04 | 'THE FIRM'
Os sinos da Abadia de Westminster repicam por Londres, seus alegres toques ecoando pelas ruas, pelos parques, pelo próprio The Mall — do começo ao fim. São 10h15, e Joe e eu estamos no banco de trás do carro, um Rolls Royce Phantom IV. Essa parte da cidade passa pelas janelas enquanto seguimos para a Abadia. Embora estejamos saindo do Palácio de Buckingham, onde Joe esteve a manhã toda, ficamos na Clarence House na noite anterior, nós dois em quartos separados com a vista do jardim. A viagem é mais curta, mas ainda parece um longo caminho.
Agora, quando o carro chega à Abadia, posso sentir a tensão em meus ombros, a maneira como minha respiração não parece certa. Não sei como Joe se sente, mas imagino que não seja tão diferente. Mesmo que os motivos sejam diferentes.
— Pronto? — pergunto, minha voz baixa, enquanto o carro para completamente.
Ele acena, sua mandíbula cerrada, e eu saio do carro primeiro, parando ao lado para que ele possa sair também. Eu aceno enquanto os gritos de milhares de pessoas amontoadas atrás das grades de segurança fechando a rua frente a abadia ficam mais altos, o que parece ter um efeito ainda maior porque os gritos continuam e eu começo a escutar meu nome no meio do coro. O flash das câmeras é momentaneamente um incômodo maior, mas somos escoltados para dentro para esperar a cerimônia começar. A capela pela qual entramos está silenciosa, o clima frio e parado, e eu posso ouvir o leve som de vozes da parte principal da abadia enquanto os convidados ainda estão chegando.
À partir das 10h20, a realeza estrangeira começa a entrar, seus rostos familiares de inúmeros jantares de estado e visitas oficiais que aconteceram em residências oficias. A mãe de Taylor, Andrea, e seu irmão, Austin, chegam logo depois. Às 10:30, o resto da família real começa a chegar — meu pai e Anneliese, seguidos pela Rainha Charlotte e o Príncipe George às 10:45, com a fanfarra dos Trompetistas Estaduais da Cavalaria Doméstica anunciando sua chegada. Parece antiquado, mas esperado.
A Abadia está cheia de som agora. Estou bem perto de uma janela. Minhas mãos estão cruzadas atrás das costas, meus olhos correndo pela frente e depois se desviando para fora enquanto viro minha cabeça, fazendo isso a cada dois minutos porque pareço muito ansiosa para não fazer isso.
E então, finalmente, o momento que todos estão esperando acontece.
Eu sei disso porque a comoção lá fora fica mais alta, e então vejo Taylor saindo do carro, e por um momento o mundo parece parar. O vestido dela é um de renda em cor marfim, e sei que foi desenhado por Sarah Burton da Alexander McQueen. É de tirar o fôlego, ainda mais bonito nela do que eu me lembrava de quando o vi pela primeira vez em Buckingham. O tecido abraça sua figura perfeitamente, a renda delicada e intrincada, e seu buquê — murta, lírio, clematite e jacinto — é um belo destaque contra o branco. Alguém chama Joe, e eu estou me arrumando em pouco tempo ao lado. Então saímos da capela até chegarmos lá, entrando pela lateral e indo até o altar, caminhando lentamente junto com o coro, passando por fileiras de pessoas que abaixam a cabeça em reverência ou se curvam completamente, inclinando o rosto ainda mais e dobrando os joelhos até a metade. É a hora certa, Joe sabe. Olho para ele quando chegamos ao altar e ele sabe pela minha expressão que ela está lá, ainda longe, mas perto o suficiente. Ele não consegue olhar para ela, porque não pode, mas não parece se importar, quase como se pudesse ficar doente a qualquer momento só de pensar nela caminhando em sua direção.
— É ela? — ele murmura a pergunta.
— É ela.
Taylor entra na Abadia com seu pai, Scott, pela Porta Oeste, e para na Capela de St. George, onde fica a Cadeira da Coroação. O corredor foi transformado em uma avenida de árvores, seis bordos e duas árvores de carpa alinhando o caminho, suas folhas de um verde vibrante contra a pedra da Abadia.
