
Capítulo 3
Os detetives finalmente entrariam em ação e estavam empolgados com isso.
Obviamente mantendo o decoro profissional.
-Sr. e Sra. Blanc,eu sei quem vocês são.-Foi o que Linda disse durante a conversa.-Li sua matéria na New Yorker e achei encantadora.-Harriet notou que ela estava sendo sincera a contragosto-Eu acabei de enterrar meu pai de oitenta e cinco anos que cometeu suicídio.Por que estão aqui?
-Viemos a pedido de um cliente.-Harriet respondeu sem se abalar.
-Quem?-Ela quis saber.
-Não podemos falar.-Benoit tomou a palavra-Mas podemos garantir uma coisa-O detetive inclinou-se para frente na cadeira envolvendo a mão da esposa na sua e enquanto respondia a questão da mais velha dos Thrombey.-Nlossa presença será ornamental,e verão que somos respeitosos,quietos e passivos observadores da verdade.
As perguntas estavam sob responsabilidade dos Blanc agora.
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-A enfermeira do Harlan,ela estava na festa exercendo sua função?-Harriet perguntou a Richard Drysdale.
-Marta!?Eu acho que sim, Harlan a contratou para ficar próxima e resolver qualquer necessidade médica que aparecesse.Mas na verdade,ela faz parte da família.Boa menina,ela era uma boa amiga do Harlan,a família dela é do Paraguai.Linda gosta muito da ética profissional dela.Imigrantes,fazem bem o trabalho.
Harriet se sentiu incomodada com o entonação um pouco xenofóbica do homem.
Apenas para descobrir que a frase nada mais era que uma referência a uma peça de teatro que ela nunca ouviu falar,mas que o soldado Wagner entendeu perfeitamente.
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De repente,Benoit levantou da cadeira e se aproximou dos policiais e de Linda Drysdale.
Sua parceira o acompanhou um tanto distante,deixando seu marido trabalhar.
-Será que eu posso...?Depois eu me afasto,mas como um homem que se virou sozinho na vida,eu preciso expressar minha admiração pelo modo como seguiu os passos do seu pai.
-Obrigada.
-É maravilhoso!-Harriet exclamou gentilmente enquanto guiava-se até o marido usando sua bengala.Benoit sentou na poltrona de couro marrom próximo a Linda e aguardou a esposa chegar mais perto para logo segurar novamente sua mão livre.
-Soldado Wagner,poderia fornecer um assento para minha esposa,por favor?
-Claro. -Harriet ouviu o ruído da cadeira sendo colocada atrás dela e se acomodou na mesma.
-Obrigada,Wagner.-A mulher lhe sorriu gentilmente antes de se dirigir para Linda continuando o assunto anterior.-Sabe,a família toda também,Joni com o lance dela,Walt com o império editorial...é notável devo dizer.
-Bom,sim,Walt foi bem com o que meu pai deu para ele.Não que importe,mas na verdade papai dava um livro para ele duas vezes por ano e Walt o publicava,só não é a mesma coisa.
Todos,exceto Harriet que apenas franziu o cenho diante da frase,olharam para Linda confusos.
-Mas certamente Walt cuida da divulgação,das adaptações,direitos autorais de TV e cinema,digo...-Benoit foi abruptamente interrompido pela mulher.
-Você está me testando,detetive?-Linda disse com desconfiança e irritação.-Sabe que ele não faz isso.
Diante da reação dele,ela continuou:
-E se me considera idiota o bastante para cair nessa e falar dos negócios da família e falar mal do meu irmão caçula na frente de um investigador da polícia e um policial acompanhados de detetives intrometidos...
-Sra.Drysdale,desculpe interromper seu profundo monólogo sobre lealdade familiar,no entanto,estamos nada mais do que fazendo nosso trabalho.Não queremos provocar nenhuma espécie de discórdia entre a senhora e seu irmão mais novo, absolutamente!Mas,se falar com o meu marido nesse tom novamente,teremos problemas.
-Isso foi uma ameaça?-A outra rebateu em afronta.
-De maneira nenhuma,apenas um aviso prévio.-O sangue da detetive ferveu.
Quem Linda Drysdale pensava que era para falar com seu Ben daquele jeito?.Pensava Harriet.
-Harrie,querida,está tudo bem.-Benoit procurou acalmar os ânimos.Ele inclinou-se para falar ao ouvido dela- Lembre-se do porque estamos aqui,meu amor.
Em resposta,a detetive respirou fundo e suavizou a expressão.
-Peço perdão pelo meu comportamento nada profissional,Sra.Drysdale,não estou em meus melhores dias.
A mulher assentiu.
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Aos poucos,cada membro da família Thrombey foi cedendo as informações conforme as perguntas que o casal fazia.
Richard disse que Walt não cuidava dos negócios de Harlan e suas obras literárias.
Acrescentou também que o falecido escritor não permitia adaptações de qualquer tipo para seus livros,e que Walt não havia gostado disso.
E que Walt,embriagado,discutiu com Harlan na noite da festa,o que deixou o caçula chateado durante a comemoração.
Algo que o próprio resolveu contestar.
-O quê!?O Richard disse o quê!?Meu Deus,a gente não discutiu nada.
