Quatro é ruim
Enquanto eu tava dirigindo, só pensava na Brunna e no que ela estaria fazendo agora
Sabe o que ela estaria fazendo? Me ligando. Agora mesmo
Respiro fundo, parando o carro no farol
Percebo a Lari encarando o meu celular, eu tento relaxar no banco. Olhando pra rua
-você não vai atender?
Eu nego, ainda encarando a rua
-por que, Lud? Não eram vocês duas que se amavam tanto que até me enganaram?
Respiro fundo. -Lari..
-atende ela, para com isso -
A encaro. -por que você tá fazendo isso?
-eu? Só tô mandando você atender porque ela não vai parar de ligar, você tá comigo -
Ela tem razão. E conhecendo a Brunna, sei que ela não vai parar
A Maria Clara resmunga, começando a chorar em seguida
-que foi, amor? -a encaro
Lari dá risada. -viu? Nem ela quer ouvir o celular tocando
Eu pego ele do painel, coloco no silencioso e jogo ali de novo
Larissa nega e eu volto a dirigir
-você não conhece a Brunna, Ludmilla -
-hm? -
-você não conhece a Brunna...-
-ah, é? -
-por que vocês estão assim? -
-nós brigamos -
-isso qualquer um percebe -
Eu suspiro
-para o carro, por favor -
-pra que? -
-para o carro, Ludmilla -
Eu não sei o que ela quer, mas obedeço
Larissa tira o cinto, ficando de joelhos no banco e virando pra trás
Ela pegou a Maria que ainda estava chorando e trouxe pra frente pra poder mamar
Peguei a porra do meu celular, atendendo com raiva. -o que foi!?
~o que foi????~
-porra, Brunna!? Se decide
~como vou me decidir, hm? Olha você, as coisas que você tá fazendo. Tem noção do que fiz pra ficar com você? Pra você estragar tudo, Ludmilla! ~
Respiro fundo
~você não sabe ir com calma! Voltou bagunçando a minha vida toda e depois que transou comigo me deixou largada de qualquer jeito. Quer que eu pense o que sobre você!? Você mudou sim, tá pior!~
Franzo o cenho.. -eu não acredito que você tá falando isso
~antes você era mais romântica por que, em? Porque eu era a porra da tua amante? E quem é agora? Me fala??~
-não estamos namorando
~ta vendo!??? É a mesma coisa que você falava pra Larissa! NÃO ESTAMOS NAMORANDO. FODA-SE QUE NÃO ESTAMOS NAMORANDO, LUDMILLA! EU BRIGO COM VOCÊ DO MESMO JEITO.~
Fecho os olhos com força
~EU NÃO SOU O SEU BRINQUEDO! NÃO ESTAMOS NO TOY STORY, CARALHO! VOCÊ NÃO SABE TRATAR UMA MULHER DO JEITO QUE ELA MERECE. VOCÊ MERECE FICAR SOZINHA~
Afirmo, sentindo os meus olhos se encherem de lágrimas
~obrigada por estragar a minha vida. De novo!~
-fala logo o que você quer e me deixa -abro os olhos, encarando a Lari
~ah, vai ser assim?~
-vai, Brunna.
~ok, Ludmilla. Não me procure mais, tá?~
-tá, fique bem.
Brunna desliga a chamada e eu jogo o meu celular na porra do painel de novo
-ei, calma!? Vai assustar a Maria -
-porra, não dá! -
-olha pra mim -
Encaro a Lari -
-não segura, pode chorar.. você não é mais fraca por isso -
Eu coloco as mãos no rosto, desabando logo em seguida
Sinto a Lari acariciar o meu braço. -você me magoou muito, mas depois eu te entendi
Abaixo as mãos, encarando ela
-tudo o que você sofreu na infância, fez você ficar desse jeito. É o teu refúgio, Ludmilla..ser assim
Eu nego. -não consigo parar de ser assim, Larissa
-eu sei. Você não precisa disso pra ficar bem, ok? Não precisa disso pra achar que você é melhor que alguém. Acha legal ter duas ou mais mulheres, Lud? Você não precisa fazer isso pra chamar atenção. Mas você faz, e nem percebe
Respiro fundo
-a Mayara te magoou, né?
-como você sabe dela? -a encaro, de novo
-eu sei que foi a primeira garota que você amou, sei que foi com ela que você perdeu a sua virgindade..13 anos, não?
-Larissa..
-sei que você engravidou a garota e que tomou uma surra do seu pai. Sei que depois disso tudo, vocês tentaram morar juntas mas que acabou dando errado porque a Mayara começou a ter umas amizades diferentes e você ficou com ciúmes.
