NEGAÇÃO.
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I. ︎ ︎ ︎ ͏͏͏ NEGAÇÃO
FEVEREIRO SEMPRE FOI UM DOS PIORES MESES PARA LIDAR COM O INVERNO EM GOTHAM CITY.
Richard Grayson sempre soube disso, desde quando era uma simples criança voando entre arcos de circo, fevereiro sempre pareceu eterno e difícil de lidar, ainda mais quando passava de maneira lenta. Era uma sensação que acompanhava Dick quase todos os anos, e naquele ano o rapaz carregou uma pequena esperança de que as coisas seriam diferentes por conta dela. Mesmo com a sensação de dias normais parecerem segundas-feiras em um mês friorento, Lucy tornou o ambiente menos melancólico em um piscar de olhos.
E na mesma velocidade, a mulher conseguiu piorar tudo.
Uma quinzena nunca pareceu ser tão rápida na vida de Dick. Foram exatas duas semanas para que uma pessoa entrasse em sua vida, o encantasse e em seguida o abandonasse. Ao menos, era assim como Richard pensava, e honestamente, como ele pensaria em outra alternativa? Lucy não atendia mais as suas ligações, não respondia nenhuma mensagem e sequer aparentava estar em sua própria casa quando Dick foi checar ─ de início, preocupado com o bem estar dela e não com o fato de que ela havia o abandonado.
Como se nunca tivesse existido, Dick até mesmo duvidou de sua própria mente naquele momento em que havia realizado o sumiço repentino de Lucy. Usou até mesmo os equipamentos tecnológicos da batcaverna para tentar localizar a mulher, mas não conseguiu pela falta de informações que tinha sobre ela. Sequer sabia o sobrenome da mulher e ainda sim sentia-se enlouquecido pela probabilidade dela simplesmente ter sumido de sua vida como um fantasma.
Traçou todas as possibilidades em sua mente, se perguntando se tinha feito algo errado para deixá-la desconfortável, até mesmo pensou na probabilidade dela ter descoberto seu pequeno segredo. Mas como isso seria possível? Lucy não era uma detetive, Dick sequer havia dado indícios de sua segunda identidade, e ainda sim ele temeu que isso a tivesse afastado. Não seria possível, deveria ter algum outro motivo!
Ele sabia que não a amava, como poderia amar alguém que encontrou em duas semanas? Não fazia sentido, assim como tentava negar em sua mente a possibilidade de estar apaixonado. Dick sabia que era uma pessoa complicada, apesar de não ter restrições sobre se envolver, mas sabia também que não se apaixonava tão facilmente... como seria possível uma mulher cuja apareceu de maneira repentina em sua vida causar isso?
Apesar de não ter respostas o suficiente sobre o que havia acontecido com Lucy, Dick ainda não conseguia deixar ela em segundo plano na sua mente. E como poderia esquecer ela tão facilmente? Lucy era uma pessoa espirituosa, determinada, decidida e ainda sim carregava um ar de incerteza que despertava a curiosidade em Grayson. Repentinamente, todas as pessoas do mundo pareciam previsíveis e entediantes quando se comparavam à Lucy ─ e no fundo, passou a acreditar que elas eram mesmo.
O mais incrível era relembrar como a aparência de Lucy era completamente normal em relação a personalidade. Claro, ela era uma moça bonita com longos cabelos castanhos avermelhados e olhos que quando iluminados pelos raios solares pareciam verdes, mas ela não tinha uma aparência exótica de fato. Nenhum cabelo pintado, sobrancelha faltando, roupas exóticas... Lucy mantinha um estilo único, algo lembrando um pouco dos anos setenta, roupas com franjas e botas longas, mas ainda sim não era tão diferente quanto a sua personalidade.
