09 ○ Miles ●
Já faz um tempo que Deborah foi ao banheiro e nada dela voltar, resolvo ir atrás dela, quando chego ao topo da escada encontro Polly de cabeça baixa, parece esta chorando. Sento ao seu lado, talvez ela tenha brigado com meu irmão, isso tem acontecido com muita frequência ultimamente. Eles entram aos berros em casa, passam o final de semana sem se falarem, mas quando chega na segunda estão como dois pombinhos apaixonados. Ela levanta a cabeça com os olhos vermelhos e a maquiagem toda borrada.
- Esta tudo bem? - pergunto.
- Sim. - ela funga e seca mais uma lágrima preta - Seu irmão... bebeu demais...
- Ele deve ter se animado.
George não tem o costume de beber. Essas brigas deles já fazem uns dias, não pode ser só por isso que ela esta chateada. Até hoje não consigo entender como meu irmão se deixou envolver por essa garota se tinha uma muito melhor aos seus pés. Depois de secar todas as lágrimas, ainda com o rosto molhado e manchado ela pega a minha mão. Fico encarando nossas mãos juntas e começo a sentir um mal estar. Puxo de uma vez.
- O que você está fazendo? - minha voz sai rude.
- Você... - ela mexe no cabelo e me dá um sorriso malicioso - Você é tão gentil. Seu irmão não me trata tão bem assim e para ser sincera, quando conheci vocês, me interessei por você.
Ela se aproxima e beija o canto da minha boca, me afasto e ela tenta me beijar para valer, me esquivo. Fico de pé.
- Você tá maluca? Você é namorada do meu irmão.
Ela bufa e fica de pé.
- Miles, vamos ser sinceros, eu e seu irmão estamos por um fio, nunca fiquei tão ligada a ele assim como ele a mim. Ninguém vai sofrer tanto com a falta desse relacionamento.
- Mesmo que o namoro de vocês acabe, não vou ficar com você. - respiro fundo frustrado - Gosto de outra pessoa.
- E quem é? Por acaso aquela ridícula da Deborah? - suas palavras saem cuspindo veneno.
- Não fale dela assim. - aperto os punhos furiosamente.
- O que você precisa é de um novo grupo de amigos. - ela se aproxima e passa a mão sobre meu peito - Aqueles três insignificantes não merecem você.
Fico tonto de raiva. Essa garota tem sérios problemas. Nem em sonho ficaria com ela. Falar dos meus amigos é o fim para mim, ainda mais alguém que não tem nenhum respeito pelo próximo.
- NÃO FALE DOS MEUS AMIGOS. E NUNCA MAIS SE APROXIME DE MIM. - grito.
Polly pisca algumas vezes e vejo seus olhos ficarem marejados. Não sinto a menor pena dela. Desço as escadas furioso. Saio a procura de um shot de tequila antes que faça alguma besteira. Nunca fui de ficar com tanta raiva de alguém, mas acho que tudo foi acumulado. Escutar alguém falar mal dos meus amigos e ainda da garota por quem estou apaixonada ultrapassa qualquer tranquilidade. Encontro a tequila e bebo três shots, meus músculos estão relaxados, minha boca está um pouco dormente. Volto para a sala e vejo Debby, ela parece procurar alguém, quando seus olhos caem sobre mim vejo alivio. Também estou aliviado em ver ela.
- Pode me levar para casa? - ela fala quando se aproxima e me entrega a chave.
Pisco algumas vezes confuso. Ela acabou de chegar.
- Claro.
Demoramos para chegar até meu carro, tive que estacionar bem distante de casa por causa do aglomerado de carros em volta. O caminho até a casa dos Williams é silencioso e estranho, Debby não tentou puxar qualquer tipo de assunto para passar o tempo. Fico tenso todo o trajeto, mas resolvo não tentar conversar, talvez ela esteja apenas cansada. Assim que chegamos ela solta um "boa noite" e entra em casa. Fico confuso com sua despedida, mas sigo para casa, para mim a festa acabou. Assim que chego subo as escadas, entro no quarto. Vou em direção ao banheiro, ligo a água quente, fico embaixo do chuveiro refletindo sobre a noite de hoje. Passei grande parte da festa dançando com a Debby, foi maravilhoso ter ela nos meus braços por algum tempo, mas depois que ela saiu do banheiro voltou tão alheia a qualquer situação a sua volta, como se nada a sua volta fosse importante. Balanço a cabeça e saio do banheiro, visto uma cueca, ligo o aquecedor no máximo e me jogo na cama.
