Asterin não estava nervosa quando deixou Nilfheim para ir até a Cidade Escavada. Estava apenas pensando, focando, no que fariam naquele dia. Tudo o que Asterin queria, naquele momento, era colocar Keir em seu devido lugar.

Tinha sido engraçado a expressão que Rhys tinha feito quando a viu depois que Asterin terminou de se arrumar. O vestido preto brilhante que ela havia escolhido tinha sido feito pela costureira mais talentosa que Asterin já havia conhecido: Amália. Ela teve que conter a vontade de chorar quando Rhys deu a ela todos os vestidos que Amália tinha feito, tantos anos atrás, para Asterin. Para o momento em que ela e Rhys casassem. E, quando Rhys a viu, nem mesmo o Grão Senhor conseguiu esconder o choque e a admiração.

-O que foi, ficou feio?- Asterin tinha brincado. Rhys apenas a puxou para perto de si com delicadeza, como se pudesse, de alguma forma, quebrar aquela beleza que transbordava de Asterin.

-Ficou maravilhoso.- ele disse. -Esse vestido foi mesmo feito só para você. Em ninguém mais teria esse brilho.

Rhys beijou os lábios dela com tanto amor que fez a garganta dela fechar. Asterin o amava, o amava com todo seu coração.

E, então, ele havia colocado sobre a cabeça dela a coroa que Asterin tinha escolhido mais cedo. As estrelas que brilhavam naquela coroa tinham sido a única coisa que Asterin viu naquela sala cheia de joias. E ela soube que seria aquela.

Agora, era hora de mostrar a todos da Cidade Escavada quem era a Grã Senhora deles. Era hora de mostrar que as coisas ali estavam prestes a mudar. E que aquele povo podre não teria mais a liberdade que estavam tão acostumados a ter, não enquanto Asterin estivesse no poder.

Eles entraram juntos no Salão onde todos já os esperavam. Onde Mor e Alibia já esperavam, apenas aguardando pelo sinal de Asterin para fazer aquilo tudo se transformar no verdadeiro inferno. Ela tinha bastante certeza que aquele dia seria um que Keir se lembraria para o resto e sua eternidade medíocre.

Rhysand olhou para o trono e depois para o salão com sua melhor máscara de frieza e indiferença. E, então, se voltou para o administrador da Cidade Escavada.

-Vou acreditar que o fato de não ter dois tronos é porque fizemos uma visita surpresa. Mas espero que isso não se repita.- ele ronronou, e guiou Asterin até o trono.

Ela se sentou, a verdadeira imagem de poder, e cruzou as pernas, observando o rosto de cada macho e fêmea no salão, a analisando. Tentando entender a imensidão do poder daquele fêmea illyriana. Que eles a testassem. Ela mostraria que nem precisava de esforço para esmaga-los e transforma-los em nada. Asterin se divertiu vendo o rosto de Keir se contorcer em fúria com uma fêmea sentada no trono do Grão Senhor.

-Essa é a Grã Senhora de vocês.- Rhys cantarolou. -E vocês devem respeito a ela.

Ninguém ousou protestar, não ao perceberem o quão mortal Rhysand poderia se tornar se contrariassem a decisão dele. Não quando ele mataria, sem nem mesmo piscar, cada um que se opusesse contra sua Grã Senhora. Ah, sim, aquela seria uma noite divertida de fato. E, pensando nisso, ela se lembrou de uma conversa que tivera com Rhysand, meses atrás.

Rhys, você sabe que as coisas na Cidade Escavada precisam mudar.

Eu sei, Asterin. Só não faço ideia do que deveriamos fazer. Nem por onde começar.

Então, para sua sorte, você tem a mim. E eu tenho uma ideia.

Keir se aproximou deles, e se curvou em comprimento. Asterin não podia chamar aquilo de se curvar; era nítido o como ele não queria fazer aquilo diante dela, o que só provava o quão certa Asterin estivera quando decidiu com Rhysand o que fariam.

Se quisermos que a Cidade Escavada mude, temos que arrancar a maçã mais podre antes de lidar com o resto.

E ali estava o maior problema da Cidade Escavada, olhando diretamente para Asterin, seu desgosto e a raiva estampadas no rosto odioso do macho. Ele sequer era capaz de esconder o quão desgostoso estava com aquele momento. E Asterin daria mais motivos para ele se irritar.

-Senhor.- Keir disse, se curvando para Rhysand. Asterin revirou os olhos. -Ficamos felizes com sua visita. Mas há algum motivo em específico para isso? Já combinamos tudo referente a guerra. Estaremos lá.

Rhysand colocou a mão no ombro de Asterin. Quem falaria ali seria ela. Rhys apenas observaria. A illyriana olhou Keir com deboche e torceu o nariz com nojo, o que fez o macho rosnar baixinho. Rhysand ficou tenso, mas não se mexeu, não disse nada.

-Nossa visita tem um motivo sim, Keir. Sabe, pelos últimos séculos, você atuou como, digamos, administrador da Cidade Escavada. Não posso dizer que fez um bom serviço, mas serviu por um tempo. - Asterin disse e o macho rosnou em alto e bom som agora. Rhys se empertigou, mas Asterin segurou a mão dele, sem deixar de olhar nos olhos de Keir. Ela deu a ele seu melhor sorriso sarcástico. -Seus dias de reinado acabam hoje.

O silêncio que se estendeu após a sentença de Asterin era ensurdecedor. Ninguém parecia acreditar no que aquela fêmea estava fazendo, no que estava decretando. Alguns arfaram, chocados. Outros rosnaram de irritação. Mas ela não se importava; seus olhos estavam grudados em Keir.

Quando o macho percebeu que Asterin falava sério, ele grunhiu de irritação e deu apenas um passo na direção de Asterin antes de o vento o empurrar para longe. Asterin suspirou, entediada.

-Pode gritar e espernear o quanto quiser. A Cidade Escavada não é mais sua.- Asterin disse. Keir riu com deboche.

-E quem decidiu isso, você, vadia? Ninguém vai seguir você ou seu marido! - ele cuspiu. Asterin deu uma risadinha.

-Certeza?- ela ronronou e, então, estalou os dedos.

Como em resposta, os lordes da Cidade Escavada se ajoelharam perante a Grã Senhora da Corte Noturna e Asterin sorriu com satisfação. Seu plano tinha demorado meses para ser bem sucedido, mas ali estava o resultado de dias armando, de dias se infiltrando naquela Corte, naquele lugar, e fazendo, aos poucos, as pessoas perderem a fé em Keir. E passarem para o lado dela.

Keir olhou com horror para os machos ajoelhados. E então, se virou para Asterin, fúria no olhar enquanto avançava contra ela. Apenas para ser empurrado novamente.

-Sua vadia, o que prometeu a eles? O que você fez?

-Eu prometi aquilo que você jamais poderia dar: um lugar melhor. Você sequer sabe o que isso significa, não é, Keir?- Asterin disse com um suspiro, como se falar com Keir exigisse muito de sua energia.

-Eu vou acabar com você! - ele gritou, a mágia serpenteando na direção dela. Apenas para encontrar com o poder da Rainha.

Dessa vez, Asterin se levantou e estendeu a mão direita. Em sua palma aberta, um tornado começou a se formar. A cor sumiu do rosto de Keir e ela sorriu com divertimento.

-Vamos fazer melhor.- ela cantarolou e fechou a mão, fazendo o tornado sumir.

Keir relaxou os ombros. Apenas por um segundo. Porque, no seguinte, o vento tinha começado a rodar ao redor de Keir, tirando o ar dos pulmões do macho. Ele caiu de joelhos e, a medida que Asterin se aproximava dele a passos pequenos, o ar sumia mais e mais e a intensidade com que o vento girava ao redor de Keir aumentava. Se alguém ainda tinha dúvidas sobre seguir a Grã Senhor da Corte Noturna, tinha acabado de tomar sua decisão de que o melhor era não ficar no caminho dela.

-Patético.- Asterin suspirou e o vento cessou. Keir ofegou em busca de ar, caíndo de quatro no chão. Asterin pisou com seu salto nas costas do macho. -Ajoelha.

Ele estava tremendo mas fez o que Asterin havia ordenado. Ela pressionou mais o pé nas costas dele.

-Mais baixo.- ela cantarolou.

-Meu percursorres da escuridão não vão te ajudar!- Keir gritou. Asterin deu risada e estalou os dedos novamente, duas vezes. Um chamado. E o exército de Keir estava ali, olhando para o macho e para Asterin.

-Boa noite, rapazes. Eu tenho apenas uma pergunta para vocês. Com quem está sua lealdade?

Eles olharam para Keir caído no chão, o estrago que Asterin tinha feito. E, então, para a fêmea poderosa, capaz de dizimar a Cidade Escavada a nada.

-Nossa lealdade pertence a Grã Senhora da Corte Noturna.- um deles disse, como o combinado, se ajoelhando diante de Asterin. Os outros o seguiram. Keir foi incapaz de esconder seu horror e Asterin sorriu com prazer.

-Ótimo. Era só isso, obrigada.- ela disse e se voltou para todos presentes no salão. -A partir de hoje, a Cidade Escavada não pertence mais a Keir. Quem se opor as minhas decisões efrentara as consequências. Se pensarem em sequer tentarem levar Keir de volta ao poder, morrem. Se sequer pensarem em um golpe contra nós, vão enfrentar o verdadeiro inferno. Fui clara?- ninguém ousou falar, não após a demonstração de poder de Asterin. Ela riu. -Que bom. Então, agora conheçam a nova administradora da Cidade Escavada.

Mor deu um passo a frente, parando diante de seu pai, que parecia estar vivendo o maior pesadelo de sua vida. Mor sorriu para ele, triunfante.

Tem certeza que está feliz com essa decisão, Mor? Quer mesmo comandar a Cidade Escavada? Asterin tinha perguntado para ela, semanas atrás. Mas Mor apenas havia olhado para Alibia.

Você ficaria comigo?

Eu iria ao inferno com você. Foi o que a metamorfa disse.

-Se ajoelhem diante de Morrigan.- Asterin comandou e todos o fizeram. Asterin pressionou as costas de Keir. -Se curve mais, Keir. Sua testa ainda não está no chão.

Keir grudou a testa no chão e Mor olhou para aquilo, aproveitando cada segundo daquela humilhação que o macho estava passando. Asterin se afastou, voltando para seu trono. Ela deu seu melhor sorriso perverso para a Corte dos Pesadelos.

-Agora nossa festa pode começar.

Boa noite meu povo! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Não morri, estoy bem vivinha KKK apenas surtando pprque tenho mais de 14 fics pra atualizar risos, gostaram?

Fazia tempo que queria escrever esse capítulo. Nem sei se ficou bom, mas enfim, a mensagem deu pra passar KKK

E, claro, dediquei o capítulo pra Maria {xmardu} porque eu amo essa menina e amo a amizade dela ❤

Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana

Data: 05/08/21