Quando eles três chegaram juntos e em silêncio, um macho mais velho de ombros largos, se aproximou, acompanhado por cinco outros guerreiros illyrianos, todos com as asas recolhidas e as mãos casualmente ao alcance das armas.

Não importava que Rhys pudesse destruir suas mentes sem erguer o dedo. Não importava que Rhys fosse o Grão Senhor deles. Aquilo, subitamente, encheu Asterin de raiva e ainda mais vontade de arrastar a cara de cada um deles pelo cascalho pontudo.

Mas eles pararam quando viram Asterin, a maioria reconhecendo aquela fêmea que havia se tornado tão odiada e amaldiçoada. Ela viu sifões brilharem e abriu um sorriso.

Asterin. A voz de Rhysand era um alerta, um comando para que se mantesse calma. Ela queria dar três tapas na cara de Rhys para que acordasse para vida, mas ficou quieta. Ele era o Grão Senhor e aquele era o povo dele e não dela. Então, Asterin apenas cruzou os braços.

O macho à frente, Lord Devlon, um macho que Asterin verdadeiramente detestava, disse sem nem mesmo hesitar:

-O que essa vadia odiosa está fazendo aqui?- ele rosnou.

Dessa vez, os sifões a brilharem foram os de Cassian, mas logo se apagaram. Sabia que Rhysand deveria estar o mandando se acalmar da mesma forma como tinha feito com Asterin.

-Se eu fosse você, tomaria muito cuidado com as palavras.- Rhysand disse com um sorriso, estrelas dançando nos olhos violetas. -Ela tem forças militares que facilmente reduziriam seus homens a pó, e eu certamente não impediria que o fizessem já que você ofendeu a Rainha.

-Rainha? - ele bufou uma gargalhada cruel. -Fêmeas não sabem nem mesmo cuidar de uma casa, quem dirá governar um reino.

-Se aproxime mais e te mostrarei exatamente o que sei fazer.- Asterin disse com divertimento e o macho rosnou para ela.

-Não ouse falar comigo, menina. É uma coisinha insignificante, é o que você é. - ele praguejou, mas Asterin riu.

-Se eu fosse, não teria estripado meu pai com tanta facilidade, não é? Como vocês o chamavam mesmo? Certo. O melhor guerreiro. Morto pelas mãos de uma coisinha insignificante.- Asterin provocou e raiva brilhou nos olhos do macho.

-Deveriamos te-la matado por traição. - ele chiou.

-Poxa. Meio tarde para isso agora.- ela disse estalando a língua.

-Nunca é muito tarde para te colocar na linha, menina.

Direita. O vento sussurrou e ela apenas ergueu a mão nessa direção, impedindo o soco de Devlon de atingir sua mandíbula, segunhando o punho fechado dele sem fazer esforço algum. Embaixo. Ela segurou o outro punho dele e os olhos de Devlon se arregalaram. Asterin apenas balançou a cabeça.

-Imbecil.- ela suspirou e o vento o empurrou para que caísse de joelhos diante dela. Asterin sorriu, os olhos brilhando em divertimento. -Assim é melhor.

-Não vai fazer nada, Grão Senhor?- o macho rosnou, mas Rhys riu.

-Eu deveria me meter nisso? Você a provocou. É seu problema, não meu.

-Por isso não treinamos fêmeas.- ele cuspiu. Cassian rosnou.

-Elas deveriam estar nos ringues.- Cassian disse.

-Elas fazem as tarefas de casa primeiro. E quando terminarem, podem treinar.

Asterin rosnou, mas se afastou e deixou que Rhys lidasse com aquela escória. Ele certamente já estava mais acostumado a manter seus ânimos do que ela, e Asterin não confiava no que poderia fazer caso algo a mais saísse da boca de Devlon.

Rhys falou, por fim:

-Um prazer o ver, como sempre, Devlon, mas há duas questões a serem tratadas: primeiro, as garotas, como você foi claramente instruído por Cassian, devem treinar antes das tarefas, não depois. Coloque-as no campo. Agora. - aquilo na voz de Rhysand... Pela primeira vez, Asterin o tinha visto. O Grão Senhor. O puro comando na voz dele. -Segundo, ficaremos por enquanto. Esvazie a antiga casa de minha mãe. Não há necessidade de faxineira. Cuidarmos nós mesmos.

-A casa está ocupada por meus melhores guerreiros.

-Então, desocupe-a.- mandou Rhys, simplesmente. -E faça com que a limpem antes de saírem.

Aquele era o Grão Senhor da Corte Noturna. Talvez Asterin tivesse subestimado Rhysand, e ele havia permitido que ela o fizesse. E, por mais erros que ele pudesse cometer, Rhysand ainda assim era um Grão Senhor quando precisava ser.

Mas Devlon farejou na direção de Asterin e então fechou a cara ainda mais para a illyriana.

-O que aconteceu com você, menina?- ele resmungou e ela arqueou a sobrancelha, cruzando os braços. -Não é a mesma. Ainda illyriana. Mas diferente.

Asterin apenas deu um sorriso cruel para o Lorde do acampamento, e o viu engolir em seco. Os olhos dela brilhavam em fúria gélida e perversa, e Asterin sabia que Devlon ainda se lembrava da promessa que uma jovem de dezenove anos tinha feito após perder a irmã e matar o pai com as próprias mãos por causa disso.

-Pessoas mudam, meu caro Devlon. Vocês todos me induziram a isso. Ainda lembra minhas palavras?- ela disse o final em um sussurro que fez até o mais corajoso dos machos estremecer. -Deveriam tomar cuidado. Não vão querer arrumar briga com a pessoa errada, não é?

Devlon não abriu a boca para insulta-la daquela vez. Poderia ser um maldito odioso, mas era o mais esperto dali. Sabia que comprar uma briga com Asterin era uma batalha perdida, e por mais que ferisse o orgulho de macho dele, Devlon o engoliu e apenas encarou Asterin.

-Claro que não, Rainha. - ele disse a última palavra com tom de escárnio, mas ela apenas riu.

-Deveria temer meu nome, minha terra e meu povo. Não ouviu o vento sussurrar sobre Nilfheim, a cidade do frio e do gelo?- ela disse e viu os olhos de Devlon se arregalarem. Ah, sim, claro que ele tinha escutado. Todos tinham ouvido sobre o novo reino que ameaçava até os reinos mais nobres como Vallahan e Montesere.

-Devem ter ouvido também sobre a bela Rainha capaz de domar o vento.- Rhysand ronronou. -Acho que apenas esqueceram de mencionar que ela é illyriana. Apenas um pequeno detalhe.

Asterin segurou a gargalhada com a cara de assombro que Devlon fez, enquanto praguejava baixinho a chamando de bruxa maldita.

-Vamos sair. - Rhys disse a Cassian e Asterin, sem se dar o trabalho de dispensar Devlon antes de caminhar até o limite das árvores. -Voltaremos ao anoitecer.

E, sem dizer mais nada, os três saíram. Deixando que aqueles machos se afogassem em seus medos e fantasmas trazidos à tona com a visita daquela poderosa e bela fêmea.

Boa noite meu povo! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Bom, provavelmente vou dar uma corrida com alguns acontecimentos pra terminar logo essa parte que cobre os acontecimentos de acomaf. Até porque ficar relendo pra escrever é bem exaustivo e meio que trava minha criatividade, o que resulta em menos capítulos. Obviamente é muito mais legal escrever livre do que seguindo fielmente falas do livro KKK

Enfim, e também tô doida pra escrever as parte de acowar KKK

Espero que estejam gostando!
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana

Data: 14/06/21