Gotham City sempre pareceu um refúgio para pessoas esquisitas, sem rumo ou para aqueles que já tinham sido condenados a nascer e crescer em um lugar como aquele. Por mais que a cidade não fosse feita inteiramente de cinzas e crueldade, era o que mais Dick assistia como Robin. Isso o fez pensar se Lucy tinha apenas decidido sair daquele lugar, e ele não a julgaria por completo se ela tivesse escolhido essa alternativa.
Ainda sim, era frustrante a ideia de viver sem saber o que tinha acontecido com ela. Seria Lucy um mistério em sua vida? Desejava que não, a vontade de encontrá-la era maior do que o sentimento de aceitar a verdade. Naquele momento, em completa negação, só lhe restava relembrar do passado.
Duas semanas atrás,
Gotham City.
RAIVA, TRISTEZA E ANGÚSTIA NÃO ERAM SENTIMENTOS INCOMUNS PARA RICHARD GRAYSON.
O que diferenciava cada um, além dos motivos, era a maneira como Dick iria lidar com isso. Naquela noite infinita de fevereiro, ele percebeu que ser o Robin não seria muito útil, não com o Batman pela cidade. Novamente, tinham ativado aquele batsinal ridículo ao olhar raivoso de Grayson, e a última coisa que o rapaz queria era bancar o salvador enquanto não precisavam realmente dele.
Bruce havia deixado bem claro como Robin deveria sempre acompanhar o Batman, deveria aparecer apenas quando solicitado e que sempre seria assim ─ o Wayne poderia não ter dito exatamente com essas palavras, mas fora entendido dessa maneira. Dick odiava quando Bruce Wayne usava aquele tom de voz, a postura de um pai que Grayson nunca teve de fato. Bruce Wayne não era o seu pai! Nunca seria, seu verdadeiro pai estava morto, ele lembrava-se constantemente disso ─ e não importava o quanto doesse.
Ao menos, Dick reconhecia que suas habilidades treinadas pelo Wayne tinham lhe dado uma vantagem: era forte o suficiente para vingar os seus pais e quando Dick descobrisse tudo... piedade era um conceito que ele temia não conhecer no momento do confronto. E se fosse de tal maneira, assassinos não mereciam piedade ou misericórdia, especialmente os assassinos de seus pais.
O melhor escape para toda a raiva sentida sempre foi colocar a máscara e fazer o bem para os cidadãos de Gotham City, Robin evitava que jovens meninos perdessem seus pais como Dick Grayson perdeu. Ainda sim, Batman havia roubado aquilo! A maioridade do garoto prodígio tinha sido alcançada há certo tempo e Bruce Wayne ainda gostava brincar da dinâmica pai e filho esquisita que eles compartilhavam, o deixando de castigo após um comportamento um tanto... rebelde.
Naquela noite gélida de inverno na taciturna Gotham City, o único escape de Dick Grayson era se igualar a um simples homem sem habilidades extraordinárias vindas de um garoto prodígio. Silenciosamente, Dick saiu da Mansão Wayne como já havia feito muitas vezes, com raiva de Bruce ter tirado um dos únicos escapes válidos o suficiente para Dick ─ ser o Robin ─, tentando abafar o sentimento de que ser uma pessoa normal por uma noite talvez fosse bom.
É... não poderia ser tão ruim, certo?
Homens normais se divertiam também, mesmo que Dick não considerasse o seu trabalho como diversão... era algo intenso, de qualquer forma. Se Bruce não queria Robin ao seu lado naquela noite, então Dick o rejeitaria da mesma forma! Agir como um jovem normal seria o equivalente de recusar qualquer indício de ajuda que Batman fosse indicar precisar e Dick sentiu-se satisfeito com a ideia, sem se queixar tanto como fizera há poucos minutos antes de sair da Mansão Wayne.
Com as mãos em seus bolsos jeans de sua calça, Dick caminhava por Gotham City listando a possibilidade de coisas para fazer, chegando à conclusão de que um bom café seria necessário antes de qualquer hipótese. Não era tarde o suficiente, por sorte sua cafeteria favorita estava aberta e Dick se pôs na fila do caixa do estabelecimento para realizar seu pedido ao adentrar pela porta de vidro.