○●○●○●○●○●○●○●○●○●○
Não vi Debby todo o final de semana. Passei o tempo inteiro em casa. Marie e Steve me chamaram para sair com eles diversas vezes, mas não aceitei. Até mesmo meu irmão me deixou sozinho, ele saiu todo feliz no domingo, quando caiu a noite Polly ligou querendo falar com ele, fiquei sem saber o que dizer, pensava que tinham se acertado, mas ao que parece George saiu com outra. Talvez esse namoro não tenha mais futuro. Ainda não consegui esquecer como ela foi descarada de dá em cima de mim, se George tiver se livrado dela, vai ser ótimo, não terei que cruzar com ela na minha casa. Apesar de passar o final de semana sem fazer absolutamente nada, na segunda de manhã parecia que um trator tinha passado por cima de mim e ainda tinha jogo hoje, se não ganhássemos o treinador ia nos matar. Fui buscar Debby como sempre, mesmo sem avisar, ela saiu correndo até o jipe e estava tão viva, seus olhos pareciam brilhar. Pensei em perguntar o que tinha acontecido, mas acho que se ela quisesse me contar já teria falado.
Quando chegamos no estacionamento da escola ainda é cedo, mas Marie e Steve já estão nos esperando. Marie corre e sobe no capô do jipe, Steve fica entre suas pernas. Debby senta no capô só que mais em cima, encostando as costas no vidro. George estaciona sua Ducati próxima ao jipe, depois de tirar o capacete ele vem ao nosso encontro; antes que ele fale alguma coisa Polly vem correndo ao nosso encontro, se joga no colo dele e dá um beijo desentupidor de pia. O desconforto é geral, Marie está fingindo um ataque de vômito enquanto Steve faz cara de nojo. Ele não é o único que não vai com a cara da Polly. Quando meus olhos encontram Debby meu coração parece ter sido esmagado por um martelo, seus olhos estão marejados e todo o brilho que estava mais cedo foi completamente engolido por um buraco negro. Depois do show de Polly meu irmão parece desconfortável, ele olha para Debby preocupado. Reflito sobre toda essa situação e me dou conta que Debby deve ter sido o encontro de George no domingo. Mas se é verdade Marie deve saber de alguma coisa, Debby jamais esconderia algo da melhor amiga.
- Preparado para o jogo de hoje? - Steve pergunta.
- Ah meu Deus, vai ser incrível. - Polly grita com uma voz aguda.
- Vadia. - Marie fala apenas com os lábios.
- Sim, completamente preparado. - viro para Debby - Vou fazer muitas cestas pra você.
Ela dá um sorriso tímido e beija minha bochecha.
○●○●○●○●○●○●○●○●○●○
Esta a maior gritaria. Nós ganhamos. Não consigo encontrar Debby em lugar nenhum. Quando fazia cestas tentava procura ela no meio da multidão, mas não conseguia; pensava que ela estava ali mesmo que não a visse, mas agora não tinha tanta certeza. Antes do jogo resolvi que falaria com Marie assim que terminasse, colocaria ela contra parede e perguntaria se estava acontecendo alguma coisa que eu não estava sabendo. Procuro Marie e a encontro sendo rodada por um Steve todo suado, ele a solta e ela bate nele com cara de nojo. Rio. Me aproximo deles e os puxa para um local mais calmo.
- O que tá acontecendo com a Deborah? - pergunto.
Os dois se olham confusos.
- Do que você tá falando? - Marie pergunta.
- Você não reparou? - bufo frustrado - Tá acontecendo alguma coisa. No dia da festa ela foi ao banheiro, demorou bastante e quando voltou pediu pra que eu a levasse para casa, não trocou uma palavra comigo durante todo o percurso. Não nos falamos durante todo o fim de semana. Hoje quando fui buscar ela em casa, estava toda sorridente com os olhos brilhando de alegria, mas quando viu meu irmão com a namorada ela ficou toda chorosa.
Marie revira os olhos.
- Sabemos que ela gosta do George, ela é muito boba apaixonada. Claro que iria ficar chateada.
- Você não tá entendo. George saiu de casa no domingo a tarde e só voltou a noite, Polly ligou pra ele e não estava em casa, ele saiu todo feliz. Hoje, depois do beijo ridículo ele olhou para a Debby como se estivesse preocupado com o que ela estava pensando ou achando ou até mesmo preocupado com os sentimentos dela.