-Sr.Thrombey,estamos apenas tentando conseguir uma ideia mais precisa dos fatos.-Harriet falou pacificamente.
-Harlan te levou para conversar de lado e você voltou chateado.-Benoit deu continuidade-O que o Harlan te falou?
Walt não respondeu de imediato,parecia perdido em lembranças.
Logo Harriet percebeu que a conversa que ele tivera com o pai não foi como o esperado.
-Nós tivemos uma discussão profissional sobre E-books. -Foi sua resposta -Aquilo não foi nada,quer falar de discussão!?Nossa!Ramson discutiu feio com ele.
-Ramson Drysdale,o filho do Richard e da Linda.-Harriet quis confirmar.
-Sim.-Uma pausa -Todos gostamos do Ramson,é um bom menino,amamos ele.
-Mas...?-Benoit o encorajou.
-Mas ele sempre foi a ovelha negra da família.Eu prefiro deixar essas coisas só na família,mas sabe,o Ramson na verdade nunca trabalhou.E papai por algum motivo desconhecido sempre o ajudou,eles tinham uma ligação de amor e ódio,brigavam,mas naquela noite...nossa,eles quebraram o pau.
-E por que eles discutiram tão fervorosamente como o senhor acabou de afirmar?-A detetive questionou interessada.
-Não deu para ouvir direito,mas foi feio,e foi estranho eles discutirem em outro cômodo,normalmente gostam de fazer drama na frente da família inteira.
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-Falando em discutir feio,você chegou mais cedo a casa para ajudar a arrumar as coisas.-Benoit lembrou a Richard.-Você conversou com Harlan nesse momento?
-Ele estava lá,acho que conversamos.
-No estúdio dele?-Harriet complementou.
-Eu acho que não.
-Sabe,eu falei com a fornecedora hoje cedo e ela não te viu ajudando o pessoal dela.-Harriet levantou da cadeira e deu dois passos a frente de maneira suave e elegante.-Mas ouviu o Harlan numa gritaria com alguém naquela tarde no estúdio dele.
-Eu não...numa gritaria?-Richard fingiu surpresa.-Não me recordo de nada disso.
-Sr.Drysdale,posso ser cega,mas não sou burra.-Uma pausa -Muitos se perguntam como alguém como eu chegou ao cargo de detetive particular devido a minha...condição atual.Pois eu lhe direi o mesmo que disse aos outros -Ela parou ao lado do assento dele e inclinou-se para sussurrar-Eu sei quando as pessoas mentem.-Falou cada palavra devagar.
Dizendo isso,ela pacientemente retornou ao seu assento sob o olhar de nervosismo e irritação do homem.
-A Joni também estava aqui.Ela chegou antes,poderia ter sido ela,pode perguntar para ela.
-Eram duas vozes masculinas.-Benoit rebateu.-Harlan gritou a frase "você conta para ela ou eu conto." Agora lembrou?
Richard travou a mandíbula tenso,mas logo riu.
-É.O Harlan finalmente decidiu mandar a mãe para um asilo e a Linda sempre foi contra isso.Eu queria esperar a gente voltar de Boston para contar para linda e evitar uma cena dela,e o Harlan queria que eu falasse para ela naquele dia.Foi isso,me desculpe,esqueci.
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Joni confirmou ter chegado a casa mais cedo no dia em que Harlan morreu,ela confirmou e explicou que o motivo de eles terem conversado foi uma confusão que ocorreu acerca da transferência do pagamento da faculdade de sua filha.
Ela disse que apenas pediu ao escritor que lhe desse um cheque para poder pagar o semestre.
No entanto,ambos os detetives sabiam que havia mais do que uma simples conversa e que Joni não queria que ninguém soubesse pelas feições de nervosismo que a mulher tentava a todo custo esconder.
-Por que nós não paramos um pouco e retomamos...?-Elliott sugeriu e,antes que terminasse,Joni saiu do cômodo rapidamente.
Minutos depois,os policiais junto ao casal de detetives pegaram seus casacos e dirigiram-se para fora da casa.
Harriet sentiu o cheiro leve de fumaça e concluiu que seu marido estava ascendendo o charuto que trouxera no bolso esquerdo do sobretudo.
-Olha,eu posso ser vítima da minha própria expectativa aqui,mas quando os grandes Benoit e Harriet Blanc batem na minha porta,espero que por uma coisa se não... extraordinária,seja pelo menos interessante.-Disse Elliot enquanto eles caminhavam pela área verde da mansão.-Desculpa,mas esse é um caso simples de suicídio.
Benoit viu uma bola de beisebol no chão e pegou-a analisando.
-E,francamente,chegamos ao ponto em que eu preciso saber o que estamos fazendo aqui.
-O método:garganta cortada.-Disse Benoit-Esse parece um modo típico de suicídio para você?
-É,eu sei que parece exagerado,mas olhe em volta...-Harriet franziu o cenho -Desculpe.Ouça a sua volta,o cara praticamente mora no jogo O Detetive.
Harriet assumiu uma expressão enigmática.
-Há mais na morte de Harlan Thrombey do que os olhos são capazes de ver,tenente Elliott,eu tenho certeza disso.
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