Vadia É A Sua Mãe
Asterin achou que após aquela noite, nunca mais veria novamente o Herdeiro da Corte Noturna. O coração dela se apertava um pouco quando pensava nessa realidade, mas não que Asterin fosse admitir ou deixar que outros percebessem isso. Principalmente ele.
Então, ela realmente ficou surpresa quando, na manhã seguinte, saiu para comprar comida e se deparou com Rhysand na porta, com um sorriso de gato para Asterin.
Ela tentou ignora-lo a princípio, mas logo percebeu que aquele macho tinha uma incrível habilidade de ser irritante e persistente. Principalmente quando queria algo, ela veio a descobrir mais tarde.
Rhysand permaneceu indo até lá dia após dia para visitar Asterin, mesmo que ela o ignorasse. Quando a fêmea percebeu que seria impossível se livrar dele se não o desse a atenção que ele queria, passou a tolera-lo.
E um mês tinha se passado nisso.
Seria mentira se Asterin dissesse que desprezava completamente Rhysand. Parte dela tinha até mesmo uma certa afeição por ele e por tudo o que Rhys andava fazendo por ela. Talvez, quem sabe, um dia ela pudesse o considerar como um amigo.
Mas Asterin nunca tivera tal coisa, então tampouco sabia como lidar com isso, tampouco sabia o que uma amizade significava. O que tinha com Rhysand era ok, ela supunha. Ele a irritava diariamente e ela se controlava para não o dar um soco no nariz. Extremamente saudável.
E, por mais imbecil que fosse pensar nisso, quando Rhys estava por perto, nenhum macho idiota se aproximava de Asterin. Até mesmo tinham começado a trata-la de forma um pouco melhor. Isso fazia o sangue dela ferver; apenas porque o Herdeiro da Corte Noturna andava com ela eles a tratariam de forma diferente? Ela achava ridículo, mas também não podia reclamar. Não quando, graças a isso, seu pai havia esquecido a vergonha que ela o tinha feito passar quando largou Dalibor. Não quando graças a isso o pai dela tinha parado de bater diariamente em Asterin.
Não que as agressões que ela sofria tivessem parado; apenas diminuído. Rhys dizia que podia dar um jeito no pai dela se Asterin quisesse, mas ela recusava qualquer tentativa de Rhysand de fazer justiça por ela. Porque Asterin queria fazer isso com as próprias mãos quando a oportunidade chegasse.
Naquele dia, ela tinha sido obrigada a cuidar sozinha da loja enquanto sua tia e sua irmã tinham ido comprar roupas idiotas para Samantha conhecer o filho de um amigo do pai delas. Asterin achava aquilo uma tremenda babaquice, mas se absteve de fazer comentários. Sam já sabia o que ela sentia em relação a isso, então ela não precisava ficar relembrando toda hora.
Mas ela também odiava ficar naquela loja sozinha, tendo que fingir que gostava de atender as pessoas babacas que sempre surgiam ali. Principalmente os machos desprezíveis que a tratavam como se ela fosse um monte de merda ou um bichinho irritante e que não servia para nada. Diferente de Samantha e da tia dela, Asterin não tinha paciência com esse tipo de macho. O que sempre gerava problemas para ela, mas não era como se ela pudesse evitar.
Pelo menos o movimento da loja estava baixo naquele dia. Tinha atendido apenas duas fêmeas de quem realmente gostava, então não tinha sido lá grande sacrifício. Mas é claro que, assim como tudo na vida de Asterin, as coisas não seriam tão calmas assim.
Quando o sino da porta tocou e ela se virou para olhar, sentiu o coração parar de bater dentro do peito. Sabia porque eles estavam ali, sabia porque o vento a tinha dito. Ela sabia que hora ou outra aquilo aconteceria. Sabia que em algum momento, Dalibor apareceria para atormenta-lá, como sempre fazia quando percebia que Asterin estava minimamente feliz ou caminhando para tal coisa. Porque, segundo Dalibor, ela jamais poderia ser feliz se não fosse com ele.
-O que você quer aqui?- ela cuspiu, se levantando em um pulo. Marley rosnou para ela e Hawise arqueoou a sobrancelha. Dalibor apenas riu.
-É assim que você trata seus clientes?- ele disse com divertimento. Asterin rosnou.
Dalibor se aproximou do balcão, deixando Marley e Hawise onde estavam. Asterin poderia ter se afastado, mas não o fez. Não daria aquele gostinho de vê-lá assustada para Dalibor. A única coisa que ele veria vindo dela seria raiva e desprezo. Ela se questionava, todos os dias como em algum momento de sua vida pode chegar a ama-lo.
-Soube que está andando com o herdeiro mestiço.- ele disse estalando a língua. -Ele não é boa companhia pra você, Aste.
-E quem é então, você?- ela disse e riu com sarcasmo. Dalibor se aproximou tanto dela que Asterin podia sentir seu hálito quente contra o rosto dela.
Ele colocou uma das mãos entre os cabelos negros de Asterin e o segurou com força em seus dedos. Ela sequer piscou. E permaneceu o olhando, a fúria gelida brilhando em seus olhos escuros. Dalibor deu um sorriso repleto de malicia e maldade para ela.
-Se afaste dele.- Dalibor disse como uma ordem. Asterin riu.
-E quem você acha que é para mandar em mim?- ela disse inclinando a cabeça. Ele puxou com força o cabelo de Asterin, mas ela sequer se mexeu, sequer reagiu. Não daria a ele esse gostinho. Ela abriu um sorriso perverso para Dalibor, principalmente ao notar o ciúmes no olhar dele. -Ele é milhares de vezes melhor do que você um dia vai conseguir ser.
-Sua vadiazinha...- ele começou, e, dessa vez, Asterin atirou tudo para o inferno. Ela fechou com força o punho e deixou que ele fosse de encontro com o nariz de Dalibor.
Ela escutou barulho de osso partindo e Dalibor deu um grito, se de choque ou dor, ela não sabia dizer. Ele cambaleou para trás, a mão no nariz que escorria sangue. Marley e Hawise estavam boquiabertos e sequer se mexeram, como se estivessem se esquecido do como fazê-lo.
A mão de Asterin ardia, mas ela nunca tinha se sentido tão bem na vida antes como se sentia naquele momento. Ela deu uma risada, e riu ainda mais quando sentiu o cheiro da raiva de Dalibor. E viu o olhar dele que prometia morte.
-Vadia é a sua mãe. - ela disse e mostrou a ele os dois dedos do meio. Hawise e Dalibor rosnaram, e ela sabia que eles iriam para cima dela, mas ela não estava nem ai.
A sensação de ter quebrado o nariz de Dalibor e chocado Marley e Hawise era satisfatória. Então, ela não estava se importando se eles fossem mata-lá por isso agora, ela finalmente tinha criado coragem o suficente para fazer muito mais que só os xingar. Ela tinha criado coragem o sufiente para machuca-los também. E ela nunca mais deixaria que ninguém a machucasse sem revidar.
-Você está morta.- Dalibor disse e deu apenas um passo na direção dela antes que escutasse a porta da frente da loja ser aberta.
Asterin teria dado um suspiro de alívio se não estivesse tão ocupada em sorrir com arrogância para Dalibor. Porque Rhys e Cassian tinham acabado de entrar, olhando para os três machos com sorrisos cruéis. Claro que eles sabiam o que estava acontecendo ali, provavelmente estavam escutando antes mesmo de entrarem.
Dalibor olhou para eles e rosnou baixinho, porque era um verdadeiro covarde e não compraria uma briga com os illyrianos mais fortes da história. Ainda mais sabendo tudo o que Cassian e Rhysand tinham feito contra Hybern durante a guerra de seis anos atrás. Asterin tinha apenas quatorze anos naquela época, mais ainda se lembrava do como havia sido um período sombrio.
-Se perderam aqui?- Rhysand perguntou com um ronronar cruel. Dalibor se afastou de Asterin, ficando entre Marley e Hawise. E olhou feio para Rhysand.
-Só vim visitar minha noiva.- Dalibor disse olhando para Asterin, um olhar que prometia morte caso ela o contrariasse. Ela riu com deboche.
-Só se for nos seus sonhos. Eu nunca me casaria com um imbecil como você.- ela disse o olhando com nojo.
-Ouviram ela.- disse Cassian. -Saiam daqui. Ou terei que chuta-los para fora?
Dalibor olhou para Asterin apenas mais uma vez, uma promessa silenciosa de vingança. Novamente, ela fez um gesto vulgar para ele e viu Dalibor sair pisando duro, sendo acompanhado pelos outros dois machos.
Rhysand se virou para Asterin, a olhando como se estivesse procurando algum ferimento nela. Não; ele estava mesmo procurando por algum ferimento. E quando não achou nenhum, seus olhos se encontraram com os dela e ele deu um sorriso.
-Você o socou.- disse Rhys com divertimento. Asterin riu de uma forma sincera, uma risada que não dava havia anos. Os olhos de Rhys brilharam quando ele escutou aquilo, um som que pensava que jamais fosse escutar vindo de Asterin.
-Lindamente, por sinal.- completou Cassian antes de dar um tchauzinho para Asterin e sair. Ela sorriu e balançou a cabeça.
Asterin olhou nos olhos de Rhysand. E deixou que ele visse a verdade nos olhos dela antes de dizer:
-Obrigada, Rhys. Por me salvar. E não estou falando apenas sobre hoje.
E ele sabia o que ela queria dizer.
Boa tarde meu povo! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Esse capítulo ficou grande e eu amei rsrsrs espero que tenham gostado!
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana
Data: 03/06/21
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