Afirmo
-e aí, ela começou a fazer coisas erradas e com 2 meses perdeu o bebê.. vocês brigaram, um mês depois ela te traiu e de novo...uma das pessoas que você mais amou na vida, tinha te machucado.
Enxugo as minhas lágrimas, mas outras caem logo em seguida
-a primeira pessoa que te machucou, foi o seu pai. Eu sei que ele sempre foi o seu herói, até o dia em que encostou em você, na sua mãe..não é isso?
Afirmo
-você não pode fugir dos seus problemas..dos seus fantasmas, machucando os outros, Ludmilla.. você não pode usar as pessoas pra se sentir bem -
-você cresceu revoltada, olha tudo o que fez! Largou os estudos, entrou pro tráfico, machucou a sua mãe, teve uma filha comigo. Tudo isso com 18 anos..18 anos você poderia terminar a escola, entrar em uma faculdade, começar a trabalhar direito..Mas você entrou com o pé esquerdo porque você mesma escolheu
-eu nunca quis que fosse assim, Lari..sempre faço as coisas na emoção, e sempre dá merda. Eu só tiro isso quando falo da minha filha, eu não me arrependo de nada -encaro a Maria que tá mamando
Ela me olha também, me fazendo sorrir
Passo a mão na cabeça da minha filha, acariciando
Ela fecha os olhos e a Lari sorri. -viu? Você precisa mudar..por ela
Respiro fundo
-ela precisa de você, Lud... precisa crescer perto de você. Eu não quero que a minha filha vá visitar o túmulo da mãe dela
Encaro a Larissa
-não precisa falar que não dá pra você sair do tráfico agora, eu sei que não dá. Mas com o tempo tudo vai se acertar, só quero que você prometa pela Maria que vai deixar isso pra trás
-não precisa falar mais nada, Lari. Eu prometo, tá? Eu vou focar na minha filha..
Larissa sobe o vestido dela, levantando a Maria em seguida
Ela me olha sorrindo, dou risada. -tá feliz agora, né
-é só mamar -Lari
-claro..quem não fica feliz em mamar um peito desse -
Larissa me bate e eu dou risada de novo
-larga a mão em -
-e você coloca ela na cadeirinha -
Eu ia voltar a dirigir, quando dois caras encapuzados se aproximaram da minha janela. Mas que porra, eu sou muito burra. Parei no meio do nada, com a porra da janela aberta
-levanta a mão
Respiro fundo. -qual foi? Não se chega assim -encaro ele, olho por olho
-eu mandei você levantar a mão! -
Faço o que ele manda
O cara coloca a mão dentro do carro, abrindo a porta por dentro
Encaro a Larissa, ela tá paralisada com a Maria Clara ainda no colo. -calma. -sussurro
Ele me puxa pra fora e aponta a arma pra Larissa. -você vai sair devagar
-ou, abaixa essa porra! -falo
-cala a boca! -o cara que tava segurando as minhas mãos, me empurra.
-cala a boca o caralho! Não aponta a arma pra elas, não precisa disso! -
-abaixa a arma, filé! A garota sai sozinha
O que estava atrás de mim, me leva até a calçada
Maria Clara começa a chorar quando o tal filé puxa a Larissa pra fora do carro
São 4 caras.
Os outros dois estão vasculhando o carro
-é sua filha!? -o cara me empurra contra a parede
-quem são vocês, hm? -pergunto
-Me responde!
-eu vou achar os quatro. -
-CALA A BOCA! -ele coloca a mão no meu pescoço
-vou achar vocês e os quatro vão ter covas exclusivas -
-eu acho melhor você ficar na sua se não quiser ter a sua agora! -
Dou risada
-FAZ ESSA CRIANÇA PARAR DE CHORAR! -um deles grita
O filé traz a Larissa pro meu lado
-É SUA FILHA? -
-é, caralho! -falo
-FAZ ELA PARAR DE CHORAR AGORA
-É só você parar de gritar! -o encaro- vocês estão ficando loucos, cara!
-o que querem comigo? Porra! Se querem algo, a conversa é entre nós cinco. Não coloquem a minha filha e a minha mulher no meio!
-vamos colocar as duas no meio sim! Você e os seus coleguinhas estão nos devendo!
-devendo o que, porra!? -
Um deles me empurra. -fala direito
-FAZ A GAROTA PARAR DE CHORAR! -
-PARA DE GRITAR! -o que estava atrás de mim se irrita
-me dá ela -um deles se aproxima da Lari
-não -falo
-não tô falando com você.