Uma notícia qualquer sobre fugitivos do Asilo Arkham passava na televisão, uma notícia a qual Dick se forçou a não prestar atenção porque não era de seu interesse, não naquela noite! Ao menos não precisou de grande esforço para se distrair da reportagem passando na tela porque um quarteto de garotas brilhantes ─ não tão literalmente, suas roupas a destacavam ─ e barulhentas adentrou a cafeteria.
── Vamos comer antes de encher a cara!
── ENCHER A CARA! ── elas gritaram felizes, muito felizes para aquela cidade.
Dick franziu sua sobrancelha e balançou a cabeça, seus pensamentos passando de reclamações para uma ideia em poucos segundos... elas tinham falado de encher a cara, isso era o que jovens normais faziam, certo?
── O senhor vai querer o que? ── a garçonete perguntou para Dick e ele percebeu que havia chegado a sua vez de ser atendido.
Repentinamente, o seu tão adorado café pareceu nada.
── Nada, obrigado! Mudei de ideia ── abriu um pequeno sorriso constrangido, mesmo que ele não estivesse realmente, e saiu da fila de clientes.
A garçonete revirou os olhos e bufou algo enquanto Dick caminhava até o quarteto de garotas, todas pareciam jovens e desesperadas por algum pico de aventura em suas vidas. Eu poderia mostrar essa aventura para elas, Dick pensou com um sorriso divertido e pequeno em seus lábios, mas logo afastou os pensamentos quando elas o perceberam se aproximar.
── Hey... para onde as damas vão?
── Para onde vamos? Calma aí, cowboy! Não vai nem nos chamar para jantar antes? ── uma das garotas brincou, Dick teve que forçar sua risada quando percebeu que elas estavam brincando, mesmo não achando difícil sorrir para mulheres bonitas.
── É... certo, perdão minha falta de modos. Digamos que eu sou apenas um jovem sem compromisso e querendo explorar a cidade...
── Você é novo por aqui?
── Não exatamente...
── Então você nunca foi ao Gotham Bar?
Dick lembrava-se, na verdade, de alguém mencionando para ele sobre aquele lugar. Uma balada onde a noite era sinônimo para festa, como a maioria das baladas, a diferença era que o Gotham Bar tinha cerca de três andares e uma enorme capacidade para abrigar pessoas dentro.
── Claro que ele não foi, olha a carinha dele ── uma das garotas disse, fazendo as outras rirem.
── Minha cara?
── Sim, carinha de bebê.
Dick abriu a boca para se defender mas logo lembrou-se de que não era Donna ou qualquer outra pessoa tirando sarro dele, eram apenas garotas divertidas fazendo comentários divertidos.
── E vocês estão indo para esse Gotham Bar, eu suponho?
── Olha só, bom trabalho, detetive.
Ele sorriu pequeno, acenando com a cabeça.
── Sou bom em descobrir coisas.
── Por que não vem com a gente?
── A noite não era sem homens?! ── outra garota disse protestando.
── Não se preocupem, madames, eu não vou atrapalhar a noite de ninguém. Posso ir sozinho.
── Ah, deixa disso! Você pode ir com a gente!
── Não se preocupem, tenham uma boa noite ── Grayson murmurou de maneira quase cavalheira, se afastando das mulheres com um sorrisinho no rosto e saindo da cafeteria.
Dick Grayson estava indo para uma balada. Isso era uma coisa boa, ele raramente saía daquela forma porque estava sempre ocupado na maior parte do tempo em ser o... não, ele não pensaria em nada daquilo durante a noite inteira! Esse seria o seu desafio e ele esperava que o álcool fosse bom o suficiente para fazer o desafio aparentar ser fácil.