Cuspo as palavras. Estou tremendo, sei que estou preocupado com a possibilidade dos dois estarem juntos. Se realmente estiverem, vai doer, mas só quero a felicidade dela, então terei que aceitar.
- Você acha que estão juntos? - Marie pergunta com os olhos arregalados.
- Não sei, mas tem uma possibilidade. - sussurro.
Steve fica calado e sem saber para onde olhar, ele sabe dos meus sentimentos pela Deborah e lamenta muito toda a situação.
- Se isso estiver acontecendo, vou ficar sabendo. Ela não consegue esconder as coisas de mim por muito tempo e se não falar vou tentar arrancar a verdade.
Aceno em concordância.
- Manda um mensagem pra ela. - Steve fala - Vamos para o August's comemorar a vitória.
○●○●○●○●○●○●○●○●○●○
Estamos no August's para comemorar a vitória. Os caras do time já estão na quinta rodada de batatas com queijo e Coca-Cola. Debby mal tocou nas batatas, apesar de está mais animada. Marie tentou conversar com ela, mas não houve nenhuma confissão. Talvez esteja errado sobre o assunto.
- Esta sem fome? - pergunto a Debby.
- Sim. - ela sorri um pouco sem graça.
- Esta acontecendo alguma coisa com você? - pergunto em um sussurro enquanto pego uma batata.
- O que? - ela olha para mim e pisca algumas vezes - Não tá acontecendo nada. Por que tá me perguntando isso?
- Porque você tá esquisita. Distante. - jogo a batata de volta na grande pilha - Sinto como se estivesse me deixando de lado ou que estou incomodando de alguma forma.
Seus olhos se arregalam.
- É claro que não. Desculpa se parece que quero distância, mas só ando perdida nos meus pensamentos.
Olho em seus olhos em busca de alguma contradição e me surpreendo com o que vejo. Medo. Ela está com medo de me contar algo, não faço a mínima ideia do que poderia ser, mas sei que é medo em seus olhos. Deve está se sentindo muito pressionada, eu e Marie a confrontamos no mesmo dia, buscando respostas para um comportamento divergente. Me sinto impotente. Não conheço a garota por quem sou apaixonado. Queria saber alguma fórmula para poder conquistar ela, mas na vida real nada disso existe, o coração toma suas decisões e você é obrigado a segui-lo, não importa em que direção ele o guie. As vezes tenho medo que meu coração me leve para um abismo.
- Tudo bem, mas quando precisar conversar estou aqui. - sorrio com os lábios.
- Eu sei.
Ela me abraça e beija minha bochecha.
O resto da noite conversamos com os caras do time enquanto Marie e Steve ficam se agarrando, daria tudo para está assim com a Debby. Que droga. Não consigo nem controlar meus pensamentos, daqui a pouco não vou conseguir mais disfarçar nem para ela.
O sino da porta de entrada toca, olhamos para ver quem esta entrando e são apenas George e a namorada. Debby murcha imediatamente ao meu lado. Meu braço está sobre a cadeira que ela está sentada, sinto os olhos do meu irmão nele, se ele tivesse o poder do ciclope estaria perdido. O que diabos está acontecendo? George deu para ter ciúmes da Debby? Por que? Será que ele está interessado nela? Mas por que está com a Polly se está interessado nela? Talvez ele esteja querendo marcar território como sempre fez, mas porque desse interesse repentino na minha "amiga", não faz sentido. De qualquer maneira cansei de tentar entender ele. Eles vão até o balcão e fazem o pedido, não demora muito e eles saem com dois papéis pardo e dois copos de refrigerante. Debby está alheia a tudo que aconteceu, mas notei toda a diferença em sua postura. As vezes uma vontade terrível me sobe a garganta para gritar na cara dela e dizer que ele está pouco se lixando para ela, mas não consigo. Posso imaginar a carinha magoada que ela faria e talvez choraria por uma semana ou mais. Não suportaria ver ela assim, o que me resta é observar ela se derreter pelo meu gêmeo até criar coragem e contar para ela sobre meus sentimentos. Porque de uma coisa eu sei... Ela precisa saber o que sinto.
○●
Chegamos ao fim de mais um capítulo 🙌
Não esqueçam de votar e comentar.
Dêem uma conferida na minha outra história, Nem Tudo é Ganância, que me arrancou lágrimas nos últimos capítulos.
Até a próxima!
XOXO 😘
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro