» Liam Payne »

Nunca estive tão envergonhado em toda a minha vida. Meus hormônios haviam vencido minha batalha interna e se dependesse dos mesmos eu estaria transando nesse exato momento.

Saí da casa de Ariana com um pouco de medo de que alguém me visse, mas felizmente ela estava certa quando disse que não havia ninguém no lugar.

No carro, eu ria que nem um bobo, enquanto relembrava de nosso beijo. Tinha sido realmente muito bom e eu mal podia esperar pelo nosso próximo reencontro, onde eu faria questão de roubar seus lábios para os meus novamente.

Chegando em minha casa, torci para que ninguém notasse minha presença. Meus passos até meu quarto foram silenciosos e calculados. Eu planejava dormir até a hora que estaria saindo da escola, assim não levantaria suspeitas. Porém, não foi exatamente assim que aconteceu.

— A diretora ligou. — foi o que ouvi quando pisei dentro do quarto mal iluminado.

Naquele segundo, desaprendi a respirar. Aquela maldita havia aberto a boca para difamar-me e acabar com a boa imagem que a minha mãe tinha sobre mim, só podia ser.

— E então? — perguntei, tentando não transparecer meu desespero, pelo menos não por completo.

— Ela contou sobre as suas saídas durante o horário de aula. — continuou, com uma feição séria e até mal-humorada, eu diria.

— Minhas saídas? Mas só aconteceu uma vez. Ou foram duas? — vi-me confuso enquanto tentava lembrar.

— Então você confessa que o que ela disse foi verdade?

Droga. O prêmio de otário do ano com certeza seria meu.

— Mãe... Você fala como se eu estivesse matando aula. — eu realmente não tinha mais o que dizer para me defender.

— E o que você estava fazendo se não isso? — perguntou, totalmente indignada.

— Olha, em um dos dias eu não estava bem e hoje, tive que ajudar uma amiga. — expliquei, esperando que aquilo bastasse para que eu saísse bem da história.

— Eu imagino que tipo de ajuda. — revirou os olhos, deixando-me boquiaberto.

— Mãe! — repreendi a mulher impaciente em minha frente.

Senti-me culpado pelas minhas decisões de hoje. Elas pareciam tão corretas ao meu ver, mas agora, eu já não tinha mais tanta certeza.

A quem eu estava tentando enganar? Eu sabia que estava errado.

— Não pensei que algum dia isso seria necessário, mas quero que você me entregue a chave do seu carro. — pronunciou, deixando-me sem reação por alguns segundos.

— Você não pode estar falando sério. Mãe, eu já tenho dezoito anos. — tentei argumentar, porém foi em vão.

— Isso pouco me importa. Dê a chave para mim. — estendeu a mão, esperando que sua ordem fosse acatada.

Então, sem outra opção, tirei o que ela tanto queria do meu bolso e larguei em sua palma.

A mulher deixou o cômodo sem mais nenhuma palavra, deixando-me desolado.

...

No dia seguinte, tive que acordar meia hora mais cedo porque precisava ir para aula a pé. Pelo menos aquelas caminhadas matinais seriam boas para perder qualquer peso que eventualmente eu viesse a ganhar. Afinal, sendo capitão do time de futebol, é imprescindível manter o corpo em boa forma.

Eu até gostava do que via no espelho quando parava para analisar-me e os olhares sedentos de algumas das alunas era uma prova de que eu estava certo.

Já nos corredores daquela imensa escola, meus olhos captaram os fios loiros mais lindos do lugar. Não pensei duas vezes e me aproximei para abordá-la, mas nem precisei abrir a boca pois ela logo percebeu minha presença.

— Oi, Liam. — cumprimentou-me menos animada do que eu esperava.

— Oi. — sorri, feliz em vê-la e aproximei-me para depositar um beijo em seus lábios espelhados por conta do gloss.

— O que você está fazendo? — afastou-se, impedindo que nossos lábios se tocassem.

— Te beijando? — respondi incerto.

— Liam, o que aconteceu ontem ficou no passado. Hoje é um novo dia. — disse, gesticulando com as mãos.

— Mas eu pensei que... — comecei a falar, portanto logo fui cortado.

— Você acabou de sair de um namoro, então deve estar confundindo as coisas. — Ariana sorriu e pôs sua mão em meu ombro, reconfortando-me. — Você sabe como é, eu estava carente, você também... — deixou subentendido.

Ou eu estava muito confuso, ou estava muito loco, mas não podia acreditar que o momento que havíamos passado não significava nada além de pura carência.

Talvez eu estivesse sendo ingênuo ao esperar muito de Ariana. Talvez eu estivesse esquecendo de que ela não era como Marie, ou como as outras garotas as quais eu tive algum tipo de relacionamento. E talvez, eu não estivesse confuso, e sim, ela.

Já estava na hora de aprender como lidar com a loira.

— Até mais tarde então. — despedi-me rapidamente e saí de lá antes que ela falasse mais alguma coisa que possivelmente daria um nó em meu cérebro.

Decidi que hoje era dia de voltar as minhas origens. Na aula, prestaria tanta atenção que nem precisaria estudar para a prova daquela matéria. No treino, colocaria em prática tudo o que eu já sabia e arrancaria elogios do treinador, que ficaria extremamente orgulhoso de mim. Em casa, limparia toda a bagunça e sujeira que visse e assim faria com que minha mãe repensasse sua atitude de ontem, possivelmente devolvendo-me o carro. E assim, logo tudo estaria em ordem.

Já no almoço, evitei manter contato visual com Ariana. Distanciar-me da mesma por um breve momento faria-me bem. Eu só não esperava que até o desligado do Niall perceberia isso.

— Está tudo bem entre vocês dois? — sussurrou para mim, aproveitando a distração dos outros.

— Sim, por que não estaria? — retruquei, deixando o loiro ainda mais curioso.

— Liam, sério, o que aconteceu? — ele quis saber, fazendo-me suspirar.

Eu podia enrola-lo até que o mesmo desistisse, porém resolvi ir direto ao ponto.

— Nós nos beijamos. — falei simplesmente.

— E agora vocês não se olham mais na cara que nem criança depois que dá o primeiro beijo? — usou uma comparação que fez com que eu me sentisse patético.

— É, não estou muito a fim de olhar na cara de quem me beija e depois diz que foi por causa de carência. — respondi, ficando furioso só de lembrar.

— Ah.

Agora, Niall parecia ter entendido.

N: Ariana não seria ela mesma se não tivesse se desviado de seus sentimentos, não é mesmo?