-Larissa, não -
Larissa não sabe nem quem ela é, tá abraçada com a Maria, chorando sem parar
-me dá a garota, eu vou fazer ela parar de chorar. Prometo -
-se vocês pegarem a minha filha, EU MATO UM POR UM -tento me soltar
-CALA A BOCA, OLIVEIRA -
O cara puxa a Maria dos braços dela, segurando os mesmos em seguida
-ME SOLTA -Lari se debate, assim como eu
O choro da Maria fica mais distante e eu percebo que o outro cara levou ela pra longe
-NÃO ENCOSTA NA MINHA FILHA -
-você vai devolver o nosso dinheiro!-
-EU NÃO TO SABENDO DE DINHEIRO NENHUM, CARALHO! SEI NEM QUE SÃO, SEI NEM O VULGO DE VOCÊS -
-VOCÊ SABE SIM! -ele coloca a arma na minha cabeça, fazendo a Larissa gritar um "não"
Respiro fundo..-ajoelha!
-vão se foder!
-AJOELHA-
-eu não vou ajoelhar -
-manda a sua mulher ajoelhar nessa porra ou ela vai morrer aqui -o outro babaca empurra a Larissa
-ei..por favor -
Respiro fundo
-amor, por favor. Pela nossa família -
-é isso aí! Pela família de vocês -escuto o cara destravar a arma, Larissa chora cada vez mais
-eu vou contar até cinco.
-Ludmilla, ajoelha! -
-1...-
Eu tô fuzilando, não quero obedecer esses babacas
-2..
-Ludmilla! -Larissa entra em desespero e eu tento não surtar
-3...-
-MANDEI AJOELHAR!
-VAI SE FODER! -
-4...
-LUDMILLA, PARA COM ISSO! AJOELHA POR FAVOR
-se eu falar o cinco...
-TA BOM, PORRA! -faço o que eles mandaram
-cadê a nossa grana?
-eu não tenho porra de grana nenhuma! -
-eu não vou repetir a pergunta-
-eu não tenho dinheiro aqui e nem sei de quanto vocês precisam.
-20 mil. -
Afirmo. -tudo bem. Se deixarem eu ir, pego em casa -
-Você não engana ninguém! -
-EU TÔ FALANDO SÉRIO -
-PARA DE GRITAR -
-NÃO PARO!
O cara me levanta a força, me virando de frente pra rua enquanto passa o braço pelo meu pescoço e aponta a arma pra minha cabeça
O outro traz a Larissa pra minha frente, apontando a arma na testa dela
-olha bem pra sua garota -
Respiro fundo, isso tá doendo. Não era pra ela passar por isso, muito menos a minha filha
-SE VOCÊ NÃO OBEDECER..ELA VAI SER A PRIMEIRA!
-olha como ela tá sofrendo, o quanto tá chorando. É sua culpa. -
Eu nego
-é sua culpa sim!
-é culpa de vocês. São covardes! Bater de frente ninguém quer -
-você vai levar a gente até a porra daquela casa. Vamos com a sua garota e a sua filha de refém..Uma gracinha e as duas morrem! Não queira saber o que vai acontecer com a bebê
-não..-Larissa choraminga
-SEUS DESGRAÇADOS -
-CALA A BOCA E ANDA! -
Eles nos levam até o meu carro.
Um me empurra pra dentro, entrando na frente comigo
Um deles senta atrás de mim, apontando a arma pra minha cabeça
Larissa senta no meio e o outro do lado dela, depois de colocar a cadeirinha no chão
Enquanto isso..eu não sei aonde o número 4 tá com a Maria Clara.
-dirige!
-cadê a minha filha? - pergunto
-eu mandei dirigir!
-eu não saio daqui sem saber da minha filha. -
-tá no nosso carro. Ele vai seguir a gente, se você não obedecer..
Começo a dirigir até a minha casa
Assim que estaciono, o que estava atrás de mim desce. -entra, pega a quantia e sai de volta. Eu acho bom você não falar nada lá dentro! O nosso carro tá estacionado na esquina e se vocês nos atacarem..a sua filha morre.
Afirmo
~Lud off~
(...)
~Lari on~
Ludmilla entra na casa e o meu desespero continua.
-se ela não fizer o que mandamos..-o cara passa a mão no meu rosto
-tira a mão de mim!
-ei, calma gatinha -
Os outros dão risada e eu engulo seco
-chefe..se ela não fizer o que mandamos, podemos levar a garota e essa aqui..o que acha?
