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DEPRESSÃO.

IV. DEPRESSÃO


Na maioria das vezes, os remédios não eram escolhas amigáveis de uma pílula vermelha ou azul.

Na maioria das vezes, Lucy Harlow tinha que tomar as duas pílulas. Não era como se a ação de se entupir de remédios para controlar a sua mente quebrada fosse algo fora do comum, antes mesmo de ser internada em uma clínica de reabilitação ela dependia daqueles remédios ─ desde que tinha alcançado a idade suficiente para sua mente ser atingida e mudada havia se tornado normal.

O que ela não esperava, mesmo sabendo que não era a pessoa clinicamente mais saudável do mundo, era ser caçada naquela grande escala. Tudo tinha começado em uma mentira que levou até outra e agora ela estava sendo buscada por um assassinato não cometido. A mulher sabia mais do que ninguém como sua incriminação tinha sido injusta, mas o que poderia fazer quando a armação fora cometida pelas próprias pessoas do governo? Não tinha escapatória.

O pensamento de Lucy continuou cético por muito tempo, ser movida de uma simples clínica psiquiátrica para o Asilo Arkham era uma definitiva baixa de qualidade em sua vida. O pior sentimento que atingiu ela foi a repentinidade como sua vida havia mudado. Nenhuma razão aparente, apenas dois funcionários a levando para um carro de alta segurança. Algumas vozes murmuravam pelos corredores ─ Lucy conseguia lembrar desse momento tão nitidamente quanto o toque de seu pulso nas correntes frias que a prendiam contra a sua cama ─ como ela tinha sido uma garota ruim, uma vergonha para sua família.

Ah, mas isso Lucy Harlow sabia há muito tempo.

A glória de sua família tinha sido despedaçada há muito tempo e isso causou uma ruptura jamais recuperada, Lucy teve que ser a sua própria mãe, criança, figura paterna em uma única pessoa. Ainda sim, ela os amava com todo seu coração e jamais seria capaz de fazer algo maldoso para seus próprios pais como estavam lhe acusando. Parecia algo absurdo de se dizer, se Lucy puxasse qualquer defesa, qualquer pessoa que lhe conhecia de verdade, saberia que ela nunca assassinaria seus próprios pais.

E esse tornou-se o problema, Lucy não teve verdadeiros amigos por muito tempo. Conquistou muitas pessoas com a sua aparência, jeito de ser, personalidade, mas ainda sim era difícil sentir-se sentir verdadeiramente tocada por alguém que lhe fizesse abrir-se abrir ao ponto de conhecer cada formato dos sinais por seu corpo. Fazer amigos nunca foi difícil, o complicado era mantê-los ao seu redor. Ao menos, os poucos que tinham lhe restado fizeram o favor de alertar sobre quão problemática a vida dela estava se tornando.

Fora de Gotham, Lucy se aventurou de norte a sul pelos Estados Unidos, sem se importar com o seu dinheiro ou futuro, apenas se embebedando de todas as formas possíveis. Durante anos, o seu modo de viver tornou-se algo destrutivo, que lhe jogava até a borda de não ter um amanhã e a puxava de volta para o seu mundo. Sequer lembrava-se ao exato de suas motivações, mas viver daquela forma estava a entediando, por isso decidiu voltar para Gotham City.

Sua cidade natal era um lugar grande e com várias nuances, sendo o lar de heróis falidos ─ os quais ela carregava uma certa antipatia, mas não lembrava exatamente o motivo ─ e vilões históricos. Ela nunca gostou muito de pensar sobre esse lado de sua cidade, sua vida anterior se concentrava em ser uma boa filha, boa estudante, boa... boa em qualquer coisa, não importava a definição. Aqueles tempos passaram voando, assim como o vento frio da cidade a recebendo mesmo após anos.

Lucy sabia que sua mente era insegura, mas não insegura ao ponto de ser colocada em um lugar como o Asilo Arkham. Como passo inicial, buscou ajuda em uma clínica e começou a ser medicada ─ voltou, na verdade ─, seus pensamentos pareciam estar sendo colocados de volta no lugar ao mesmo tempo em que se sentia aprisionada, mas utilizou de seu tempo para escrever alguns excertos de seus próprios sentimentos.

A poesia foi um escape durante muito tempo, a habilidade de escrever e materializar os seus sentidos.

