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Eram 19:15 quando Jen havia deixado o jantar. Ela me falou algo como "ir ao quintal atender uma ligação". Eu somente acenei e a esperei sair.
Conto mentalmente até 10 e me levanto rápido. Pego um casaco e abro a porta devagar. A casa estava meio vazia e tranquila. Ainda parecia um labirinto para mim, mas uma hora eu acho a saída.
Vejo a porta principal aberta, mas meu coração pula do peito quando alguém entra. Rapidamente, pulo para o chão, me escondendo atrás do sofá. Sinto uma leve dor no pulso ao segurar o peso do meu próprio corpo.
A pessoa era Jen, que andava de um lado para o outro, preocupada enquanto falava ao telefone. Dizia coisas como: "ela é muito teimosa" e "temo que algo possa acontecer novamente". Ela se aproxima do sofá e eu rastejo pelo lado oposto. Ela bate em uma mesinha ao lado e derruba um relógio. Percebo que, se ela se abaixar para pegar, pode me ver.
Rapidamente rastejo para o outro lado, mas acabo fazendo muito barulho. Ela para de falar e eu prendo a minha respiração. Droga...
Como faço para aquietar o meu coração? Sinto que ela pode escutar as batidas.
Aos poucos, sua sombra foi tomando forma ao meu lado. É o fim da linha; ela me jogará no quarto e, a partir de agora, o quarto será trancado às 19:00 da noite. Mas que inferno!
Tenho que pelo menos pensar em uma boa desculpa.
Vejo sua sombra parar e sua voz retornar.
"Nada... derrubei algo aqui. Sobre o que estava falando mesmo?"
A sombra se desmancha e escuto seus passos se afastando. Solto uma respiração pesada e me levanto correndo para fora. Essa foi por pouco.
O caminho de ida à minha casa não foi tão longe; por sorte, nós duas moramos perto da escola. Pego a chave reserva debaixo do pequeno vaso de uma suculenta que já havia morrido há anos. Ao colocar a chave, vejo que a porta estava aberta... ela nunca deixa a porta aberta.
Ao entrar, vejo a casa vazia; estava da mesma forma desde que tudo aconteceu. Procuro em cada cômodo, mas não a encontro. Isso é muito estranho.
Para onde ela foi? Ela nunca sai à noite. Será que... se o meu corpo sumiu, o dela também...
Saio da casa e volto pensativa. Mas não faz sentido ela ter sumido se as professoras têm lembranças dela... e todos têm lembranças de mim também. Então isso significa que não é nenhum universo alternativo. Eu preciso estudar mais sobre essas coisas geeks; nem nerd direito eu sei ser.
Por que tem que ser tão difícil? Por que isso foi acontecer? Como é possível!? E se a troca de corpos nunca ocorrer? E se eu realmente deixei de existir? Mas por quê?!
Eu não quero viver como Jisu...
Mas isso é pura hipocrisia, pois dias atrás eu invejava a sua vida.
Andando perto da ponte, acabo avistando uma mulher tentando subir nas grades; os longos cabelos castanhos chamaram a minha atenção...
Mãe!
⎯⎯ MÃE! ⎯⎯ corro desesperada em sua direção, chamando-a.
Tento atravessar, mas um carro passa em minha frente me fazendo recuar. Quando vejo que ela subiu por completo, meu coração para. Mas por sorte alguém pula, tirando-a de cima, e os dois caem no chão.
Corro desesperada entre os carros e vou até eles. Ao chegar, vejo minha mãe desmaiada no chão e Yeonjun embaixo dela.
⎯⎯ Yeonjun! ⎯⎯ suspiro seu nome, surpresa.
⎯⎯ Ambulância, chama logo uma ambulância! ⎯⎯ Ele me entrega seu celular e eu ligo de uma vez.
E, em um piscar de olhos, estávamos todos juntos em um quarto de hospital. O médico havia acabado de sair e disse que ela havia tomado uma dosagem alta de remédios diferentes; teve uma overdose severa.
Segurava sua mão enquanto analisava seu rosto desacordado. Mãe... por que fez isso? O que realmente aconteceu? Estou tão confusa...
Encaro Yeonjun, que ainda nos observava. Ele parecia estranho, bom, estranhava a minha ação. Saímos do quarto juntos e eu o paro no corredor.
⎯⎯ Como apareceu lá tão rápido? ⎯⎯ questiono, já que sua casa era bem longe do local.
⎯⎯ Acho que os seus atos são mais estranhos que os meus.
⎯⎯ Me fala a verdade.
⎯⎯ Por que está procurando Yeji?
⎯⎯ Você percebeu que ela sumiu?
⎯⎯ Desde o dia do casamento, era a data de uma das provas da bolsa de estudos; ela não poderia faltar, ela não faltaria.
Meu Deus... a prova, eu esqueci totalmente!
⎯⎯ E por que está a procurando também? ⎯⎯ Não faz sentido...
⎯⎯ Não se esqueça do juramento que fizemos; não se intrometa na minha vida.
Assim ele sai. Que tipo de juramento é esse? Que tipo de história Jisu e Yeonjun têm juntos? E as coisas só pioram.
Após sair do hospital, consigo chegar em casa antes deles, mas ao subir as escadas eles adentram a sala.
⎯⎯ Onde estava? ⎯⎯ A voz densa da mãe de Jisu percorre a minha espinha como uma lâmina afiada.
⎯⎯ Fui à cozinha beber água.
⎯⎯ Já são mais de 9 horas da noite; você deveria estar dormindo. Não?
Droga...
⎯⎯ Eu não estava me sentindo muito bem.
⎯⎯ Pelo casaco, acredito que esteja com frio.
⏤ S-Sim, muito.
⏤ Então é melhor se aquecer no seu quarto, não é mesmo?
Forço um sorriso e subo correndo. Adentro o quarto e minutos depois escuto a fechadura trancar. Com certeza Jen percebeu que eu não estive em casa... E se ela contar? Eu não sei o que essa velha maluca pode fazer; como Jisu aguentou ficar nessa casa?
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