Encontrar o Gotham Bar não foi um trabalho árduo, ainda mais quando era um dos únicos letreiros em cores neon naquela rua apagada da cidade. Realmente, aquela casa de festas sabia se destacar. Com um pouco de sorte, Dick Grayson conseguiu adentrar o local sem enfrentar grandes filas como geralmente tinha, possivelmente por ser um domingo exaustivo.
A iluminação do primeiro andar era completamente roxa e rosa, as luzes variavam de acordo com as batidas da música eletrônica. Parecia divertido, mas Dick sentiu-se curioso sobre os outros andares. O último era a cobertura, uma parte ao ar livre e outra área do andar era fechada, ambas tinham bares de bebidas. A diferença da cobertura era como o som era mais calmo, elegante, uma pequena banda tocava jazz em um palco de luz amarelada. De maneira automática, o moreno sentiu-se mais atraído por ficar naquele lugar.
Sentou-se no banco alto de frente para o bar de bebidas dentro da parte fechada da cobertura, observando as opções de bebidas antes que o barman fosse lhe atender. Ao não conseguir ler o rótulo de uma bebida azulada, Dick pegou um cardápio jogado e leu as opções.
── Você não vai pegar a azul, não é? ── uma voz feminina surgiu ao seu lado, o desconcentrando de sua leitura.
Dick ainda estava distraído, as últimas palavras do cardápio ecoando em sua mente, quando a mulher ao seu lado chamou a sua atenção. Mesmo com a ideia de pedir uma porção de fritas fosse empolgante, como havia pensado antes de ser interrompido, a visão da mulher misteriosa pareceu mais. Dick Grayson era um rapaz observador, antes mesmo de Bruce Wayne ele era de tal forma, e mesmo se não fosse, duvidaria não reparar em uma mulher como ela.
── Sério, a azul é a pior. Confie em mim, a vermelha é muito melhor.
Confuso, olhou para a estante de bebidas e percebeu uma garrafa vermelha com um rótulo indicando ser uma vodca estrangeira.
── Não sabia que essas bebidas chegavam até Gotham City...
── Confie em mim, muita coisa chega aqui.
── É... eu sei ── Dick deu de ombros, pensando em quantos criminosos forasteiros ele tinha enfrentado. ── Você vai beber a vermelha?
── Talvez ── a mulher respondeu casualmente, observando a estante de bebidas até olhar de volta para o Grayson, fazendo-o perceber os olhos esverdeados de lince que ela carregava.
Ele esperou o que ela tinha a dizer além daquilo, no entanto, a mulher nada disse. Permaneceu quieta, apenas olhando sem nenhuma timidez ou hesitação, verde contra o marrom brilhante dos olhos de Richard Grayson.
── Dois shots dessa coisa vermelha, por favor! ── Dick decidiu pedir ao barman, surpreendendo a mulher ao seu lado quando ela soltou uma risadinha.
── Você já está flertando comigo?
── O que? ── a maneira como ela havia sido franca sobre flertar o deixou mais surpreso ainda, geralmente não questionavam muito suas atitudes de aproximação, ainda mais quando envolvia mulheres.
── Pediu dois shots, imagino que não vá beber os dois sozinhos, então o outro é para mim.
── Quem disse isso? ── Dick perguntou, sentindo que toda a sua tentativa futura de se aproximar da mulher tinha sido estragada pela sagacidade e sinceridade dela.
── Eu disse. Bem, se o outro não era para mim agora vai ser ── ela deu de ombros, pegando de imediato o shot disponibilizado pelo barman e o virando em sua boca de uma vez só. ── Meu nome é Lucy.
Dick não conseguiu tirar seu olhar dela, tentando entender quem era aquela moça não convencional para Gotham. Se estivessem em Los Angeles, Nova Iorque ou qualquer outra cidade grande de maneira especial, ele entenderia pessoas como a tal Lucy, mas eles estavam em Gotham City e ela parecia... parecia diferente demais, de uma maneira boa, para pertencer em Gotham.
Uma boa aparência ela tinha, ao menos. Cabelos escuros esfumaçantes descendo como uma cascata ondulada por seus ombros, olhos penetrantes como os de um felino prestes a caçar sua presa e pernas cheias, redondas e saudáveis ─ ele não era um observador maluco e malicioso, obviamente, mas as pernas da morena foram difíceis de não reparar quando ela usava um vestido marrom com uma fenda que começava na metade de sua coxa. Um longo casaco um pouco mais escuro que o vestido cobria o seu corpo, tinha pelos em sua gola e era cheio. Era uma visão impossível de se passar despercebida, Dick pensava.
── Não vai se apresentar? Poxa, logo agora que começamos uma conversa de bar.
── Eu...
── Ops, o seu shot está aí ── ela indicou com a cabeça. ── Beba logo e pare de gaguejar.
── Eu não estava gaguejando ── Dick se defendeu, um sorriso pequeno em seus lábios enquanto pegava a bebida e virava em sua garganta, tentando evitar uma careta em seu rosto. ── Uau...
── Eu fiz parecer fácil demais, não foi? Desculpe, é que eu amo essa bebida. É uma mistura de vodca com algumas essências tropicais. Curioso se chamar essências tropicais, aposto que não vem do trópico. Ah, você disse o seu nome?
Grayson concluiu em sua mente que a recém conhecida Lucy era uma pessoa diferente, mas ao mesmo tempo concluiu que a diferença dela parecia interessante...
── Dick Grayson.
── Dick? Que tipo de cara se chama Dick?
── Eu... ── respondeu levantando as suas sobrancelhas, Lucy abriu um pequeno sorriso de canto e ele percebeu os pontos da barroquinha nas bochechas dela. ── Richard, Dick é apelido.
── Oh, agora faz mais sentido. Aposto que não deixariam eu nomear o meu filho de Cock.
Dick riu, negando com a cabeça.
── É diferente...
── Diferente?
── Sim, o meu nome é mais legal ── disse com uma expressão séria, mas ele estava brincando e sentia que Lucy sabia disso de alguma forma.
── Seria mais legal se fosse Dick Cock Grayson.
── Deus, que horrível, Lucy...
Os dois riram, o moreno desviou o seu olhar para encarar o cardápio mais uma vez e logo pediu por uma cerveja.
── Então, Lucy, você é daqui?
── Em Londres as pessoas começam conversas casuais perguntando sobre o clima. Acho que o clima de Gotham City está particularmente adorável hoje. Um pouco de vento e nenhum frio extremo, me parece um bom inverno.
Fugindo de perguntas sobre o passado, check, Dick pensou enquanto acenava com a cabeça sobre a conversa de clima. Talvez Lucy estivesse fugindo de alguma irritação de sua vida cotidiana, talvez não... de qualquer forma, aquele momento não era hora de se preocupar como Robin, Dick lembrou-se a si mesmo.
── Gotham no inverno parece ser o mesmo de sempre, muito frio ── Dick murmurou, cruzando seus braços sobre o balcão enquanto olhava para Lucy.
── Você parece ser experiente sobre os invernos de Gotham.
── Ah, nada que você não tenha percebido, imagino eu.
── Eu sou de lugar nenhum, inclusive.
── Lugar nenhum? ── o moreno perguntou, cerrando seu olhar em certa diversão para Lucy.
──Sim, lugar nenhum. Sou do mundo. Mas se você quiser fazer uma piada falando que o meu lugar é no céu com os diamantes eu aceito, adoro os Beatles.
── Do mundo? Como é que alguém... ── estava prestes a fazer um comentário beirando o sarcasmo e inconveniência, mas apenas deu de ombros e concordou com a cabeça. ── Ok, prazer em lhe conhecer, Lucy de lugar nenhum.
── Exatamente, aprendeu rápido! Vai ser uma noite divertida.
── Vai?
── Claro que sim, os ventos estão se agitando.
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