Enquanto Taylor começa sua caminhada pelo corredor, o coro canta "I was Glad" de Charles Hubert Hastings Parry, suas vozes subindo e descendo em perfeita harmonia. A London Chamber Orchestra e a Fanfare Team da Central Band of the Royal Air Force se juntam, a música crescendo para preencher o espaço.
Eu observo enquanto Taylor caminha cuidadosamente ao redor do Túmulo do Guerreiro Desconhecido, o único túmulo na Abadia que nunca é pisado. Seus passos são lentos, seu rosto calmo e composto, e não consigo deixar de sentir que não deveria estar fazendo isso — observando-a. Mas não consigo desviar o olhar, mesmo com ao meu lado, seu rosto virado para o altar, sua respiração quase rápida e irregular demais.
A caminhada parece durar para sempre, mas finalmente, após uma procissão de quatro minutos, passando pelo coro, Taylor chega ao tabernáculo e dá seus últimos passos em direção ao Altar-Mor.
Joe está esperando por ela, seu rosto é uma mistura de nervosismo e alívio, e quando ela o alcança, parando ao seu lado, ele não consegue deixar de sorrir, a tensão em seus ombros diminuindo completamente. Scott parece emocionado, e Joe se inclina para dizer algo para ele que está parado ao lado da filha, mas eu não consigo entender o que exatamente.
O Sacrário é iluminado por luz artificial, mas os padrões intrincados do Pavimento Cosmati estão brilhando sob os pés de Taylor por conta da luz natural lá de cima. O mosaico, colocado em 1260, parece quase vivo. Tudo é muito perfeito, como o dia exige.
O Reverendíssimo Dr. John Hall, Reitor de Westminster, está no centro de tudo. Ao lado dele está o Reverendíssimo e Honorável Dr. Rowan Williams, Arcebispo de Canterbury. A congregação se levanta como uma só, suas vozes se juntam no hino de abertura, Guide Me, Oh Thou Great Redeemer. O hino galês enche a Abadia. Eu dou alguns passos para o lado, minhas mãos firmemente entrelaçadas na frente do meu corpo, meus olhos fixos no altar.
O Arcebispo dá um passo à frente, sua voz fica firme e clara enquanto começa a solenidade do casamento. Joe recebe Taylor das mãos do pai dela, o rosto de Scott está certamente caindo para algumas lágrimas enquanto ele dá mais um passo para trás, ficando na mesma linha em que estou, do outro lado. Joe pega a mão direita de Taylor, seus dedos tremendo levemente, e ele repete após o Arcebispo.
— Eu, Joseph Matthew Phillip Louis, tomo você, Taylor Alison, como minha esposa, para ter e manter deste dia em diante, para o melhor, para o pior: para a riqueza, para a pobreza; na doença e na saúde; para amar e cuidar, até que a morte nos separe, de acordo com a santa lei de Deus; e a isso eu te dou minha fidelidade.
Eles soltam as mãos, e Taylor pega o aperto direito de Joe, sua própria voz parece um pouco trêmula enquanto ela repete os votos, soando mais baixo, e eu reparo como seu sotaque que é sempre um misto entre o americano e um posh e plummy, parece mais forte. Eu sei que ela está nervosa.
— Eu, Taylor Alison, tomo você, Joseph Matthew Phillip Louis, como meu esposo, para ter e manter deste dia em diante, para o melhor, para o pior: para a riqueza, para a pobreza; na doença e na saúde; para amar e cuidar, até que a morte nos separe, de acordo com a santa lei de Deus; e a isso eu te dou minha fidelidade.
O Arcebispo abençoa a aliança que é entregue. Seguindo a tradição da família, a aliança de casamento é feita de uma grande pepita de ouro originária do País de Gales, que tem sido usada para fazer as alianças de casamento da família desde 1923. A aliança de ouro simples deve complementar o anel de noivado de Taylor, mas agora ele está sozinho.