Nunca entendeu ao exato os motivos pelas acusações sobre seus pais, só tinha os visto ao voltar para Gotham City uma vez ─ e a recepção não tinha sido nada boa, mas Lucy saiu da mansão de seus pais engolindo a vontade de chorar. ─ e definitivamente não carregava nenhuma vontade sangrenta em si. Da mesma maneira, nunca entendeu o motivo de ser levada para o Asilo Arkham e ninguém nunca lhe explicou, só sabia que havia se tornado uma poeta para ser torturada.

Vagou entre pílulas, as amarras em seu corpo para segurar contra a maca enquanto seu corpo levava choques, a sensação de esquecer de si mesma por horas enquanto várias mãos geladas a tocavam com o intuito de a estudar. Lucy nunca entendeu o motivo de ser tão especial, de sua cela ser no subsolo onde nenhuma outra cela era vizinha; nunca entendeu a profecia que caia sob seus pés de ser uma alma solitária por toda a eternidade.

Mesmo sem entender os motivos pelos quais estava ali, ela sabia que não era o seu lugar. O Asilo Arkham nunca foi o seu lar e nunca seria. Poderia ser uma poeta torturada constantemente, mas quando Lucy viu a sua chance de escapar ela a tomou. Escapou do Asilo Arkham e conseguiu ir para uma das propriedades de sua família que não era usada há muito tempo, esperando que ninguém a encontrasse.

Isso durou por duas semanas e alguns dias, nos quais coisas inimagináveis aconteceram. Lucy nunca planejou se apegar à alguém, se abrir ─ mesmo que nas entrelinhas ─ ou até mesmo compartilhar a vivência com alguém após tanto tempo confinada em seus próprios remédios. Teve receio de não saber reagir a um toque casual ou uma noite de sexo qualquer, mas tudo o que precisou foi fingir estar no seu passado caótico e uma vez divertido.

Sabia que estava sendo procurada, mas não se importou muito e se dirigiu para curtir uma noite pelas casas noturnas de Gotham City. Quando conheceu Dick Grayson, ele parecia a distração perfeita. Bonito, novo, charmoso, cheiroso, engraçadinho até... lembrava muito dos garotos da Flórida, como eles eram bobos e ousados. Lucy gostou disso, automaticamente se aproximou do Grayson e o usou para esquecer de sua própria situação; no entanto, carregava um aviso em sua mente, de que iria partir o mais rápido possível.

...

FINALMENTE LUCY HAVIA GANHADO UM SOBRENOME, SÓ NÃO ERA DA FORMA COMO DICK ESTAVA ESPERANDO.

Seus sentimentos percorriam por sua mente e coração de forma extensa, rápida e fluída como uma correnteza de um rio apertado e sem escapatória. Vestido como Robin, utilizou de sua máscara para enganar os próprios sentimentos e fingir que eles não existiam; tal método não era tão eficaz, visto que enquanto caminhava com um dos fugitivos do Asilo Arkham acorrentado para o entregar em sua cela só pensava nela.

Sabia que todos os fugitivos tinham sido capturados, foi noticiado disso ao entregar o último fugitivo, mas não sabia se o Batman ou alguém da própria equipe do lugar tinham achado Lucy. Iria descobrir isso, sempre tinha o que queria no final das contas.

── Mais um entregue! E o último, certo? ── Robin murmurou para o guarda da cela, que acenou com a cabeça.

── Sim, sim, mais um. Finalmente, esses malucos estavam nos fazendo perder a cabeça! ── o guarda respondeu. ── Especialmente os que estão na outra ala do prédio, a segurança provavelmente vai ser reforçada.

Robin acenou com a cabeça, pensando o motivo de algumas pessoas se abrirem tão rápido com as outras e lembrou-se vagamente dos momentos em que se abriu ─ mesmo que nas entrelinhas ─ com Lucy. Ok, agora não é o momento, ele pensou, focando outra vez no guarda.

── Será que eu poderia ir checar esses pacientes? Preciso checar tudo para o Batman, sabe como é!

── Acho que sim, vou checar.

O guarda usou o seu comunicador e trocou algumas palavras com alguém que Robin não sabia quem era, também não estava nem um pouco preocupado, só queria ver Lucy de uma vez só e confirmar o que o seu coração se negava a acreditar.

Ela não poderia ser uma criminosa.

Não, ela não era.

Robin foi guiado até a ala especial, sendo guiado pelo diretor daquela sessão que se sentiu curiosamente honrado em estar ao lado de Robin. Passou por alguns criminosos mais perigosos, a ansiedade no coração de Robin aumentando cada vez mais.