-eu acho uma boa idéia. Essa bebê aí, os órgãos vão valer bastante
-é -
Fecho os olhos com força, eu tô quase explodindo. Quero gritar
-há quanto tempo estão juntas? Não sabia da sua existência, Ludmilla escondeu bem -
Não respondo nada
-ou garota, ele tá falando com você!
Abro os olhos. -eu não tenho que falar nada com vocês.
-como é!?
Escutamos barulho de tiro, até me assustei. Acertou o carro em que a Maria Clara tá
-A GAROTA MENTIU! ELE TA MORTO -o cara que estava do lado de fora abaixa.
O que estava do meu lado destrava a arma. -você já era -
Fecho os olhos com força
Antes que ele pudesse atirar, alguém puxa ele pra fora. Fazendo o tiro pegar no teto do carro, claro que gritei
O que estava do lado de fora, tentou correr até o carro que a Maria tava, ele atirou umas 5 vezes, mas foi baleado em seguida
Fui puxada pra fora do carro, enquanto duas pessoas pegaram o único cara que sobrou
Eu ajoelhei no chão, chorando sem parar. Até que percebi que era o Bruno. Ele me puxou
-calma, Lari -diz enquanto me abraça- calma, já passou.
-a Maria..-tento falar o resto, mas não consigo
-a Lud já foi lá, calma -
-ei! Tá tudo bem? -Kaique agacha na minha frente
-eu quero a minha filha
-ela não tá machucada não, cadê a Ludmilla????
-LUDMILLA, CARALHO! APARECE! -
Todos ficaram em silêncio, tentando entender aonde ela está
Escutamos um barulho e em seguida a Maria começou a chorar -Lud???
Levantei junto com os meninos e nós corremos em direção ao choro
Encontramos a Ludmilla abraçada com a Maria, jogada no chão.
-PORRA! QUER MATAR TODO MUNDO DE SUSTO??? -Henrique
Eu percebi que ela não tava bem, agachei no mesmo momento..-Ludmilla
-pega..-respira fundo
-ELA TA BALEADA -Kaique
Pego a Maria no colo, vendo que o tiro pegou no peito direito da Lud
Volto a chorar, mas coloco uma das mãos em cima do ferimento, impedindo que pare de sair mais sangue. -olha pra mim!
-CHAMA A PORRA DE UMA AMBULÂNCIA! -Bruno
-TA MALUCO?? TEM QUE TIRAR ESSES CORPOS DAQUI ANTES
-Ludmilla, você precisa ficar com os olhos abertos enquanto fazemos isso, caralho! -Henrique
-vem, Lari! -Patrícia se aproxima
-NAO! -
-Larissa! Você não precisa ver mais isso, vamos entrar -
Eu nego, encarando a Lud ainda
-então me dá a Maria Clara, eu cuido dela -
Patty pega ela, eu deixo
Ficamos eu, Ludmilla, Bruno e Henrique aqui. Enquanto os outros estão colocando os corpos dos outros dentro do carro deles, pra poder levar o carro pra longe
-Lud..-sussurro
-Lari..tá..doendo -
-não fala nada! -
-me..perdoa
-não foi culpa sua, por favor!
Ela ameaça fechar os olhos, mas eu impeço. -Ludmilla! Não! Olha pra mim -acaricio o seu rosto
Ela abre os olhos com dificuldade, me encarando
-não posso imaginar essa dor! Mas você precisa ficar com os olhos abertos, por favor!
-VAI LOGO, CARALHO! -Bruno
-Ludmilla -
Ela coloca a mão sobre a minha, que está em seu peito, pressionando o ferimento
-eu..-
-a Maria tá bem, você precisa ficar também -
Lud afirma
-você salvou ela, não pode deixar nós duas agora! -
Parece que sai mais sangue cada segundo que passa
Kaique se aproxima. -pronto! A ambulância tá vindo
-não fecha os olhos, Ludmilla! -Carla
-eu tô aqui, tá bom? Eu tô aqui -
Depois que chamamos a ambulância, não demorou pra chegar, até porque a ocorrência era gravíssima.
Eu me afastei assim que os paramédicos se aproximaram. Sendo amparada pelo Bruno novamente, porque eu quase desmaiei quando levantei
-fica calma, vai dar tudo certo -
-eu não consigo -falo entre soluços e lágrimas
-ela pegou a Maria, Lari. Ela pegou a Maria -Bruno me abraça
Fecho os olhos com força, correspondendo o abraço dele
[...]
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