forçando-se a si própria a esconder os seus sentimentos. Mas para quê? A quem ela queria enganar? Não havia mais nenhum segredo. Não havia mais nada a fazer a não ser aceitar a verdade dura e crua.

- Tu não fazes ideia do que eu sinto. - reforçou, encarando-o com os olhos marejados de lágrimas - Tu nunca te apercebeste, pois não? Peter, eu... Por vezes, eu desejei que ela não... Não existisse. - as palavras saíram-lhe como facas, cravando-se no seu próprio coração, dolorosamente aguçadas - Eu queria que ela não existisse, que ela desaparecesse, que ela... Gwen sempre foi a estrela mais brilhante, sabes? Bonita, inteligente, gentil... E eu não me importava. Não me importava nada que todos soubessem o nome dela na escola, que ela fosse a preferida dos nossos pais, que todos a estimassem tanto e eu fosse apenas a sua sombra. - Gretha abanou a cabeça, as lágrimas escorrendo-lhe pela face abaixo - Mas havia algo... Algo que ela tinha que eu daria tudo para ter. Algo que eu faria tudo para ter apenas uma oportunidade...

A jovem esboçou um sorriso triste, observando o rosto do rapaz à sua frente com carinho.

- Tu, Peter. Eu faria tudo para ter a oportunidade de sentir o amor que tu tinhas por ela. Daria tudo para poder ter o teu olhar sobre mim como Gwen tinha. - uma gargalhada amargurada escapou-lhe pelos lábios ao ver Peter Parker arregalar os olhos, em choque - Sou apaixonada por ti desde que me conheço, Peter. Via-te escondido nos corredores, o nerd tímido que tinha medo da própria sombra, o menino brilhante e inteligente que perdera os pais tão novo mas que tinha uma garra como eu nunca vi noutro ser humano. Fui eu que me tornei tua amiga primeiro, lembraste? Estive sempre lá mas tu... Tu escolheste Gwen. Tu apaixonaste-te por Gwen.

           Viu o rapaz recuar um passo, a surpresa dançando no seu rosto, os cabelos castanhos bagunçados pelo vento e pelo hábito que tinha de passar as mãos pela cabeça quando se sentia mais nervoso... ou perdido. Foi isso que ele fez. De forma inconsciente, esfregou o topo da cabeça enquanto a abanava, os olhos fitando o chão ao dizer:

- Eu não sabia...

- Desejei tanto que ela não existisse... Que talvez alguém tenha respondido às minhas preces. Eu desejei que ela desaparecesse e agora... Agora ela está morta. - disse Gretha, olhando para o céu - Talvez... Talvez por isso ela esteja morta. Por minha culpa, por culpa do meu egoísmo, da minha inveja...

- Gretha, não, a culpa não é tua. - Peter aproximou-se dela, consternado - Tu amavas... Amas a tua irmã. Nunca lhe desejarias tal coisa, não de verdade...

- A culpa também não é tua e sei que te culpas. - retorquiu Gretha, vendo-o empalidecer ao continuar - Não havia nada que pudesses fazer. Eu sei, Peter. Eu sei quem tu és. - fez uma pausa, soltando um suspiro - O Homem-Aranha. O herói da vizinhança. Eu sei que estavas lá quando a Gwen morreu, eu sei que tentaste... Tu tentaste salvá-la mas não conseguiste e não havia mais nada que pudesses fazer porque se houvesse eu sei que tu farias. Tu farias tudo por ela.

- Como...

- Como sei? - a loira soltou uma risada vazia, fitando a lápide com desgosto - Como não saber? As filmagens que via, as fotografias, os boatos... Era óbvio que eras tu. A tua expressão corporal, as tuas piadas, a tua forma de ser e de estar... Fui eu que disse a Gwen quem eras. Ela não acreditou de imediato em mim mas eu tinha a certeza. Como disse: sou apaixonada por ti desde sempre. É normal que te reconheça até com a cara tapada por aquela máscara idiota.

          Peter não respondeu e Gretha apreciou o silêncio que se instalou entre eles. Não havia mais nada para ela ali. Naquela sepultura, jazia o corpo vazio da irmã gémea, mas o seu espírito encontrava-se bem longe dali. Dizem que os gémeos estão ligados de uma forma profunda, os verdadeiros gémeos podem até sentir a dor do outro à distância. Se assim fosse, estaria Gwen a sentir a sua dor, onde quer que estivesse?

- Parto para Londres amanhã. Vou seguir as pisadas de Gwen, por mais irónico que isso seja. - Gretha esboçou um sorriso entristecido, acariciando com as pontas dos dedos o nome da irmã - Se continuar na sua sombra, talvez a consiga sentir só mais um pouco. Só até... Até a dor passar.

          Ergueu o rosto, encarando o amigo com os olhos azuis repletos de dor e pesar. Peter encarava-a da mesma forma, como se fossem o espelho um do outro: a mesma culpa, a mesma perda, a mesma dor.

- Fica bem, Peter.

           Fez menção de lhe virar as costas mas a voz de Peter fê-la estacar, surpreendida.

- Porque lhe disseste quem eu era?

          Gretha franziu o sobrolho, confusa.

- O quê?

- Porque disseste a Gwen que eu era o Homem-Aranha? - questionou Peter, embora sem qualquer rancor na sua voz - Porquê? Para nos separar? Para a assustar?

- Claro que não! - exclamou a loira, horrorizada - Não era propriamente a situação mais segura para a minha irmã, pois não? Já vi filmes suficientes para saber que namorar um herói acarreta um perigo eminente do qual Gwen não tinha conhecimento. Eu contei-lhe para a proteger, Peter. Podia estar apaixonada por ti mas não queria que a minha irmã tivesse a vida dela em perigo por tua causa.

         "Mesmo que eu própria estivesse disposta a arriscar a minha segurança e a minha vida para estar contigo..." pensou, mas mordeu a língua, ciente de que o tempo de dizer fosse o que fosse ao rapaz que amava já passara.

         Peter esboçou um sorriso, o primeiro sorriso genuíno que via desde que ele a encontrara ali.

- Vês? Tu amas a tua irmã. Querias protegê-la, querias salvá-la, querias que ela fosse feliz e que estivesse segura. Tu amas a tua irmã, Gretha. Por isso, por muitos pensamentos negativos que tenhas, por muito que por vezes... Que por vezes a quisesses longe, tu amavas a tua irmã e Gwen sabia disso. A culpa não é tua. Tu não desejaste que a tua irmã morresse, Gretha.

           A gémea de Gwen Stacy nada disse. Em silêncio, deixou as lágrimas escorrerem, sentindo as palavras de Peter acalmarem a dor no peito que a atormentava desde que a irmã morrera. Num ato corajoso, aproximou-se dele, rodeando-lhe a cintura com os braços e puxando-o para um abraço, o qual foi de imediato retribuído. Peter Parker pousou o queixo no topo da sua cabeça, envolvendo-a contra si. A mente traiçoeira de Gretha tentou convencê-la de que Peter apenas a abraçava tão profundamente porque ela era igual a Gwen. Com um suspiro, empurrou os pensamentos para longe, recusando-se a deixar que a sua insegurança a atormentasse. Enterrou o rosto no peito dele e soluçou, permitindo-se chorar nos braços do amigo.

- Eu também sinto muito a falta dela. - ouviu-o sussurrar, sentindo o choro contido nas suas palavras.

        Nada mais precisava de ser dito.

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