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Epílogo

-Posso perguntar?-Benoit assentiu para Marta -Quando descobriram que eu tinha alguma coisa a ver com a morte do Harlan?

Os três estavam na biblioteca,sentados nas poltronas.

Elliott e o soldado Wagner haviam levado Ramson embora apesar de Richard ter protestado contra isso e até mesmo tentado subornar os oficiais.

A família Thrombey se encontrava do lado de fora da casa,agora cientes de que deveriam buscar formas de sobreviver por conta própria sem o dinheiro de Harlan.

Marta ficaria com a herança e nada mais mudaria esse destino.

-Desde que pôs os pés na minha frente-Foi a resposta de Benoit.

Só então Marta percebera que havia um respingo de sangue em seu tênis,do momento em que ela presenciou Harlan cortar a própria garganta.

-Quero que lembre de uma coisa muito importante,Marta -Harriet atraiu sua atenção -Você ganhou,não por entrar no jogo como Harlan,mas como você mesma.É uma boa pessoa.

Benoit levantou-se tocando a mão da esposa para que a mesma envolvesse seu braço,e ela não hesitou em fazê-lo.

-Essa família -A voz de Marta os fez parar no meio do caminho para a saída do cômodo -Eu devo ajudá-los,né?

-Temos nossas opiniões,mas tenho certeza de que irá seguir seu coração.-A Blanc disse calmamente.-Foi o que fiz,porque alguém me mostrou que eu podia-Ela deu de ombros e Benoit sorriu cúmplice.

-Eu não entendo...

-Sei que notou as cicatrizes,Marta.

-Não achei que seria educado perguntar como as conseguiu.

Benoit encostou os lábios no ouvido de Harriet.

-Vou te esperar lá fora-Com um beijo no lado de sua cabeça,ele saiu dali.

-Bom,não é uma história na qual eu irei me alongar muito,ainda não é algo confortável de ser relatado apesar de não doer há muito tempo.-Harriet soltou uma respiração profunda-Fui vítima de violência doméstica,Srta.Cabrera.

-Você!?

-É,eu sei,um pouco difícil de acreditar considerando o que fiz momentos atrás com o Sr.Drysdale.

Marta estava sem palavras.

Sua mente não conseguia imaginar um cenário onde a mulher que se mostrou tão forte e determinada em sua frente pudesse sofrer algo como violência doméstica.

-Mas o detetive Blanc...-Harriet a interrompeu.

-O Ben?Não.Céus,não!Ele jamais levantou a mão para mim e sei que nunca o fará.-A mais velha riu do absurdo imaginado pela jovem-Benoit na verdade me salvou...do meu agressor e de mim mesma.Ficamos bons amigos por anos antes de qualquer sentimento acima disso surgisse,ele me ajudou a acreditar em mim de novo,não permitiu que eu caísse nem desistisse,incentivou-me a buscar o crescimento que ele sabia que eu poderia alcançar.

-Não tenho certeza se possuo alguém assim na minha vida.

-Não precisa ser necessariamente um cônjuge,você tem sua mãe e irmã,não é?-Marta assentiu-Elas estarão ao seu lado durante as suas mudanças e lutas,se não estiverem...seja o seu próprio apoio.

-E como se faz isso?

-Comece se perguntando para que você deseja continuar,e o resultado que trará.Se vale a pena,vá em frente.Eles não são maiores que você,não mais.

Dizendo isso,Harriet a deixou ali com seus pensamentos.

Ao sair da casa,a detetive ouvia os ruídos da família e ela sabia que eles provavelmente teriam muito no pensar e fazer a partir daquele momento.

Harriet percebeu a presença da Sra.Drysdale na lateral da porta de entrada.

-Sra.Drysdale,creio que a essa altura já esteja ciente do que o seu marido fez.

-É,meu pai deixou uma carta,e agora descubro que o Ramson matou a Fran e planejou a morte do avô.

-Eu imagino o quanto deve ser complicado,mas você vai ficar bem.-Harriet lhe garantiu.-É uma mulher forte.

Linda,apesar de tudo,se sentiu confortada pelas palavras da detetive.

Benoit notou a presença da esposa logo se dispondo em ir até a mulher para que ambos finalmente pudessem ir embora.

-Pronta para irmos?-Ele lhe perguntou ao envolvê-la pelos ombros.

Eles pararam perto do carro que os levaria dali.

-Sim,vamos para casa.


••••••••••••••••••••••

Os dois estavam no carro após terem entregado todo o relatório do caso para as autoridades lidarem com Ramson.

Marta ficaria bem,ela pretendia se mudar para a mansão de Harlan com sua mãe e irmã,também finalmente conseguir a cidadania americana para as três.

O dinheiro que ele deixara para ela com certeza ajudaria com essa questão.

Harriet manteve o contato da Cabrera em seu telefone,pois aprendeu a se importar com a moça.

O casal já havia passado no hotel onde estavam hospedados durante o caso e pego suas malas,iriam para o aeroporto e estariam em casa no dia seguinte pela manhã.

Já na área de embarque,aguardando seu vôo ser chamado.

Elliott e Wagner estavam ali para se despedir.

-Ben?

-Sim,querida?-Ela sentiu o polegar acariciando sua mão.

-Eu planejava te contar isso quando estivéssemos no nosso jantar de aniversário,mas com todo o caso do Harlan...e agora acho que não consigo mais esperar.

Os policiais viram que era um assunto particular e tiveram a decência de fingir não prestar atenção.

-Amor,o que está acontecendo?Conheço essa expressão,você está nervosa e parece assustada,eu estou ficando assustado.

-Antes de sermos contratados,eu andei sentindo momentos de mal estar repentinos e fui ao médico.

-Você foi ao médico e não me disse nada!?Harriet,por que não me contou que estava se sentindo mal?

Benoit não estava bravo com ela,apenas preocupado com o que poderia ter acontecido se ela realmente estivesse doente e ele não soubesse de nada.

-Eu sei que devia ter falado com você,mas pensei que não fosse nada grave,e descobri que de fato não é.

O homem tocou o rosto dela com carinho.

-O que o médico disse? Você não está doente,não é?

-Não.-Ela balançou a cabeça -Benoit...eu estou grávida.

O detetive levou mais do que alguns segundos para processar o que a esposa acabara de lhe revelar.

-Gravida!?-Harriet assentiu-Vamos ter um bebê -Ela balançou a cabeça confirmando.-Eu vou ser pai.-O homem murmurou incrédulo e logo em seguida abriu um grande sorriso-Ah meu Deus,eu vou ser pai!

Harriet se sentiu erguida nos braços do marido e Benoit os rodopiou sem se preocupar com quem estava os olhando.

Ele a beijou apaixonadamente em meio aos sorrisos entre um beijo e outro.

-Eu te amo,Harriet Blanc.

-Eu também te amo,Benoit Blanc.

-Ouviram isso?-Ele se dirigiu a dupla de oficiais -Eu vou ser pai!

-Isso é uma notícia ótima,meus parabéns aos dois-Elliott desejou sinceramente.

-Isso incrível mesmo,parabéns -Um sorridente Wagner falou.

No mesmo instante,o auto falante anunciou que estava na hora do embarque.

-Foi uma grande honra trabalhar com vocês,obrigado por nos ajudarem. -Wagner apertou a mão de ambos.

-Também foi ótimo trabalhar com vocês.

Eles se despediram e o casal seguiu feliz para o avião.

Quando Harriet ia se sentar,de repente Benoit ficou de joelhos diante dela e beijou o estômago coberto pelo tecido da blusa azul listrada dela.

-Ben,estamos em público.-Ela sorriu tateando um pouco até sua mão encontrar os cabelos grisalhos dele.

-Eu não me importo,estou sendo carinhoso com o nosso bebê.

-Ainda é uma sementinha,não estou nem com duas semanas.

-Mesmo assim,é o nosso bebê-Benoit levantou e depositou um beijo em seus lábios- E estou imensamente feliz por estar vivendo isso com você.

Harriet pôde ouvir os outros passageiros murmurando sobre como a atitude era adorável.

Quando eles se sentaram,Harriet encostou a cabeça no ombro do marido.

-Obrigada,Ben-Ela sussurrou de forma que apenas ele foi capaz de ouvir.

-Pelo quê?

-Por me ensinar a viver de novo.



Notas finais

Essa foi a história de Benoit Blanc e Harriet Blanc.

Fiquei meio na dúvida sobre postar esse capítulo,mas tá aí.

Se quiserem,posso fazer uns bônus sobre o bebê e um pouco mais sobre o passado da Harriet.

Espero que tenham gostado bjs e até a próxima!

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