Talvez Eu Guarde Sua Língua Como Troféu
Asterin odiava flores. Odiava o cheiro enjoativo delas. Queria arrancar cada florzinha no jardim de Tamlin e enfia-las no...
-Asterin, pela Mãe. - Feyre disse baixinho, torcendo o nariz. -Está fedendo a raiva de novo. Se controle ou saía daqui.
Asterin apenas revirou os olhos, observando a fêmea fingir estar entretida pintando aquela tela, pintando flores. Porque sempre flores, que inferno.
-Isso é um pesadelo.
Um pesadelo se estendendo havia meses. Mas era engraçado ver Tamlin na cola de Asterin, tentando mante-la longe de Feyre e falhando miseravelmente. Claro, tinha que aguentar aquele cão maldito de Tamlin do lado de fora da sala todos os dias, tentando descobrir as verdadeiras intenções de Asterin. Ela não se importava muito com o que Lucien achava. Ela só queria destruir aquele lugar e voltar para casa.
Acalmava o coração da Rainha saber que estavam todos bem. Cassian e Azriel, curados. Mor estava bem. Conan estava seguro, cuidando de Nilfheim. Alibia tinha se curado completamente. Travis e Aleyenor estavam ajudando Conan. E Rhys. Rhys, seu marido, que estava longe dela. Mas vivo; e se reerguendo.
Era bom saber que Feyre tinha a capacidade de se comunicar com Rhys. Fazia com que aqueles dias se tornassem suportáveis, se tornava mais fácil não ceder a raiva enquanto Asterin sabia que Rhys estava bem e estava seguro e estava vivo. Mas tinha momentos que tudo o que Asterin queria era arrancar o ar dos pulmões de Tamlin e matá-lo. Essa sede de sangue se tornava ainda maior quando Asterin ia para Hybern enrolar o Rei. Mas era bom; ela estava tendo avanço naquilo, quase fazendo o Rei confiar nela. E uma vez que ele o fizesse, estaria para sempre condenado.
-Lucien está vindo.- Feyre murmurou, tão baixo que Asterin apenas escutou por estar do lado dela. Asterin bufou, irritada. Além de ter que lidar com Tamlin, tinha que lidar com Lucien a olhando atravessado e desconfiado. Como ele sequer se lembrava de algo que tinha acontecido quando ele tinha seus dez anos de idade? Fazia séculos! Por tudo que era mais sagrado, Asterin só queria que ele não acabasse falando demais.
Batidas na porta, então Lucien entrou, a mão casualmente pousada no cabo da espada. Bem, de casual aquilo não tinha nada. Seu olho vermelho e o de metal cravaram em Asterin, buscando por algo fora do lugar. Ela apenas cruzou os braços e arqueou a sobrancelha para ele.
-Que que foi?- ela disse, irritada. Lucien a olhou desdenhoso. -Estavamos no meio de uma conversa agradável antes de você interromper.
Feyre deu uma risadinha, ainda mais vendo o como Lucien ficou vermelho de raiva. Ah, sim, Asterin adorava provoca-lo quase tanto quanto adorava ignorar a existência de Tamlin e o ver se irritar com a falta de atenção.
-Eles estão aqui para irmos jantar.- Lucien murmurou. Asterin suspirou e viu Feyre se levantar e seguir Lucien, não deixando outra opção a ela que não fazer o mesmo.
Asterin odiava os gêmeos que tinham sido mandados pelo rei de Hybern quase tanto quanto queria socar Jurian. Príncipe Dagdan e Princesa Brannagh, sobrinho e sobrinha do rei de Hybern. Grão-Feéricos, com a pele do mesmo matiz róseo e o cabelo da mesma tinta negra que o Rei. O vazio e falta de sentimentos era nítidos nos olhos de ambos, a verdadeira imagem de frieza e crueldade.
O príncipe Dagdan cedia a todos os desejos e ordens de sua irmã. Como se ele fosse a lâmina com a qual ela cortava pelo mundo.
Ele lhe servia os drinks, cheirando-os primeiro, selecionava os melhores pedaços de carne das bandejas e os arranjava de maneira arrumada em seu prato. Sempre deixava que ela respondesse e nunca lhe olhava com mais do que dúvida nos olhos. Uma alma em dois corpos. Asterin os odiava também.
Ela se sentou na ponta da mesa, apenas porque sabia que irritaria Tamlin aquela demonstração de poder. De que ele não passava de um mero capacho no jogo dela. E que ele podia ser um Grão Senhor, mas jamais seria o rei de uma terra como a de Asterin. E que nem mesmo em sua própria casa ele tinha poder sobre ela.
Quando Tamlin entrou na sala de jantar, os olhos cravaram em Asterin. Ela apenas deu um pequeno sorriso para ele e levantou sua taça em uma saudação debochada ao Grão Senhor.
-Iremos para a muralha amanhã. - Brannagh disse a Tamlin. Mais uma ordem do que um pedido. Aquilo sim Asterin aprovava. Adorava ver Tamlin ser humilhado. -Jurian irá conosco. Requeremos sentinelas que saibam onde ficam localizados os buracos.
O rosto de Feyre ficou esverdeado. Asterin imaginava o que a Quebradora da Maldição deveria estar pensando. Aqueles dois, perto dos humanos. O que poderiam fazer. Nada de bom poderia vir dos gêmeos, Asterin tinha bastante certeza.
-Lucien e eu podemos escolta-los. - Feyre disse e Tamlin a olhou de sopetão. Asterin abaixou a taça de vinho e franziu o cenho. Ele ia mesmo começar uma cena? Asterin definitivamente não ficaria calada. Mas ele apenas disse:
-Meu emissário conhece a muralha tão bem quanto qualquer sentinela.
Imbecil, pensou Asterin, sabendo o como aqueles dois apenas queriam destruir a muralha, as cortes, os Grão Senhores e toda Prythian, incluindo os humanos.
Feyre apenas deu um aceno afirmativo lento e ligeiramente insatisfeito de cabeça. Asterin não sabia como ela ainda estava aguentando aquela mentira toda. Asterin estava quase surtando.
-Partiremos após o café da manhã. - Feyre disse à princesa e adicionou à Tamlin -E adicionaremos alguns sentinelas conosco.
Os ombros do macho relaxaram com isso. Como se Feyre precisasse ser salva. A fêmea que tinha vencido Amarantha, que tinha protegido Velaris e salvo vidas, matado o Attor. Uma coisinha brutal quando queria, uma rainha sem coroa. Tamlin era um imbecil de se fazer cego a isso. E por esse motivo estava condenado.
Jurian questionou Lucien com a franqueza de um soldado:
-Sempre me perguntei quem fez esse olho depois que ela arrancou o seu. - Até mesmo Asterin parou de respirar. Não se falava de Amarantha ali.
Lucien simplesmente olhou duro para Jurian enquanto os príncipes reais de Hybern olhavam impassíveis.
-Tenho uma amiga de longa data na Corte Diurna. Ela é habilidosa com funilaria, mistura magia com maquinário. Tamlin a fez fazer pra mim, sob um grande risco.
Um sorriso odioso veio de Jurian.
-Sua pequena parceira tem uma rival?
-Você gosta de se ouvir falar, Jurian.- Asterin disse, estalando a língua. Ele torceu o nariz.
-Minha parceira não é da sua conta. - Lucien disse, mas deveria ter calado a boca. Aquilo só faria Jurian o provocar mais.
-Não deveria ser da sua também, considerando que, a essa altura, ela deve estar sendo fodida por metade do exército Illyriano.
Asterin ficou surpresa por Lucien não ter pulado a mesa e rasgado a garganta de Jurian. Tamlin deu um rosnado que estremeceu as taças. Asterin revirou os olhos.
-Você vai se comportar como um convidado nesta casa Jurian, ou o colocarei para dormir nos estábulos como os outros animais.