── E a mulher? ── Dick foi direto ao ponto, olhando para o diretor. ── Cabelos longos, parecem castanhos quando está de noite mas de dia é como um castanho avermelhado e queimado. Olhos chamativos. Estatura média, não muito baixa e nem alta.

── Oh, Lucy Harlow?

Dick teve dificuldade de concordar com o nome, a sua mandíbula travada enquanto tentava falar, então apenas acenou com a cabeça.

── Estamos chegando nela.

Mais alguns passos e uma porta com um visor de vidro foi aberta, dois guardas altamente protegidos ao lado de fora e dentro, quando Robin adentrou o cômodo percebeu que estava em uma sala que era dividida por um grande vidro que mostrava a cela da mulher. Seus punhos se cerraram de imediato ao perceber quem estava presa contra uma maca, recebendo uma pílula em sua língua, remédio o qual Lucy aceitou muito bem apesar de sua condição.

── É o procedimento usual dela, remédios e um pouco de detalhes especiais...

── Detalhes especiais? ── Dick murmurou girando sua cabeça para o lado para ver o diretor. ── Vocês a machucam?

── Não é exatamente isso. Nós realizamos uma série de tratamentos especiais, para entender a condição dela.

── E qual é a condição? ── perguntou de maneira mais firme, sua postura se tornando mais agressiva do que pretendia.

O diretor percebeu algo estranho, mas não contestou.

── Sequer sabemos direito, rapaz. Por isso estamos a estudando, provavelmente ela é muito perigosa e...

── Vocês fazem o que?! Como assim a estudam? Por que ela está presa?! ── o tom de voz de Dick subiu, no mesmo instante um olhar se posicionou nele e percebeu que Lucy conseguia vê-lo.

Foi torturante vê-la daquela forma, presa como um pássaro enjaulado, fazendo com que Dick se lembrasse dos momentos em que ela sempre mencionou como valorizava sua própria liberdade. Repentinamente, tudo fez sentido: a vontade de não falar sobre o passado, as marcas na pele, o ênfase na liberdade e a vivência intensa. Lucy estava fugindo de algo, buscando ser livre para sempre.

Algo dentro de Dick Grayson queria relembrá-lo de que aquela mulher era um perigo para a ordem social, não merecia a sua empatia ou sentimentos... era uma criminosa. Da mesma forma, ele se lembrou de que nunca foi um herói para carregar tantos pensamentos sobre regalias morais. Sentia-se intensamente conectado com Lucy Harlow e nada mudaria isso.

O impasse dominava seu coração na mesma medida que a dúvida mental. Não sabia o que poderia fazer para salvá-la enquanto ainda sentia as lâminas da mentira traidora perfurando os seus sentimentos. Lucy era uma mentirosa ou vítima? Ela realmente era um perigo? Geralmente o Asilo Arkham prendia criminosos com uma longa justificativa... Lucy deveria ter uma justificativa para estar lá.

── É algo além de seu conhecimento, rapaz... ── o diretor murmurou.

Não restou alternativas para Richard, assistiu a mulher que mexeu em seu coração por uma quinzena levar choques como forma de tratamento médico. Ela não gritou, mas a imagem ficaria em sua mente por muito mais do que quinze dias.

E realmente ficou.

Horas haviam se passado e a sensação de impotência atingiu Richard de uma forma que sequer ele esperava. Ao mesmo tempo em que sentia uma angústia por sua própria tolice de se importar com alguém que mentira para ele, o rapaz tinha a sensação de que as angústias de Lucy eram as suas; todos os machucados, as pílulas, as dores... especialmente os gritos. Como uma onda de som se potencializando ao em vez de se dissipar crescia a vontade de fazer algo para tirar ela daquele lugar.

E ele iria.

...

Lucy Harlow não sabia quantas horas tinham se passado desde a primeira sessão de terapia de choque após retornar ao Asilo Arkham, mas sabia que as mãos em sua pele ─ as mesmas que a afastavam das amarras ─ não eram de nenhum doutor ou funcionário. Demorou para abrir seus olhos, com pouca noção do espaço ou do tempo, mas ainda sentindo as mãos em sua pele, acariciando o seu pulso de forma humana.

Humanidade era algo que Lucy não testemunhava quando se tratava de outras pessoas reagindo sobre ela. Ao levantar suas pálpebras demorou um pouco para perceber quem estava a libertando, era um homem com roupas pretas e um capuz da mesma cor, além de uma bandana no rosto cobrindo boa parte ─ exceto os olhos. Oh, aqueles olhos... se as pílulas de esquecimento tinham feito Lucy esquecer-se de si própria não tinham feito-a esquecer dele.

Aquele cujo sorriso iluminava todo o rosto tingido por um bronze suave. Aquele que tinha um toque firme e suave na mesma medida, como se tivesse receio de ser agressivo ou fraco demais. Os efeitos da droga milagrosa da superação tinham se esvaído tão rapidamente quando ela finalmente percebeu que o garoto de olhos brilhantes e cheios de emoção estava à sua frente. Era Dick.

── Pensei que você fosse demorar uma quinzena para me buscar, garotão... ── a mulher murmurou meio grogue.

Mesmo com boa parte do rosto escondida, Lucy percebeu que ele não achou graça na fala dela, ela só não sabia se isso era por preocupação ou raiva. Tinha conseguido sentir o olhar de decepção do rapaz quando estava em exibição como um animal enjaulado. Ele estava com raiva? Deprimido? Chateado?

Dick sequer falou algo, apenas a puxou em seus braços e a segurou. Lucy sequer lembrou-se direito dos momentos seguintes. Escutou brevemente alguns gritos, pessoas caindo no chão, Dick a segurando com mais firmeza enquanto corria com ela até a colocar em um carro e partir. Estava em uma linha tênue de acordada e adormecida, talvez estivesse dopada demais...

Fechou os seus olhos e quando os abriu percebeu que estava em um ambiente completamente diferente, ainda usando os trajes de prisioneira do Asilo Arkham, os seus fios de cabelo ─ agora ressecados ─ grudados contra o suor frio de seu pescoço. Uma mão em sua testa a fez arregalar os olhos, percebeu quem era e se aliviou, mas ainda sim estava confusa.

── O que...

── Você está com febre ── Dick Grayson respondeu simples, inexpressivo demais para alguém com olhos tão bonitos.

Por alguns instantes, Lucy se perguntou se todo aquele brilho era apenas uma dissimulação oblíqua.

Uma angústia atingiu o coração apertado da mulher. Dick arriscaria tudo para salvá-la, mas ainda sim a olhava com frieza e estava sendo curto em suas palavras. Sequer tinha interagido direito com ele, mas sabia que algo estava errado. E claro que estava! Ela havia mentido, sido desonesta... isso era motivo o suficiente para alguém odiá-la.

E ainda sim ele tinha a salvado, a tirado daquele lugar infernal. Por breves segundos pensou no futuro, algo que não gostava de fazer tanto quanto pensar no passado, e visualizou o cenário em que Dick faria muitas coisas por ela e ainda sim não seria dela. Como se fosse o seu vizinho e cônjuge de outra mulher, ela provavelmente regaria flores e sorriria para Lucy enquanto a ex-prisioneira do Asilo Arkham pensaria em como matá-la porque o seu marido a trairia constantemente e talvez ela fizesse o mesmo.

Não, não poderia pensar dessa forma! Era errado! Sempre foi errado, pareceu absurdo, imaginar um futuro com alguém em sua vida. Lucy Harlow nunca foi uma pessoa estável, sequer sua família a aguentava.

── Você me tirou de lá, mas sequer olha em meu rosto ── Lucy murmurou como uma observação enquanto o olhava, Dick tomou uma respiração pesada de alguns segundos e a olhou.

A inexpressividade continuava, Lucy estava odiando isso.

── Eu deveria estar lá, mas com sorte eles vão esquecer de mim...

── Eles não vão esquecer de você, Lucy ── Dick murmurou com raiva, a mandíbula mais afiada como se estivesse a pressionando de nervoso. Ela também observou isso.

── Você também não esqueceu de mim, Richard... ── Lucy tentou sorrir pequeno, sabendo que seus lábios estavam rachados de tanta secura.

A brincadeira pareceu o estressar de vez. Dick soltou o pano que estava em suas mãos, usado anteriormente para limpar o rosto de Lucy, e então se levantou para andar pelos lados. Lucy sentou-se na superfície que estava, percebendo que estava no sofá de uma sala de estar. Era uma cabana, o acabamento de madeira denunciava isso, além de toda a forma rústica que a pequena cabana se compunha.

── Você... você sabe que eu posso ter arruinado tudo por você, não é? Você estava drogada de remédios quando eu cheguei, Harlow! Eu me arrisquei e você fica fazendo brincadeiras como se sua vida não importasse? O que realmente importa para você, uh? ── ele perguntou com raiva, como se tentasse não explodir tão agressivamente, mas Lucy só conseguiu reparar o quão atraente ele parecia com raiva.

A mulher sorriu de canto, negando com a cabeça.

── Era apenas um dia normal, Robin...

A postura dele se empertigou, claramente ficara na defensiva e Lucy aproveitou do momento de silêncio para se levantar. Sentiu seus membros fracos, mas forçou-se a ter o mínimo de compostura ao menos.

── Você está com raiva por conta de minha traição silenciosa, Grayson. Na verdade, você pensou muito bem sobre me tirar de lá. Algo executado na impulsividade nunca teria sucesso em um lugar como o Arkham.

Os punhos do moreno se cerreram, mas Lucy percebeu que ele estava apertando a própria unha contra a pele para... talvez se controlar? Mudar o foco da dor? Ela não quis pensar muito nisso, mesmo a preocupando momentaneamente.

── O que eles fazem com você é desumano. Não é justo com ninguém e eu...

── Oh, você teria salvado qualquer um? ── cruzou os braços, um sorriso seco surgindo no rosto dela. ── Não conte mentiras para si mesmo. Aceite que você fez algo moralmente incorreto.

── Não é bem assim... eu preciso saber o que você fez. O motivo pelo qual você mentiu para mim... e... talvez você mereça aquele lugar.

As palavras de Dick foram ásperas, mas ele não estava olhando para Lucy. Apesar da péssima frase, ela se sentiu aliviada pela expressão assustada no brilho dele; apatia a deixava temendo o pior das pessoas.

── Nem você acredita nisso, Grayson. Afinal, eu não fui a única que guardou segredos! Eu te vi como Robin, eu sei que ele é você ── Lucy deu alguns passos para se aproximar dele, teve sucesso pois Dick permaneceu imóvel.

── É totalmente diferente ── foram as únicas palavras que ele proferiu, seu olhar se encontrando com o dela lentamente.

── Sim, sim... a moralidade nos separa. Mas o que seríamos se não um grande quadro em branco para ser pintado com cores do branco até o preto? Ninguém é apenas uma coisa, Grayson. Somos todos cinzas. Você é, eu sou. A única diferença é que eu admito isso!

── Isso não convém, Harlow. Você mentiu para mim por semanas!

── Por duas semanas, Dick! Céus... você está realmente sendo tão dramático sobre isso?

As palavras pareceram machucar Dick mais do que ela planejava. Queria apenas o silenciar, fugir de todas as explicações, mas então percebeu uma lágrima escorrendo pela bochecha dele e percebeu que talvez tivesse o atingido mais do que deveria. Imediatamente sentiu-se mal com isso, mas Lucy nunca foi o tipo de pessoa que olhava para trás para pedir desculpas porque os seus erros eram ruins demais para uma segunda chance. Ela se sentia ruim.

Afastou-se da proximidade e estudou o local com seus olhos, coçando sua cabeça ao sentir algumas pontadas de dores.

── Tem algum cigarro?

Estava de costas para Grayson, observando a cabana, percebendo que ainda era noite ─ ela só não sabia de qual dia ─, mas quando virou-se percebeu ele avançando em sua direção com passos determinados. Dick andou tão rápido que a fez dar alguns passos para trás como uma forma de defesa, encostando contra uma parede. O moreno só parou de andar quando seus narizes estavam quase encostados.

── Sim, Lucy, você me machucou e isso não é minha culpa. É culpa inteiramente sua, sabia? Você me fez ter esperanças, pela primeira vez da vida, que eu poderia ser algo além do Robin. Você deixou essa faísca em mim, de que eu não precisava ser a pessoa violenta de sempre, de que eu poderia ser um simples jovem adulto! E eu... como eu poderia evitar isso? Com todos aqueles momentos? ── ele era muito expressivo e isso deixava a mulher aflita.

Lucy queria beijá-lo, dar um tapa na cara, se afastar, o abraçar... talvez chorar? Emoções assim eram confusas, ela sempre as evitou, mas era impossível evitar a carreta de emoções repentinas de Richard Grayson.

── Sinto muito, Dick. Você escolheu a pessoa errada.

Como se entrasse em um mar de tristezas, Dick desceu seu olhar para os lábios dela e estudou todo o rosto de Lucy, em seguida se afastando ao cravar suas íris nas dela. A Harlow sentiu sua alma exposta pela forma como ele estava a olhando e sentiu seu coração partir pela forma como tinha o magoado.

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