— Abençoe, ó Senhor, este anel, e conceda que aquele que o der e aquela que o usar possa permanecer fidelidade um ao outro, e permanecer em sua paz e favor, e viver juntos em amor até o fim de suas vidas. Por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém.
Joe pega o anel e o coloca no quarto dedo da mão esquerda de Taylor.
— Com este anel eu me caso; com meu corpo eu te honro; e todos os meus bens materiais com você eu compartilho: em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Antes que ele possa continuar, há o aceno para que Joe e Taylor se ajoelhem diante do genuflexório em veludo avermelhado, enquanto o Arcebispo lidera a congregação em oração.
— Ó Deus Eterno, Criador e Preservador de toda a humanidade, doador de toda graça espiritual, o autor da vida eterna: Envie sua vitória sobre estes teus servos, este homem e esta mulher, a quem abençoamos em teu nome; para que, vivendo fielmente juntos, eles possam certamente cumprir e manter o voto e a aliança entre eles feitos, dos quais este anel dado e recebido é um símbolo; e possam sempre permanecer em perfeito amor e paz juntos, e viver de acordo com suas leis; por Jesus Cristo, nosso Senhor. Amém — o Arcebispo junta as mãos de Joe e Taylor e as cobre com sua estola, sua voz ecoa. — Aqueles que Deus uniu, não separa o homem. Visto que Joseph e Taylor consentiram juntos no santo matrimônio, e testemunharam o mesmo diante de Deus e desta companhia, e por isso deram e prometeram sua fidelidade um ao outro, e declararam o mesmo dando e recebendo um anel, e unindo as mãos; eu declaro que eles são marido e mulher juntos, Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
A Abadia não irrompe em aplausos, por respeito, mas os aplausos da multidão do lado de fora quase viajam por todo o corredor até o altar. Eu sinto um desconforto na garganta e me viro junto do pai de Taylor, desço os breves degraus do altar e vou me sentar na fileira à esquerda ao lado de Anne. Joe e Taylor viram para encarar a congregação, suas mãos unidas. Joe sorrindo, Taylor parece tentar imitar a mesma animação. Eles caminham juntos e as vozes aumentam quando o coro começa a cantar Love Divine, All Loves Excelling. A música continua enquanto Joe e Taylor se acomodam.
Até um minuto depois, ainda há resquícios da música se esvaindo. O sermão, Romanos 12: 1, 2, 9-18, é lido por Austin, o irmão mais novo de Taylor. Se ele está nervoso em assumir o espaço, não demonstra. Quando a leitura e o sermão terminam, Joe e Taylor se levantam e sobem até o altar, os coros cantando Ubi Caritas et Amor em um arranjo recém-adaptado por Paul Mealor, um compositor galês. A música é assustadoramente bonita. Orações são ditas, a voz do Arcebispo volta a liderar a congregação em um momento de reflexão. Então, todos se levantam mais uma vez.
O Reitor pronuncia a saída.
— Vamos rezar. Ó Senhor todo-poderoso e Deus eterno, conceda-nos, nós vos suplicamos, que direcioneis, santifiqueis e governe tanto nossos corações quanto nossos corpos, nos caminhos de vossas leis e nas obras de nossos mandamentos; que por meio de sua proteção mais poderosa, aqui e sempre, sejamos preservados em corpo e alma; por meio de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Amém.
A congregação canta o Hino Nacional, a Equipe de Fanfarra da Banda Central da Força Aérea Real os acompanha. O som é forte e, depois, a assinatura dos Registros de Casamento é um momento privado, a única parte da cerimônia que não é registrada por câmera alguma. Joe e Taylor vão para o Santuário de Eduardo, o Confessor, e o antigo espaço é logo preenchido quando eu, Abigail, meus pais e a família de Taylor os acompanham.
Quando deixamos o santuário, coros acompanhados pela London Chamber Orchestra, cantam Blest Pair of Sirens, a configuração de Parry da ode At a Solemn Musick de John Milton. Então seguimos para a porta Oeste, a London Chamber Orchestra muda tocando Crown Imperial de William Walton. A música é imponente, e a melodia voa pela Abadia enquanto os recém-casados seguem pelo corredor.
Às 12h15, os dois partem ao som dos sinos da Abadia e os aplausos da multidão. Um repique completo é tocado pela Companhia de Sineiros da Abadia, o som vai saindo pelas ruas de Londres, para simbolizar uma proclamação alegre dos eventos do dia.
Quando Joe deixa a abadia com Taylor, eu estou atrás das daminhas de honra, com Abigail do lado, seguindo os dois de perto. A Cavalaria se aproxima, e enquanto Joe ajuda Taylor a se acomodar na carruagem com detalhes em ouro, a mesma que há duas décadas atrás minha mãe usou, eu vejo as câmeras do outro lado da avenida, os fotografando depois do gradeado. Joe coloca seu quepe e eu sigo para a carruagem de trás, junto das crianças e da amiga de Taylor, pronta para fazer o caminho todo de volta para Buckingham, como parte do espetáculo que a coisa toda realmente é.
*
O momento da sacada finalmente acabou, os aplausos da multidão ainda estão em meus ouvidos enquanto voltamos para dentro do Palácio. O desfile passou, a guarda foi apresentada e agora é hora das fotos oficiais. A grande sala de recepção é cheia demais, e ainda há mais gente espalhada pela recepção no jardim — pouco mais de 650 convidados. Apesar disso, não é para a celebração que voltamos, porque o fotógrafo nos direciona para o outro lado.
Primeiro, toda a família se reúne na Sala de Estar Verde. A Rainha Charlotte e o Príncipe George estão no centro, ladeados por Joe e Taylor que estão juntos, mas não de mãos entrelaçadas, porque não podem. O resto de nós se espalha ao redor deles — meu pai e Anneliese, Henry e eu, os pais de Taylor e seu irmão, Austin. Depois, tiramos mais fotos na sala do trono.
De certo modo, estou acostumada com isso, mas não estou acostumada a me sentir tão esgotada em um evento, ainda mais com a prática ao longo dos anos. Seguindo as fotos, a recepção é um sentimento gasto de tantas formalidades, um desfile interminável de rostos que espero lembrar e conversas educadas que parecem mais trabalho do que socialização. Eu passo por tudo isso, em um vestido azul claro, que é pelo menos mais confortável do que o uniforme que eu estava usando antes. Eu vejo Joe e Taylor na primeira hora — Joe, agora em uma túnica preta em vez da escarlate, parecendo animado, e Taylor, sorrindo em seu segundo vestido e mais relaxada. Ela é linda. Depois, eles desaparecem.
Em algum momento me vejo afastada do barulho. Vou em direção à ala mais distante do palácio, onde está quieto, e meus passos seguem conforme me afasto de tudo. Estou quase no quarto onde fiquei essa manhã, mas quando passo pela sala com paredes amarelas, onde os presentes de casamento de Joe e Taylor estão sendo guardados, ouço um som fraco vindo de dentro. Faço uma pausa e empurro a porta gentilmente.
Lá dentro, é quase uma surpresa encontrar Taylor sentada em uma poltrona, parecendo completamente exausta. Ela está cercada por pilhas de presentes e cartões do outro lado da sala, mas é como se ela nem os visse. Ela está sentada ali, com as costas apoiadas no encosto, os olhos quase fechados, respirando fundo, parecendo precisar de tempo para si.
— Taylor? — digo suavemente, entrando.
Ela olha para cima, um pouco assustada pela interrupção, mas então seu rosto suaviza quando me vê.
— Grace.
— Está tudo bem? — questiono, me aproximando um pouco mais, fechando a porta atrás de mim.
— Eu estou apenas... — Taylor solta um longo suspiro. — Cansada. Realmente cansada.
— Foi uma manhã longa — dou de ombros. — Eu consigo entender.
— Longa... esse é o eufemismo do ano. Tem tanta gente lá fora, e todas aquelas câmeras... não posso nem tocar em Joe porque, aparentemente, não podemos ter nenhuma foto nossa demonstrando afeto em público.
— O beijo na sacada foi realmente a primeira e última vez que seus súditos viram vocês dois desse jeito — digo.
— Meus súditos?
— Sim, Vossa Graça — brinco. — Duquesa de Cambridge. Como isso é?
— Deus... — Taylor sorri, mas está cobrindo o rosto com as mãos enquanto se inclina para trás na poltrona.
— Vamos lá, você vai se acostumar. Você é oficialmente uma duquesa.
— Não, não tenho certeza se algum dia vou me acostumar com isso.
— Bem, é melhor você começar a praticar seu aceno real — eu digo. — Minha tia, Charlotte, tem pelo menos umas trinta maneiras de fazer isso sem quebrar protocolo algum. Acho que você vai querer aprender. Você tem o mundo inteiro olhando agora.
— Isso é você tentando me assustar?
— Nem um pouco — digo, sorrindo, e Taylor ri um pouco.
Há um momento de silêncio constrangedor antes de eu tentar me livrar disso. Estou tentando deixar tudo bem, não sei se parece tão claro, mas imagino que sim. Mas antes que eu possa dizer qualquer coisa, Taylor me vence no tempo.
— Não vamos falar sobre isso, vamos?
— Falar sobre o quê? — pisco surpresa.
Ela revira os olhos para mim.
— Grace... você sabe o quê.
— Não tenho ideia do que você está falando — levanto minhas sobrancelhas, e sei que se meu pai me visse agora ele diria que estou fazendo a expressão que faço quando quero fugir de algo. Como se eu fosse estúpida o bastante para não ler o espaço.
— Certo — ela diz, e eu não espero, mas ela ri, como, ri de verdade dessa vez. E então parece que um pouco da tensão entre nós diminui ainda mais. — Ótimo. Acho que vamos esquecer isso, então.
— Considere esquecido.
Há outra pausa, mas isso não é desconfortável. É como se tivéssemos chegado a um acordo silencioso para deixar o momento de horas atrás de lado — de tudo o que aconteceu entre aquilo; o beijo que nenhuma de nós está pronta para mencionar em voz alta.
Eu me mexo, alisando meu vestido enquanto me movo em direção à porta.
— Bem, devemos voltar antes que alguém envie um grupo de busca — a irrito.
— Você acha que eles realmente enviariam um para você? — Taylor pergunta, e ela não parece saber se estou brincando ou não.
— Ah, com certeza. O palácio não lida bem com membros da realeza desaparecidos. Faz parte do show. Mas eles não enviariam um para mim, e sim para você. Eles sentirão falta da duquesa mais bonita da nossa firma.
— Firma? — Taylor inclina a cabeça para o lado.
— Pequeno negócio de família — eu digo, sorrindo, e dou de ombros. — Você sabe, alguns castelos aqui, algumas coroas ali.
— Você parece muito boa nisso.
— Eu só pareço. Estou aqui apenas para apoio moral.
— É assim que estamos chamando agora? Apoio moral?
— Gosto de pensar que presto um serviço valioso — respondo, me aproximando da porta. — Você sabe, estou pronta para mantê-la com os pés no chão. Lembrando que a vida real pode parecer, mas não é só acenar das sacadas. Às vezes nós acenamos de dentro do carro também.
— Idiota — diz Taylor, o canto da boca se erguendo em um meio sorriso. — Mas ok, vou mantê-la por perto para os momentos difíceis.
— Eu vou estar aqui — digo, minha mão na maçaneta agora. — Ligue se precisar de um carro para fugir.
— Boa tarde, Grace — Taylor ri, balançando a cabeça levemente.
— Boa tarde, Vossa Graça — respondo e um pouco antes de abrir a porta, lanço a ela um último sorriso, não aberto, mas honesto. — Tente não sentir muita falta de mim nos próximos... vinte minutos.
A risada dela me segue para fora, o clique suave da porta se fecha atrás de mim enquanto eu caminho para o corredor, deixando para trás uma estranha mistura de tensão clara com a sensação boa que preenche nosso espaço. É quase fácil, mas igualmente difícil.
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