Jurian apenas bebericou o vinho.
-Por quê devia ser punido por apenas dizer a verdade? Nenhum dos dois estava na guerra quando as minhas forças se aliaram com os brutos illyrianos. - Um olhar para os dois príncipes de Hybern. E para Asterin, que tinha cruzado os braços, entediada. -Suponho que vocês tenham tido o prazer de lutar contra eles.
-Mantivemos as asas de seus generais como troféus. - Disse Dagdan com um pequeno sorriso. Sorrindo para Asterin.
-Continue e talvez eu guarde sua língua como troféu.- ela cantarolou. Feyre a lançou um olhar de aviso.
Asterin só conseguia pensar em Amália e Zya. As asas delas, as asas delas. Mantidas com o pai daquele macho a sua frente. Tamlin. Mantidas como troféus após serem brutalmente assassinadas. Asterin apertou a taça com tanta força que ela se partiu. Os olhos de Dagdan brilharam em divertimento cruel.
-Não deveria voltar para casa, Rainha?- perguntou a princesa, a olhando com aqueles olhos cruéis.
-Não vejo porque seja da sua conta o que faço ou deixo de fazer.- ela disse franzindo o cenho. Dagdan rosnou e Asterin riu. Ela se voltou para Tamlin, pegando a taça das mãos dele e bebendo o vinho dentro dela apenas para irrita-lo. -Irei voltar amanhã para meu Reino, mas não ache que se livrou de mim, Senhor das Plantas. Eu vou voltar.
Silêncio se estendeu entre eles. Jurian de fato sorria para Feyre enquanto cortava um pedaço de cordeiro.
-Você sabe que lutamos juntos, não? Eu e seu Grão Senhor. Seguramos as linhas contra os Leais, batalhamos lado a lado, até que a imundice chegasse em nossas canelas.
-Ele não é o Grão Senhor dela. - Disse Tamlin. Asterin deu uma gargalhada, arrancando um olhar de ódio do Grão Senhor.
-Ele deve ter lhe dito onde ele escondeu Myrian e Drakon. - Jurian ronronou para Feyre.
-Eles estão mortos. - Feyre disse.
-O Caldeirão diz o contrário.
Ele havia tentado sozinho, ressuscitar Myriam pra ele. E não a tinha encontrado entre os mortos. É claro que tinha tentado.
-Me disseram que havia morrido. - Disse Feyre de novo, tentando soar entediada, impaciente.
-Achei que tivesse coisa melhor pra fazer Jurian, do que ficar obcecado atrás de uma mulher que o largou. - Asterin disse, dando risada.
Seus olhos brilharam com a loucura de quinhentos anos enquanto ele espetava pedaços de petisco de carne com seu garfo.
-Dizem que Feyre já estava fodendo Rhysand antes mesmo de largar o seu homem. Você se considera corna também, Asterin, ou simplesmente largada por algo mais atraente?
-Basta! - Grunhiu Tamlin, mas Asterin estava rindo.
-Ai, Jurian, você é uma comédia. Eu quero mais é que Rhysand se foda. - mentira. -Sou mais fã de raposas ardilosas. - ela esperou. E como tinha pensado, Lucien cravou os olhos nela.
Ele sabia! Sabia sobre o passado dela, sobre Eris. Sabia e se lembrava sim, bem o suficiente. Asterin estava fodida se ele decidisse abrir a boca.
Asterin tinha que se livrar de Lucien. Antes que alguém mais descobrisse. Antes que ele falasse demais. Pelo maldito Caldeirão, ela estava cogitando mata-lo? Não; mas precisava calar a boca dele. A única questão era: como?
Boa noite meu povo! Tudo bem com vocês? Espero que sim!
Jurian e Lucien quase saindo no tapa e depois virando super bests, sério KKKK eu amo o Jurian, apenas isso
Asterin enfiada num buraco de cobras, querendo matar geral, amoh
Espero que estejam gostando!
~Ana
Data: 13/07/21
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro